153
Emília Raquel Ferraz Martins
emiliaraquel@ufpr.br
Universidade Federal do Paraná
Orcid: 0009-0007-9771-0891
Mara Fernanda Parisoto
mara.parisoto@ufpr.br
Universidade Federal do Paraná
Orcid: 0000-0001-6592-4915
William Junior do Nascimento
williamjn@ufpr.br
Universidade Federal do Paraná
Orcid: 0000-0001-8324-9183
TDAH CONHECIMENTO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
ADHD KNOWLEDGE AND PEDAGOGICAL PRACTICES
Resumo
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma reflexão quanto a importância da escola e o papel dos professores
quando se deparam com alunos que apresentam Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH).
Visando o desenvolvimento cognitivo e social, os educadores precisam estar atentos ao comportamento das
crianças, de modo que a observação e atitudes docentes são essenciais para o desenvolvimento do estudante com
TDAH. Diante do exposto, o método utilizado para o desenvolvimento deste trabalho foi à pesquisa bibliográfica,
permitindo um conhecimento mais aprofundado do tema. Evidencia-se a importância do trabalho educacional,
verificando os benefícios que estes recursos podem trazer na vida das crianças quando estão diante de professores
com conhecimento adequado sobre o tema. Desta forma, o aluno com TDAH, ao receber um trabalho direcionado
a partir de metodologias adequadas, tem maior possibilidade de adquirir conhecimento, melhorando sua autoestima
e, respectivamente, seu rendimento escolar. Portanto, para um melhor desenvolvimento da criança com TDAH, a
capacitação do professor é essencial, possibilitando identificar e direcionar o trabalho escolar, ajudando no preparo
do aluno não só para a jornada escolar, mas para toda sua vida.
Palavras-chave: Hiperatividade. Desenvolvimento. Aprendizagem.
Abstract
This work aims to present a reflection on the importance of school and the role of teachers when faced with students
who have Attention Deficit/Hyperactivity Disorder (ADHD). Aiming at cognitive and social development,
educators need to be attentive to children's behavior, so observation and teaching attitudes are essential for the
development of students with ADHD. In view of the above, the method used to develop this work was
bibliographical research, allowing a more in-depth knowledge of the topic. The importance of educational work is
highlighted, verifying the benefits that these resources can bring to children's lives when they are in front of
teachers with adequate knowledge on the subject. In this way, students with ADHD, when receiving targeted work
based on appropriate methodologies, have a greater possibility of acquiring knowledge, improving their self-
esteem and, respectively, their academic performance. Therefore, for a better development of children with
ADHD, teacher training is essential, making it possible to identify and direct school work, helping to prepare the
student not only for the school day, but for their entire life.
Keywords: Hyperactivity. Development. Learning
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INTRODUÇÃO
Crianças que apresentam transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDHA)
apresentam um comportamento inapropriado em algumas situações, tais como a falta de atenção
e dificuldade de respeitar normas e limites. Consequentemente, acaba não conseguindo ser bem
aceito pelos colegas. Neste caso, a família não consegue entender a criança e acaba julgando-a
como desobediente, mas o que falta é a informação adequada. É neste contexto que os
professores e a escola se tornam fundamentais, pois, com formações adequadas, podem fazer
um trabalho de conscientização da família e ajudar a criança diante de algumas situações
conflitantes. Logo, pensando na criança com TDAH, em como melhor ajudá-la em sua jornada
escolar, nos questionamos sobre qual a importância do diálogo sobre o TDAH e suas relações
com a prática pedagógica?
Para responder essa questão, este trabalho tem como objetivo evidenciar a importância
da escola e como professores bem-preparados possibilitam um melhor desenvolvimento e
aprendizagem da criança, sendo essa relação essencial para o aprendizado do aluno.
Considerando a escola como local onde se desenvolve grande parte do aprendizado da criança,
os professores passam a ter um papel fundamental neste processo, pois possibilitam um melhor
desenvolvimento e aprendizagem da criança, sendo essa relação essencial para o aprendizado
do aluno, ou seja, se os professores atuarem de maneira adequada, podem agir como propulsor
no desenvolvimento de uma criança com TDAH. Por outro lado, se não for dada a devida
atenção, pode inibidor o desenvolvimento da criança. Dessa forma, para ter um resultado
positivo a instituição de ensino deve buscar estratégias no sentido de assegurar à criança o
direito a uma aprendizagem de qualidade.
