Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 59-70, ano 2021
Aceito em: 01/03/2021 Publicado em: 15/08/2021
Esta revista possui Licença CC BY-NC
SHORTWAVE DIATHERMY IN LOWER LIMB RANGE OF MOTION GAIN IN HEALTHY
SUBJECTS: SCOPING REVIEW
Astract
Shortwave Diathermy has been used with the objective of reducing the resistance of muscle and periarticular
tissues for physical activities and flexibility exercises. However, nowadays we observe a reduction in its use to
obtain gains in flexibility. We proposed a literature search for studies that used this technique together with
muscle stretching in the lower limbs of healthy individuals, in order to observe and report their results. Thus,
a scope literature review was carried out in the following databases: Pubmed, Scielo, PEDro, Bireme, and
Google Acadêmico. The methodological quality of the articles was evaluated by the PEDro scale. Eleven
articles and one master’s dissertation were selected. Some articles showed that the use of shortwave combined
withstretching achieved gains in flexibility, but thesegains werenot asexpressivewhencompared to stretching
alone. It was observed that most studies have low methodological quality.
Keywords: Diathermy; short-wave therapy; muscle stretching exercises.
.
ARTIGO ORIGINAL
DIATERMIA POR ONDAS CURTAS NO GANHO DE AMPLITUDE DE
MOVIMENTO EM MEMBROS INFERIORES DE INDIVÍDUOS
SAUDÁVEIS: REVISÃO DE ESCOPO
Lizie Tanani Lewandoski
Universidade Estadual do Oeste do
Paraná (UNIOESTE)
lizie.lewandoski@unioeste.br
Resumo
A Diatermia por Ondas Curtas tem sido utilizada com o objetivo
de reduzir a resistência dos tecidos musculares e periarticulares
para a realização de atividades físicas e exercícios de flexibilidade.
Contudo, atualmente observa-se a redução de sua utilização para
obter-se ganhos na flexibilidade. Propôs-se uma busca na literatura
de estudos que utilizassem esta técnica conjuntamente com o
alongamento muscular em membros inferiores, de indivíduos
saudáveis, para observar e relatar seus resultados. Assim foi
realizada revisão literária de escopo nas bases de dados: Pubmed,
Scielo, PEDro, Bireme e Google Acadêmico. A qualidade
metodológica dos artigos foi avaliada pela escala PEDro. Onze
artigos e uma dissertação de mestrado foram selecionados, alguns
artigos apresentaram que o uso do Ondas Curtas combinado ao
alongamento alcançou ganhos naflexibilidade, porém estes ganhos
não foram tão expressivos se comparado ao alongamento isolado.
Observou-se que a maioria dos estudos possui baixa qualidade
metodológica.
Palavras-chave:Diatermia; terapia por ondas curtas; exercícios de
alongamento muscular.
Alessandra Smaniotto Maibuk
Universidade Estadual do Oeste do
Paraná (UNIOESTE)
Gladson Ricardo Flor Bertolini
Universidade Estadual do Oeste do
Paraná (UNIOESTE)
Diatermia por ondas curtas no ganho de amplitude de movimento em membros inferiores
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 59-70, ano 2021
equipamento de alta frequência, que produz um
campo eletromagnético e pode ser utilizado nas
modalidades contínuo ou pulsado. Os efeitos
BADUR; UNLU OZKAN; AKTAS, 2020).
determinada pelo comprimento do músculo e
ondas curtas, que são apresentadas como um
1. INTRODUÇÃO associando-se ao alongamento observa-se
ganhos de extensibilidade muscular
A Diatermia é utilizada há muito(HENRICSON et al., 1984; ZHANG et al.,
tempo com objetivos terapêuticos, entre eles:2018). Isso sedeve ao aumento do metabolismo
aumento do fluxo sanguíneo, melhora nadas fibras musculares e pela redução da
reparação tecidual, aumento da extensibilidaderesistência das estruturas intramusculares,
do colágeno e dos tecidos moles. Entre asampliando a variedade de movimentos e a
modalidades de diatermia pode-se incluir aseficiência mecânica dos mesmos (ANDRADE
FILHO et al., 2016). Considerando os diversos
tipos de tratamento que podem ser utilizados
para debelar limitações musculares, a diatermia
por ondas curtas se utiliza de calor profundo,
térmicos das ondas curtas se devem a umapodendoteratuaçãonoganhode
et al., 2019; BABAEI-GHAZANI et al., 2020;
rotação dos dipolos e oscilação iônica emextensibilidadedasfibrasmusculares
tecidos ricos em líquidos que eleva a energia(ROBERTSON; WARD; JUNG, 2005). Além
cinética molecular, produzindo aumento dedisso, as ondas eletromagnéticas induzem
temperatura tecidual (YOUNG et al., 2013; FUalterações nos tecidos que proporcionam
analgesia e relaxamento muscular (NAKANO
et al., 2012).
