Aceito em: 09/06/2021 Publicado em: 15/08/2021
Esta revista possui Licença CC BY-NC
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 155 - 174, ano 2021
ARTIGO ORIGINAL
REFLETIR PARA MUDAR ATITUDES: EXPRESSÕES ARTÍSTICAS E
DISCURSIVAS SOBRE ANIMAIS SINANTRÓPICOS ENTRE
ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO
Paulo Henrique Lopes
Licenciado em Ciências Biológicas pelo
Instituto Federal do Paraná, campus
Umuarama
Resumo
O levantamento da percepção ambiental e das atitudes de grupos
humanos em relação ao meio ambiente são importantes para a
educação ambiental. Algumas teorias do campo da Psicologia
Social consideram a atitude como a relação entre fatores:
cognitivos, afetivos e comportamentais. Atentando-se a essa
abordagem, o presente trabalho buscou investigar a relação de
alunos deEnsino Médio com afaunasinantrópica, por meio deuma
sequência metodológica que buscou levantar seus sentimentos,
conhecimentos e comportamentos em relação a essa fauna,
contidos em seus discursos e na sua expressividade artística. Além
disso, o trabalho buscou promover, através das diversas práticas
adotadas, a participação dos alunos na reflexão sobre as
representações dessa fauna. A sequência metodológica incluiu o
uso de grupos focais e dinâmicas diversas. A análise dos resultados
baseou-se no arcabouço teórico da Análise Textual Discursiva. Foi
possível observar que, mesmo havendo a demonstração de alguns
conhecimentos, os alunos apresentam uma visão negativa da fauna
sinantrópica, influenciada por componentes afetivos e por visões
antropocêntricas desta. A abordagem utilizada chama a atenção
para a consideração dos aspectos que compõem as atitudes nas
pesquisas em educação, bem como para a necessidade de permitir
que o aluno seja sujeito reflexivo e ativo na mudança de atitude que
se espera dele. Objetiva-se, portanto, com este trabalho, contribuir
com as investigações de aspectos que permeiam a construção de
atitudes pró-ambientais e, consequentemente, com o ensino de
Ciências e Biologia.
Palavras-chave: Educação Ambiental; Ensino de Biologia; Teoria
das Atitudes; Grupos Focais; Análise Textual Discursiva.
Elisangela Andrade Angelo
Docente do Instituto Federal do
Paraná, campus Umuarama
Refletir para mudar atitudes: Expressões artísticas e discursivas sobre animais sinantrópicos
Arquivos do Mudi, v. 25, n.2, p. 155 - 174, ano 2021
REFLECT TO CHANGE ATTITUDES: ARTISTIC AND DISCURSIVE EXPRESSIONS ABOUT
SYNANTHROPIC ANIMALS AMONG HIGH SCHOOL STUDENTS
Abstract
The survey of environmental perception and the attitudes of human groups in relation to the environment are
important for environmental education. Some Social Psychology theories consider attitude as the relationship
among factors: cognitive, feelings and behavioral. considering this perspective, this study sought to investigate
the relationship of high school students with the synanthropic fauna, through a methodological sequence that
sought to raise their feelings, knowledge, and behavior in relation to this fauna, contained in their speeches and
in its artistic expressiveness. In addition, the work sought to promote, through the various practices adopted,
the participation of students in reflection on the representations of this fauna. The methodological sequence
included focus groups and diversedynamics. Theanalysis of the results was based on the theoretical framework
of Discursive Textual Analysis. It was possible to observe that, even with the demonstration of some
knowledge, the students present a negative view of the synanthropic fauna, influenced by feelings components
and by anthropocentric views of it. The approach approach draws attention to the consideration of the aspects
that draw up attitudes in education research, as well as the need to allow the student to be reflective and active
in the change that is expected of him. Therefore, the objective of this work is to contribute to the investigations
of aspects that permeate the construction of pro-environmental attitudes and, consequently, with the teaching
of Science and Biology.
Keywords: Environmental education; Biology teaching; Attitude Theory; Focus groups; Discursive Textual
Analysis.
Oatualmodelocapitalistade
desenvolvimento transformou a maneira como
o ser humano lida e significa o meio ambiente.
O sentimento de não-pertencimento à natureza,
aliado a visões antropocêntricas do meio
ambiente, visto como mero provedor de
recursos para o ser humano, ditou uma
dinâmica de comportamentos invasivos e
irresponsáveis,quevêmcomprometendo
ciclos, ecossistemas ea preservação de recursos
para as gerações futuras, humanas e não-
humanas (ROSSETTO; ZARDIM, 2019).
Apreocupaçãocomaquestão
ambiental nas últimas décadas voltou a atenção
devárias áreas dapesquisaparaamaneiracomo
os diversos grupos humanos percebem e se
relacionam com o meio ambiente. Essa relação
há muitosuperou o caráter puramente
1. INTRODUÇÃObiológico, já que apresenta toda uma dimensão
subjetiva,envolvendoaspectoscomoa
percepção humana do meio, sentimentos,
memórias e os contextos histórico e cultural
(SILVA; SAMMARCO, 2015).
SegundoKrzysczak(2016),a
percepção ambiental é um processo individual
influenciado por diferentes contextos. Ela pode
ser compreendida como um conjunto de
significações que o indivíduo produz a respeito
do meio em que vive, bem como a maneira
como se comporta em relação a ele, de forma
singular, mas tambémcoletivamente. A
percepção é um processo fluido, podendo se
transformar a partir de novos estímulos e se
adaptar a novos contextos.
Considerandoacapacidade
diagnóstica da relação humano-meio que a
pesquisa sobre a percepção ambiental pode
156
Lopes e Angelo, 2021
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 155 - 174, ano 2021
Educação Ambiental é um
processo participativo, em
que o educando assume o
papel de elemento central do
processodeensinoe
aprendizagem pretendido,
participando efetivamente
das reflexões acerca dos
problemas ambientais e na
busca de soluções, sendo
preparado comoagente
transformador, pelo
desenvolvimento de
habilidades e formação de
atitudes, mediante uma
conduta ética condizente ao
exercício da cidadania. A
Educação Ambiental vai
formar e preparar os
cidadãos para a reflexão
crítica e para uma ação
social transformadora do
sistema, de forma a tornar
viável desenvolvimento
consciente de todoo
ambiente. (SCHÄFER et al.,
2009, p. 16).
A Educação Ambiental, portanto,
busca inserir os cidadãos nas discussões, além
de propiciar à formação de atitudes sobre as
problemáticas ambientais locais e globais. Para
que isso ocorra, é importante o levantamento
das percepções que as pessoas estabelecem
sobre o local em que vivem, pois é aí que se
manifesta a concretude de suas relações com o
meio ambiente.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais
(BRASIL, 1998) e a Base Nacional Curricular
Comum (BRASIL, 2017) sugerem que a
Educação Ambiental seja trabalhada nas
escolasdemaneiratransversale
contextualizada, ao longo de toda a formação
escolar. Infelizmente essas recomendações
Ambiental.
fornecer, diversas áreas se beneficiam dessaenfrentamdificuldadedeimplementação,
perspectiva para a elaboração de estratégias desendo que essa área é geralmente trabalhada de
açãocomo,porexemplo,aEducaçãomaneira descontextualizada e fragmentada,
abordando esporadicamente temas recorrentes,
como a separação do lixo e reciclagem. À vista
disso, torna-se urgente a necessidade de uma
reestruturação do currículo a partir das escolas
(BRANCO; ROYER; BRANCO, 2018), como
também o desenvolvimento de pesquisas e
metodologias que facilitem a inserção da
Educação Ambiental na realidade escolar.
