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ARTIGO ORIGINAL
Aceito em: 16/01/2024 Publicado em: 15/04/2024
EXPERIENCE REPORT OF THE PEDAGOGICAL RESIDENCY PROGRAM
(PRP): ITS IMPORTANCE IN THE TRAINING OF FUTURE BIOLOGY
TEACHERS
Abstract
This study emphasizes the challenges faced in the academic training of teachers, the obstacles of the
Supervised Internship, and the relevance of the Pedagogical Residency Program (PRP) in preparing future
educators, with an emphasis on Biology teaching. Through a descriptive report based on the experiences
of a resident, the study explores the experiences, the tools used, and the results achieved during the Biology
Residency. The participant was a PRP scholarship holder from the Biological Sciences Degree Course at
the State University of Rio Grande do Norte (UERN), carried out at the State School Professor José Freitas
Nobre, Mossoró, Rio Grande do Norte. The results highlight the challenges overcome, the pedagogical
strategies adopted, and the positive receptivity of the students to the proposed activities. The conclusion
highlights the significant contribution of the PRP in the training of educators, promoting an integration
between theoretical and practical knowledge, as well as preparing them for the challenges of the teaching
profession.
Keywords: Internship. Degree. Teaching Science.
RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROGRAMA DE RESIDÊNCIA
PEDAGÓGICA (PRP): SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO DE FUTUROS
PROFESSORES DE BIOLOGIA
Marcelo Henrique Torres de Medeiros
Universidade Federal Rural do Semi-Árido
UFERSA
henriquemarcelo11531@gmail.com
Resumo
Este estudo enfatiza os desafios enfrentados na formação
acadêmica dos professores, os obstáculos do Estágio
Supervisionado e a relevância do Programa de Residência
Pedagógica (PRP) na preparação de futuros educadores,
com ênfase no ensino de Biologia. Através de um relato
descritivo fundamentado nas experiências de um residente,
o estudo explora as vivências, as ferramentas empregadas
e os resultados alcançados durante a Residência em
Biologia. O participante foi um bolsista do PRP do Curso
de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade
Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), realizado na
Escola Estadual Professor José Freitas Nobre, Mossoró,
Rio Grande do Norte. Os resultados salientam os desafios
superados, as estratégias pedagógicas adotadas e a
receptividade positiva dos alunos às atividades propostas.
A conclusão destaca a contribuição significativa do PRP
na formação dos educadores, promovendo uma integração
entre conhecimentos teóricos e práticos, além de prepará-
los para os desafios da profissão docente.
Palavras-chave: Estágio. Licenciatura. Ensinar Ciência
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1. INTRODUÇÃO
O Estágio Supervisionado é uma etapa fundamental nos cursos de Licenciatura,
desempenhando um papel crucial na formação de futuros educadores. Conforme estipulado
pelo Artigo 61 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Brasil,1996), essa experiência é uma
exigência e envolve a realização de atividades práticas pré-profissionais em cenários reais de
trabalho. Essa vivência vai além de um mero complemento à formação acadêmica, pois oferece
aos estudantes a chance de aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos em situações práticas,
preparando-os de maneira eficiente para os desafios inerentes à carreira docente.
Ao longo da formação acadêmica, muitos licenciados se deparam com o dilema de
seguir ou não a carreira docente, além de ponderar sobre suas expectativas para o futuro.
Conforme Oliveira (2020), o início da carreira docente é um período repleto de desafios,
angústias, medos e expectativas. Esta fase crítica na construção da carreira educacional possui
suas peculiaridades, onde se moldam as principais características da identidade e do estilo que
irão definir o profissional. É um período de transição carregado de emoções, descobertas,
aprendizados e adaptações, onde as reações dos docentes podem ser determinantes para sua
permanência ou desistência na carreira.