limitação no movimento. Essa característica é
Entende-se como flexibilidade quandoContudo,apesardevantagens,
um indivíduo apresenta a capacidade de observa-se que a técnica de Diatermia por
movimentar uma ou mais articulações sem Ondas Curtas atualmente vem sendo menos
utilizada, no campo fisioterapêutico, inclusive
paraobterganhos naflexibilidadeetratamentos
pelaextensibilidadedostecidosmolesmusculares em geral, além disso existem
para a realização de atividades físicas, inclusive
adjacentes a articulação (ANDRADE FILHOet estudos conflitantes a respeito de ganhos de
al., 2016). Realiza-se o alongamento muscular flexibilidade com uso de diatermia (SILVA;
como uma manobra terapêutica com o objetivo IMOTO; CROCI, 2007; ROSARIO;
de recuperar a extensibilidade de estruturas FOLETTO, 2015). Visando analisar o que
encurtadas recuperando assim a Amplitude de ensaios clínicos apontam nos casos do uso de
Movimento (ADM) (ESPEJO-ANTÚNEZ et campos eletromagnéticos no ganho de
al., 2016). flexibilidade, para facilitar a tomada de
Por meio da Diatermia, ou seja, o decisões por parte de fisioterapeutas, realizou-
aquecimento da musculatura, obtém-se preparo se uma busca na literatura para verificar como
do corpo ou da estrutura muscular e articular a aplicação de ondas curtas é utilizada em
conjunto com o alongamento ou não, avaliando
60
Lewandoski, Maibuk e Bertolini, 2021
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 59-70, ano 2021
inferiores de indivíduos saudáveis.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
o ganho de extensibilidade em membrosForam excluídos da revisão estudos
realizados com atletas, aqueles que utilizavam
outras fontes de Diatermia, ensaios realizados
com indivíduos que possuíam doenças, /lesões
Bireme e Google Acadêmico. Sem restrição de
línguaoudatadepublicação.Foram
pesquisados os seguintes termos: “diathermy”
OR “short wave” OR “shortwave” OR “heat”
AND “stretching” e seus derivados em
Português: “diatermia” OR “ondas curtas” OR
“calor” AND “alongamento”.
Estudos clínicos, revisões sistemáticas
e dissertações com humanos que utilizassem
diatermia por Ondas Curtas combinado com
alongamento em membros inferiores foram
selecionados. Sendo estes realizados em
adultos saudáveis com idade entre 18 e 60 anos.
A verificação dos resultados deveria ser por
meio da amplitude de movimento mensurada
pelos seguintes instrumentos: Goniômetro,
Inclinômetro eletrônico e/ou Banco de Wells.
Não houve limitação temporal com respeito a
ano de publicação.
prévias em membros inferiores, fraturas ou
Este estudo é uma revisão de Escopo,cirurgias em membros inferiores, além de
no qual foi realizada uma pesquisa sistemáticadiatermia realizada com objetivo cirúrgico.
no dia 04 de Novembro de 2020, nas seguintes
bases de dados: Pubmed, Scielo, PEDro,
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após a busca sistemática realizada nas
bases de dados, foram encontrados 864 artigos
dos quais a maior parte foi apresentada nas
bases de dados analisadas, dois estudos e uma
dissertação de mestrado foram inseridos
manualmente. Os artigos foram analisados por
leitura de título, resumo ou completo, de acordo
com o momento de evolução do estudo, os
resultados da busca são descritos na figura 1. A
maioria dos estudos utilizou diatermia por
ondas curtas na modalidade pulsada com o
tempo de 15 a 20 minutos. O Alongamento foi
realizado após a aplicação das ondas curtas em
todos os ensaios clínicos.
61
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 59-70, ano 2021
ARTIGO ORIGINAL
Figura 1. Fluxograma apresentando os resultados da revisão da literatura.
