Arquivos do Mudi, v. 27, n. 2, p. 87-96, ano 2023
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ARTIGO ORIGINAL
Aceito em: 25/05/2023 Publicado em: 15/08/2023
CAUSES OF DEATHS ASSOCIATED WITH SURGERY IN THE STATE OF PARANÁ IN
THE PERIOD 2012-2021
Abstract
Surgical hospitalizations in Brazil had an increase of 9.16% in the last nine years. Currently, the world is going
through an epidemiological transition, which accompanies the industrialization process. Therefore, ischemic heart
disease, cerebrovascular disease, cancers and mental illness are more prevalent than infectious diseases, and some
of these conditions involve surgery as part of the treatment. In this context, evaluating data referring to surgeries in
the state of Paraná and related deaths is necessary. The objective of this study was to analyze the causes of deaths
related to surgical procedures in the state of Paraná in the period from 2012 to 2021. For this, data analysis was
performed using the database available from DATASUS regarding the causes of deaths in patients who underwent
surgery in Paraná, between the years 2012 to 2021. This database was imported from the SUS system into R Studio,
programming software. The ranking of causes of death related to surgical procedures in Paraná is led by neoplasms,
followed by cardiovascular causes, with emphasis on acute myocardial infarction. The most affected profile are
elderly individuals with low education. A close relationship between surgical deaths and cardiovascular causes was
evidenced in the national context, therefore it is necessary to expand preventive actions aimed at reducing deaths
across the country.
Keywords: Deaths. Surgery. Cardiovascular.
CAUSAS DE ÓBITOS ASSOCIADAS À CIRURGIA NO ESTADO DO PARANÁ NO
PERÍODO DE 2012-2021
Rafael Kenji Tokuda
Centro de Ciências da Saúde, Unicesumar,
Maringá-PR, Brasil
rafael.tokuda@gmail.com
Ana Clara Maiorano
Centro de Ciências da Saúde, Unicesumar,
Maringá-PR, Brasil
maioranoanaclara@gmail.com
Isabela Peixoto Martins
Centro de Ciências da Saúde, Unicesumar,
Maringá-PR, Brasil
isabela.martins@docentes.unicesumar.edu.br
Audrei Pavanello
Centro de Ciências da Saúde, Unicesumar,
Maringá-PR, Brasil
audrei.pavanello@docentes.unicesumar.edu.br
Resumo
As internações cirúrgicas no Brasil tiveram um aumento de
9,16% nos últimos nove anos. Atualmente, o mundo tem
passado por uma transição epidemiológica, que acompanha o
processo de industrialização. Portanto, doenças isquêmicas
cardíacas, doenças cerebrovasculares, cânceres e doenças
mentais são mais prevalentes do que doenças infecciosas, e
algumas dessas condições envolvem cirurgias como parte do
tratamento. Nesse contexto, avaliar os dados referentes às
cirurgias no estado do Paraná e óbitos relacionados faz-se
necessário. O objetivo do trabalho foi analisar as causas de
óbitos relacionados a procedimentos cirúrgicos no estado do
Paraná no período de 2012 a 2021. Para isso, foi realizada
análise de dados, utilizando-se a base de dados disponível do
DATASUS referentes às causas de óbitos em pacientes que
passaram por cirurgia no Paraná, entre os anos de 2012 a 2021.
Essa base de dados foi importada do sistema SUS para o R
Studio, software de programação. O ranking paranaense de
causas de óbitos relacionados a procedimentos cirúrgicos é
liderado pelas neoplasias, seguida das causas cardiovasculares,
com destaque para o infarto agudo do miocárdio. O perfil mais
acometido são indivíduos idosos com baixa escolaridade.
Evidenciou-se estreita relação entre mortes cirúrgicas e causas
cardiovasculares no contexto nacional, portanto faz-se
necessário expandir ações preventivas que visem reduzir os
óbitos em todo o país.
Palavras-chave: Óbitos. Cirurgia. Cardiovascular.
