INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL EM AMPUTADOS QUE UTILIZAM DISPOSITIVOS AUXILIARES DE LOCOMOÇÃO


Nayara Larissa dos Passos1, e-mail: nayarapassos705@gmail.com, ORCID: 0009-0007-6471-1206

Joana Vieira Vattos2, ORCID: 0009-0009-0044-772X

Lavynia Lohanna de Abreu da Silva3, ORCID: 0009-0004-8089-1380

Débora Dei Tos4, ORCID: 0000-0002-2480-0227

Lilian Catarim Fabiano5, ORCID: 0000-0002-8905-5678


RESUMO: A amputação de um membro é uma experiência profundamente impactante que pode afetar a qualidade de vida de um indivíduo. A perda da capacidade de locomoção e a necessidade de adaptação a uma prótese podem resultar em dependências nas atividades diárias e piora na qualidade de vida. Nesse caso, a reabilitação fisioterapêutica desempenha um papel fundamental na vida de um paciente amputado. No entanto, para que a reabilitação seja eficaz, é crucial compreendam as dificuldades enfrentadas por esses indivíduos. Nosso objetivo foi avaliar pacientes amputados de membro inferior que fazem o uso de dispositivo auxiliar para locomoção, evidenciar quais as dificuldades enfrentadas por esses indivíduos no momento de desempenhar as atividades do dia a dia.

Palavras-chave: Amputação; independência funcional; reabilitação.


INTRODUÇÃO

No Brasil, a amputação apresenta como principais etiologias as doenças vasculares e causas traumátias. A Lei 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência), afirma o direito da pessoa com deficiência ao trabalho de livre preferência e consentimento em ambiente igualitário de oportunidades com os demais indivíduos (HANASHIRO, 2018). Segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social (2018), em 2015, foram aprovadas no país 161.850 aposentadorias por invalidez devido às doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (FREITAS, 2018). Outro dado importante é que aproximadamente 23,9% da população brasileira apresenta algum tipo de deficiências (FREITAS, 2018).

Uma problemática evidente nesses casos é que as inaptidões funcionais vivenciadas por esses indivíduos interferem no desempenho social, na independência e na capacidade afetiva, repercutindo diretamente na sua qualidade de vida. De acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS) a qualidade de vida é vista como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto de sua cultura e no sistema de valores e em relação às suas expectativas, padrões e preocupações” (HANASHIRO, 2018).

Em relação à amputação, muitos indivíduos não retornam para as atividades laborais, o que interfere na renda familiar, predispondo essas pessoas a uma situação de vulnerabilidade social. Sabe-se que ter uma condição financeira adequada, nos permite acesso a saúde, educação e moradia de qualidade. Esta situação pode estar relacionada a dificuldade na reabilitação e na adaptação na locomoção com o uso de dispositivo auxiliar. O processo de reinserção desses indivíduos na sociedade precisa ser trabalhado o quanto antes por profissionais especializados, influenciando positivamente no processo de reabilitação, o que gera autonomia e independência, reconhecimento do seu próprio papel dentro do núcleo familiar e da comunidade (HANASHIRO, 2018).

Este estudo teve como objetivo avaliar pacientes amputados de membro inferior em período de reabilitação que fazem uso de dispositivo auxiliar de locomoção, além de destacar as dificuldades frequentemente enfrentadas no dia a dia.


METODOLOGIA

 A pesquisa foi realizada com indivíduos atendidos em uma Associação de Reabilitação e na Clínica de Fisioterapia de um Centro Universitário de Maringá-Pr. O ensaio foi combinado por indivíduos amputados a partir do nível da amputação e fase de reabilitação. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Uningá sob o parecer nº 4.792.406. Foi elaborado um questionário contendo dados sobre idade, sexo, tempo, lateralidade e nível da amputação. Quanto ao uso de dispositivo auxiliar foi questionado se durante o uso do mesmo, o indivíduo sente dor, se ela piora em ortostatismo ou ao caminhar. Para compreender melhor quanto as dificuldades durante o uso da prótese, os participantes foram questionados quanto ao seu uso e a frequência, se desencadeia dor em alguma região do corpo e o local, e se tem dificuldade ao caminhar com a mesma.



RESULTADOS

 O estudo foi realizado com voluntários amputados que fazem tratamento fisioterapêutico em uma Associação de Reabilitação, e na Clínica de Fisioterapia do Centro Universitário Ingá (UNINGÁ), localizados no noroeste do Paraná (gráfico 1).