Os artigos foram analisados por doisda escala PEDro. Ela consiste em 11 itens que
revisores independentes, de maneira cega, eenglobam desse a validade externa, validade
somente ao final os resultados da seleção foraminterna e relatos estatísticos. Apesar de ser
comparados entre os revisores, em casos decomposta por 11 itens, a pontuação varia entre
discordância, poderia ser buscado a opinião de0-10, pois o item 1 não é considerado na
um terceiro revisor. Foi avaliada a qualidadequantificaçãofinal(validadeexterna)
metodológica dos estudos por meio(CASHIN; MCAULEY, 2020) (Quadro 1).
avaliação
PEDRO
participantes
Aceito em: 01/03/2021 Publicado em: 15/08/2021
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Autor (ano)
Amostra
Grupos
Método de
Parâmetros
ResultadosEscala
ANDRADE
FILHO et al.
(ANDRADE
FILHO et al.,
2016)
24
G1 –
alongamento
G2-
crioterapia +
alongamento
Goniometria
Alongamento
passivo
Crioterapia – 15
min
Ganho em7
G2 e G3 em
relação ao
G1. Sem
diferença
Quadro 1. Apresentação dos resultadas da revisão da literatura, com pontuação pela escala PEDro.
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Lewandoski, Maibuk e Bertolini, 2021
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 59-70, ano 2021
5
FARIA e
QUEIROZ
(BRASILEIRO;
FARIA;
QUEIROZ,
2007)
participantes
obtiveram
melhora em
relação ao
grupo
controle
al. (BRUCKER
et al., 2005)
eletrônico
(dorsiflexor)
pulsado 20 min,
48 W
B: após diatermia
utilizou-se gelo
por 5 min
vantagens no
uso de ondas
curtas
Voluntários
entre G2 e
G3
BRASILEIRO,
40
Goniometria
Diatermia por
ondas curtas – 15
min, 80 W
Alongamento
ativo “contração-
relaxamento”
Crioterapia – 25
min
Diatermia por
ondas curtas – 25
min
G2-G46
BRUCKER et
23 voluntários
Inclinômetro
A: Ondas curtas
Não houve8
DRAPER et al.
(DRAPER et al.,
2002)
37
Voluntários
G3- ondas
curtas +
alongamento
G1- controle
G2-
alongamento
G3-
alongamento
+ crioterapia
G4
alongamento
+ ondas curtas
G1-
alongamento
– 10 min.
G2-
alongamento
+ diatermia
e/ou frio.
Subdividido
em A e B
G1- Diatermia
+
alongamento
G2-
Alongamento
G3- Controle
Banco de
Wells e
goniometria
G1: diatermia de
ondas curtas, 15
minutos +
Alongamento
ativo
G2:
Alongamento
ativo
G1 e G24
aumento de
ADM, sem
diferenças
entre eles
DRAPER et al.
(DRAPER et al.,
2004)
30
G1 -
Diatermia
pulsada
e
alongamento
G2- Diatermia
placebo e
alongamento
G3- Grupo
controle
Goniometria
de extensão
de joelho pré
e pós-
tratamento, e
após 72 horas
do término do
protocolo
Diatermia
pulsada, 15 min,
sendo que nos
últimos 5 minutos
era realizado
alongamento
estático com a
diatermia e os
últimos 5 minutos
sem a diatermia
Diatermia7
associado ao
alongamento
de longa
duração foi
mais efetivo
no aumento
da
flexibilidade
Diatermia por ondas curtas no ganho de amplitude de movimento em membros inferiores
(PERES et al.,
2002)
participantes
(dorsiflexor)
estático por 10
alongamento
combinado
com ondas
curtas
pulsado se
mostrou mais
efetivo no
ganho de
ADM
(PINFILD;
PRADO;
LIEBANO,
2004)
participantes
de flexão de
quadril
ganhos em
G3
(SILVA et al.,
2010)
participantes
(isquiotibiais)
tiveram
aumento de
ADM, sem
diferenças
entre eles
DUTRA et al.
(DUTRA;
COMELLI;
OLIVEIRA,
2003)
12
participantes.
Goniometria
de extensão
de joelho.
G1: alongamento
por 30 segundos,
5 repetições
G2: Ondas
Curtas, 20 min +
alongamento
G3: crioterapia,
20 min+
alongamento
passivo
O maior3
ganho foi no
grupo que
utilizou a
diatermia
PERES et al.
44
G1-
Alongamento
passivo
G2- Diatermia
e
alongamento
passivo
G3-
Crioterapia e
alongamento
passivo
G1- Controle
1
G2- Controle
2
G3-
Alongamento
G4-
Alongamento
e calor
G5-
Alongamento,
calor e gelo
Inclinômetro
G3:alongamento
O5
PINFILDI et al.