Causas de óbito associadas à cirurgia no estado do paraná no período de 2012-2021
Arquivos do Mudi, v. 27, n. 2, p. 87-96, ano 2023
1. INTRODUÇÃO
As internações cirúrgicas no Brasil tiveram um aumento de 9,16% em um período de 9
anos, entre 2008 e 2016, com uma média de 2020 cirurgias por 100.000 habitantes/ano. Neste
período o país evidenciou uma tendência importante no aumento dos procedimentos cirúrgicos
realizados pelo SUS, exceto na região Norte, que apresentou tendência decrescente e na região
Nordeste, que se manteve estável. Porém, o volume de cirurgias realizadas no Brasil ainda é
quase 2,5 vezes menor que o recomendado pela meta internacional, o qual estabelece o volume
de 5000 cirurgias por 100.000 habitantes/ano até 2030. Apesar da densidade de mão de obra
cirúrgica no Brasil ser de 46,55 por 100.000 habitantes, cumprindo o recomendado pela The
Lancet Commission on Global Surgery, uma distribuição desigual entre as regiões do país
(COVRE, 2019).
Nos últimos anos, o mundo tem passado por um período de transição epidemiológica,
que acompanha o processo de industrialização. As principais doenças que afligem a população
deixaram de ser as infecções e passaram a ser as doenças isquêmicas cardíacas, doenças
cerebrovasculares, cânceres e doenças mentais. Nesse contexto, as cirurgias passaram a ser
reconhecidas como essenciais para melhoria da saúde pública, uma vez que as doenças mais
prevalentes podem ser tratadas com cirurgia (WEISER et al., 2008). Tendo em vista a
complexidade da realização de cirurgias e os riscos envolvidos, faz-se necessário correlacionar
a prevalência do serviço cirúrgico em diferentes regiões com as taxas de mortalidade
relacionadas à realização de alguma cirurgia.
Recentemente, foi demonstrado que a taxa de mortalidade em cirurgias no Brasil foi de
1,63%, com tendências de crescimento em todas as regiões e diferentes taxas de mortalidade
entre elas. Faz-se necessário avaliar as taxas de mortalidade decorrentes de cirurgias em
diferentes áreas geográficas para avaliar desigualdades e tendências que demandam ações
específicas. A partir do estudo de Covre e colaboradores (2019), observou-se que as menores
taxas de mortalidade estão nas regiões Norte (1,07%) e Nordeste (1,29%) e as maiores no Sul
(2,02%) e Sudeste (1,81%). As diferenças de taxa de mortalidade entre as regiões do Brasil
podem estar relacionadas aos serviços médicos disponíveis, distribuição desigual da mão de
obra cirúrgica, subnotificações, nível de gravidade dos pacientes no atendimento, atrasos de
diagnósticos, terapias e de logística (COVRE, 2019).
Para categorizar o óbito, é utilizada a declaração de óbito. Esse documento é preenchido
pelo médico responsável e possui dois campos relacionados à causa da morte. Na parte I são
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indicadas as doenças de base que causaram o óbito e na parte II são indicadas condições
significativas que contribuíram para a morte, como a realização de cirurgias (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2006).
Dentre as causas hospitalares de mortalidade relacionadas à cirurgia, destacam-se as
complicações pulmonares, infecciosas, cardiovasculares e renais. Uma complicação pós-
operatória, que pode estar diretamente relacionada ao óbito, é considerada uma segunda doença
inesperada, que ocorre até 30 dias após uma cirurgia, alterando o quadro clínico do paciente
(BECCARIA et al., 2015). De acordo com De Moura e colaboradores (2022), a maioria dos
casos notificados de óbitos por complicações de assistência médica e cirúrgica ocorreram em
mulheres, na faixa etária superior aos 60 anos, de baixa escolaridade. Em relação à idade, sabe-
se que em pacientes idosos o tempo de recuperação pós-cirúrgica é maior, quando comparado
com jovens adultos, predispondo esses indivíduos a apresentarem complicações,
principalmente quando associados a comorbidades e atrasos no procedimento cirúrgico. No
Brasil, até 40% das intercorrências em pacientes cirúrgicos são atribuídas a falhas técnicas ou
processuais, sendo a maioria potencialmente evitável (DE MOURA et al., 2022).