Nos últimos anos, diversas pesquisas
na área da educação têm voltado sua atenção
para a percepção ambiental de estudantes sobre
diversos temas, a fim de compreender possíveis
mudanças de atitude, após intervenções. No
entanto, em muitos casos se observa um
enfoque na atitude apenas sob viés cognitivo, o
que pode tornar a compreensão dessa atitude
incompleta.
A Psicologia Social se encarrega do
estudo das atitudes há décadas e, embora
existam amplas discussões sobre sua definição,
a atitude pode ser compreendida, em linhas
gerais, como uma tendência do indivíduo agir
de determinada maneira em relação a um
elemento alvo. O Modelo deTrês Componentes
sugere que a atitude se constitui do componente
cognitivo, que inclui conhecimentos e crenças;
o componente afetivo, que reúne toda a
dimensãosentimental;eocomponente
comportamental, que engloba as ações e
comportamentos (NEIVA; MAURO, 2011).
Asatitudessãopassíveisde
transformação quando algum desses três
componentes é modificado. Isso pode ocorrer,
157
Refletir para mudar atitudes: Expressões artísticas e discursivas sobre animais sinantrópicos
Arquivos do Mudi, v. 25, n.2, p. 155 - 174, ano 2021
emoções diferentes. Dessa maneira, os demais
configurando uma nova atitude em relação ao
objeto (LIMA; CORREA, 2017).
diz respeito a áreas intensamente urbanizadas.
representantes da fauna sinantrópica podem ser
citados alguns mamíferos (ratos, morcegos e
répteis (lagartixas e cobras), anfíbios (sapos e
pererecas) e artrópodes (baratas, mosquitos,
formigas, aranhas e escorpiões).
Fernandes (2019) considera que a
temática dos animais sinantrópicos, no ensino
de Ciências e Biologia, não somente aproxima
porexemplo,pelaaquisiçãodenovosda realidade do aluno os temas pertinentes a
experiências com o objeto, o que resulta em
conhecimentos a respeito do objeto da atitude, vários conteúdos, como também sensibiliza
ou até mesmo pela vivência de novas para a reconexão e pertencimento à natureza.
Trabalhar com essa fauna permite uma reflexão
mais pontual, visto que o maior convívio com
componentes podem sofrer também alterações,esses animais, provoca o surgimento de
concepções e sentimentos a respeito deles. Essa
maior facilidade em apresentar e reconhecer as
Partindo-se desse pressuposto doatitudes perante a natureza, permite dispor de
uma alternativa viável, principalmente no que
Modelo de Três Componentes das atitudes, asinformações múltiplas e facilitam a elaboração
questõescognitivas,sentimentaiseosde estratégias de reflexão e aprendizagem.
comportamentos devem ser estudados em Portanto, o presente trabalho buscou
relação aos educandos. Essa visão de estudoinvestigar a relação de alunos de Ensino Médio
exige maior aproximação das problemáticascom a fauna sinantrópica, por meio de uma
trabalhadas com a realidade do aluno. Entre assequência metodológica que buscou levantar
várias possibilidades de problemáticas locaisseussentimentos,conhecimentose
para o trabalho com Educação Ambiental, acomportamentos em relação a essa fauna,
temática dos animais sinantrópicos pode sercontidos emseus discursosena sua
expressividade artística. Além disso, o trabalho
almeja promover, através das diversas práticas
humano [sin (junto); antropo (homem)]. Dentre
Barbosa et al. (2014) definem animaisadotadas, a participação dos alunos na reflexão
sinantrópicos como aqueles animais que,sobre as representações dessa fauna. Espera-se
devido à expansão antrópica, passaram acomesseestudo,contribuircomas
compartilhar habitats em comum com o serinvestigações de aspectos que permeiam a
humano, geralmente sem o consentimentoconstrução de atitudes pró-ambientais e,
consequentemente, com o ensino de Ciências e
Biologia.
gambás), aves (corujas, pardais e pombos),2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Participantes do Projeto
Antes do início da realização das
oficinas, o projeto foi submetido ao Comitê de
Ética em Pesquisa do Instituto Federal do
Paraná (IFPR), tendo sido aprovado com o
Parecer n.º 2.947.162/2018. Foram adotados
158
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 155 - 174, ano 2021
em relação à ética em pesquisa.
O projeto foi desenvolvido com alunos
do Ensino Médio Integrado do IFPR, campus
Umuarama. Os encontros foram realizados em
feminino e 3 do sexo masculino. Esses alunos
cursavam o Ensino Médio Integrado Técnico
A fim de facilitar a análise dos
as oficinas
A pesquisa foi realizada por meio de
um curso de desenho de animais em
contraturno, durante o qual ocorreu uma série
de discussões através da metodologia de grupos
ARTIGO ORIGINAL
todos os procedimentos e recomendações legais
focais. Segundo Trad (2009), os grupos focais
permitem reunir informações sobre um tema a
partir de um grupo de pessoas e da interação
entre elas, busca também reunir dados sobre as
significações do grupo em relação ao assunto
período de contraturno. O grupo formadoproposto.
contou com 10 alunos, sendo 7 do sexoConcomitante ao ensino técnico de
desenho, foram realizadas algumas dinâmicas
visando compreender, através dos discursos e
idade.
em Edificações ou Ensino Médio Integradoda expressividade artística dos estudantes, os
Técnico em Química. Os participantes eramseus conhecimentos prévios e afetividade em
oriundos tanto de Umuarama quanto de cidadesrelaçãoaossinantrópicos,assimcomo
vizinhas, com faixa etária entre 15 e 16 anos deestimular a reflexão a respeito das próprias
percepções. Todo o trabalho foi embasado no
Modelo dos Três Componentes da Atitude, da
resultados, todos os encontros foram filmados,PsicologiaSocial,considerandoaspectos
com o consentimento dos participantes e decognitivos, afetivos e comportamentais dos
seus responsáveis.alunos sobre a fauna sinantrópica.
O quadro 1 resume as temáticas
2.2 Metodologia e recursos pedagógicos duranteabordadas em cada oficina e a técnica de
desenho trabalhada. Já o quadro 2 apresenta os
recursospedagógicosrelacionadosàs
discussões sobre a fauna sinantrópica, como
também os elementos utilizados para a análise
(descrito no item 2.3).
Quadro 1. Temáticas desenvolvidas nas oficinas
Tema do encontro
Técnicas de desenho trabalhadas
O desenho e os animais sinantrópicos
- Exercício sobre manuseio de instrumentos de desenho.
- Exercício de treino de traço e tonalidade.
Como vemos os animais sinantrópicos
- Exercícios sobre simetria bilateral.
Aspectosecológicosdos
sinantrópicos
animais- Exercícios sobre esboço.
