CARACTERIZAÇÃO DAS VÍTIMAS DE QUEDAS ATENDIDAS PELO SIATE NA CIDADE DE MARINGÁ NO ANO DE 2021 ATÉ 2023


Isabela Zarantonelli Soares1, e-mail: isazarantonelli68@gmail.com, ORCID: 0009-0001-1520-7886

Beatriz Eduarda Vitor Dias 2, ORCID: 0009-0002-6447-8321

Constanza Pujals3, ORCID: 0000-0003-0057-2335

Simone Fernandes4, ORCID: 0000-0002-6291-521X


RESUMO: Introdução: O envelhecimento populacional é um assunto que promove grande impacto nas dimensões sociais, econômicas e culturais de um país. Com o aumento da população idosa, modificam-se também os padrões de morbi-mortalidades de uma população, com isso temos o risco de quedas como destaque dentre esta categoria, aumentando assim as ocorrências pelos serviços do SIATE/SAMU que tem a missão de prestar os primeiros socorros para as vítimas para garantir o suporte básico à vida. Materiais e Método: Este é um estudo transversal que foi realizado na cidade de Maringá por meio do banco de dados digital do SIATE, identificando 1311 ocorrências com as informações: tipos de ocorrência, horário, idade, sexo e tipo de ferimento. Os dados coletados foram tabulados e analisados em planilhas no software Microsoft Excel. Conclusão: Desta forma, foi possível identificar que o maior índice de quedas foi entre os idosos entre 60 a 79 anos de idade.

Palavras-chave: Idoso; quedas; siate.


INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um assunto que promove grande impacto nas dimensões sociais, econômicas e culturais de um país, segundo LIMA-COSTA (2019) o Brasil está passando por um rápido processo de envelhecimento devido à rápida queda das taxas de natalidade.

O SIATE/SAMU é responsável por fornecer os primeiros socorros em situações de acidentes, atendendo em ambientes públicos, profissionais e domiciliares. Eles transportam as vítimas para hospitais de referência e desempenham um papel crucial na melhoria das condições clínicas das vítimas, evitando o agravamento de lesões. O serviço é acionado por meio do número de emergência 193 em todo o território nacional.

Com o envelhecimento da população a tendência é de aumento das ocorrências atendidas pelo SIATE/SAMU causadas pela maior vulnerabilidade a riscos de quedas que esta população está exposta. Para visualizar melhor esta hipótese, este estudo visa caracterizar as vítimas de quedas atendidas pelo SIATE/SAMU no Município de Maringá entre os anos de 2021 até 2023.


METODOLOGIA

Este é um estudo transversal que foi realizado na cidade de Maringá através do banco de dados digital do SIATE chamado SYSBM-Imprensa, que fornece dados de fontes secundárias, sem identificação de sujeitos, de acesso e domínio público, dispensando assim a análise pelo Comitê de Ética em Pesquisa que envolve seres humanos. O estudo concentrou-se em caracterizar as vítimas de quedas nesta faixa etária que foram atendidas pelo SIATE/SAMU na cidade de Maringá entre 2021 e abril de 2023 e foram utilizadas as variáveis sobre os tipos de ocorrências como horário, idade, sexo e tipo de ferimento. Os dados coletados foram organizados em planilhas no software Microsoft Excel, e após a exclusão das ocorrências com informações incompletas, totalizou-se 1311 ocorrências a serem analisadas.


RESULTADOS

 Neste estudo com 1.311 ocorrências de atendimento pré-hospitalar (APH) em Maringá-PR, foi evidenciada a incidência de quedas em diferentes faixas etárias, horários e gravidades. Os principais resultados são os seguintes: maior incidência em idosos na faixa etária de 60 a 79 anos com 438 ocorrências, demonstrando que os idosos estão mais suscetíveis a esse tipo de incidente. Horário das quedas: a maioria das quedas ocorreu no período da tarde, com um total de 576 ocorrências, independentemente da faixa etária. Quanto ao sexo, as mulheres foram as mais afetadas, representando 59,88% das ocorrências, sem levar em consideração a faixa etária. Tipo de ferimento: Das 1311 ocorrências, destacam-se as quedas que causaram ferimentos leves (778 casos), seguidas por ferimentos moderados (421 casos). Houveram também 74 ocorrências de ilesos, 37 casos de ferimentos graves e 1 óbito. Foi possível observar que dentre a faixa etária de idosos, as quedas provocaram em sua maioria ferimentos leves, como dores locais e hematomas, totalizando 420 casos. Ao analisarmos o tipo de ferimento e o horário das quedas, observou-se que o tipo de ferimento leve foi o mais comum, ocorrendo no período da tarde, com 361 ocorrências.