Fatores extrínsecos ao paciente também são relevantes para ocorrência de complicações
e mortes pós-cirúrgicas, como a longa permanência em filas de espera para a realização da
cirurgia, carência de insumos em algumas unidades federativas do país e a desigualdade,
afetando especialmente as classes de menor renda, agravando o quadro inicial da doença
(CANHOVATTI, 2021).
Observou-se que a taxa de mortalidade pós-operatória nos países desenvolvidos é
predominantemente devido ao estilo de vida da população, que proporciona um maior número
de casos de doenças cardiovasculares. nos países de menor poder econômico, a maior
demanda é de cirurgias emergenciais, devido ao perfil social e ao elevado número de habitantes
(MOISÉS et al.; 2021).
Apesar dos grandes avanços na área da técnica cirúrgica dos últimos anos, ainda existem
taxas relevantes de mortes evitáveis no âmbito cirúrgico relacionados a fatores intrínsecos,
extrínsecos e socioeconômicos no Brasil e no mundo. Portanto, é indispensável aprimorar ações
assistenciais e gerenciais no centro cirúrgico, a fim de evitar e corrigir erros técnicos e
processuais, fornecer suporte para os pacientes com maiores riscos de complicações e óbitos.
Dessa forma, promovendo a melhoria de condições de fornecimento de insumos, infraestrutura
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e melhor distribuição da mão de obra cirúrgica entre as regiões do país (MARTINS;
DALL’AGNOL, 2016).
O estudo das principais causas de óbitos associadas a procedimentos cirúrgicos
apresenta grande relevância, pois pode indicar melhorias a serem implementadas em hospitais
e centros operatórios, tanto a nível regional quanto a nível nacional, ao resvalar nas políticas de
saúde pública. Além disso, pode haver uma importante contribuição com informações sobre
fatores de risco mais relevantes, a fim reduzir as taxas de mortalidade associadas à cirurgias no
país.
O presente estudo busca relacionar as causas de óbitos associados à realização de
procedimentos cirúrgicos ocorridos no estado do Paraná, no período de 2012 a 2021. Desse
modo, será possível correlacionar as causas com medidas de prevenção, buscando reformular
políticas e complementar com estratégias para melhores resultados cirúrgicos no contexto
nacional.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo consiste em uma análise de dados utilizando a base de dados disponível do
DATASUS referentes aos óbitos associados com cirurgia no estado do Paraná, entre os anos de
2012 e 2021. Essa base de dados foi importada do sistema SUS para o R-Studio, um software
que utiliza linguagem de programação, capaz de processar uma quantidade maior de dados em
menor tempo comparado a outros softwares mais comuns, como o Microsoft Excel.
Os dados foram coletados utilizando o pacote microdatasus, filtro de “Sim” para o
campo CIRURGIA da base de dados SIM (Sistema de Informações de Mortalidade) do
DATASUS. Foram avaliadas as seguintes variáveis: sexo, idade, escolaridade e a causa de óbito
indicada pelo CID (Classificação Internacional de Doenças). Dessa forma, a partir da análise
dos dados, buscou-se correlacionar as principais causas de óbitos em pacientes que tiveram um
procedimento cirúrgico realizado durante a evolução da doença.
O estudo utilizou dados obtidos de fontes secundárias, sem identificação de sujeitos, de
acesso e domínio público, dispensando então a análise pelo Comitê de Ética em Pesquisa que
envolve seres humanos.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
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De acordo com os dados analisados do DATASUS entre 2012 e 2021, observou-se que
as neoplasias correspondem à principal causa de óbitos associados a procedimentos cirúrgicos
no estado do Paraná, representando 29% (Tabela 1). O perfil traçado dos pacientes revelou que
são majoritariamente do sexo feminino, com mais de 50 anos de idade e com baixa escolaridade.