Encerramento
- Exercício de produção de um desenho realista
Fonte: Autores.
Aceito em: 09/06/2021Publicado em: 15/08/2021
159
Esta revista possui Licença CC BY-NC
Refletir para mudar atitudes: Expressões artísticas e discursivas sobre animais sinantrópicos
Quadro 2. Recursos pedagógicos utilizados durantes os gruposfocais, com destaqueparaos elementos
utilizados para a análise
1º Encontro: “O desenho e os animais sinantrópicos”
AtividadesElementos utilizados para análise
Solicitação de exemplificação da fauna sinantrópica, após
definição do termo pelo mediador do grupo focal.
Fala(listagemdeanimais
sinantrópicos).
Gestos
Desenho livre de um animal sinantrópico e listagem do que o
animal desperta no educando.
Desenho e a listagem de palavras.
Observação de animal sinantrópico e descrição para que outro
estudante adivinhe qual é o animal.
Falas e gestos.
2º Encontro: “Como vemos os animais sinantrópicos”
Exercício de discussão entre os alunos para distribuir as
palavras em três categorias: biologia, sentimentos e qualidades.
Essas palavras foram as indicadas pelos alunos em seus
desenhos livres.
Falas (justificativas espontâneas para a
classificação) e gestos.
Exercício de discussão para qualificar as palavras atribuídas aos
sinantrópicos como positivas ou negativas. Essas palavras
foram as indicadas pelos alunos em seus desenhos livres.
Falas e gestos.
Exibição de três vídeos curtos em que aspectos da relação ser
humano e animais sinantrópicos são exibidas (FÃ DE
ESPORTES, 2018; HAWKINS, 2016; SOUZA, 2013).
Exercício oral de análise dos vídeos, estimulada por meio de
perguntas do mediador.
Falas (interpretações dos vídeos) e
gestos.
3º Encontro: “Aspectos ecológicos dos animais sinantrópicos”
Discussões a respeito de aspectos ecológicos dos animais
sinantrópicos, com exposição de alguns aspectos pelo
mediador, e perguntas direcionadas ao grupo
Falas e gestos
Realização da dinâmica ‘Teia da Vida’ (CECCATO, 2004).
Falas e gestos.
Classificação da relação do ser humano com animaisFalas (justificativas) e gestos.
sinantrópicos como positiva, negativa ou neutra.
4º Encontro: Encerramento
Exposição dialogada feita pelo mediador sobre os conceitos de
utilitarismo e antropocentrismo. Perguntas-chaves sobre os
termos durante a exposição.
Falas e gestos.
Exposição dialogada feita pelo mediador sobre maneiras de
lidar com a fauna sinantrópica.
Falas e gestos.
Elaboração de um cartaz contendo as discussões realizadas no
grupo e os desenhos de animais sinantrópicos feitos pelos
alunos.
Desenhos.
Fonte: Autores.
2.3 Metodologia de análise Atitudes (DIAS, 2009; PESSOA, 2011). O
A metodologia utilizada para a análise
corpus para a análise foi a fala dos estudantes
das informações baseou-se em elementos do
durante os grupos focais, suas expressões
pressupostoteóricodaAnáliseTextual
artísticas (desenhos, esboços), bem como
Discursiva (ATD) (MORAES, GALIAZZI,
manifestações gestuais.
2016) e no arcabouço conceitual da Teoria das
Arquivos do Mudi, v. 25, n.2, p. 155 - 174, ano 2021
160
Lopes e Angelo, 2021
simplificada, ela compreende a decomposição
do material em estudo em unidades de sentido,
seguida por um agrupamento dessas unidades
A ATD é uma análise com base3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
fenomenológica e, portanto, considera as
reflexões esubjetividadesdo pesquisador frente Diversos trabalhos avaliam a
ao seu fenômeno de estudo. De forma percepção ambiental que estudantes
apresentam em relação a algum elemento da
natureza, como a fauna silvestre local, a fauna
sinantrópica ou grupos específicos (ALMEIDA
em grupos maiores (categorização). Por fim, et al., 2019; AVELLAR; BARROS, 2020;
após impregnar-se com o objeto de estudo, a FERRANTE; VEIGA, 2019; LIGO; GIONA,
ATD propõe uma reflexão teórica sobre o 2019; LIMA et al., 2018; LIMA; MACIEL-
fenômeno, com a construção de um metatexto CABRAL; SILVA 2020; MARIA;
reflexivo (MORAES; GALIAZZI, 2016; ABRANTES; ABRANTES 2018; SILVA;
MORAES, 2003). PAROLIN, 2018; LOPES; SILVA, 2020;
No presente trabalho, três categorias SOUZA et al., 2020; GUERRA et al., 2020;
de análise foram utilizadas na ATD: 1)FERNANDES, 2019). Muitos desses trabalhos
Questões Conceituais; 2) Questões Afetivas; eutilizam-se de questionários para levantar a
3) Antropocentrismo. Tais categorias forampossível presença de falhas conceituais e
definidas de forma mista, sendo as questõescrendices frente a esses elementos.
conceituais e afetivas definidas a priori e a É inegável a importância do uso de
categoria antropocentrismo definida a questionários, porém quando utilizados para
posteriori da coleta dos dados. investigar atitudes, eles geralmente informam
Na categoria “Questões Conceituais” apenas o aspecto cognitivo. Além disso, tal
foram agrupadas as análises referentes àinstrumento de estudo tende a refletir apenas
compreensão do saber biológico sobre a faunaummomentodoprocessodeensino-
trabalhada. Na categoria “Questões Afetivas”aprendizagem. Neste trabalho, optou-se por
procurou-se analisar as manifestações detrabalhar com atividades diversas, construídas
sentimentos dos educandos em relação aoscom embasamento no Modelo de Três
sinantrópicos.JánacategoriaComponentes da Atitude, por meio de grupos
“Antropocentrismo” procurou-se evidenciar asfocais.
manifestações que explicitam uma visão Em um grupo focal, um moderador
centrada no ser humano, ou seja, aquelas que orienta as discussões, propõe questionamentos
demonstravam uma “utilidade” do ser vivo para e conduz a manutenção do foco e,
o ser humano (utilitarismo) ou quetransponham principalmente, do respeito à pluralidade de
para os animais características humanas ideias (KIND, 2004). A metodologia dos
(antropomorfismo). grupos focais é bastante utilizada em pesquisas
da área da saúde e é um campo novo e
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 155 - 174, ano 2021
161
Refletir para mudar atitudes: Expressões artísticas e discursivas sobre animais sinantrópicos
Arquivos do Mudi, v. 25, n.2, p. 155 - 174, ano 2021
apenas no início ou término desse processo.
sobre aquilo que representou. Peixoto (2017)
comunicação de visões de mundo, pensamentos
e anseios.
