Relação entre a função pulmonar e tempo de desempenho profissional em bombeiros militares de um grupamento no
noroeste do Paraná
Arquivos do Mudi, v. 27, n. 2, p. 61-69, ano 2023
1. INTRODUÇÃO
De acordo com a Constituição Federal de 1988, competem aos Corpos de Bombeiros Militares
as ações de combate a Incêndios em seus territórios, esta se destaca como uma das atividades que
oferecem diversos riscos ocupacionais, segundo o Manual Operacional de Bombeiros – Combate a
Incêndio Urbano (2017), o bombeiro juntamente com a exposição ao calor que é produzido pelas
chamas, também é exposto a inalação de partículas resultantes da queima o que pode acarretar
diversos problemas a saúde, entre eles os respiratórios.
No ano de 2021 de acordo com os dados levantados foram realizadas 732 intervenções em
situações de incêndios diversos como ambientais, residênciais ou em veículos na cidade de Maringá,
no Paraná, nas cidades que são atendidas pelo 5º Grupamento de Bombeiros a somatória foi de 2.150,
e no estado do Paraná, os bombeiros atenderam um total de 19.857 ocorrências (Sysbm, 2022).
Alguns estudos encontrados na literatura descrevem achados significativos quanto aos
agravamentos respiratórios nos bombeiros devido a constante exposição aos agentes nocivos. Um
estudo realizado por França e Luisi (2017) realizou a analise da função pulmonar dos bombeiros das
cidades de Torres e Terras de Areia - RS, entretanto a correlação dos achados não foi estabelecida
levando em relação o tempo de serviço prestado. Por sua vez, estudos como o de Niles et al, (2013)
e Gaughan et al, (2014) relatam casos onde bombeiros de Nova Iorque apresentaram uma diminuição
da função pulmonar devido a exposição de gases e poeiras resultantes da queda das torres gêmeas em
2011.
De acordo com Souza et al. (2004), a intervenção dos bombeiros durante o atendimento as
ocorrências de incêndios expõe esses trabalhadores a inúmeros fatores de risco como agentes
químicos, combustão de materiais tóxicos, líquidos inflamáveis e a elementos gasosos prejudiciais ao
sistema respiratório, e por vezes, ao inalar esses gases, acaba por desencadear sintomas tais como
falta de ar, diminuição da pressão arterial, dor na região do peito, podendo chegar ao coma, entre
outras reações fisiológicas desencadeadas pela inalação de monóxido de carbono. A inalação dessas
partículas nocivas ao organismo pode desencadear também, processos inflamatórios pulmonares e
lesões térmicas principalmente devido à exposição por um grande período de tempo (BASSI;
MIRANDA; GUIMARÃES, 2014).
Esses estudos evidenciam que à presença deste profissional e sua exposição a fatores nocivos,
ao longo do tempo, torna-o propenso a apresentar alterações pulmonares, o que deixa claro a
importância de estudos nesta área. Desta forma, o objetivo deste estudo foi identificar a incidência de
alterações das capacidades pulmonares e relacionar com o tempo de atividade profissional em
bombeiros de um grupamento no noroeste do Paraná.