Arquivos do Mudi, v. 26, n. 3, p. 01-11, 2022
www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/ArqMudi
Aceito em: 20/08/2022Publicado em: 15/12/2022
KNOWLEDGE OF USERS OF A MEDICAL SPECIALTY CENTER ABOUT PHYSIOTHERAPY
Abstract
Physiotherapy is a health science that deals with the prevention and treatment of kinetic and functional dysfunctions in
organs and systems of the human body. In order to enable the recognition, appreciation and strengthening of
physiotherapy in society, this study aimed to analyze the knowledge of users of a center of medical specialties in a city in
the northwest of the state of Paranáabout the performance of the physiotherapist professional. This is a cross-sectional,
exploratory, descriptive quantitative study. 103 individuals were interviewed, and 97.09% had already heard about
physical therapy. However, when referring to the concept of physical therapy, the knowledge of the interviewees turned to
the aspects of exercises and movement (98.06%) and rehabilitation and/or treatment (96.12%). Regarding situations
and/or people who need physiotherapy services, only 18.45% considered that healthy people need this service, and the
majority (91.26%) indicated that bedridden patients need physiotherapy. The population’s lack of knowledge about the
roleofthe physicaltherapist, asdemonstrated inthis study, is a limitingfactorin thecommunity’s accessto these services.
The predominant presence of the curative-rehabilitative perspective on professional performance was noticed, whose
applicability was mainly associated with people with some need or pathological condition.
Keywords: Knowledge; Physical Therapists; Physical Therapy Specialty; Public Health.
ARTIGO ORIGINAL
CONHECIMENTO DOS USUÁRIOS DE UM CENTRO DE
ESPECIALIDADES MÉDICAS SOBRE A FISIOTERAPIA
Gabrielle Candido Martins
Centro Universitário Ingá – UNINGÁ
gabrielle.candido.gm@gmail.com
Jéssica da Silva Ravali
Centro Universitário Ingá – UNINGÁ
jessica.ravali@gmail.com
Lilian Catarim Fabiano
Centro Universitário Ingá – UNINGÁ
lcatarim@hotmail.com
Débora Dei Tos
Centro Universitário Ingá – UNINGÁ
deboradeitos@hotmail.com
Resumo
A fisioterapia é uma ciência da área da saúde que se ocupa com
a prevenção e o tratamento das disfunções cinéticas e
funcionais em órgãos e sistemas do corpo humano. Com vistas
apossibilitaroreconhecimento,avalorizaçãoeo
fortalecimento da fisioterapia em meio à sociedade, este
trabalho objetivou analisar o conhecimento dos usuários de um
Centro de especialidades médicas em um município do
noroeste do estado do Paraná sobre a atuação do profissional
fisioterapeuta. Trata-se de um estudo transversal, exploratório
de caráter quantitativo descritivo. Foram entrevistados 103
indivíduos, sendo que 97,09% tinha ouvido falar sobre
fisioterapia. Entretanto, ao se referirem ao conceito de
fisioterapia, o conhecimento dos entrevistados voltou-se aos
aspectos de exercícios e movimento (98,06%) e reabilitação
e/ou tratamento (96,12%). Sobre as situações e/ou pessoas que
precisam dos serviços de fisioterapia, apenas 18,45%
considerou que pessoas sadias necessitam desse serviço, e a
maioria (91,26%) indicou que pacientes acamados precisam de
fisioterapia. O desconhecimento da população a respeito da
atuação do fisioterapeuta, como demonstrado nesse estudo, é
um fator limitante do acesso da comunidade a esses serviços.
Percebeu-se a presença predominante da perspectiva curativo-
reabilitadora sobre a atuação profissional, cuja aplicabilidade
mostrou-se associada principalmente às pessoas com alguma
necessidade ou quadro patológico
Palavras-chave: Conhecimento; Fisioterapeutas; Modalidades
de Fisioterapia; Saúde Pública.
Conhecimento dos usuários de um centro de especialidades médicas sobre a fisioterapia
1. INTRODUÇÃO
A fisioterapia é definida como uma ciência da área da saúde que se ocupa com a prevenção e
o tratamento das disfunções cinéticas e funcionais em órgãos e sistemas do corpo humano, originadas
de alterações genéticas, traumas ou doenças adquiridas ao longo da vida (CHAGAS et al. 2019).
Desse modo, o fisioterapeuta é um profissional fundamental na composição da equipe de saúde
(SEATON et al. 2021).