No primeiro encontro, na categoria de
análise“Questõesconceituais”,pode-se
promissor para pesquisas na área de ensino deobservar que os estudantes compreenderam o
aprendizagem durante a sua ocorrência e não
biologia. Tendo em vista que todo o processo éconceito de sinantrópicos. Tal inferência é
analisado,torna-sepossívelobterumapossível ser feita porque, após explicar o termo
compreensãoqualitativa doensino-aos estudantes, eles citaram os seguintes
exemplos desses animais: rato, sapo, aranha,
barata, cobra, escorpião, besouros, carrapato,
Considerandoaimportânciadocoruja, pombo, morcego e caramujo.
reflexão que a pessoa que o produziu realizou
componente afetivo sobre as atitudes, a análiseAinda, dentro da categoria de análise
de desenhos e expressões artísticas agregou “Questões conceituais”, do primeiro encontro,
muito aos resultados dessa pesquisa. Peixoto ao se analisar os desenhos livres, ficaram
(2017) defende que o desenho, como uma evidentes alguns erros conceituais. A figura 1,
manifestação artística, pode expressar não por exemplo, mostra o desenho de uma aranha
apenas elementos materiais, como também feita por um dos participantes. Observa-se aqui
sentimentos e concepções. Quando se leva em um erro conceitual básico, que consiste na
consideraçãotodasasexpressividades ausência do cefalotórax, estrutura bastante
possíveiscontidas no desenho,pode-se característica dos aracnídeos. Conhecimentos
considerá-lo como uma manifestação da errôneos sobreamorfologiadesses
invertebrados também foram observados nos
trabalhos de Lopes e Silva (2020), em que as
tambémconsideraodesenhocomoaranhas, escorpiões e até mesmo serpentes
foram citados por alunos entrevistados como
sendo pertencentes ao grupo dos insetos.
Figura 1. Desenho espontâneo de uma aranha e palavras atribuídas ao animal pelo aluno. Fonte: Autores.
Ao listarem espontaneamente termos
sobreos animais também foi possível notaruma
confusão conceitual com os termos:peçonhento
e venenoso, sendo que em alguns momentos os
dois termos foram atribuídos ao mesmo animal,
embora apresente significados distintos. Souza
162
Lopes e Angelo, 2021
et al. (2020) também observaram equívocos nos
conceitos de peçonhento e venenoso em um
trabalho que avaliou a percepção de alunos a
respeito de serpentes.
Quanto aos demais erros conceituais,
os casos mais importantes foram observados
nos desenhos do morcego e besouro, já que
estão relacionados às características básicas de
seus respectivos grupos (figura 2).
Figura 2. Desenhos espontâneos da fauna sinantrópica. Fonte: Autores.
representado no desenho, já que se nota que o
descrição da fauna sinantrópica, várias palavras
foram atribuídas em conjunto para descrever
presentes nas “dobras” das asas, o que não foi
As asas membranosas dos morcegosaspecto do seu comportamento, como é
evoluíram a partir dos membros anteriores,possível observar nas expressões: antenas, lento
sendo os dedos do animal as estruturase rastejante atribuídas ao caramujo; abundante,
“pica” (inoculam peçonha), pernas e antenas,
conferido às formigas; e os termos asas, “tem
membro anterior não apresenta dedos. Noorelhas”, “nariz estranho”, atribuídas ao
desenho do besouro, as pernas aparentementemorcego. Essa dinâmica, por exigir que os
saem de porções finais do abdome do inseto,alunosoptassem por definições mais descritivas
sendo que elas são apêndices do tóraxque emotivas, visto que estas últimas poderiam
(CAMPBELL et al., 2010). É importantedificultar a descoberta do animal, contribui no
informar que os desenhos foram feitos semsentido de incentivar a busca por novas
referênciasvisuais,baseadosapenasnaassociações nos seus acervos cognitivos.
compreensão prévia que os alunos tinham dosDurante essa prática, os alunos expressaram
animais desenhados. interesse e participaram ativamente.
Durante a dinâmica de observação eAlgumasdasmanifestações
relacionadas à categoria “Questões Afetivas”
estão resumidas no quadro 3, e são bastante
alguns animais. Neste momento, as atribuiçõescontroversas, indo do medo à simpatia.
tiveram um caráter mais descritivo, com termos Destaca-se o diálogo sobre o caramujo, em que
que descrevem alguma parte do corpo ou algum o extermínio do animal é minimizado pela
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 155 - 174, ano 2021
163
Refletir para mudar atitudes: Expressões artísticas e discursivas sobre animais sinantrópicos
comparaçãodaatitudedospais.Asconcepção estética e podem ser observadas em
manifestações de simpatia estão relacionadas àtermos como “bonitinhas” e “linda”.
Quadro 3. Reação dos participantes à menção de alguns animais sinantrópicos
Animal
Reação
Sapo
Aluno se contorce na cadeira e movimenta os ombros ligeiramente em sinal de
desconforto.
Lagartixa
Aluno 1 comentou: “Elas são bonitinhas, parece que estão sempre dando risada”.
Morcego
Aluno 2 comentou: “Gente, vocês já viram filhotinho de morcego? Coisa mais
linda”.
Caramujo
Alunos dialogam. Aluno 1: “Uma vez meu pai matou um caramujo com um tijolo e
estava cheio de ovo”. Aluno 3: “Tijolo? Meu pai taca sal”.
Fonte: Autores.
Ao listarem expressões que remetiam(2019) em uma pesquisa que avalia a
ao animal, após seu desenho livre, observa-sesignificação que estudantes de uma escola
que muitas das palavras escolhidas refletemfazem de animais sinantrópicos e peçonhentos,
sensações negativas, como se observa naslevantou que ratos, bem como baratas e rãs,
figuras 1 e 3. As palavras perigo e doença,também causam nos entrevistados, além de
atribuídas pelo aluno que desenhou o rato,outros tipos de desconforto, a vontade de gritar.
relacionam-seesugerem o fato desse animal serEm relação à aranha (figura 1), assim como o
vetor de algumas doenças. A palavra esgoto sepresente estudo, Fernandes (2019) também
refere ao habitat de ratos na representaçãoencontrou atribuições de “nojo” dirigidas a esse
midiática, já a palavra grito expressa a possívelanimal.
reação do aluno ao avistar um rato. Fernandes
Figura 3. Desenho espontâneo de um rato e palavras atribuídas ao animal pelo aluno. Fonte: Autores.
Em relação ao antropocentrismo, aoChapani e Silva Júnior (2017) também
realizarem um desenho livre, foi possívelobservaram em desenhos espontâneos de
observar esse elemento, como pode seranimais feitos por estudantes, várias expressões
observado no rato da figura 3. Observa-se ode antropomorfismo, como a presença de
antropomorfismodoanimalatravésdaumbigos em insetos, expressões faciais e até
expressão facial de maldade ou raiva. Lima,mesmo mãos com dedos e luvas.
Arquivos do Mudi, v. 25, n.2, p. 155 - 174, ano 2021
164
Lopes e Angelo, 2021
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 155 - 174, ano 2021
ao seu comportamento:
“
Os morcegos, na verdade
nemtodos,algumas
espécies se alimentam de
sangue” (aluno 2).