Com o apoio dos professores e equipe pedagógica, a criança tem a possibilidade de um
melhor desenvolvimento, tanto cognitivo como social. Neste sentido, a Lei nº 14.254, de 30 de
novembro de 2021, assegura a formação continuada dos professores da Educação Básica, no
sentido de identificar/compreender os sintomas de alunos com TDAH, de modo que sejam
amenizados e, consequentemente, possibilite um melhor desenvolvimento (BRASIL, 2021).
Assim, o professor precisa ter o conhecimento necessário para identificar e ajudar essa criança
tanto em sala de aula quanto ao dialogar com os pais ou responsáveis, pois a escola tem um
papel fundamental para a socialização e desenvolvimento desses alunos. Em outras palavras,
conscientizar os professores e as famílias é compromisso em possibilitar à criança uma
preparação para a vida.
155
No que se refere a metodologia empregada, este trabalho corresponde a uma pesquisa
bibliográfica na perspectiva de uma abordagem qualitativa, ou seja, não se utiliza de uma
análise estatística como base do processo de pesquisa. De acordo com Gil (2002, pg. 44),
pesquisa bibliográfica desenvolvida com base em material elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos".
Diante do exposto, a pesquisa foi realizada entre os meses de junho e agosto de 2023.
Os descritores aplicados foram: alunos com TDAH; direito de alunos com TDAH; atuação do
professor com criança TDAH. O auxílio do material pesquisado norteou o desenvolvimento do
trabalho voltado aos alunos com TDAH, que visa proporcionar um pouco mais de conhecimento
e conscientização para os professores, sobretudo no que se refere aos direitos desses alunos
durante sua vida escolar.
ENTENDENDO O TDAH
No mundo em que vivemos, falar em dificuldade de aprendizagem se tornou um assunto
comum, como se fosse algo normal. Porém, em sala de aula é comum crianças que não
conseguem atingir o rendimento que os professores esperam, de modo que os problemas de
aprendizagem se tornam complexos. Tendo conhecimento sobre o TDAH, o professor pode
mudar seus métodos e procurar caminhos possíveis para um trabalho que apoie e ajude em seu
desenvolvimento.
É preciso entender a criança que apresente TDAH, reconhecê-la como única, procurar
ajudá-la em seu desenvolvimento, pois se o diagnóstico for feito no começo, à criança poderá
ser conduzida com mais naturalidade.
De acordo com Desiderio e Miyazaki (2007), na atualidade, crianças com
comportamento que caracterizam hiperatividade acima do esperado para sua idade, são
identificadas com TDAH. Suas principais manifestações é a impulsividade, desatenção,
hiperatividade e falta de interesse. Seus primeiros sintomas aparecem antes dos sete anos de
idade, sendo considerada um problema neurológico. Infelizmente, quando não diagnosticadas
adequadamente, muitas crianças acabam sendo criticadas e comparadas com outras crianças da
mesma idade e a família começa a considerá-los diferentes.
Sauvé (2009) destaca que:
Para a maioria das pessoas afetadas, esta disfunção cerebral prejudica o
desenvolvimento e igualmente a realização de atividades diárias incluindo o modo de
156
vida, as relações pessoais, a vida familiar, o rendimento escolar, a autonomia, a
capacidade de suprir as próprias necessidades assim como a adaptação às normas
sociais. (SAUVÉ, 2009, p. 13).
Contudo, Topczewski alerta para o fato de que a hiperatividade é um sintoma que não
tem definição aceita unanimemente, mas todos concordam que compromete de modo marcante
o comportamento do indivíduo, pois interfere nas suas relações sociais, familiares e no seu
trabalho (Topczewski, 2011, p.23).
Gómes e Terán (2009) explicam que a hiperatividade infantil para a pedagogia tem
relação com as deficiências, perspectivas e dificuldades para aprendizagem, estando
relacionada à falta de atenção e impulsividade, afetando a criança na área comportamental e na
área cognitiva. Os autores destacam ainda dificuldades de relacionamento com seus pares, baixa
alta estima e escassa tolerância à frustração, condutas agressivas e desafiadoras em alguns casos
e dificuldade em aceitar normas e limites. Ademais, a hiperatividade pode resultar em
debilidade motora na sua atividade, falhas na psicomotricidade, impulsividade e, dependente
do campo perspectivo, pode manifestar-se por meio de um pensamento irreflexivo devido ao
seu estilo cognitivo.
