Arquivos do Mudi, v. 27, n. 2, p. 40-51, ano 2023
www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/ArqMudi
ARTIGO ORIGINAL
Aceito em: 30/05/2023 Publicado em: 15/08/2023
THE EVALUATION OF THE SELF-PERCEPTION OF ORAL HEALTH OF USERS OF A
DENTAL SERVICE
Abstract
The self-assessment of oral health is a measure that synthesizes the objective condition of oral health, its functionality,
and the social and cultural values related to it. The objective of the study was to evaluate the self-perception of oral health
of users of a dental service. A questionnaire was applied to 214 patients aged 18 to 86 years old attending the dental
clinic of UNIPAR, campus Cascavel - PR. This instrument was based on the SB - Brazil 2010 questionnaire (National
Oral Health Survey), containing open and closed multiple choice questions, in the period from March 2021 to November
2022. Most of the interviewees were female (65%). Among the results on self-reported dental morbidity, prevalence and
severity of toothache, 90.7% believed to have dental problems. Regarding toothache in the last 6 months 48.6% did not
have it and 50.5% had it. Regarding the impact of oral health conditions on daily life (OIDP - "Oral Impacts on Daily
Performances") most (56.1%) have had difficulties eating/drinking because of their teeth. It is noted the prevalence of
the female gender in the demand for dental services. Although most respondents have consulted dental services for less
than a year, they still need some kind of treatment and are not satisfied with their current oral health condition.
Keywords: Oral Health; Health Promotion; Dental Health Services.
AVALIAÇÃO DA AUTOPERCEPÇÃO DE SAÚDE BUCAL DE USUÁRIOS DE
UM SERVIÇO ODONTOLÓGICO
Juliana Garcia Mugnai Vieira Souza
Universidade Paranaense, Campus
Cascavel
julianagarcia@prof.unipar.br
Helen Cristina Lazzarin
Universidade Paranaense, Campus
Cascavel
hlazzarin@prof.unipar.br
Luiza Sanzovo
Universidade Paranaense, Campus
Cascavel
luiza.sanzovo@edu.unipar.br
Marciel Sabatovytch de Oliveira
Universidade Paranaense, Campus
Cascavel
marciel.oliveira@edu.unipar.br
Resumo
A auto avaliação da saúde bucal é uma medida que sintetiza a
condição objetiva da saúde bucal, a sua funcionalidade e os
valores sociais e culturais relacionados à mesma. O objetivo do
estudo foi avaliar a autopercepção de saúde bucal de usuários de
um serviço odontológico. Foi aplicado um questionário com 214
pacientes de 18 a 86 anos atendidos na clínica odontológica da
UNIPAR, campus Cascavel PR. Este instrumento foi baseado
no questionário do SB - Brasil 2010 (Pesquisa Nacional de Saúde
Bucal), contendo questões abertas e fechadas com múltipla
escolha, no período de março de 2021 a novembro de 2022. A
maioria dos entrevistados foi do gênero feminino (65%). Dentre
os resultados sobre a morbidade dentária autorreferida,
prevalência e gravidade da dor de dente, 90,7% acreditam ter
problemas dentários. Com relação a dor de dente nos últimos 6
meses 48,6% não a apresentaram e 50,5% a apresentaram.
Referente ao impacto das condições de saúde bucal sobre a vida
diária (OIDP “Oral Impacts on Daily Performances”) a maioria
(56,1%) apresentou dificuldades para comer/beber por causa
de seus dentes. Nota-se a prevalência do gênero feminino na
procura dos serviços odontológicos. Apesar da maioria dos
entrevistados ter consultado menos de um ano em serviços
odontológicos, mesmo assim necessitam de algum tipo de
tratamento e não estão satisfeitos com a sua atual condição de
saúde bucal.
Palavras-chave: Saúde Bucal; Promoção de Saúde; Serviço de
Saúde Bucal.