30
G1 - Grupo
Goniometria
Maiores4
SILVA et al.
40
controle
G2-
alongamento
G3-
alongamento
+ diatermia
G1- Grupo
controle
G2-
alongamento
G3- diatermia
+
alongamento
G4-crioterapia
+
alongamento
Goniometria.
minutos com
polias
G4: ondas curtas
pulsado, 48W, 20
min
+alongamentos
G5: o grupo
repetiu o
protocolo do G4
+ crioterapia ao
final
G2- alongamento
estático por 3
minutos
G3- Diatermia
por ondas curtas
contínuo, 20 min
+ alongamento
G2- alongamento
estático de
isquiotibiais com
polias e pesos por
3 minutos
G3- Diatermia
por ondas curtas
contínuo, 20 min
+ alongamento
G2-G43
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 59-70, ano 2021
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Lewandoski, Maibuk e Bertolini, 2021
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 59-70, ano 2021
N/A – não se aplica.
geram a maior parte da resistência passiva do
(MACKEY; KJAER, 2017), apresentam efeitos
derenovação nadeposição decolágeno e elastina
esquelético, com suas diferentes invólucros que
A aplicação de calor em tecidos ricoshomogênea. Os parâmetros de dosagem e modo
em colágeno, como é o caso do músculoda aplicação da Diatermia foram especificados
(frequência de 27,12 MHz distância de 2 cm, 800
bursts/s, 400 ms de duração, 800 ms de intervalo,
tecido(endomísio,perimísioeepimísio)pico depotência de150W) eo aparelho calibrado
antes do início do estudo. O alongamento estático
ocorreu em um sistema de polias (no final e após
(CARVALHO et al., 2011), o que pode gerar aadiatermia).OProtocolofoirealizado
utilizado a diatermia ou placebo, a amostra era
chamada janela de alongamento, período no qual diariamente, por cinco dias consecutivos, e a
há maior chance de ganhos de extensibilidade avaliação dos resultados feita por meio da
tecidual (ROSE et al., 1996). Nesta revisão sete Goniometria. O alongamento combinado com a
estudos mostraram ganhos de amplitude de Diatermia foi o mais efetivo no ganho de
movimento, quando relizado o aquecimento amplitude. Em outro ensaio clínico randomizado
profundo do local através das ondas curtas, de Draper et al. (2002a), foi utilizado 15 minutos
porém quando observa-se os resultados obtidos de Ondas Curtas, sem a apresentação da dose em
com o alongamento isoladamente estes não Watts. Após a Diatermia foi realizado 3
apresentam muitas variações nos ganhos ao repetições de alongamento (curta-duração) ativo,
comparar os dois métodos. por 30 segundos. O protocolo foi aplicado uma
O estudo de Draper et al. (2004), foi vez ao dia, por cinco dias, a avaliação dos
resultados ocorreu por goniometria e banco de
(COLMAN et
al., 2017)
et al. (2006)
literatura
avaliados 3
obtiveram
ganho
significativo
de intervalo
COLMAN et al.
CAMILOTTI
Revisão de
Dos 9 artigoN/A
NAKANO et al.
(NAKANO et
al., 2012)
BRASILEIRO
et al. (2007)
ANDRADE et
al. (2016)
BUKER et al.
(2005)
DRAPER et
al. (2004)
PERES et al.
(2002)
Os dados
foram
sintetizados
por meta-
análise
G4- Crioterapia,
20 min +
alongamento
Alongamento
Diatermia por
ondas curtas
Bolsa de água
quente
Crioterapia
Ondas curtas
pulsado,
150W/burst, 800
burst /s, 400 ms
de
duração e 800 ms
A aplicaçãoN/A
de calor
potencializa
os efeitos do
alongamento
63
65
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 59-70, ano 20218
movimento utilizada, através do Banco de Wells
sendo realizado seis vezes ao dia com todos os
participantes, assim ao final do período do estudo
dose aplicada quando a voluntária referisse um
calor confortável, desta forma a potência não foi
significativo no grupo que realizou Diatermia em
No estudo de Peres et al. (2002), 44
voluntários foram divididos em cinco grupos. O
Diatermia por ondas curtas no ganho de amplitude de movimento em membros inferiores
Wells.
Todos
os
grupos
aumentaram
a
amplitude
dias
por
semana
durante
3
semanas,
a
avaliação
de movimento. Segundo os autores isso se devefoi realizada por inclinômetro. Nos resultados
a metodologia de testagem da amplitude deobtidos alongamento combinado com Ondas
Curtas pulsado se mostrou mais efetivo no ganho
de ADM de dorsiflexão.