DISCUSSÃO

As quedas entre idosos representam um problema de saúde pública crescente em todo o mundo, e compreender a maior incidência de quedas em um município é um passo crucial na prevenção desses eventos adversos. A fisioterapia, juntamente com outras disciplinas de saúde, desempenha um papel fundamental na intervenção preventiva, uma vez que seu conhecimento e habilidades podem ser direcionados de maneira eficaz quando se tem uma compreensão sólida das principais causas de quedas em uma determinada população (ESTEVES, et al., 2021).

A primeira etapa na abordagem desse problema é a identificação do público alvo e gravidade dessas quedas. Esses dados foram explanados em nosso estudo, sendo observado que a maior porção da população vítima de quedas é em idosos, sendo que quase um terço dos atendimentos em geral foi de gravidade moderada, o que mostra a relevância do entendimento acerca do tema, principalmente para buscar estratégias efetivas de prevenção. Complementando esses dados, De Oliveira, et al. (2019) confirmam que além dos danos físicos, esses indivíduos têm que lidar com danos emocionais.

Uma vez compreendido seus riscos é necessário traçar metas preventivas. É imperativo que os idosos sejam submetidos a avaliações específicas que abordem sua capacidade funcional e identifiquem suas limitações. Essas avaliações podem incluir testes de equilíbrio, força muscular, mobilidade e avaliação da marcha, entre outros. Através dessas avaliações, os fisioterapeutas podem identificar as áreas de fraqueza e risco que precisam ser tratadas. A intervenção fisioterapêutica baseada em avaliações individualizadas, como a exemplo por meio da aplicação do teste Timed Up & Go (TUG), que é uma valiosa ferramenta para entender melhor as necessidades desse idoso (SOUZA, et al., 2017).

O fisioterapeuta desempenha um papel crucial na prevenção de quedas em idosos, uma vez que são especialistas em reabilitação e promoção da saúde física com o objetivo de manter ou aprimorar sua capacidade funcional, minimizando incapacidades e restrições. Com a expansão do âmbito de atuação dos fisioterapeutas, não apenas estão envolvidos na reabilitação, mas também na prevenção de enfermidades, tanto em nível individual quanto em iniciativas de saúde coletiva, além de introduzir prática regular de atividades físicas e fornecer orientações sobre como tornar o ambiente doméstico mais seguro para reduzir os riscos de quedas (DA COSTA; SILVEIRA; MUNDIM, 2021).

A identificação da maior incidência de quedas em um município e a subsequente intervenção fisioterapêutica personalizada desempenham um papel crucial na prevenção de acidentes em idosos. Através da avaliação da capacidade funcional e do desenvolvimento de planos de tratamento individualizados, a fisioterapia pode contribuir de maneira ímpar para a redução de quedas e seus impactos significativos na saúde dos idosos. Essa abordagem interdisciplinar e personalizada é essencial para melhorar a qualidade de vida e a segurança dos idosos em nossa comunidade.


CONCLUSÃO

Este trabalho possibilitou a caracterização das ocorrências de quedas de mesmo nível atendidas pelo serviço SIATE/SAMU identificando que esta é mais comum entre os idosos com predominância no sexo feminino, ocorrendo no período da tarde. Considerando que as quedas são um problema de saúde pública, sugerimos avanços nesta temática de forma a promover uma melhora na qualidade de vida das pessoas idosas. O entendimento do tema é de suma importância na área da fisioterapia com foco preventivo, desta forma é possível traçar estratégias com ênfase na redução dessa incidência.



REFERÊNCIAS

DA COSTA, F. M. C.; SILVEIRA, R. C. G.; MUNDIM, M. M. A importância da fisioterapia na prevenção de quedas em idosos–artigo de revisão. HUMANIDADES E TECNOLOGIA (FINOM), v. 30, n. 1, p. 254-266, 2021.

DE OLIVEIRA, S. L. F. et al. Fatores de risco para quedas em idosos no domicílio: um olhar para a prevenção/Risk factors for falls in elderly homes: a look at prevention. Brazilian Journal of Health Review, v. 2, n. 3, p. 1568-1595, 2019.

ESTEVES, B. B. al. Incidência de acidentes com idosos atendidos pelo Samu em Juiz de Fora–MG. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 2, p. 8725-8743, 2021.

LIMA-COSTA, MF. Envelhecimento e saúde pública: o Estudo Longitudinal Brasileiro do Envelhecimento (ELSI-Brasil). Revista de Saúde Pública , [S. l.] , v. Suplemento 2, pág.2s, 2019. DOI: 10.11606/s1518-8787.201805200supl2ap. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/153927. Acesso em: 19 out. 2023.

SOUZA, L. H. R. et al. Queda em idosos e fatores de risco associados. Revista de Atenção à Saúde, v. 15, n. 54, p. 55-60, 2017.

Como funciona o SIATE. CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO PARANÁ. Disponível em: <https://www.bombeiros.pr.gov.br/Pagina/Como-funciona-o-SIATE>. Acesso em: 3 de abr. 2023.