Lucas Garcia Vieira Souza
Universidade Paranaense, Campus
Cascavel
lucas.v.souza@edu.unipar.br
41
Souza et al., 2023
Arquivos do Mudi, v. 27, n. 2, p. 40-51, ano 2023
1. INTRODUÇÃO
A odontologia por muitos anos foi
excluída das políticas pública brasileiras,
caracterizando-se como mutiladora e de
difícil acesso por prestar serviços curativos,
centrados no alívio da dor (QUEIROZ;
NASCIMENTO, 2017). Sabe-se que a
cavidade bucal tem importante relevância na
vida dos indivíduos e demonstram aspectos
pessoais significativos, devido a condições
bucais não satisfatórias. As ausências
dentárias, bem como o uso de próteses mal
adaptadas, resultam em problemas funcionais
como comunicação, questões psicológicas e
na vida social do indivíduo, podendo
dificultar em oportunidades de trabalho e na
sua autoestima (SILVA; MAGALHÃES;
FERREIRA, 2010; ROSENDO et al., 2017).
A auto avaliação da saúde bucal é importante
para gerar mudanças nos hábitos de saúde
melhorando a qualidade de vida (REIS;
CARVALHO; CARVALHO, 2021). Os
levantamentos epidemiológicos são um
instrumento valioso para verificar a saúde da
população, ademais são utilizados no
planejamento e avaliação dos serviços de
saúde bucal (GIBILINI et al, 2010).
A Política Nacional de Saúde Bucal
(PNSB), lançada em 2003, teve como
objetivo melhorar e ampliar o acesso aos
procedimentos odontológicos gratuitos à
população brasileira por meio do SUS
(Sistema Único de Saúde), onde
anteriormente recebiam apenas atenção
básica à saúde (SILVA; MAGALHÃES;
FERREIRA, 2010). Esta política propõe
reorganizar o modelo de assistência,
inserindo a promoção de saúde como eixo de
cuidado; universalizar os acessos, ampliando
os serviços de forma transversal da saúde
bucal por linhas de cuidado e condição a
vida; e expandir as ações de serviço,
contemplando todos os níveis de atenção
(integralidade), inserindo os CEO (Centros
de Especializados Odontológicas) e os LRPD
(Laboratórios Regionais de Prótese
Dentária), permitindo assim, maior acesso
aos serviços à população (AQUILANTE;
ACIOLE, 2015). Dados epidemiológicos
entre os anos de 2003 e 2010 revelam uma
melhora na situação de saúde bucal,
indicando uma redução de 96% para 56% no
índice de cárie dentária nos dentes
permanentes na idade de 12 anos (CPO-D
1), entre os anos de 1986 e 2010 (BRASIL,
2011). Ademais, os dados demonstram que a
população adulta também teve uma
significativa melhora nas condições de saúde
bucal, tendo redução de agravos periodontais
e de perda dentária entre os anos de 2003 e
2010. Em contrapartida, o alto índice de
edentulismo nos idosos permaneceu
constante no mesmo período (BRASIL,
2004; BRASIL, 2012). Assim, torna-se
importante avaliar e entender a
autopercepção do indivíduo sobre saúde
bucal, bem como os aspectos
socioeconômicos, comportamentais e
culturais, os quais são utilizados para o
planejamento de ações em saúde (GIBILINI
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Avaliação da autopercepção de saúde bucal de usuários de um serviço odontológico
Arquivos do Mudi, v. 27, n. 2, p. 40-51, ano 2023
et al., 2010). Deste modo, por meio da
autopercepção de saúde bucal do paciente
consegue-se uma maior organização do
tratamento odontológico a ser ofertado.
Na atualidade, a relação entre saúde
bucal e qualidade de vida é relatada na
literatura (COHEN-CARNEIRO; SOUZA-
SANTOS; REBELO, 2011; REIS;
CARVALHO; CARVALHO, 2021). Essa
associação é essencial para que os indivíduos
compreendam e busquem o tratamento ideal
de saúde bucal (COHEN-CARNEIRO;
SOUZA-SANTOS; REBELO, 2011). Os
estudos mostram que uma diferença da
percepção das necessidades de tratamento
entre o odontólogo e o paciente (SANTOS et
al., 2016). Isso revela que a autopercepção
ruim da saúde pode levar a nocividade dos
determinantes sociais de saúde
(CREMONESE et al. 2010; SHEIHAM et
al., 2011).