Brucker et al. (2005), seguiram uma
houve aumento de flexibilidade também nolinha semelhante de pesquisa. Porém, neste
relação à dosimetria, não ficou clara, sendo a
grupo controle. estudo não existe menção com relação ao
Em pesquisa realizada por Pinfildi, cegamento dos participantes. Sendo os grupos
Prado e Liebano (2004), foi utilizado osubdivididos: alongamento por 10 minutos
alongamento estático por cordas e polias em(cordas e polias) comparado a dois grupos, nos
mulheres sedentárias. Neste estudo não foiquais um utilizou 20 minutos de diatermia. Os
aplicado cegamento nos participantes e nosparâmetrosdedosimetriaforambem
terapeutas, somente nos avaliadores. Comespecificados. Os protocolos foram aplicados
uma vez ao dia, cinco dias na semana, por 3
semanas. A avaliação foi realizada através de
Inclinômetro eletrônico. Nos seus resultados não
amplitude de movimento, porém este foi mais
amesmaparatodasasvoluntárias.Ose observa diferença significativa do uso das
alongamento foi estático, por 3 minutos, sendoOndas Curtas em curto prazo entre os grupos,
este realizado através de cordas e polias.somente ao fim do protocolo, ou seja, em longo
Realizou-se uma sessão ao dia, 3 vezes naprazo o grupo que utilizou Diatermia e
semana, por 30 dias. Os dois grupos quealongamento obteve melhores resultados.
realizaram alongamento obtiveram ganho na No trabalho de Dutra, Comelli e
Oliveira (2003), foram comparados os efeitos do
calor, por meio de ondas curtas, e da Crioterapia,
conjunto com o alongamento.associados ao alongamento. Na Diatermia foi
aplicado ondas curtas contínuo, por 20 minutos,
dose de Schiliepack, sem especificar os outros
alongamento estático ocorreu em 10 minutos porparâmetrosenvolvidos.Nasequênciafoi
pesos e polias, com carga de 1/3 do pesorealizado o alongamento passivo manual por um
corporal; e no grupo de associação com Ondasterapeuta. O Alongamento foi mantido por 30
curtas pulsado, por 20 minutos, não foisegundos repetido 5 vezes. As sessões foram
apresentado a potência real utilizada. Orealizadas uma vez ao dia, por três vezes na
Protocolo foi realizado uma vez ao dia, cincosemana, até totalizar 10 sessões. Foram
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Lewandoski, Maibuk e Bertolini, 2021
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 59-70, ano 2021
9
cadagrupo. Juntamente aesta condição, observa-
Semelhante a este, o estudo de Silva et
alongamento e um grupo controle. No grupo de
alongamento indivíduos realizaram alongamento
polia e pesos, mantido por 3 minutos, cinco dias
consecutivos, já no Grupo Alongamento e Calor
em 15 segundos de sustentação e 15 segundos de
observados aumentos na flexibilidade nos trêsrelaxamento, com 4 repetições por duas semanas
finalizou o estudo, com quatro indivíduos em
grupos, e alongamento associado ao calor foi oconsecutivas. O grupo de diatermia utilizou
que apresentou ganho mais acentuado. Porém,durante 25 minutos, porém citam dose de 25 mA
observa-se uma amostra muito pequena quede intensidade, o que não é usual para ondas
curtas. A avaliação foi realizada por goniometria
por 3 vezes consecutivas. No decorrer do estudo
resultados.
se a ausência de cegamento em todos osnão há relatos se os participantes, avaliadores e
participantes do estudo, o que pode levar a riscoterapeutas participaram de forma cega. O
deviés, limitando apossibilidadedevalidar estesalongamento independente de outra intervenção
aumentou significativamente a extensibilidade
muscular.
al. (2010) também pesquisou os efeitos daAndrade Filho et al. (2016) realizaram
crioterapiaetermoterapiaassociadosaoum trabalho de quatro semanas, em que
utilizaram alongamento passivo da musculatura
isquiotibial, em 3 séries de 30 segundos, com 10
estático dos músculos isquiotibiais, através desegundos de repouso. A diatermia por ondas
curtas, durou 15 minutos, com potência de 80W.