“Ele sai à noite e as pessoas
associam noite com trevas”
(aluno 3).
hematófaga de algumas espécies de morcegos e
No segundo encontro, quanto àAvellar e Barros (2020) consideram a
categoria de análise “Questões Conceituais”, os ocorrênciadeespécieshematófagasde
alunos classificaram algumas das palavras que morcegos, os hábitos noturnos que dificultam
listaram sobre os animais desenhados no suavisualização,aspectosde seu
encontro anterior, na categoria “Biologia”, que comportamento, a influência da mídia, de mitos
reuniaaspalavrasquedescreviam e lendas como fatores responsáveis pela visão
comportamentos,morfologia ouaspectos negativa que o ser humano tem dos morcegos,
ecológicos dos animais sinantrópicos. As muitas vezes associando-os a seres malévolos,
palavras qualificadas, nessa categoria, foram: o que passa a ser usado como justificativa para
frágil, parasita, esgoto, gosmento, doenças, o tratamento com esses animais. Andrade e
sangue e peçonhento. Os alunos também Talamoni (2015), em um trabalhode
consideraram todas essas palavras como sensibilização sobre morcegos com estudantes
negativas na atividade seguinte. Os critérios de Ensino Médio, levantaram a alta ocorrência
dessas classificações foram livres e bastante de desinformação ou de conceitos errôneos
discutidos pelos alunos, oquetornainteressante sobre essas espécies, o que contribui para a
observar, como reconhecem o cunho negativo perpetuação de concepções negativas em
de algumas dessas atribuições, mesmo quando relação a esses animais. Tais hipóteses
apenas descrevem características do animal. levantadas nos trabalhos de Andrade e
“Alguns deles, nem todos, estão relacionados Talamoni (2015) e de Avellar e Barros (2020)
com algumas doenças, daí a gente tem medo ou podem ter relação com as falas expressadas
receio, sei lá" (aluno 2), refletiu um aluno, pelos estudantes no presente estudo.
sobre a origem de tantas atribuições Quanto à categoria de análise
‘negativas’. “Questões Afetivas”, na atividade de
Ainda, dentro dessa categoria de classificação do segundo encontro, os alunos
análise, após a exibição do vídeo “Um amorclassificaram algumas das próprias palavras
dentuço” (SOUZA, 2013), em que os morcegosdentrodascategorias“sentimentos”e
são associados ao personagem do vampiro, os“qualidades”. As palavras classificadas como
alunos atribuíram essa comparação à dietasentimentos foram: nojento, asqueroso, grito,
socorro, fofo emedo, apenas aexpressão “fofo”
foi posteriormente qualificada como positiva,
as demais foram consideradas negativas.
Dentro da categoria “qualidades”, os alunos
alocaram os seguintes vocábulos: nojento,
frágil, complexo, gosmento e fofo, em que
somente os termos “fofo” e “complexo” foram
qualificados como positivos. É importante que
165
Refletir para mudar atitudes: Expressões artísticas e discursivas sobre animais sinantrópicos
os alunos reconheçam o caráter emotivo dessas
atribuições e tenham oportunidade de refletir a
respeito delas. Alguns comentários dos alunos
“Às vezes aparece rato e
barata, mas a gente mata, é
um conflito que a gente tem,
mas...” (aluno 3).
“Eu não gosto muito de
barata, só que, tipo, se não
tiver aqueles venenos de
spray eu não mato não”
(aluno 8).
“A barata é um bichinho
assim que dá pra gente ter
nojo, mas ela não faz nada”
(aluno 1).
animal, mas em todas as falas, as baratas estão
associadas a uma concepção negativa. Lopes,
Valduga e Dal-Farra (2018), em um trabalho
“Talvez seja uma coisa que
seja passada pra gente, de
geraçãoemgeração.A gente
acostumou a, tipo, quando
vê esse tipo de bicho ficar
apavorado ou com medo”
(aluno 3).
demonstram essa percepção: que analisa as concepções de alunos sobre
insetos a partir de produções textuais,
identificaramumapredominânciade
atribuições negativas sobrebaratas e
mosquitos, quase sempre associados a
sentimentos de repulsa, que os autores atribuem
a interferências culturais, como da mídia
O aluno considerou que as atribuições
televisiva. Associações semelhantes também
negativas são comportamentos assimilados,
foram observadas nos trabalhos de Lima,
incorporados sem reflexão sobre sua validade
Chapani e Silva Júnior (2017), que avaliam os
(“a gente acostumou”). De forma semelhante a
conhecimentos escolares e tradicionais de
esse resultado, Duarte (2015) levantou em seu
alunos sobre os insetos, em que as baratas
trabalho a presença de mitos e crendices no
aparecem relacionadas à sujeira e aos termos
conhecimento de alunos que, dentre outras
“nojento” e “nojo”. Possivelmente essas
crenças, acreditavam ser verdadeira, por
interferências culturais e tradicionais também
exemplo, a existência de serpentes queinvadem
refletiram nas falas dos alunos deste estudo.
residências para se alimentarem do leite
Quantoàcategoriadeanálise
materno de mulheres.
“Antropocentrismo” do segundo encontro,
Ainda, considerando as “Questões
observou-se que, enquanto comentavam a
Afetivas” do segundo encontro, os alunos
respeitodeencontroscomanimais
citaram alguns exemplos de convívio com
sinantrópicos, dois alunos citaram uma prática
animais sinantrópicos:
das pessoas em relação aos sapos:
“Aparece um sapo lá... o
sapo é, tipo, controlador de
praga,tipoinseto...o
pessoal vai lá e joga sal
nele” (aluno 1).
“Eu tenho muito trauma de
todos esses animais e o pior
é o sapo, eu odeio sapo. Mas
não é porque eu odeio sapo
que eu vou tacar sal nele. Só
porque ele é feio, coitado”
(aluno 3).
Nessas falas é possível observar
É possível an
a
lisar a
t
r
a
vés
d
essas
diferentes atitudes em relação ao mesmo
f
a
las, que os alunos cons
i
der
a
m conflituosa
a
Arquivos do Mudi, v. 25, n.2, p. 155 - 174, ano 2021
166
Lopes e Angelo, 2021
“controlador de praga” sugere que o sapo se
apresentam uma visão antropocêntrica. O termo
relação com os sapos, exemplificada, nos doisidentificaram o antropomorfismo, como se
casos, pela atitude de jogar sal no animal e,observa na fala: “Eles se referiram ao
apesar de desaprovar este comportamento,comportamento do animal com sentimentos
humanos” (aluno 2).