Além disso, verificar o acesso aos
serviços odontológicos facilita a
compreensão das necessidades de saúde
bucal da população (SANTOS et al., 2016).
Dessa forma, o objetivo deste estudo foi
avaliar a autopercepção de saúde bucal de
usuários de um serviço odontológico.
2. METODOLOGIA
Foi realizado um estudo transversal
com pacientes que buscaram atendimento
odontológico na Clínica de Odontologia da
UNIPAR campus Cascavel Paranos anos
de 2021 e 2022. Participaram do estudo 214
usuários na faixa etária entre 18 a 86 anos de
ambos os gêneros. Os usuários assinaram o
termo de consentimento livre e esclarecido,
após serem informados de como seria
desenvolvido o estudo e que não haveria
nenhum risco para a realização dele. O estudo
foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa Envolvendo Seres Humanos
(CEPEH) da UNIPAR sob o parecer número
5.245.964.
O instrumento de análise utilizado na
pesquisa foi um questionário com 31
questões baseado no levantamento SB Brasil
2010 (BRASIL, 2012). Foram avaliados os
seguintes fatores com a finalidade de
observar a percepção que os pacientes têm
sobre sua saúde bucal tais como: aspectos
socioeconômicos, escolaridade, doenças
bucais, utilização dos serviços
odontológicos, autopercepção e impacto em
saúde bucal na vida diária.
As entrevistas foram realizadas no
período de março de 2021 a novembro de
2022, pelos acadêmicos participantes da
Pesquisa de Iniciação Científica do curso de
graduação em odontologia devidamente
calibrados pela professora responsável para o
uso desse instrumento. O questionário foi
preenchido individualmente pelos
voluntários na presença dos pesquisadores.
A análise descritiva dos dados foi
executada com o auxílio de gráficos e tabelas
elaboradas no programa Excel 2019 e
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Souza et al., 2023
Arquivos do Mudi, v. 27, n. 2, p. 40-51, ano 2023
aplicada a distribuição da frequência absoluta
(n) relativa (%).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conhecer a autopercepção da saúde
bucal é fundamental para os odontólogos,
para avaliar se as situações bucais
influenciam na qualidade de vida e rotina dos
pacientes (REIS; CARVALHO;
CARVALHO,2021).
Participaram do estudo 214 usuários
na faixa etária entre 18 a 86 anos atendidos
na clínica odontológica da UNIPAR, campus
Cascavel - PR.
Figura 1 Distribuição relativa segundo o gênero dos
usuários da clínica odontológica da UNIPAR
campus Cascavel-PR.
A procura por serviços odontológicos
foi maior no gênero feminino na maioria dos
estudos revisados (GIBILINI et al., 2010;
GABARDO; MOYSÉS; MOYSÉS, 2013;
SANTOS et al., 2016; REIS; CARVALHO;
CARVALHO, 2021), inclusive no presente
estudo com 65% de mulheres entrevistadas
(Figura 1). Isto mostra que as mulheres têm
um maior zelo pessoal e familiar, pois estas
buscam mais por tratamento de saúde, além
de exporem mais as doenças.
De acordo com a caracterização
socioeconômica da família, quando
questionados sobre o tipo de moradia 48,6%
possuem casa própria, 8,4% própria em
aquisição. Ainda na Tabela 1 estão
representados os demais dados relacionados
ao convívio social e econômico da família
Tabela 1 Distribuição absoluta e relativa da
caracterização socioeconômica da família dos
usuários da clínica odontológica da UNIPAR
campus Cascavel-PR.