O fisioterapeuta possui uma ampla gama de atuação, o que permite que se insira em todos os
níveis de atenção à saúde (primária, secundária e terciária). Como integrante da equipe
multiprofissional, é reconhecidamente capaz de qualificar a assistência e contribuir de maneira
efetiva com a equipe e à instituição em que está inserido, promovendo benefícios diretos e indiretos
à saúde dos indivíduos (SANTOS et al. 2020).
São inúmeras as vantagens evidenciadas pelo tratamento fisioterapêutico, com vistas à
promoção à saúde, prevenção de agravos, tratamento e reabilitação (LÓPEZ-LIRIA et al. 2021;
RAMBO et al. 2019). Nesse sentido, salienta-se os potenciais benefícios que a fisioterapia pode
promover por meio dos seus métodos e recursos terapêuticos, de modo a promover melhor qualidade
de vida (COSENTINO et al. 2020; LÓPEZ-LIRIA et al. 2021).
Contudo, de modo geral, a população possui pouco conhecimento sobre a área de atuação da
fisioterapia e suas potencialidades, com entendimento incipiente e geralmente associado à
reabilitação. Estudo realizado em um município do Mato Grosso evidenciou que a população ainda
apresenta conhecimento leigo acerca da fisioterapia, uma vez que não reconheceu as possíveis
atuações da profissão (CHAGAS et al. 2019).
O desconhecimento por parte da população sobre a atuação do fisioterapeuta figura
importante limitação no acesso aos serviços desse profissional, o que corrobora para a perpetuação
do modelo hospitalocêntrico de atenção à saúde (CARVALHO; CACCIA-BAVA, 2011).
Consequentemente, essa problemática pode levar à baixa procura pelos serviços da área, à
desvalorização e ao não reconhecimento da profissão no âmbito social (SILVA et al. 2019; SOUZA
et al. 2022).
Portanto, há a necessidade de ações conjuntas de conselhos e órgãos representativos da classe
e demais autores que sejam capazes de promover a divulgação da fisioterapia entre a população e os
profissionais da saúde, além de promover o acesso facilitado aos serviços ofertados por esse
profissional, no sentido de oportunizar maior conhecimento em torno da profissão (CARVALHO;
CACCIA-BAVA, 2011).
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Martins et al., 2022
Desse modo, entende-se que a divulgação em meio à população sobre as possibilidades de
atuação do fisioterapeuta e os benefícios advindos da sua prática pode possibilitar uma procura maior
pelos serviços desse profissional, culminando em melhorqualidadedevida evalorizaçãodaprofissão
no âmbito social e da equipe de saúde (CARDOSO et al. 2020; CHAGAS et al. 2019; MARCHON
et al. 2020).
Para a transformação dessa problemática, faz-se oportuno a identificação do atual cenário
acercados saberesdapopulação sobreaprofissão. Assim, com vistas apossibilitar o reconhecimento,
a valorização e o fortalecimento da fisioterapia em meio à sociedade, este estudo objetivou analisar
o conhecimento dos usuários de um Centro de especialidades médicas em um município do noroeste
do estado do Paraná sobre a atuação do profissional fisioterapeuta.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo foi delineado como transversal, exploratório de caráter quantitativo
descritivo. Foi realizado nas dependências do Centro de Especialidades Pioneiro Santo Previato
(CEME), localizado em Sarandi-PR, após a aprovação do Comitê de Ética da instituição pelo parecer
4.860.072. Para participar deste estudo, os sujeitos assinaram um termo de consentimento livre e
esclarecido (TCLE) e receberam explicações sobre o objetivo e a importância da realização do
mesmo.
A participação na pesquisa obedeceu aos seguintes critérios de inclusão: idade igual ou
superior a 18 anos, saber ler e escrever, e que tivesse sido atendido no local do estudo pelo menos
uma vez. Quanto aos critérios de exclusão foram: não preencher corretamente os questionários, e
não assinar o TCLE.
Utilizou-se como técnica de coleta de dados um questionário baseado no questionário
elaborado por Carvalho e Caccia-Bavaelaborado (2011), contemplando a caracterização
sociofamiliar e demográfica e os conhecimentos sobre a Fisioterapia. Osresultadosforam
apresentados em: médias, frequências (n) e porcentagens (%).
3. RESULTADOS E DISCUSÃO
Foram entrevistados 103 usuários do serviço de especialidades médicas. Com relação as
características sociodemográficas, 69 (66,99%) eram do sexo feminino, 48 (46,57%) apresentavam
faixaetária de30 a50 anos deidade, 63 (61,17%) possuíam estado civil casado e/ou em união estável,
e 46 (44,66%) eram de raça/cor branca (Tabela 1).