São comportamentos observáveis no TDAH (GÓMES, TERÁN, 2009):
Desatenção, ou seja, cometem erros por descuido e/ou não permanecem focados
durante as atividades, sejam tarefas, jogos ou brincadeiras educativas.
Consequentemente, não cumprem instruções, têm dificuldade de compreender e
organizar tarefas ou atividades, não gostam de atividades que exigem
concentração continuada, perdem facilmente os materiais escolares e esquecem
com frequência as atividades diárias;
Hiperatividade: levantam-se com frequência na sala de aula, têm dificuldade
para brincar, estão sempre em movimento e falam excessivamente;
Impulsividade: Respondem antes da pergunta ser terminada, têm dificuldade de
aguardar sua vez na fila e em jogos, interrompem e se intrometem nas atividades,
conversas e brincadeiras.
De acordo com as autoras Leal e Nogueira (2011), o TDAH é:
Um transtorno do comportamento que deve ser trabalhado com intervenções
específicas e, muitas vezes, medicamentosas. Outro fator de atenção é que, dentro do
que denominamos TDAH existe o déficit de atenção, um dos transtornos, a nosso ver,
mais preocupante, pois quando de sua descoberta, os prejuízos principalmente nas
157
habilidades cognitivas, se estenderam significativamente e ocasionaram sérios
comprometimentos no processo de aprendizagem (LEAL, NOGUEIRA, 2011, p.
114).
As autoras complementam:
O tipo misto, este possui características tanto na desatenção como de hiperatividade e
impulsividade; o que acaba caracterizando-o como tipo mais complexo do transtorno
de déficit de atenção e hiperatividade, o que interferirá significativamente no
comportamento e no aprendizado da criança ou do jovem acometido por tal tipo de
transtorno. O TDAH é, portanto, um transtorno reconhecido pela organização mundial
de saúde (OMS), sendo de origem genética, podendo a vir acompanhado ou não de
hiperatividade, tendo os sintomas de desatenção como um ponto central, assim como
a hiperatividade e impulsividade como resultado do comportamento os quais são
considerados como comportamentos negativos, pois podem originar desobediência,
problemas sociais e desorganização (LEAL e NOGUEIRA, 2011, p.118 e 119).
A partir do exposto, procuramos evidenciar as principais características de um estudante
com TDAH e as consequências no que se refere ao aprendizado, caso não seja identificado na
infância e tratado de maneira adequada.
ATUAÇÃO DO PROFESSOR COM A CRIANÇA PORTADORA DO TDAH
É durante o cotidiano escolar, que o professor observa o comportamento de seus alunos,
possibilitando identificar se as crianças apresentam comportamentos fora do normal em sua
rotina diária. Contudo, mesmo com a inclusão social nas escolas, alguns professores não se
sentem preparados para lidar com crianças que manifestam dificuldades e/ou comportamento
inadequado para sua respectiva faixa etária. Nesse contexto, Macedo (2002, p. 61) afirma que
por mais que um professor faça cursos e fundamente sua prática pedagógica, a tendência é
ficar dominado pelos problemas práticos e pelo dia a dia, difícil e envolvente, da sala de aula.
Logo, muitos professores ignoram e não atuam de maneira adequada para com a criança com
TDAH.
De acordo com Mendonça (2012), essas crianças precisam de um espaço organizado,
onde tenham uma rotina diária, do início ao fim da aula, estabelecendo uma rota organizada
para o aluno apropriar-se dos conteúdos. Considerar os conhecimentos prévios dos alunos,
buscar introduzir estratégias pedagógicas que supram a demanda desses alunos e utilizar na sua
prática diária, proporcionar novas oportunidades de aprendizagem. Desta maneira, o professor
precisa, além de sua formação inicial, comprometimento e empenho para sua função em sala
de aula. Da mesma forma:
[...] Manter uma rotina constante e previsível: uma criança TDAH requer um meio
estruturado que tenha regras claramente estabelecidas e que estabeleça limites ao seu
comportamento (pois ela tem dificuldades de gerar sozinha essa estruturação e esse
158
controle). Evite mudar horários o tempo todo, “trocar as regras do jogo” no que diz
respeito às avaliações (uma hora vale uma coisa, outra hora outra) (MATTOS, 2005,
p. 105).