n
Moradores da Casa
1-2
98
3-4
77
5-6
39
Dormitórios
1-3
176
4-6
38
Bens
1-10
166
11-20
44
Mais de 20
4
Renda Familiar
Até 250
2
De 251 a 500
4
De501 a 2500
99
De 2501 a 4500
60
De 4501 a 9500
18
Mais de 9500
7
Não respondeu
24
Grau de escolaridade
Não estudei
3
Ensino Fundamental
58
Ensino Médio
108
Ensino Superior
45
Tipo de escola
Público
175
Privado
22
Gênero
Feminino Masculino
65%
35%
44
Avaliação da autopercepção de saúde bucal de usuários de um serviço odontológico
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Não respondeu
17
8%
Tipo de moradia
Própria
104
48,6%
Própria em aquisição
18
8,4%
Alugada
59
27,6%
Cedida
20
9,3%
Outras
13
6,1%
Automóvel
Sim, apenas 1
88
41,2%
Sim, mais de 1
40
18,7%
Não
86
40,1%
Em relação ao grau de escolaridade, a
amostra do estudo de Reis; Carvalho;
Carvalho (2021), apenas 41,46% dos
participantes possuía ensino médio completo,
comparado ao presente estudo que a maioria
(50,4%) o apresentava (Tabela 1). Isso
demonstra que mesmo com uma diferença
maior em relação ao grau de instrução,
muitos ainda procuram o tratamento
odontológico gratuito. Quanto ao aspecto
socioeconômico no SB BRASIL 2010
(BRASIL, 2012) 72,3% das pessoas
possuíam uma renda familiar de 501 a 2500
reais, neste estudo 46,3% apresentavam
esta renda (Tabela 1). A busca pelo
tratamento dentário desta instituição foi
maior por indivíduos de menor renda
familiar, os quais não conseguiram resolver
seus problemas odontológicos em locais
públicos ou não têm possibilidade de
atendimento particular (REIS; CARVALHO;
CARVALHO, 2021).
A maioria dos pacientes relatou ter
problemas dentários (90,7%), enquanto
50,5% dos usuários apresentaram dor por
causa dos dentes nos últimos seis meses,
sendo o grau 5 de dor informado por 18,8%
(Tabela 2).
Tabela 2 Distribuição absoluta e relativa da
morbidade odontológica auto referida, presença e
gravidade da dor dentária dos usuários da clínica
odontológica da UNIPAR campus Cascavel-PR.
n
%
Morbidade odontológica
auto referida
Sim
194
90,7%
Não
15
7%
Talvez
5
2,3%
Dor dentária (últimos 6
meses)
Sim
108
50,5%
Não
104
48,6%
Talvez
2
0,9%
Gravidade da dor dentária
Grau 0
112
52,3%
Grau 1
5
2,3%
Grau 2
13
6,1%
Grau 3
27
12,6%
Grau 4
17
7,9%
Grau 5
40
18,8%
A Tabela 3 expressa o uso dos
serviços odontológicos. Grande parte dos
usuários (94,4%) consultou o odontólogo
pelo menos uma vez, enquanto 25,7% destes
buscaram o serviço para atendimento
curativo. O tratamento de saúde bucal
recebido foi caracterizado como bom ou
muito bom por 80,8% dos pacientes
Tabela 3 Distribuição absoluta e relativa do uso de
serviços odontológicos, segundo os usuários da
clínica odontológica da UNIPAR campus Cascavel-
PR.
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Souza et al., 2023
Arquivos do Mudi, v. 27, n. 2, p. 40-51, ano 2023
n
%
Já consultou ao
odontólogo pelo menos
uma vez
Sim
202
94,4%
Não
6
2,8%
Não respondeu
6
2,8%
Frequência da consulta
Menos de 1 ano
104
48,6%
1 a 2 anos
44
20,6%
3 anos ou mais
38
17,7%
Não respondeu
28
13,1%
Onde consultou
Serviço Público
106
49,5%
Serviço particular
71
33.2%
Plano de saúde ou
convênios
16
7,5%
Outros
10
4,7%
Não sabe
11
5,1%
Causas da última
consulta
Manutenção ou
prevenção
54
25,2%
Dor
49
22,9%
Extração
31
14,5%
Tratamento
55
25,7%
Não sabe
25
11,7%
Avaliação da última
consulta
Muito bom
99
46,2%
Bom
74
34,6%
Regular
22
10,3%
Ruim
2
0,9%
Muito ruim
9
4,2%
Não sabe
8
3,8%
Recebeu alguma
informação de como
evitar problemas bucais
Sim
174
81,3%
Não
30
14%
Não sabe
10
4,7%
É grande a procura por serviços
odontológicos neste setor para tratamento
(25,7%), alívio da dor (22,9%) e extração
(14,5%) deixando em segundo plano a parte
preventiva (25,2%), conforme Tabela 3.