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Conhecimento dos usuários de um centro de especialidades médicas sobre a fisioterapia
Tabela 1 – Características sociodemográficas dos participantes da pesquisa.
Variáveis
Sexo
Faixa etária
Raça/cor
Estado Civil
Mora com
companheiro
Escolaridade
Renda familiar
Profissão
Religião
Feminino
Masculino
10 |-- 20
20 |-- 30
30 |-- 40
40 |-- 50
50 |-- 60
60 |-- 70
70 |-- 80
Branca
Preta
Parda
Amarela
Indígena
Sem declaração
Casado e/ou união estável
Separado/Divorciado
Solteiro
Viúvo
Sim
Não
Sem instrução
Ensino fundamental incompleto
Ensino fundamental completo
Ensino médio completo
Ensino superior incompleto
Ensino superior completo
Até meio salário mínimo
Entre meio e um salário mínimo
Entre um e dois salários mínimos
Entre dois e três salários mínimos
Entre três e cinco salários mínimos
Acima de cinco salários mínimos
Autônomo
Aposentado
Dona de casa
Trabalhador com registro em carteira
Católico Romano
Evangélico Pentecostal/neopentecostal
Evangélico de missão
Evangélicos não determinados
Espíritas
Umbandistas e candomblecistas
Outras religiosidades
Sem religião
n (%)
69 (66,99)
34 (33,01)
5 (4,85)
16 (15,53)
22 (21,36)
26 (25,24)
16 (15,53)
11 (10,68)
7 (6,80)
46 (44,66)
13 (12,62)
37 (35,92)
4 (3,88)
---
3 (2,91)
63 (61,17)
11 (10,68)
21 (20,39)
8 (7,77)
78 (75,73)
25 (24,27)
4 (3,88)
26 (25,24)
15 (14,56)
45 (43,69)
10 (9,71)
3 (2,91)
11 (10,68)
20 (19,42)
43 (41,75)
25 (24,27)
3 (2,91)
1 (0,97)
32 (31,07)
12 (11,65)
28 (27,18)
31 (30,10)
55 (53,40)
15 (14,56)
8 (7,77)
7 (6,80)
1 (0,97)
2 (1,94)
7 (6,80)
8 (7,77)
Fonte: os autores.
Para mais, a caracterização evidenciou que 78 (75,73%) pessoas moravam com o
companheiro, 45 (43,69%) possuíam ensino médio completo, 43 (41,75%) tinham renda entre um e
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dois salários mínimos, 32 (31,07%) eram trabalhadores autônomos e 55 (53,40%) professavam
religião Católico Romana (53,40%), conforme apresentado na Tabela 1.
O perfil dos participantes desta pesquisa corrobora com o estudo desenvolvido no município
de Belém, no Pará, junto a 140 indivíduos atendidos em uma clínica de fisioterapia, cujos resultados
apontaram para o predomínio de mulheres, com idade média de 36,77 anos, de raça/cor branca ou
parda e casadas (MONTEIRO et al. 2020).
No que se refere à aproximação prévia dos participantes com a fisioterapia, 100 (97,09%) já
ouviram falar sobre a área. Ademais, a maioria dos participantes (54,30%) nunca necessitou de
atendimento fisioterapêutico e 62 (60,20%) relataram nunca ter realizado alguma consulta junto ao
profissional da fisioterapia, conforme descrito na Tabela 2.
Tabela 2 – Aproximação dos participantes da pesquisa com a fisioterapia.
Questões
Já ouviu falar em fisioterapia
Já necessitou de atendimento
fisioterapêutico
Já fez fisioterapia
n (%)
Sim100 (97,09)
Não 3 (2,91)
Sim 47 (45,70)
Não 56 (54,30)
Sim 41 (39,80)
Não 62 (60,20)
Fonte: os autores.
Em relação aos conhecimentos dos participantes sobre o que é a fisioterapia, 99 (96,12%)
afirmam se tratar de uma forma de reabilitação e/ou tratamento, 101 (98,06%) que se relaciona ao
exercício e movimento, 65 (63,11%) que consiste em relaxamento e/ou massagem, 71 (68,93%) que
se trata de prevenção, 95 (92,23%) que está relacionada aos benefícios da fisioterapia em geral, 58
(56,31%) que aborda a psicoterapia e 70 (67,96%) acreditam existir outras definições, de acordo com
a Tabela 3.
Estudo realizado em Salvador, na Bahia, junto a 50 indivíduos usuários de um ambulatório
de especialidades, encontrou resultados similares ao desta pesquisa, visto que a grande maioria dos
participantes nunca havia requerido tratamento fisioterápico e desconhecia a atuação da fisioterapia,
especialmente pela falta de encaminhamento por parte dos demais profissionais da saúde ao
fisioterapeuta (PETTO et al. 2018).