Dentre essas mulheres, destaca-se a ocorrência de câncer de mama não especificado
acometendo um terço delas.
Tabela 1 Distribuição das causas de óbitos associados à cirurgias no Paraná entre 2012 e
2021.
A segunda principal causa de óbito associado a cirurgia no estado do Paraná durante o
período analisado, foram as doenças cardiovasculares, representando 24% das ocorrências
registradas. O perfil observado revelou algumas diferenças do perfil traçado nas causas
neoplásicas. Não houve relevância significativa na distribuição entre os sexos, com discreta
predominância nos pacientes do sexo masculino, sendo 12 homens e 9 mulheres que morreram
de causas cardiovasculares associadas a procedimentos cirúrgicos. A faixa etária mais
acometida corresponde aos indivíduos maiores de 60 anos com escolaridade de pelo menos 8
anos. Dentre tais causas cardiovasculares de óbitos, a mais prevalente foi o infarto agudo do
miocárdio não especificado, principalmente na região metropolitana de Curitiba (Tabela 2).
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Tabela 2 - Distribuição de óbitos por causas cardiovasculares associadas à cirurgias no Paraná
entre 2012 e 2021.
Dessa forma, é possível comparar os perfis dos pacientes dos principais motivos de
óbito do Paraná. As causas neoplásicas, além dos fatores externos e de hábitos de vida, têm
forte preditivo genético, o que justifica um acometimento em adultos mais jovens. Já as causas
cardiovasculares estão mais relacionadas aos hábitos de vida, avanço da idade e comorbidades
associadas do que fatores genéticos (HENDGES et al., 2013).
Considerando as neoplasias como principais causas de óbitos relacionados à cirurgia, a
cirurgia de câncer de mama foi a mais prevalente de acordo com nossos dados. Esse
procedimento normalmente é considerado uma cirurgia com baixa morbidade, devido às
características anatômicas da mama, que não apresenta conexões com cavidades corporais ou
com vísceras. Porém, existem algumas possíveis causas de complicações, incluindo: infecção,
formação de seromas e hematomas, que são causas gerais não relacionadas especificamente à
mama. Além disso, causas específicas, como a realização de mastectomia, dissecção de
linfonodos axilares e reconstrução da mama. O conjunto dessas complicações pode explicar
parcialmente a morbidade observada em nosso estudo (VITUG; NEWMAN, 2007).
As doenças cardiovasculares (DCV) foram responsáveis por 27,3% das mortes no Brasil
em 2017 e instituem a primeira causa de morte no Brasil e no mundo. Com o aumento da
frequência das DCV e o avanço da medicina, podemos observar também o aumento de cirurgias
torácicas, onde a revascularização miocárdica e a correção de doenças valvares constituem as
cirurgias cardíacas mais comuns (FARIAS et al., 2021). Dentre as causas hospitalares de
mortalidade cirúrgica, destacam-se as complicações pulmonares, infecciosas, cardiovasculares
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e renais, principalmente nos 30 primeiros dias de pós-operatório. A cardiologia foi a
especialidade que mais registrou essa ocorrência (DE MOURA et al., 2022).
Informações sobre a mortalidade e complicações dessas intervenções auxiliam na
identificação de fatores de risco e na elaboração do plano de cuidados para cada paciente,
proporcionando uma assistência de melhor qualidade e redução do risco de complicações e
mortes no pós-operatório (FARIAS et al., 2021).
Foi observada taxa de mortalidade de 9,6% em pacientes submetidos a cirurgias
cardíacas no período de 2015 a 2019 (FARIAS et al., 2021). A maioria dos acometidos foram
do sexo feminino, idoso, casado, aposentado, com ensino fundamental. Semelhantemente, os
achados do presente trabalho apontaram prevalência de óbito decorrente de problemas
cardiovasculares em indivíduos acima de 60 anos. No entanto, no estado do Paraná, entre 2012
e 2021, observamos discreta predominância do sexo masculino em relação ao feminino. De
acordo com o trabalho de Farias e colaboradores (2021), a valvuloplastia foi a cirurgia com
maior número de óbitos associados. Em nossa análise, no estado do Paraná, a maior causa de
óbitos foi infarto agudo do miocárdio não especificado.