Semelhante ao estudo de Reis, Carvalho e
Carvalho (2021) onde grande parte dos
indivíduos precisou de tratamento
odontológico (90,85%) e 54,88% considerou
sua saúde oral regular. Geralmente o
indivíduo procura os serviços de saúde bucal
para o alívio de dor, e não para tratamento
preventivo, o que é ruim para a saúde da
população.
No presente estudo a proporção de
entrevistados que consultaram o dentista
menos de 1 ano foi de 48,6% (Tabela 3).
no estudo de Santos et al. (2016) 49,8% dos
participantes visitaram o dentista mais de
um ano. O acesso aos serviços odontológicos
é essencial para a prevenção e o controle das
doenças (GIBILINI et al., 2010).
No contexto aos acessos dos serviços
odontológicos Santos et al. (2016)
constataram que 7,5% dos pesquisados nunca
tinham ido ao odontólogo. Estes resultados
foram muito diferentes dos encontrados no
presente estudo, sendo que somente 2,8%
nunca foram ao dentista (Tabela 3). No
Brasil, o SUS não é suficiente para absorver
a demanda por atenção de saúde bucal da
população. Logo, essa dependência por
serviços públicos é um dos motivos pelos
quais os dentes são extraídos por ser uma
solução mais econômica (ROSENDO et al.,
2017). Geralmente a população não percebe
as suas necessidades de saúde bucal, o que
46
Avaliação da autopercepção de saúde bucal de usuários de um serviço odontológico
Arquivos do Mudi, v. 27, n. 2, p. 40-51, ano 2023
leva a uma menor procura por serviços
odontológicos (ERCKMANN et al., 2017).
A Tabela 4 mostra o impacto das
condições orais sobre a vida diária (OIDP -
“Oral Impacts on Daily Performances”).
Grande parte dos usuários (49%) relatou estar
insatisfeitos ou muito insatisfeitos com a
condição oral, enquanto 56,1% deles
tiveram problemas para mastigar. Por outro
lado, muitos o apresentaram problemas
para realizar a higiene bucal (59,3%) ou não
deixaram de realizar alguma atividade de
lazer por causa dos seus dentes (68,2%). No
entanto, menos da metade dos usuários
sentiram vergonha ao sorrir (45,8%) ou não
dormiram por desconforto relacionado aos
dentes (35,5%).
Tabela 4 Distribuição absoluta e relativa da
autopercepção de saúde bucal dos usuários da clínica
odontológica da UNIPAR campus Cascavel-PR.
n
%
Satisfação do usuário com a
cavidade oral
Muito satisfeito
21
9,8%
Satisfeito
73
34,2%
Insatisfeito
91
42,5%
Muito insatisfeito
14
6,5%
Não sabe
15
7%
Necessidade de usar ou trocar
a prótese total
Sim
65
30,4%
Não
116
54,2%
Não sabe
33
15,4%
Dimensões do OIDP
Comer/Beber
Sim
120
56,1%
Não
76
35,5%
Não sabe
18
8,4%
Incômodo ao escovar os
dentes
Sim
73
34,1%
Não
129
60,3%
Não sabe
12
5,6%
Irritabilidade por causa dos
dentes
Sim
71
33,2%
Não
127
59,3%
Não sabe
16
7,5%
Comprometimento do lazer
Sim
55
25,7%
Não
146
68,2%
Não sabe
13
6,1%
Comprometimento à prática
de esportes
Sim
28
13,1%
Não
176
82,2%
Não sabe
10
4,7%
Comprometimento da fala
Sim
55
25,7%
Não
151
70,6%
Não sabe
8
3,7%
Vergonha para sorrir ou falar
Sim
98
45,8%
Não
111
51,9%
Não sabe
5
2,3%
Comprometimento do
trabalho/ escola
Sim
40
18,7%
Não
167
78%
Não sabe
7
3,3%
Dificuldade para dormir
Sim
76
35,5%
Não
127
59,3%
Não sabe
11
5,2%
Os participantes deste estudo
relataram estar insatisfeitos com seus dentes
e boca (42,5%), no SB BRASIL 2010, na
região Sul, apenas 25,5% estavam
insatisfeitos (BRASIL, 2012). Enquanto no
estudo de Santos et al. (2016), a maioria dos
participantes está satisfeita com sua saúde
bucal, pois 74,7% dos entrevistados a
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Souza et al., 2023
Arquivos do Mudi, v. 27, n. 2, p. 40-51, ano 2023
consideraram como boa ou ótima. Isto mostra
que a população não compreende a conexão
entre a saúde geral e bucal, é como se
estivessem desconectadas (ERCKMANN et
al., 2017).