Tabela 3 – Conhecimento dos participantes da pesquisa sobre o que é a fisioterapia.
Questões
Forma de reabilitação e/ou tratamento
Exercício e movimento
Relaxamento e/ou massagem
Prevenção
n (%)
Sim99 (96,12)
Não 4 (3,88)
Sim 101 (98,06)
Não 2 (1,94)
Sim65 (63,11)
Não38 (36,89)
Sim71 (68,93)
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Conhecimento dos usuários de um centro de especialidades médicas sobre a fisioterapia
Relacionada aos benefícios da fisioterapia em
geral
Psicoterapia
Outros
Não sabe responder
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Respondeu
32 (58,18)
95 (92,23)
8 (7,77)
58 (56,31)
45 (43,69)
70 (67,96)
33 (32,04)
---
103 (100,00)
Fonte: os autores.
Percebeu-se visão restrita dos indivíduos entrevistados sobre a fisioterapia. As respostas
denotam que o entendimento se limita a aspectos relacionados ao tratamento, reabilitação, exercício
e massagem. Contudo, diante do cenário demográfico e epidemiológico existente, as transformações
dos sistemas de saúde, exigem da fisioterapia abordagens integrais norteadas pelas necessidades
singulares de cada população e especificidades de cada indivíduo (BISPO JÚNIOR, 2021).
Estudo desenvolvido junto a acadêmicos do curso de fisioterapia apontou que os estudantes
reconhecem o papel integral da profissão (BRONDANI et al. 2018). Por outro lado, assim como
evidenciado nesta investigação, revisão de escopo demonstrou que a população leiga apresenta
conhecimento predominantemente voltado ao âmbito secundário, como práticas reabilitadoras e de
atividade física (BARBIARO, 2022).
Nesse sentido, que se contestar o estereótipo que marca a fisioterapia como profissão
essencialmente curativo-reabilitadora, uma vez que, para além disso, o fisioterapeuta atua na
promoção e prevenção à saúde. Portanto, suscita-se a importância de macro e micropolíticas
estruturadas nas diferentes realidades com vistas a balizar estratégias que divulguem o amplo campo
de atuação desse profissional (CARVALHO; CACCIA-BAVA, 2011).
A conscientização social, o entendimento sobre a importância dos cuidados e um ambiente
de trabalho culturalmente competente podem servir como facilitadores para o acesso e prestação de
serviços desse profissional (GRANDPIERRE et al. 2018). A fisioterapia atua não somente para
restaurar, manter e promover a função física ideal, mas também proporciona o bem-estar e a
qualidade de vida ideal no que se refere a movimento e saúde (BISPO JÚNIOR, 2021).
Para mais, aponta-se também o potencial do profissional fisioterapeuta enquanto educador
em saúde, por meio do seu contato clínico de rotina com os pacientes, tornando-o pedra angular no
fornecimento de um ambiente que promove a saúde e fornece autonomia ao indivíduo, que se torna
agente ativo no cuidado à sua saúde (LOWE et al. 2018).
Quando os participantes da pesquisa foram questionados sobre quais são os recursos que o
fisioterapeuta utiliza, 90 (87,38%) afirmaram ser aparelhos e agentes elétricos e/ou térmicos, 97
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Martins et al., 2022
(94,17%) exercício, 70 (67,96%) massagem, 74 (71,84%) peso, 88 (85,44%) bola, 81 (78,64%)
auxílio/marcha e 79 (76,70%) outros recursos, conforme descrito na Tabela 4.
Tabela 4 Conhecimento dos participantes da pesquisa sobre quais são os recursos que o
fisioterapeuta utiliza.
Questões
Aparelhos e agentes elétricos e/ou térmicos
Exercício
Massagem
Peso
Bola
Auxílio/marcha
Outros
Não sabe responder
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Respondeu
n (%)
90 (87,38)
13 (12,62)
97 (94,17)
6 (5,83)
70 (67,96)
33 (32,04)
74 (71,84)
29 (28,16)
88 (85,44)
15 (14,56)
81 (78,64)
22 (21,36)
79 (76,70)
24 (21,36)
---
103 (100,00)
Fonte: os autores.
No tocante ao conhecimento dos participantes da pesquisa sobre as situações e/ou pessoas
que precisam dos serviços de fisioterapia, 19 (18,45%) acreditaram ser pessoas sadias, 94 (91,26%)
acamados, idosos e doenças geriátricas, 93 (90,29%) deficientes físicos, 89 (86,41%) lesões e/ou
algias musculoesqueléticas, 80 (86,41%) doenças neurológicas, 67 (65,05%) doenças respiratórias e
cardíacas, 42 (40,78) necessidades estéticas e 72 (69,90) outras situações e/ou pessoas, segundo
Tabela 5.
