<b>Desenvolvimento do manejo da pesca em reservatórios no Brasil com base em paradigmas importados</b> - DOI: 10.4025/actascibiolsci.v26i3.1545

Resumo

Um paradigma é caracterizado como uma rede conceitual, instrumental e metodológica que guia a direção e a metodologia da pesquisa científica. Portanto, o paradigma define o que seria estudado, quais as questões a serem perguntadas, quais ferramentas seriam usadas e quais as normas a serem seguidas na interpretação dos resultados. O objetivo desse estudo é analisar como o manejo da pesca emergiu e se desenvolveu no Brasil considerando o progresso da ciência como uma série de paradigmas. Ações de manejo relatadas para a pesca não são freqüentes no Brasil e quando aplicadas não apresentaram bons resultados, porque usualmente foram baseadas em informações técnicas e científicas inadequadas ou em paradigmas desenvolvidos em regiões temperadas. As escadas de peixes foram as primeiras tentativas para minimizar os impactos dos barramentos, seguidas pela regulação da pesca e peixamentos. Entretanto, parece que o paradigma que norteava estas pesquisas (importados dos Estados Unidos da América) não foi apropriado para o manejo de reservatório na maioria do território brasileiro. Além disso, outros motivos podem ter contribuído para alguns fracassos das ações de manejo, tais como: i) dados disponíveis inadequados e insuficientes; ii) a abordagem inadequada usada para realizar o manejo; iii) ausência de estudos de monitoramento; iv) políticas inadequadas e v) deficiência na integração entre as companhias hidrelétricas. Recentemente, as companhias hidrelétricas começaram a desenvolver pesquisas em limnologia e ictiologia com o propósito de obter informações para dar uma maior fundamentação científica as ações de manejo da pesca em reservatórios. Aparentemente, situação similar a do Brasil pode estar acontecendo em outros países da América do Sul e outras partes do mundo