Gráfico 1- Dados referentes a caracterização da amostra.

Gráfico lI. Caracterização indivíduos protetizados (n=11).


DISCUSSÃO

Com base na coleta de dados, a predominância de pacientes do sexo masculino, submetidos ao processo de amputação, aponta que tal fato ocorre devido à postura adotada pelos homens para com a saúde, negligenciam a prevenção e muitas vezes negam tratamento, principalmente quando relacionadas as amputações por alterações vasculares (SOUZA, 2019). A faixa etária é outro fator impactante, pois indivíduos de mais idade, como observado pela nossa amostra, tendem apresentar patologias associadas, como a Diabetes Mellitus. Complicações referentes a alterações vasculares periféricas, tal qual a patologia citada anteriormente, enfatizada como a principal causa de amputação para indivíduos com 60 anos ou mais.

Indivíduos amputados tendem a ter distintas dores por diferentes partes do corpo, a dor fantasma, uma das mais relatadas, lombar e no coto, são alguns exemplos. O amputado sente-se vulnerável pós protetização, podendo apresentar alterações psicológicas e dificuldade para adaptar-se a prótese. Os fatores negativos para o uso da mesma relacionam-se com a insegurança, dor, peso e desconforto, fazendo com que optem pelo não uso (SANTOS, 2021).

Por conseguinte, com relação a frequência, foi possível observar que a maioria faz uso do dispositivo apenas durante a fisioterapia, pois apresentam dificuldade em manuseá-la. A adaptação depende de alguns fatores, tal como idade, causa e nível da amputação, encaixe e modo de reabilitação (CHAMLIAM, 2013).

Um dos objetivos principais da reabilitação é devolver a independência ao amputado, e reinseria-lo na sociedade mesmo que de forma adaptada, tem efeito positivo para vida dos mesmos, pois o proporciona autonomia, confiança para encarar a realidade mesmo com as limitações (CHAMLIAM, 2013).


CONCLUSÃO

As limitações funcionais encontradas nos indivíduos amputados tendem a impossibilitar seu retorno a sociedade e as suas atividades diárias, comprometendo diretamente a sua qualidade de vida. Esses fatores tornam indispensável a criação de políticas públicas voltadas para dar assistência e suporte para esses indivíduos, e o desenvolvimento de palestras que conscientizem a população com relação a essa problemática para que a mesma se reinsira no contexto social.


REFERÊNCIAS

CHAMLIAM, T. R.; STARLING, M. Avaliação da qualidade de vida e função em amputados bilaterais de membros inferiores: revisão da literatura. Acta Fisiátrica, v. 20, n. 4, p. 229-233, 2013. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/actafisiatrica/article/view/103816. Acesso em: 22 set. 2023.

FREITAS, M. N. C. et al. Retorno às atividades laborais entre amputados: Qualidade de vida no trabalho, depressão e ansiedade. Revista Psicologia: Organização e Trabalho, v. 18, n. 4, p. 468-475, out-dez 2018. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-66572018000400003. Acesso em: 22 set. 2023.

HANASHIRO, R.; CORREIA, V. D.; SUGAWARA, A. T. Inclusão social no mercado de trabalho de pacientes amputados em processo de reabilitação. Revistas da USP: acta fisiátrica, v. 25, n. 3, 2018. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/actafisiatrica/article/view/162671. Acesso em: 28 set. 2023.

PINTO, E. C. et al. Assistência do profissional enfermeiro ao paciente amputado por complicações do Diabetes Mellitus. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v.4, n.3, p. 10977-10995, may/jun. 2021. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/29999. Acesso em: 22 set. 2023.

SANTOS, I. P.; SILVA, A.M.; FURTADO, G.S.; MENEZES, R.M.M.; SANTOS, K.O.B.; FERRAZ, D.D. Patient’s satisfaction with a lower limb prosthesis: a longitudinal study. Fisioter Pesqui., v. 28, n. 3, p. 276-283, 2021. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1350771. Acesso em: 22 set. 2023.

SOUZA, Y. P.; SANTOS A.C.O. ALBUQUERQUE, L.C. Caracterização das pessoas amputadas de um hospital de grande porte em Recife (PE,Brasil). J Vasc. Bras., v. 18, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jvb/a/9pfcx5C8gLkdkvLV9cRvcQP/?lang=pt. Acesso em: 22 set. 2023.