Os serviços odontológicos podem ser
medidos pela avaliação da saúde bucal
(ERCKMANN et al., 2017). Porém, a
avaliação tem que ser feita com a inclusão da
satisfação dos pacientes com a estética bucal,
mastigação, presença de dor, compreensão da
necessidade de tratamento odontológico e
tipos de tratamentos recebidos (SANTOS et
al., 2016; REIS; CARVALHO;
CARVALHO, 2021).
Quanto ao impacto das condições
orais sobre o cotidiano dos usuários deste
estudo, a maioria relatou não interferir
comumente seus problemas e aparências
dentárias como incômodo para escovar
(60,3%), sair e se divertir (68,2%), sentir
vergonha de sorrir ou falar (51,9%),
atrapalhar para dormir (59,3%), estudar ou
trabalhar (78%), ou praticar esportes (82,2%)
e nem em seu estado emocional (68,2%).
Porém a maioria (56,1%) apontou
dificuldade para mastigar (Tabela 4). na
pesquisa do SB Brasil 2010 (BRASIL, 2012)
da região Sul, onde 28,5% também
apresentaram esta dificuldade, seguido por
vergonha para sorrir 25,8% e para 20,4% seus
dentes o deixaram nervosos ou irritados.
Desta forma, é de extrema importância que
medidas de promoção em saúde sejam
aplicadas e implementadas por meio de
motivação e orientação abrangendo todos os
níveis sociais para que a população possa
perceber a necessidade e importância de ter
uma boa saúde bucal e desta forma procurar
atendimento odontológico preventivo e
curativo com diagnóstico precoce antes que
se desenvolva o dano e haja a necessidade de
reabilitação (REIS; CARVALHO;
CARVALHO, 2021).
Enquanto o cirurgião dentista analisa
as doenças bucais, o indivíduo prioriza a
estética e função. A autopercepção em saúde
bucal deve ser compreendida pelos cirurgiões
dentistas, pois ela é um importante indicador
da presença de problemas odontológicos e
alterações na qualidade de vida. Também é
importante para o planejamento dos
tratamentos odontológicos por sinalizar essa
alteração na qualidade de vida dos indivíduos
(SANTOS et al., 2016).
4. CONCLUSÃO
Os resultados mostraram a
prevalência do sexo feminino na procura dos
serviços odontológicos. A maioria dos
entrevistados relatou ter problemas dentários
e necessidade de algum tratamento
odontológico, além de estarem insatisfeitos
com a condição de saúde bucal atual, mesmo
estes tendo consultado há menos de um ano
em algum tipo de serviço odontológico.
Nota-se que mesmo com o avanço ao
longo dos anos e ações voltadas à promoção
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Avaliação da autopercepção de saúde bucal de usuários de um serviço odontológico
Arquivos do Mudi, v. 27, n. 2, p. 40-51, ano 2023
de saúde bucal e as grandes transformações
que ocorreram, ainda é possível observar que
a questão socioeconômica está altamente
relacionada no processo saúde-doença dos
indivíduos, gerando grande influência no
impacto da autopercepção de saúde bucal dos
pacientes.