SegundoBorba(2016),os
alimenta de insetos para beneficiar o serdocumentários são produções audiovisuais que
humano e não como parte de sua dieta,utilizam imagens de acontecimentos reais para
evidenciando uma visão utilitarista dessescontar uma história, o que lhes imprime um
anfíbios. Já a fala do aluno 3 indica que o ato deaparente caráter científico. Sendo assim,
jogar sal no sapo está associado à sua estética,documentários que abordam temas sobre
considerada desagradável. Silva, Barros eelementos da natureza, por exemplo, tornam-se
Forsberg (2017), em um levantamento sobre auma das únicas ferramentas de contato com o
concepção de alunos quanto aos anfíbios,mundo natural para grandes públicos e acabam
observaram que 81% dos alunos consideravamporultrapassaropapeldesimples
os anfíbios como possíveis transmissores deentretenimento ao assumir a capacidade de
doenças, sendo essa uma das crenças errôneasgerar representações a respeito de diversos
associadasaoextermínioeagressãoaspectos do mundo natural.
indiscriminados desses animais. Os anfíbios Após analisar documentários baseados
apresentam uma porcentagem de sua respiração no comportamento animal, Borba (2016)
cutânea, assim, o ato de jogar sal sobre suas identificou traços de antropomorfização das
costas comprometesuas trocas gasosas, além de espécies apresentadas, pois lhes eram
incomodar a pele sensível do animal atribuídos nomes, personalidades e concepções
(CAMPBELL et al., 2010). de valor. Segundo o autor, o apelo emocional
Ainda, considerando a categoria utilizado em alguns documentários pode criar
“Antropocentrismo”, também do segundo uma espécie de idealização da natureza e, por
encontro, foi apresentado aos alunos o conceito consequência, o entendimento de alguns
de antropomorfismo e, em seguida, os vídeos animais como “vilões” e outros como
“Rato no Estádio” (FÃ DE ESPORTES, 2018) “mocinhos”. Por meio das reflexões e diálogos
e trechos do documentário “Nascidos para estabelecidos sobre esse tema, há indícios de
Reinar” (HAWKINS, 2016). No primeiro que os alunos notaram esse processo de
vídeo, ratos e baratas são retratados comoantropomorfização do documentário assistido.
símbolos da decadência de um clube de futebol. Desse modo, faz-se necessário que os
No segundo, um bando de leões é retratado comalunos aprendam a identificar atribuições
nomes, sentimentos e características humanas.antropocêntricasnessetipoderecurso
Após assistirem os filmes, os alunos discutiramaudiovisual, e que tenham a oportunidades de
sobre eles. Observou-se que os alunosrefletir criticamente sobre as implicações das
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 155 - 174, ano 2021
167
Refletir para mudar atitudes: Expressões artísticas e discursivas sobre animais sinantrópicos
agradáveis ou úteis ao ser humano.
“Eles se sentem acolhidos”
(aluno 2).
“É por alimento” (aluno 5).
“Eles gostam do mesmo que
a gente gosta” (aluno 9).
“A gente invadiu de certa
forma, tipo, o lugar deles”
(aluno 4).
“A gente tirou o habitat
deles e transformou no
nosso” (aluno 3).
“A gente fez da casa deles a
nossa” (aluno 2).
"Eles querem o lugar deles
de volta, né?” (aluno 4).
visões utilitaristas ou romantizadas da natureza.Aspectos relacionados às “Questões
espécies, independente do quanto elas sejam
Uma vez que, essas perspectivas atrapalham a Conceituais” também foram observados após a
compreensão da importância de todas as realização de uma adaptação da dinâmica
conhecida como “Teia da Vida” (CECCATO,
2004). Nessa atividade, cadaaluno recebeu uma
obtidas as seguintes respostas:
A análise do terceiro encontro, no quepalavra que representa elementos de um
diz respeito à categoria de análise “Questõesecossistema. Em seguida, foi lido um texto que
Conceituais”, demonstrou que os alunosnarra um momento inicial desse ecossistema e,
compreendem as razões pelas quais os animaisquando o termo atribuído ao aluno era
sinantrópicos dividem espaços com o sermencionado, ele deveria segurar uma ponta do
humano, pois ao serem questionados, forambarbante e, posteriormente, passar para o
próximo aluno com o termo mencionado, com
isso formou-se uma grande teia de barbante,
interligando todos os alunos. Por fim, foi lido
um texto que narra um segundo momento do
ecossistema, em que ocorre um desequilíbrio
ambiental, neste caso, os alunos deveriam soltar
sua ponta do barbante quando seu termo fosse
mencionado. Os textos lidos durante adinâmica
representavam a interdependência entre os
seres vivos de um determinado ecossistema,
cujo equilíbrio fora perturbado por um fator
envolvidas com esse contato maior entre essas
espécies e o ser humano. As espécies procuram
por condições de sobrevivência, por meios de
acesso a abrigo, alimento, água e demais
demandas. A expansão humana reduziu o
habitat de muitas espécies e os substituiu pelas
cidades, obrigando essas populações a se
Foi interessante identificar esse externo, representado pelo despejo de um
entendimento das questões ecológicas efluente que alterava o pH da água, gerando
uma série de eventos que culminaram com a
destruição desse ecossistema hipotético. Sobre
essa dinâmica, os alunos comentaram:
“
Tá tudo interligado" (aluno
7).
“Um depende do outro”
(aluno 9).
“A gente é o pH dos
sinantrópicos" (aluno 2).
adaptarem às novas condições. A fim de
complementar essa discussão, foram
O comentário do aluno 2 foi bastante
apresentados aos alunos os conceitos de nicho
r
e
pr
e
sentativo,
pois
d
e
monstra sua
ecológico, hábitat, adaptação e ecossistema.
c
ompr
e
ensão da dime
n
são da in
te
r
fe
r
ê
n
ci
a
humana. Ao comparar o ser humano com o
Arquivos do Mudi, v. 25, n.2, p. 155 - 174, ano 2021
168
Lopes e Angelo, 2021
fator que desencadeou o desequilíbrio classificação da relação do ser humano com
ecológico na situação hipotética da dinâmica, animais sinantrópicos. Foram propostas três
coloca a espécie humana em posição de categorias de classificação: positiva, negativa
responsabilidade pela perda do habitat de ou neutra; porém os critérios não foram
muitos sinantrópicos e pela sua presença em estabelecidos, ficando os alunos encarregados
nosso meio. A importância do uso de dinâmicas de refletirem e determiná-los. Durante a
representativas se evidencia nesse tipo de dinâmica os alunos fizeram comentários
associação. espontâneos, muitos deles como justificativa da
Em relação à categoria de análise classificação, como é possível observar no
“Antropocentrismo”, no terceiro encontro,quadro 4.
também foi realizada uma dinâmica de
Quadro 4. Classificação das relações com animais sinantrópicos
Animal
Relação com o ser
humano
Comentários/justificativa
Rato
Negativa
“Ele faz buraquinho da casinha, rói as coisas” (Aluno 3).
“Causam doenças” (Aluno 6)
Aranha
Negativa
“Depende. Se ela picar a gente” (Aluno 2).
“Ah, mas aquelas teias feias lá, sujando os cantos da casa, minha
mãe me faz limpar” (Aluno 6).
Barata
Neutra
“Eu tenho alergia” (Aluno 5).
“Eu tenho medo de barata”. (Aluno 6).
“Se ela vier voando acho que tenho um ataque cardíaco” (Aluno
9).
Lagartixa
Positiva
“Eu acho bonita a lagartixa” (Aluno 2).
“Ela não faz nada demais” (Aluno 4).
“Ela mata barata” (Aluno 6).
“Ela vive no bueiro também” (Aluno 2).
“Eu apoio a lagartixa porque ela mata barata” (Aluno 9).
Cobra
Negativa
Gritos encenados e comentário: “Ai credo, apaga o nome dela”
(Aluno 2).
Morcego
Neutra
“Eu acho neutro porque é difícil a gente ver ele” (Aluno 6).
Coruja
Positiva
“Ela é fofinha” (Aluno 4).
“Aonde você vai ela tá te seguindo” (Aluno 2).
