Avaliação do conhecimento e uso do carvão ativado como clareador dental
Arquivos do Mudi, v. 27, n. 1, p. 01-14, ano 2023
1. INTRODUÇÃO
A busca pela estética aliada à exacerbada mídia em torno de produtos que prometem o clareamento
dental rápido, de baixo custo e fácil acesso tem posto em risco a integridade dentária dos pacientes
(RODRIGUES et al., 2019). Dentes brancos são considerados sinônimos de saúde e beleza, evidenciando
um padrão de estética considerando perfeito pela sociedade (FRANCO et al., 2020).
No entanto, a saúde bucal do paciente deve ser avaliada em conjunto com a sua saúde geral, uma
vez que, influencia diretamente no bem-estar físico e emocional, afetando sua qualidade de vida (GLICK
et al., 2016). Alterações dentárias que afetam significativamente a estética do paciente impactam
diretamente na sua autoestima (TIN-OO; SADDIK; HASSAN, 2011).
Dentre os inúmeros produtos que circulam na mídia atualmente, pode-se destacar o carvão ativado
em creme dental ou em pó como os mais populares. Possivelmente pela publicidade destes que traz
argumentações atraentes ao consumidor como as de que o produto é natural, ecológico e orgânico, bem
como, afirmam que tais produtos favorecem a remineralização, possuem ação antifúngica, antibacteriana
e antiviral, sendo pouco abrasivos para o esmalte dentário e seguros (BROOKS; BASHIRELAHI;
REYNOLDS, 2017; FRANCO et al., 2020).
O carvão vegetal é utilizado em diversas culturas como agente de limpeza, pois possui excelentes
propriedades adsorventes. O carvão é conhecido como tempero de coloração nos países orientais, também
é utilizado em diversas situações médicas. O primeiro registro da utilização do carvão na higiene bucal
foi na Grécia antiga por Hipócrates (BROOKS; BASHIRELAHI; REYNOLDS, 2017; RODRIGUES et
al., 2019; FRANCO et al., 2020). Os cremes dentais e pós, a base de carvão ativado, promovem uma
limpeza próxima a dos cremes dentais habituais. Desse modo, a técnica de escovação e o tempo
empregado são os fatores mais importantes para a limpeza dos dentes, e não os componentes do creme
dental (GREENWALL; GREENWALL-COHEN; WILSON, 2019).
As pastas e pós a base de carvão para clareamento dental estão à disposição dos consumidores em
supermercados, farmácias e sites na internet (FRANCO et al., 2020). A ampla disponibilidade, o fácil
acesso e o marketing vigoroso instigam os pacientes a utilizarem esses itens por um vasto período de
tempo, o que pode propiciar um resultado contrário do esperado (RODRIGUES et al., 2019). Inclusive,
os consumidores parecem ter dificuldade ou pouco conhecimento sobre a ação, composição e
concentração dos elementos que compõem esses produtos (RODRIGUES et al., 2019). Na escassez de
evidências científicas a respeito da efetividade do carvão como agente clareador, a utilização deste pode
ser considerada uma moda embasada na cultura popular de uso de tal produto acreditando na ação
clareadora sobre os dentes (GREENWALL; GREENWALL-COHEN; WILSON, 2019).
É evidente que nos dias atuais a popularização do carvão ativado vem crescendo substancialmente,
uma consequência do avanço da tecnologia. Com isso, o mercado digital viu uma oportunidade de