Leal e Nogueira (2011) consideram, que nas escolas regulares, a inclusão de estudantes
com TDAH tem trazido questionamentos e muitas dúvidas, assim como para as próprias
famílias. Muitas vezes, os professores se deparam solitários em turmas heterogêneas e
numerosas, não sendo uma tarefa fácil a inclusão de crianças com TDAH. Neste sentido, nem
sempre as escolas estão preparadas para esse tipo de situação, pois se faz necessário adequar os
métodos e recursos para o atendimento destes alunos.
Para que seja possível amenizar os sintomas da criança com TDAH, os professores e
familiares devem estar atentos à determinados comportamentos, tais como desatenção e
agitação além do que seria esperado para a idade. O professor precisa ter cuidado para evitar
confundir hiperatividade com indisciplina, por isso precisa ter conhecimento necessário
(mesmo que não seja ele a fazer o diagnóstico) a ponto de encaminhar e direcionar a criança e
a família para que obtenha informações e ajuda de profissionais capacitados, tais como
neurologistas, psiquiatras, psicopedagogas, psicólogas entre outros.
A criança hiperativa pode dificultar o desenvolvimento de atividades lúdicas e coletivas,
onde se faz necessário maior atenção para acompanhar os professores. No cotidiano, esses
alunos demonstram dificuldade de ter autocontrole e de obedecer, por isso a dúvida em relação
à hiperatividade ou indisciplina. Muitas vezes, os professores (quando não familiarizados com
o TDAH) acabam por atribuir a culpa pelo comportamento à própria criança e se eximir de
culpa, não atuando em prol do seu desenvolvimento.
O professor tem o desafio de criar vias para que o aluno aprenda, levando em
consideração suas habilidades prévias, proporcionando oportunidades de aprendizagem. No
cotidiano da sala de aula, cada professor adota sua própria conduta e metodologia, baseando-se
nelas para desenvolver atividades educativas. Contudo, muitas vezes planejam suas aulas sem
levam em conta a presença de um aluno com TDAH na sala de aula. Nessa situação, é necessário
buscar procedimentos didáticos que consideram às dificuldades desse estudante e, assim,
aplicá-las em sua prática educacional.
De acordo com Rohde e Mattos (2003), o engajamento familiar e a troca de experiências
são relevantes para professores e equipe pedagógica, sendo este o ponto de partida para a
159
identificação e acompanhamento de uma criança TDAH. Isto tem implicações na programação
educacional, pois serve de orientação ao processo de ensino e aprendizagem.
Segundo Assis (2007):
Ao educador compete propiciar oportunidades para canalização da pulsão na forma
da sublimação. Para isso, pode lançar mão de estratégias variadas, de acordo com
interesse manifestado pelo aluno. Temos, para tanto, as brincadeiras, os esportes, a
música, a dança, o teatro, os contos e as fábulas, os contos de fada, a leitura, o desenho,
a pintura, a modelagem, a elaboração de textos, a pesquisa, os passeios, as amostras
de ciências e matemática e outros recursos que podem abrir novos horizontes para as
atividades da criança (ASSIS, 2007, p. 58).
Note que os professores possuem papel fundamental neste processo. Ignorar e não agir
em prol de estudantes com TDAH tende a tornar o ambiente escolar desgastante. O estudante
pode sentir-se excluído e, em muitos casos, sofrer bullying. Portanto, este é um tema de elevada
importância, sobretudo no ambiente escolar.
FALTA DE ATENÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR
De modo geral, a melhor escola é aquela que respeita as diferenças de cada aluno,
valoriza o desenvolvimento global do estudante, sua espontaneidade e criatividade. Segundo
Silva (2010, p. 93), vivemos um momento de luta pela igualdade de direitos e pela equiparação
de oportunidade para todos”. Contudo, sem o acompanhamento adequado, os alunos com
TDAH atrapalham o bom desenvolvimento da aula e dificultam a concentração dos outros
estudantes, pois são alunos inquietos, com pouca concentração. A aula é sempre interrompida
e dificilmente se atinge o objetivo almejado de acordo com o planejamento inicial. Assim,
muitas vezes, os professores se sentem frustrados por não conseguir trabalhar o conteúdo
adequadamente.
Existe uma série de fatores que podem dificultar o desenvolvimento das atividades em
sala de aula, contribuindo para um baixo desempenho acadêmico. Dentre eles, podemos citar
salas de aula superlotadas, equipes de ensino despreparadas, a defasagem na formação
profissional ou ainda o mecanismo do sistema educacional das instituições de ensino. O
professor, mesmo tendo formação e querendo resolver os problemas, nem sempre consegue.