Escorpião
Negativa
“Ruim também, ele pica a gente” (Aluno 6).
Sapo
Neutro
“Gente, o que o sapo faz?” (Aluno 2).
“O sapo cospe na gente” (Aluno 6).
“É nojento” (Aluno 4).
Fonte: Autores.
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 155 - 174, ano 2021
169
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 155 - 174, ano 2021
relação classificada como negativa levou em
conta se o animal não-humano é prejudicado.
ARTIGO ORIGINAL
A partir dos comentários, observou-sediferentes atividades e não apenas de uma
que os alunos consideraram a relação de umforma pontual.
ponto de vista antropocêntrico, nenhumaNo quarto encontro, no que se refere à
categoria de análise “Antropocentrismo”, após
a definição do conceito de antropocentrismo e
Nas relações classificadas como positivas,utilitarismo, foi questionado aos alunos se eles
observa-se, no caso da lagartixa, uma visãoconsideram o ser humano como um ser alheio à
utilitarista desse animal, cuja relação énatureza, um aluno comentou: “Não, a gente é
considerada favorável devido ao “benefício”a natureza, a gente faz parte” (Aluno 6). Ainda
que traz ao ser humano. É interessante notarsobre essa questão do antropocentrismo, um
que, os mesmos alunos que demonstraram umaoutro aluno relembrou uma fala das aulas
compreensão da interligação dos seres vivos naanteriores em relação ao sapo ser “controlador
dinâmica, passam a expressar uma óticade pragas”: “Eles podem ser controladores de
bastante antropocêntrica e utilitarista. Isso é umpragas, mas é um ciclo deles” (Aluno 2). Foi
indício de que as visões ecológica e utilitaristainteressante observar essa fala, pois ela
coexistem nesses alunos, sendo que ambasdemonstra uma reconsideração da visão
poderão influenciar em seus comportamentos, autilitarista desse animal, à medida que o
depender,principalmente,dosfatoresreconhecem, não pelo valor que o ser humano
emocionais do momento, como fica evidentelhe atribui, mas pelo papel ecológico que
nas falas do quadro 4. Essas falas espontâneas,desempenha.
sem receio de julgamento do receptor,No quarto encontro também foram
demonstram forte componente afetivo. Tendo apresentadas instruções sobre como lidar com a
em vista o Modelo de Três Pontos, é fauna sinantrópica, assim como foi elaborado
interessante levar os alunos a refletirem sobre um cartaz (figura 4) com os desenhos dos
esse componente, bem como fortalecer os alunos e com as discussões que permearam o
aspectos cognitivos, a fim de ocorrer mudanças grupo durante a pesquisa. Esse cartaz foi
atitudinais. Destaca-se, ainda, a necessidade de exposto no campus, com o intuito de que a
oportunizar momentos de reflexões com comunidadeescolartivesseacessoàs
discussões feitas durante o projeto.
Aceito em: 09/06/2021Publicado em: 15/08/2021
170
Esta revista possui Licença CC BY-NC
Lopes e Angelo, 2021
Figura 4: Cartaz feito com os desenhos dos participantes do projeto e com base nas discussões realizadas. Fonte: Autores.
4. CONCLUSÃO
A análise dos resultados demonstrou
utilizada, os estudantes tiveram a oportunidade
de avaliar e qualificar sua relação com essa
fauna, reproduzindo, ao longo dos encontros,
habitats de muitas espécies e o papel ecológico
que elas desempenham. Assim, considerando a
atitude dos alunos em relação à fauna estudada,
que os alunos apresentaram uma série deé possível inferir que seu comportamento, ao
concepções negativas a respeito da faunainício do trabalho, sofre maior influência de
sinantrópica,comforteinfluênciadefatores afetivos do que de fatores cognitivos, ou
componentes afetivos, devisõesseja, não havia uma reflexão consciente a
antropocêntricas e utilitaristas desses animais.respeito do tema, o que demonstra a ocorrência
Ao mesmo tempo em que demonstraramde conhecimentos não estruturados.
compreensão de alguns conceitos de zoologia e Apesar deste trabalho levantar os três
ecologia da fauna sinantrópica, tambémaspectos envolvidos nas atitudes e propor uma
apresentam falhas conceituais, principalmentemetodologia de análise de sentimentos, crenças
em relação à morfologia. e comportamentos por parte dos próprios
Através da sequência metodológicaalunos, as “mudanças de atitude”, nestecaso, só
poderiam ser avaliadas em situações reais de
contato com a fauna, sendo que as possíveis
mudanças observadas estão contidas no campo
falas que denotam uma tendência a umado discurso, e este sofre influência de diversos
reconsideração da sua percepção sobre oscontextos.
sinantrópicos,quandoreconheceramas
consequências da interferência humana nos
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 155 - 174, ano 2021
171
Refletir para mudar atitudes: Expressões artísticas e discursivas sobre animais sinantrópicos
Arquivos do Mudi, v. 25, n.2, p. 155 - 174, ano 2021
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, D. F et al. Atitudes de alunos em
relação a seres vivos e ecossistemas. Góndola,
Enseñanza y Aprendizaje de las Ciencias, v.
14, n. 1, p. 80- 87, jan/ jun. 2019.
ANDRADE, T.Y.I; TALAMONI, J. L. B.
Morcegos, anjos ou demônios?:
desmistificando os morcegos em uma trilha
interpretativa. Rev. Simbiologias, São Paulo,
v. 8, n. 11, p.179-187, dez. 2015.
AVELLAR, M. B. C; BARROS, M. D. M.
Percepção do grupo dos morcegos por alunos
do ensino médio de uma escola pública
estadual. Pedagogia em foco, Iturama (MG), v.
15, n. 13, p. 170- 184, jan/ jun. 2020.
BARBOSA, M. M et al. Ensino de ecologia e
animais sinantrópicos: relacionando conteúdos
conceituais e atitudinais. Rev. Ciência e
Educação, Bauru, v.20, n. 2, p. 315- 330, 2014.
BORBA, B. A. A vida nada secreta dos
animais: uma análise sobre documentários de
natureza a partir dos Estudos Culturais. XI
ANPED SUL, Reunião Científica Regional,
Curitiba, jul., 2016, Anais, p. 1-16.
BRANCO, E. P.; ROYER, M. R.; BRANCO,
A. B. D. A Abordagem da Educação Ambiental
nos PCNs, nas DCNs e na BNCC. Nuances:
estudos sobre Educação, v. 29, n.1, p.185-
203, 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Base
Nacional Comum Curricular: educação é a
base. 3ª versão revista. Brasília: MEC, 2017.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria
deeducaçãofundamental.Parâmetros
Curriculares Nacionais. 3. Ed, Brasília: MEC/
SEF, 1998.
CAMPBELL, N. A. et al. Biologia. 8. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2010. 1418 p.
CECCATO, C. B. Desenvolvimento de um
programa de intervenção em educação
ambiental e prevenção da saúde para
academiaseorganizaçõesnão-
governamentais: entendendoa relação
homem-natureza. 2004. 165 f. Dissertação
(mestrado) -Programa de pós-graduação em
Engenharia de Produção da Universidade
Federal de Santa Catarina., Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.