Apesar de todos os participantes responderem que ao menos um dos recursos apresentados
são utilizados no contexto da fisioterapia, percebeu-se divergências enquanto a totalidade das
respostas. Esse achado pode representar lacuna no conhecimento dos participantes acerca das
possibilidades de recursos que o fisioterapeuta pode valer-se para alcançar os resultados pleiteados
(SILVA et al. 2021).
Tabela 5 – Conhecimento dos participantes da pesquisa sobre quais situações e/ou pessoas que
precisam dos serviços de fisioterapia.
Questões
Pessoas sadias
Acamados, idosos e doenças geriátricas
Deficientes físicos
n (%)
Sim19 (18,45)
Não84 (81,55)
Sim94 (91,26)
Não 9 (8,74)
Sim93 (90,29)
Não 10 (9,71)
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Conhecimento dos usuários de um centro de especialidades médicas sobre a fisioterapia
Lesões e/ou algias musculoesquelética
Doenças neurológicas
Doenças respiratórias e cardíacas
Necessidades estéticas
Outros
Sim89 (86,41)
Não14 (13,59)
Sim80 (77,67)
Não23 (22,33)
Sim67 (65,05)
Não36 (34,95)
Sim42 (40,78)
Não61 (59,22)
Sim72 (69,90)
Não31 (30,10)
Fonte: os autores.
Uma revisão realizada com 27 estudos evidenciou que as principais demandas para o
profissional da fisioterapia consistem em práticas centradas no agravo ou na doença, vislumbrando
barreiras e desafios a serem superados no que se refere ao rompimento da visão hegemônica
curativista e reabilitadora intrínseca à profissão, especialmente por desconhecimento quanto ao
campo de atuação, inclusive por profissionais da saúde (ROCHA et al. 2021).
Nessa direção, entende-se que o profissional poderia atuar em todos os níveis de atenção e
com diferentes enfoques, contudo, o modelo educacional corrobora uma formação voltada à
reabilitação, pautada na atenção especializada. Assim, instituir um processo formativo voltado à
integralidade do cuidado pode ser capaz de ampliar a visão em torno do fisioterapeuta,
proporcionando o seu protagonismo em práticas de prevenção epromoção dasaúde no nível primário
(ROCHA et al. 2021).
Reitera-se, assim, a importância de estudos que explorem a perspectiva dos usuários dos
serviços, de modo a compreender as barreiras e situações que dificultam o acesso e a procura, que
figuram como limitação no cotidiano dos indivíduos. Com isso espera-se alcançar práticas
culturalmente sensíveis ebaseadaem evidências, norteadas por diretrizes assistenciais queassegurem
melhor qualidade de vida população usuária (GRANDPIERRE et al. 2018).
Dentre as limitações do estudo, postula-se a amostragem não probabilística empregada para
a delimitação dos participantes, impossibilitando a generalização dos achados para a população do
cenário. Para mais, menciona-se a restrição do estudo ao considerar apenas a visão do usuário, não
contemplando o conhecimento dos demais profissionais da saúde acerca da profissão e como isso
pode influenciar nos saberes da população leiga.
4. CONCLUSÃO
O desconhecimento da população a respeito da atuação do fisioterapeuta, como demonstrado
nesse estudo, é um fator limitante do acesso da comunidade a esses serviços. Nos achados, percebeu-
se a presença predominante da perspectiva curativo-reabilitadora sobre a atuação profissional, cuja
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Martins et al., 2022
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aplicabilidade mostrou-se associada principalmente às pessoas com alguma necessidade ou quadro
patológico.
Ademais, sugere-se a promoção de políticas, estratégias e práticas de educação em saúde que
reverberem e fortaleçam a busca pelo profissional fisioterapeuta entre a população, de modo a
assegurar as possibilidades de acesso e garantia dos direitos sociais e de saúde dos cidadãos nos
serviços públicos de saúde do país.
Suscita-se a necessidade de mais estudos que objetivem apreender as percepções de
profissionais, gestores e usuários dos serviços de saúde sobre o campo de atuação e as práticas da
fisioterapia, com vistas a difusão de conhecimentos sobre a área, bem como possibilidades e
potencial da sua inserção em todos os níveis de atenção à saúde.
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Conhecimento dos usuários de um centro de especialidades médicas sobre a fisioterapia
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