Corte e Lemke (2015) argumentam que o desenvolvimento profissional dos professores
é um processo que envolve a compreensão das situações concretas que ocorrem nos contextos
escolares onde eles atuarão. Segundo os autores, um dos elementos mais importantes dessa
formação é, sem dúvida, o momento do estágio. Com base nessas expectativas, o estágio
supervisionado no ensino de biologia desempenha um papel fundamental na formação e
consolidação da identidade profissional dos futuros licenciados em ciências biológicas. Esta
experiência prática não proporciona uma valiosa vivência no campo educacional, mas
também oferece aos licenciando a oportunidade de aprimorar suas habilidades docentes,
contribuindo assim para o desenvolvimento contínuo de sua identidade profissional.
Nesse cenário, a experiência do estudante pode ser consideravelmente ampliada ao se
envolver em atividades além do estágio obrigatório. Entre essas atividades, destaca-se o
Programa de Residência Pedagógica (PRP) da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de
Nível Superior. Essas oportunidades permitem uma transição mais suave para o papel de
educador e estimulam o interesse pela área da educação. Assim, o estudante não apenas se
adapta de maneira mais efetiva ao papel de educador, mas também pode descobrir um
entusiasmo pela docência e escolher seguir uma carreira nesse campo, conforme discutido por
Day (2006).
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professores de biologia
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O objetivo deste estudo é relatar os desafios do Estágio Supervisionado e a importância
do Programa de Residência Pedagógica (PRP) na formação de futuros educadores. É descrito
as experiências práticas que podem enriquecer a formação acadêmica dos estudantes,
permitindo-lhes aplicar conhecimentos teóricos em situações reais de trabalho e prepará-los
eficientemente para os desafios da carreira docente.
1.1 Desenvolvimento
1.1.1 Programa de residência pedagógica (PRP)
O Programa de Residência Pedagógica (PRP) é uma iniciativa significativa que se alinha
à Política Nacional de Formação de Professores do Ministério da Educação (MEC) do Brasil.
Seu principal objetivo é aprimorar a formação prática nos cursos de licenciatura, estabelecendo
uma conexão vital entre a educação básica e o ensino superior. A partir da segunda metade do
curso, o PRP oferece aos licenciandos uma imersão nas escolas de educação básica públicas
para a prática pedagógica (Capes, 2018).
Financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), a iniciativa tem a missão de impulsionar projetos institucionais de residência
pedagógica implementados por Instituições de Ensino Superior. Portanto, é um recurso
indispensável para a melhoria contínua da qualidade da educação no Brasil.
Este programa desempenha um papel fundamental na pratica, adaptação melhoria, e
fortalecimento do profissional da educação básica, proporcionando uma formação teórico-
prática essencial para os estudantes de licenciatura. A implementação do programa requer a
participação ativa de vários atores no cenário educacional. Isso inclui alunos de graduação, que
podem ser bolsistas ou voluntários, professores da educação básica, conhecidos como
Preceptores, e docentes do ensino superior, que atuam como coordenadores. Todos esses
participantes desempenham um papel crucial para o sucesso dessa inciativa educacional.
1.1.2 PRP e ensino de biologia no ensino médio
Seixa et al. (2017) ressaltam o papel vital dos professores na melhoria da qualidade da
educação, contribuindo com seu conhecimento, valores e experiências. Os autores defendem
que a construção do conhecimento se inicia durante a formação acadêmica, quando o professor
desenvolve o hábito de refletir sobre sua própria formação. Isso não se restringe apenas ao
aprendizado em sala de aula, mas também engloba o conhecimento adquirido por meio de
pesquisas, leituras, discussões e participações em eventos. Nesse cenário, os autores sugerem
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que a formação acadêmica é o momento em que o professor começa a formar seu repertório de
conhecimentos, que será utilizado ao longo de sua carreira profissional.