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ANEXO 1
Nome: __________________________________________________________
Idade: __________________ Data: _____/_____/_____
Caracterização Socioeconômica da família:
1. Quantas pessoas, incluindo o sr (a), residem na mesma casa? _________________________
2. Quantos cômodos estão servindo permanentemente de dormitório para os moradores da casa?
________________________________
3. Quantos bens tem em sua residência? (televisão; geladeira; aparelho de som; micro-ondas; telefone celular,
máquina de lavar; máquina de lavar louça; notebook e tabletes; número de carros)
_____________________________
4. No mês passado, quanto receberam, em reais, juntas, todas as pessoas que moram na sua casa incluindo salários,
bolsa família, pensão, aluguel, aposentadoria ou outros rendimentos?
( ) Até 250 ( ) De 251 a 500 ( ) De 501 a 2.500
( ) De 2501 a 4.500 ( )De 4.501 a 9.500 ( ) Mais de 9.500 ( ) Não sei
5. Até que série o sr(a) estudou? (sem considerar anos de reprovação) _________
6. Você ainda estuda?
( ) Sim ( ) Não
7. Tipo de escola que estudou ou estuda?
( ) Público ( ) Privado ( ) Não sei
8. Qual o tipo de sua moradia?
( ) Própria ( ) Própria em aquisição ( ) Alugada ( ) Cedida ( ) Outras
9. Qual a sua renda pessoal? ____________________________________________________
10. Você tem automóvel?
( ) Sim, apenas 1 ( ) Sim, mais de 1 ( ) Não
Morbidade bucal referida e uso dos serviços:
1. O sr(a) acha que necessita de tratamento dentário atualmente?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
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Avaliação da autopercepção de saúde bucal de usuários de um serviço odontológico
Arquivos do Mudi, v. 27, n. 2, p. 40-51, ano 2023
2. Nos últimos 6 meses o sr(a) teve dor de dente?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não se aplica ( ) Não sabe
3. Marque na escala o quanto foi esta dor:
4. Alguma vez na vida o sr(a) já foi ao consultório do dentista?
( ) Não ( ) Sim ( ) Não sabe
5. Quando o sr(a) consultou o dentista pela última vez?
( ) Menos de 1 ano ( ) 1 a 2 anos ( ) 3 anos ou mais ( ) Não se aplica
( ) Não sabe
6. Onde foi sua última consulta?
( ) Serviço público ( ) Serviço particular ( ) Plano de saúde ou convênios
( ) Outros ( )Não se aplica ( ) Não sabe
7.Qual o motivo da sua última consulta?
( ) Revisão, prevenção ou check-up ( ) Dor ( ) Extração
( ) Tratamento ( ) Outros ( ) Não se aplica ( ) Não sabe
8. O que o sr(a) achou do tratamento na última consulta?
( ) Muito bom ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Muito ruim
( ) Não se aplica ( ) Não sabe
Autopercepção e impactos em saúde bucal
1. Com relação aos seus dentes/boca o sr(a) está:
( ) Muito satisfeito ( ) Satisfeito ( ) Não satisfeito e nem insatisfeito
( ) Insatisfeito ( ) Muito insatisfeito ( ) Não sabe
2. O sr(a) considera que necessita usar prótese total (dentadura) ou trocar a que está usando atualmente?
( ) Não ( ) Sim ( ) Não sabe
3. Algumas pessoas tem problemas que podem ter sido causados pelos dentes. Das situações abaixo quais se
aplicam a(o) sr(a), nos últimos 6 meses?
(S sim; N não; 0 Não sabe)
a. Teve dificuldade para comer por causa dos dentes ou sentiu dor nos dentes ao tomar líquidos gelados ou
quentes? _______________________________
b. Os seus dentes o incomodam ao escovar? ____________________________
c. Os seus dentes o deixam nervoso(a) ou irritado(a)? _____________________
d. Deixou de sair, se divertir, ir a festas, passeios por causa dos seus dentes? ______________
e. Deixou de praticar esportes por causa dos seus dentes? _________________
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Souza et al., 2023
Arquivos do Mudi, v. 27, n. 2, p. 40-51, ano 2023
f. Teve dificuldade para falar por causa dos seus dentes? __________________
g. Os seus dentes o fizeram sentir vergonha de sorrir ou falar? ______________
h. Os seus dentes atrapalham para estudar/trabalhar ou para fazer tarefas da escola/trabalho? ________________
i. Deixou de dormir ou dormiu mal por causa dos seus dentes? ______________