DIAS, S. L. F. G. Consumo e Meio Ambiente:
uma modelagem do comportamento para
reciclagem a partir de teoria cognitivo-
comportamental. 2009. 325 f. Tese(Doutorado)
- Curso de Administração de Empresas, Escola
de Administração de Empresas de São Paulo,
São Paulo, 2009.
DUARTE,C.M.Conhecimentode
estudantes do terceiro ano do ensino médio
sobre biodiversidade e extinção de animais.
2015. 59 f. TCC (Graduação) - Curso de
Licenciatura em CiênciasBiológicas,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2015.
FÃ DE ESPORTE. Que fase! rato invade
gramado de São Januário no jogo Vasco x
Bahia pela copado Brasil. Rato invadegramado
de São Januário no jogo Vasco X Bahia pela
Copa do Brasil. 2018. Disponível em:
. Acesso em: 28 maio 2021.
FERNANDES, G. A. Significações atribuídas
a animais sinantrópicos ou peçonhentos por
estudantes de uma escola pública. 2019. 146
f.Dissertação(Mestrado),Universidade
Estadual Paulista. Bauru, 2019.
FERRANTE,L;VEIGA,C.Avisão
etnoecológica que jovens em formação escolar
tem sobre os anfíbios e a importância da
educação ambiental para conservação destes
animais. Rev. Ethnoscientia, v. 4, 2019.
GUERRA, L et al. C. Animais peçonhentos:
concepções prévias de alunos de uma escola
rural. Revista Areté. Manaus, v. 14, n. 28, p.
45- 56, ago/ dez. 2020.
172
Lopes e Angelo, 2021
Arquivos do Mudi, v. 25, n. 2, p. 155 - 174, ano 2021
HAWKINS,G.NascidoParaReinar
Mapogos. 2016. Documentário Discovery.
Disponível em:
Acesso em: 28 maio 2021.
KIND, L. Notas para o trabalho com a técnica
de grupos focais. Psicologia em Revista, Belo
Horizonte, v. 10, n. 15, p. 124-136, 2004.
KRZYSCZAK, F. R. As diferentes concepções
de meio ambiente e suas visões. Revista de
Educação do Ideau, Alto Uruguai, v. 11, n. 23,
p. 1-17, 2016.
LIGO, A. B; GIONA, R. M. Percepções de
estudantes do 6º ano do ensino fundamental
sobre os morcegos (Mammalia, Chiroptera) em
Leme (SP). Revbea, São Paulo, v. 14, n. 13, p.
168- 184, 2019.
LIMA, L. F. F; CHAPANI, D.T; SILVA
JUNIOR, J. C. Conhecimento escolar e cultura
popular nos conhecimentos de um grupo de
estudantes a respeito dos insetos, no município
de Jequié, Bahia. Revista Amazônica de
Ensino de Ciências, Areté, v. 10, n. 22, p. 23-
34, 2017.
LIMA, A. G. M; MACIEL-CABRAL, H. M;
SILVA, C. C. Entomologia: percepções dos
alunos do ensino médio sobre os insetos através
de sequências didáticas. Revista REAMEC,
Cuiabá/ MT, v. 8, n.1, p. 152- 162, jan/ abr.
2020.
LIMA, M. L; CORREIA, I. Atitudes: medida,
estrutura e funções. In Vala, J. & M. B.
Monteiro. Psicologia Social (pp. 201- 244).
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 2017.
LOPES, B. S; SILVA, N. A. Entomologia na
escola: o que os estudantes pensam sobre os
insetos e como utilizá-los como recurso
didático? Revista Eletrônica de Educação, v.
14, p. 1- 20, jan/ dez. 2020.
LOPES, L. A; VALDUGA, M; DAL-FARRA,
R. A. Insetos e o ser humano: o olhar de
estudantesdoensinofundamentalem
produções textuais. Educere Et Educare,
[s.l.], v. 13, n. 28, p. 1-22, 25 set. 2018.
MARIA, D. L; ABRANTES, M. M. R;
ABRANTES, S. H. F. A zoologia no contexto
escolar: o conhecimento dealunoseprofessores
sobre a classe Reptilia e a utilização de
atividade lúdica na educação básica. Revista
Experiências em Ensino de Ciências, v. 13, n.
4, p. 367- 392, 2018.
MORAES, R.; GALIAZZI, M. do C. Análise
Textual Discursiva. 3. ed. Ijuí: Unijui, 2016.
264p.
MORAES, R. Uma tempestade de luz: a
compreensão possibilitada pela análise textual
discursiva. Ciência & Educação, v. 9, n. 2, p.
191-211, 2003.
NEIVA, E. R.; MAURO, T.G. Atitudes e
mudanças de atitudes. In: TORRES, C. V.;
NEIVA, E. R. Psicologia social: principais
temas e vertentes. Porto Alegre: Artmed, 2011,
p. 171-197.
PEIXOTO,S.A.PensaroDesenho:
Linguagem, história e prática. Guarapuava, PR:
Editora Unicentro, 2017.
PESSOA, V. S. Análise do conhecimento e
das atitudes frente às fontes renováveis de
energia: uma contribuição da Psicologia. 2011.
272 f. Tese (Doutorado) - Curso de Programa
deDoutoradoemPsicologiaSocial,
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa,
2011.
ROSSETTO, M. R; ZARDIN, M. C. Passagem
do antropocentrismo para o biocentrismo: uma
novavisão desustentabilidade. COREDE - VII
Fórum de Sustentabilidade, Alto Jacul, Jun.
2019.
SCHÄFER, A. et al. Fundamentos Ecológicos
para a Educação Ambiental: municípios de
Mostardas, Tavares, São José do Norte e Santa
Vitória do Palmar. Caxias do Sul: Educs,
2009.
173
Refletir para mudar atitudes: Expressões artísticas e discursivas sobre animais sinantrópicos
SILVA, G. R; PAROLIN, L. C. Sensibilização
dos estudantes do ensino médio sobre a
importância ecológica dos morcegos. Revbea.
São Paulo, v. 13, n. 1, p. 43- 60, 2018.
SILVA, J. E. P; BARROS, A. L; FORSBERG,
M. C. Concepções de estudantes de escolas no
entorno do Parque Estadual Sumaúma sobre
sapos, rãs e pererecas: Desconstruindo mitos e
ajudando na conservação. In: XI Encontro
Nacional de Pesquisa em Educação em
Ciências, Educação Ambiental e Educação em
Ciência, Florianópolis: UFSC, 2017. p. 1 - 8.
SILVA, K.C.; SAMMARCO, Y. M. Relação
ser humano e natureza: um desafio ecológico e
filosófico. REMOA – Revista Monografias
ambientais, Santa Maria, v. 14, n. 2, p. 01−12,
2015.
SOUZA, M. Um Amor Dentuço: Turma da
Mônica.2013.Disponívelem:
. Acesso em: 05 abr. 2021.
TRAD, L. B. Grupos Focais: conceitos,
procedimentosereflexõesbaseadasem
experiências com o uso da técnica em pesquisa
de saúde. Physis. 2009;19(3):777-96.
Arquivos do Mudi, v. 25, n.2, p. 155 - 174, ano 2021
174