Concluem queo uso dadiatermia, assim como da
divididos em 4 grupos. O alongamento ocorreu
utilizou-se a Diatermia por Ondas Curtascrioterapia, associado ao alongamento passivo
contínuo com intensidade de 80 W, durante 20são favoráveis para o ganho de extensibilidade
minutos, antes do protocolo de alongamento,muscular em jovens saudáveis.
porém, não foram mencionados outros Na revisão sistemática redigida por
parâmetros dosimétricos. Os protocolos foram Nakano et al. (2012) três estudos contemplaram
realizados uma vez ao dia, por cinco dias os critérios de inclusão desta revisão sendo estes
consecutivos. Neste trabalho também houve os de Bucker et al. (2005) Draper et al. (2004) e
ganho em todos os grupos que realizaram Peres et al. (2002), os quais já foram descritos
alongamento e diferente do estudo de Dutra et al. individualmente acima. A pesquisa mostrou as
(2003), não houve diferenças entre os grupos. pontuações médias dos estudos incluídos não
No estudo de Brasileiro, Faria e Queiroz foram inferiores à classificação média na
(2007) também foi avaliada a influência doliteratura. Os autores relatam um bom resultado
resfriamentoedoaquecimentonano ganho de amplitude de movimento com o uso
extensibilidade dos músculos isquiotibiais, ada diatermia por ondas curtas, combinando com
amostra foi composta por 40 participantes,alongamento, principalmente a longo prazo.
Relatam ainda que a deficiência mais recorrente,
nas pesquisas, é a falta de cegamento do
Diatermia por ondas curtas no ganho de amplitude de movimento em membros inferiores
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 59-70, ano 2021
com alongamento, verificou-se que não houve
terapeuta, avaliadores e/ou sujeitos, podendoisolamento específico para sua aplicação,
dificilmente ocorrem queimaduras com o
mesmo, poucas contraindicações para seu uso,
sessão de ondas curtas pulsado não combinado
apresentaram ganhos de extensibilidade peladificuldade em obter-se uma dose exata e
aplicação do calor profundo realizado por Ondasmensurável do Ondas Curtas. Então Ondas
Curtas, quando comparado ao calor superficial,Curtas passou e ser pouco usado clinicamente e
sem a aplicação de alongamento combinado.consequentementeaspesquisastambém
Döhnert, Oliveira e Hoffmann (2017) tambémdiminuíram substancialmente. A maioria das
mostrarammelhoraagudadoganhodepesquisasrelacionadas àsOndas Curtas
extensibilidade de isquiotibiais quando sepossuiuma metodologia pobre, e muitas
aplicava calor por Ondas Curtas, mesmo seminformações importantes não estão contidas,
técnicas de alongamento, esses resultados foramcomo técnicas de posicionamento, tipo de
verificados pelo Banco de Wells e também porequipamento (capacitivo ou indutivo), bem como
goniometria. Já na pesquisa realizada porpotência efetiva, situações quejá háalgumtempo
Martínez-Rodriguez, Bello ealiteraturatem apontado como bases
Yañez-Brage (2014), que aplicou uma únicaparamétricas importantes (MURRAY;
KITCHEN, 2000). Salienta-se a importância de
novas pesquisasserem feitas sobreeste temacom
nenhuma alteração em musculatura encurtada.metodologiaavançada,protocolosbem
Notou-se que dos estudos primáriosestipulados, minimização dos fatores quepossam
apenas 1 foi publicado no último quinquênio dacausar vieses aos resultados.
década de 2010, ou seja a maioria dos estudos
percebendo-se que atualmente pouco se pesquisa
sobre o uso de Diatermia por Ondas Curtas.
Segundo Garrett, Draper e Knight (2000) isso
pode ser atribuído ao uso do ultrassom
terapêutico, visto que o mesmo também
proporciona um aquecimento profundo dos
tecidos, apesar de seu efeito de aquecimento ser
menos duradouro que do Ondas Curtas, existem
vantagens da utilização do ultrassom em relação
ao Ondas Curtas, como: menor custo do
aparelho, não há necessidade de um local com
encontrados sobre o tema não são recentes,
4. CONCLUSÃO
Devido à deficiência de conformidade
de parâmetros dosimétricos da diatermia de
ondas curtas, utilização de variadas técnicas de
alongamentoassociadas,tambéma baixa
qualidade metodológica ou falta de informação
adequada dos procedimentos realizados, não foi
possível indicar com precisão o uso de ondas
curtas para ganho de extensibilidade muscular,
havendo assim a necessidade de exploração mais
aprofundada sobre o tema.
estes influenciar nos resultados.
Robertson,WardeJung(2005)
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ARTIGO ORIGINAL
REFERÊNCIAS
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do aquecimento local na flexibilidade dos
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