Na atualidade, muitas escolas desconsideram as diferenças individuais e ainda ficam a desejar
quanto à diversidade, por serem pouco abertas e, muitas vezes, incapazes de adequar os recurso
e metodologias. Como consequência:
As dificuldades escolares podem ser determinantes de instabilidades emocionais,
formando um círculo vicioso. Essas crianças, quando percebem serem menos hábeis
160
que os colegas, por conta dos resultados negativos obtidos, passam a se sentir
incapazes; esse sentimento de incompetência as leva à sensação de fracasso e, com
isso, a autoestima torna-se muito baixa. Os estados emocionais, como ansiedade,
depressão, medos e insegurança, com certa frequência, interferem no bom
desempenho escolar. Essas alterações psicodinâmicas, geralmente, estão associadas
aos distúrbios da atenção e concentração que apresentam, como resultado, um
rendimento aquém do esperado para as possibilidades da criança (TOPCZEWSKI,
2011, p.87).
Por outro lado, se diagnosticado e acompanhado de maneira adequada, o
comportamento e a interação com os próprios colegas mudam consideravelmente. As atividades
em sala de aula passam a ser menos tumultuadas, os professores e alunos expressam suas ideias
com mais entusiasmo e respeito. Segundo Gómes e Terán (2009, p. 87), é importante estimular
adequadamente as relações entre os alunos, sobretudo as relações e cooperação e colaboração.
Assim, os professores precisam inovar, com atividades que mantenha as crianças motivadas.
As explicações precisam ser feitas de maneira gradativa e a utilização de diferentes recursos
metodológicos pode contribuir na manutenção do interesse dos alunos.
Como exemplo, podemos citar as Metodologias ativas que, segundo Bacich e Moran
(2018, p.04), “são estratégias de ensino centradas na participação efetiva dos estudantes na
construção do processo de aprendizagem”. Nesta perspectiva, a função do professor ganha outro
significado, pois auxilia e orienta seus alunos a adquirirem autonomia para pesquisarem e
perceberem o quanto estão aprendendo. Assim, o professor consegue descobrir seus interesses,
incentivando e motivando, desenvolvendo atividades criativas, com materiais escritos ou
usando a oralidade, vídeos, mas sempre de forma intencional, sempre mesclando as tarefas que
desafiem os alunos, incentivando o fazer, o construir e desenvolver com criatividade.
Assim, alunos com TDAH precisam que os professores estejam sempre próximo,
trabalhando regras e limites diariamente. Compreender as dificuldades e limitações dos
estudantes pode ajudar na identificação de quais estratégias devem ser adotadas para uma
melhor evolução no desempenho da aprendizagem.
Tendo em vista que cada criança tem suas especificidades, aprendem de diferentes
maneiras, ora com maior ou menor eficácia, Bacich e Moran (2018) reiteram que:
A combinação de tantos ambientes e possibilidades de troca, colaboração, coprodução
e compartilhamento entre pessoas com habilidades diferentes e objetivos comuns traz
inúmeras oportunidades de ampliar nossos horizontes, desenhar processos, projetos e
descobertas, construir soluções e produtos e mudar valores, atitudes e mentalidades
(BACICH, MORAN, 2018, pág. 8).
De acordo com Fernández (1991), para que o aprendizado ocorra de maneira adequada
se faz necessário uma relação entre professor e aprendiz, sendo algo indiscutível quando se fala
161
de metodologia de ensino e de processos de aprendizagem. Não o bastante, Leal e Nogueira
(2011, p. 30) reiteram a necessidade de pensar o desenvolvimento da educação (escola) ao
mesmo tempo em que se pensa o desenvolvimento do sujeito e da sociedade, pois são
interdependentes. Tais elementos apenas explicitam a importância e o cuidado necessário
quanto à temática. Segundo Silva (2010, p. 98):
Na inclusão escolar, acreditamos que o sistema educacional precisa ser reestruturado
para atender as necessidades dos alunos e, consequentemente, proporcionar meios
para que esses alunos alcancem progressos escolares e sucesso acadêmico. Com isso,
o problema deixa de estar centrado no aluno e se desloca para o sistema educacional
como um todo (SILVA, 2010, p. 98).
Diante do exposto e avaliando o atual contexto educacional brasileiro, a escola tem
papel fundamental para a socialização da criança com TDAH, pois esses alunos necessitam de
auxílio para superarem suas dificuldades, de modo que as diferenças de cada um sejam
respeitadas, para uma melhor adaptação e adequação no ambiente escolar.