Isso implica a necessidade de um aprimoramento constante, dado que o conhecimento
e as práticas pedagógicas estão sempre evoluindo. Assim, a prática e a residência pedagógica
se tornam ferramentas importantes para o formador no ensino de ciências e biologia, assim o
docente necessita ter a habilidade de organizar e transmitir conhecimento através de uma ação
teórico-prática, ou seja, ligar a fundamentação teórica à ação. Portanto, o professor não deve
ser apenas um mero transmissor de conteúdos, mas um mediador que propõe ao seu aluno a
reconstrução dos saberes. As competências, então, passam a direcionar o trabalho docente e
devem ser priorizadas para melhores resultados (Canan, 2012).
A Biologia é uma disciplina fundamental nas escolas brasileiras, pois visa desenvolver
a compreensão dos alunos sobre os seres vivos, incluindo humanos e animais, além do
funcionamento dos ecossistemas. No entanto, a educação científica de qualidade no país ainda
enfrenta muitos desafios. Pesquisas têm destacado que um dos principais problemas na
educação é a limitação na preparação adequada dos professores de licenciatura. Esta limitação
compromete a qualidade do ensino (Carvalho & Gil-Peres, 1993; Pórlan e Toscano, 1994;
Schenetzler, 2000).
Muitas escolas enfrentam desafios na educação em biologia, incluindo a falta de acesso
a materiais didáticos de qualidade e laboratórios bem equipados. Essa escassez dificulta a
realização de experimentos e atividades práticas, elementos cruciais para um aprendizado
eficaz. Além disso, a ciência está em constante evolução, exigindo que os professores de
biologia se atualizem continuamente para transmitir as informações mais recentes aos alunos.
Os conceitos biológicos, por sua natureza complexa, são frequentemente fontes de
dificuldades para os alunos. Isso sugere que os professores devem buscar abordagens
inovadoras e adaptadas aos interesses dos alunos para superar essas dificuldades. A
inadequação na explicação de conceitos, o tempo limitado para exposição, a dificuldade em
lidar com dúvidas dos alunos, a pouca preparação e a falta atividades práticas são fatores que
contribuem para a má compreensão.
Portanto, é essencial que os professores utilizem materiais didáticos interessantes e
relevantes para promover a aprendizagem significativa e reduzir as dificuldades de
aprendizagem. A integração de atividades práticas e experimentos no currículo pode ajudar a
superar a falta de recursos em muitas escolas e aprimorar a compreensão dos alunos sobre
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conceitos biológicos. Além disso, os professores devem se esforçar para se manter atualizados
sobre os avanços recentes em biologia, para que possam transmitir informações precisas e atuais
aos seus alunos.
Araújo e Pedrosa (2014) discutem a complexidade do ensino de ciências e biologia,
destacando que os conceitos biológicos podem ser desafiadores para os alunos. Isso ressalta a
necessidade de os professores adotarem abordagens inovadoras e adaptadas aos interesses dos
alunos. A compreensão inadequada desses conceitos muitas vezes decorre de explicações
insuficientes, tempo limitado para exposição, dificuldade em responder às dúvidas dos alunos
e falta de atividades práticas. A experiência prática em sala de aula é fundamental para entender
as melhorias que podem ser realizadas, preparando o futuro profissional para o ensino.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Este é um relato descritivo baseado nas experiências de um residente, abordando suas
vivências, ferramentas utilizadas e outros elementos relacionados à Residência em Biologia. O
estudo foi conduzido por um bolsista do Programa de Residência Pedagógica (PRP) do Curso
de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte
(UERN). O local específico da pesquisa foi a Faculdade de Ciências Exatas e Naturais
(FANAT), localizada em Mossoró, Rio Grande do Norte, durante o período de 2022 a 2023.
A participação do bolsista se deu no módulo do RESPED, realizado em 2022. A carga
horária total foi de 138 horas, divididas em 38 horas de Ambientação da Gestão Escolar, 48
horas de atividades escolares, 12 horas de Planejamento da Regência e 40 horas de Regência
em Sala de Aula. A instituição escolhida para a realização das atividades foi a Escola Estadual
Professor José Freitas Nobre.