As condições de saúde como tabagismo, hipertensão e diabetes não interferiram no
desfecho de óbito, mas influenciam nas taxas de complicações. O trabalho de Farias e
colaboradores (2021) aponta que a taxa de complicações foi de 25,8%, na sua maioria pacientes
brancos, casados e com ensino fundamental completo. A média de idade foi de 67 anos,
semelhante ao grupo sem complicações (68 anos). As mulheres apresentaram o dobro de
chances de desenvolver complicações. A revascularização do miocárdio foi a cirurgia mais
realizada (38,7%) e a valvuloplastia foi a que apresentou maior número de complicações
(FARIAS et al., 2021).
O Sistema Europeu para Avaliação de Risco em Cirurgia Cardíaca (EuroSCORE)
consiste em uma ferramenta que avaliou fatores de risco pré-operatórios e operatórios, que
poderiam influenciar na mortalidade hospitalar, em 19.030 pacientes adultos submetidos à
cirurgia cardíaca na Europa. A mortalidade geral observada foi de 7,9%, sendo os principais
fatores de risco associados: idade maior que 60 anos, sexo feminino, cirurgia cardíaca prévia,
endocardite, cirurgia de emergência, procedimento cirúrgico relacionado à aorta torácica e
arteriopatia (ANDRADE et al., 2010). De forma semelhante, nossos dados mostraram maior
prevalência de óbitos relacionados à cirurgia em pacientes com idade acima de 60 anos, com
destaque às causas cardiovasculares.
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Ao criar o RIOEscore, um escore preditivo de mortalidade para pacientes submetidos à
cirurgia cardíaca, Gomes e colaboradores (2005) encontraram significância em fatores pré, per
e pós-operatório, observados no primeiro dia após o procedimento cirúrgico. A idade avançada
e a disfunção renal são marcadores de risco, o tempo de circulação extracorpórea prolongado
(>180min) mostrou ser marcador de pior prognóstico e o diâmetro do átrio esquerdo maior que
45 mm é um marcador de óbito hospitalar. As variáveis do primeiro dia pós-operatório, como
pior PO2/FiO2<100, norepinefrina >0,1μg/kg/min e tempo de ventilação mecânica >12h,
apresentaram impacto importante na mortalidade (GOMES et al., 2005). No presente trabalho,
não foram avaliados parâmetros cardiovasculares relacionados aos óbitos, no entanto, os fatores
apontados por Gomes e colaboradores (2005) podem ajudar a explicar os dados observados no
estado do Paraná.
4. CONCLUSÃO
As cirurgias cardiovasculares apresentam os maiores registros de mortalidade no Brasil,
e a valvuloplastia é a cirurgia com maior número de óbitos. No entanto, este estudo evidenciou
que as causas cardiovasculares de mortes associadas às cirurgias se apresentam como a segunda
no Paraná, no período analisado, sendo o infarto agudo do miocárdio não especificado a
patologia cardiovascular mais prevalente. O perfil de risco dos pacientes submetidos a este tipo
de procedimento foi representado pelo sexo masculino, com pouca diferença percentual em
relação ao sexo feminino, idade acima dos 60 anos e com ensino fundamental (escolaridade
menor que 8 anos).
Os dados levantados podem auxiliar na elaboração de planejamentos preventivos
hospitalares e políticas governamentais, com objetivo de reduzir a incidência de mortes
relacionadas à realização de cirurgias no estado do Paraná e no Brasil, proporcionando uma
melhoria na segurança e qualidade cirúrgica neste setor. Evidencia-se também uma necessidade
de incentivos públicos e privados para a melhoria na redistribuição da mão de obra cirúrgica no
país, para que todos os brasileiros possam ter acesso aos serviços de cirurgia de forma mais
igualitária e justa.
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