DIREITOS DOS ESTUDANTES COM TDAH
De acordo com o Relatório de recomendação CONITEC (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2022), na população mundial, de 3% a 8% das crianças e adolescentes tem TDAH. em nosso
país estima-se algo entorno de dois milhões de adultos. O ponto positivo é que atualmente,
avanços têm sido observado resultando na garantia de direitos, em vários aspectos, às crianças
e adolescentes com TDAH. Na educação, em particular, está assegurado pela Lei nº 14.254, de
novembro de 2021 (BRASIL, 2021) à identificação precoce de possíveis sinais de TDAH em
alunos por parte dos educadores, a capacitação de profissionais da educação, além do tempo
adicional na resolução de provas.
Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (1999), os alunos com TDAH
têm o direito de ser avaliado de forma justa e adequado às suas necessidades, isso pode incluir
a disponibilidade de acomodações razoáveis durante as avaliações e adaptações no formato ou
no tempo de aplicação dos testes, além do direito de receber adaptações curriculares e
pedagógicas para atender às suas necessidades específicas. Isso pode incluir modificações na
forma como o conteúdo é apresentado, estratégias de ensino diferenciadas e uso de tecnologia
assistiva, direito a apoio educacional especializado, como recursos de educação especial,
serviços de suporte à aprendizagem e acompanhamento individualizado, quando necessário.
De acordo com Reis e Camargo (2008):
162
Para a superação das barreiras que oferecem obstáculos à aprendizagem, e visando à
formação de identidade dos alunos de forma mais humanitária, o trabalho dos
profissionais da área da educação precisa ser coletivo e estar articulado com políticas
sociais e econômicas, pois exigem mudanças profundas em atitudes, crenças e práticas
para assegurar que todos os alunos, sem qualquer discriminação, tenham as mesmas
oportunidades de aprendizagem e que possam desenvolver plenamente suas
capacidades (REIS, CAMARGO, 2008, p.99).
Diante do exposto, fica evidente que educar significa conscientizar, mostrar caminhos
possíveis para o aprendizado, ajudando os alunos a adquirirem o conhecimento necessário para
o seu desenvolvimento.
CONCLUSÕES
O TDAH se evidencia na criança no começo da fase escolar, se caracterizando pela falta
de atenção, impulsividade e hiperatividade. Portanto, se trata de um transtorno que requer
cuidados e mediações focadas em suas limitações. Entretanto, entender o aluno com TDAH,
nem sempre é fácil, mas é possível e necessário dentro da escola, principalmente nos anos
iniciais do Ensino Fundamental, idade em que as crianças precisam começar a concentrar-se no
desenvolvimento das atividades e aprender.
O surgimento de problemas e comportamentos inapropriados, muitas vezes faz com que
os professores se sintam frustrados e sem saber como direcionar suas aulas. Geralmente salas
de aula superlotadas, ansiedade e indisciplina, acabam prejudicando o trabalho dos professores.
Assim, algumas adaptações se fazem necessárias, tais como atribuir aos alunos com TDAH
lugares próximos a lousa e os professores, trabalhar regras direitos assegurados pela Lei, entre
outros.
Baseado nesta pesquisa, entende-se que o aluno com TDAH, em período escolar,
demanda de apoio e compreensão. Contudo, nem sempre os professores estão preparados para
trabalhar com esses alunos. Dessa forma, é imprescindível a mudança de postura da escola e
dos professores, mediante capacitações para propiciar um trabalho em que possam auxiliar os
alunos com TDAH a se desenvolverem.
De acordo com Sauvé (2009, p.88), seguir a evolução da criança em sala de aula bem
de perto permite modificar a abordagem conforme a necessidade”. Logo, os professores na
atualidade devem ter conhecimento para perceber as atitudes dos alunos, muitas vezes
chamados de indisciplinados, que não conseguem seguir regras ou que apresentam dificuldades
de entender conteúdos, resultando em uma defasagem de conhecimento. Esses alunos precisam
163
de um olhar diferenciado, acompanhamento especializado, avaliados e diagnosticados para que
possam receber a ajuda de uma equipe interdisciplinar, contribuindo, juntos com metodologias
diferenciadas em sala de aula, visando um desenvolvimento cognitivo e social, não somente de
inclusão, mas também de respeitar suas diferenças e limitações.
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