As primeiras aulas de Biologia no ensino médio na Escola Estadual Professor José de
Freitas Nobre começaram em 14 de março de 2022, com introdução ao estudo dos microscópios
A sala de aula conta com aproximadamente 37 alunos.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O retorno às atividades presenciais no módulo 3 enfrentou desafios, principalmente
devido à transição do ensino remoto para o presencial, influenciada pela pandemia de COVID-
19. Inicialmente, a retomada foi suspensa pelo estado, e quando finalmente ocorreu em
fevereiro de 2022, coincidiu com uma greve dos professores das escolas estaduais envolvidas
no programa.
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Diante desses desafios, novos planejamentos foram propostos para atender à carga
horária exigida. A jornada pedagógica no mês de fevereiro das escolas estaduais de Mossoró-
RN ocorreu de forma remota, incluindo palestras sobre ensino, inclusão, desafios da educação
potiguar e outras discussões relevantes para as práticas docentes. Essa jornada, promovida pela
12ª DIREC de Mossoró.
Assim, com a possibilidade do início das aulas em formato presencial, o primeiro
contato com a escola e aulas ocorreu através da familiarização com o ambiente escolar e da
observação da estrutura desse ambiente.
Conforme relatado por Noronha e Abreu (2020), em suas experiências participando de
programas formativos na educação, eles destacam as dificuldades encontradas na docência em
escolas públicas. Os autores detalham suas experiências de familiarização com o ambiente
escolar, que engloba a observação do contexto social da comunidade onde a escola está inserida,
bem como as relações entre a escola, a comunidade, os professores e os alunos. Contudo, eles
enfrentaram desafios significativos, principalmente no início, ao tentar se aproximar dos alunos,
gerenciar a sala de aula, planejar as aulas, motivar os alunos e lidar com a resistência de alguns
professores à presença de bolsistas nas salas de aula.
Dessa forma, um dos principais desafios enfrentados pelos licenciandos, conforme
discutido em experiências de aulas e artigos durante o processo acadêmico, é o medo de não
serem capazes de ministrar uma aula e de como se comportarão diante dos alunos. Este é um
problema frequentemente abordado no projeto PRP, que oferece fundamentos educacionais
para ajudar a superar essa questão.
Em resposta a esse desafio, foram implementadas várias estratégias pedagógicas em
aulas. Na primeira aula em 14 de março de 2022, o conteúdo teórico foi abordado em um
período de 4 horas-aula, complementado com vídeos didáticos que exploravam a história dos
microscópios. Após a exposição do conteúdo, os alunos foram envolvidos em um jogo de
perguntas formatado em slides (Figura 1). Os estudantes foram organizados em grupos e
tiveram um tempo pré-determinado para responder às questões. No entanto, devido à falta de
acesso à internet na escola, não foi possível utilizar outras ferramentas. Mesmo assim, nessa
primeira interação, notou-se uma participação ativa dos alunos nas respostas, indicando que
essa abordagem dinâmica contribuiu para a consolidação do conteúdo aprendido.
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Figura 1 Jogos de perguntas sobre a temática trabalhada
Antes da implementação desta metodologia, a participação dos alunos no processo
pedagógico era limitada. Com a introdução de uma variedade de atividades, observou-se um
aumento na participação dos alunos e uma melhor fixação do conteúdo. Outras ferramentas,
como mapas mentais e a metodologia de sala de aula invertida, também foram utilizadas durante
as aulas, demonstrando a eficácia dessas estratégias na superação dos desafios iniciais
enfrentados pelos alunos.
Atualmente, a tecnologia e novas metodologias estão cada vez mais presentes para
serem utilizadas em sala de aula. Segundo Elias e Gonçalo (2020), a educação formal pode ser
cansativa para muitos estudantes, pois ocorre em diversos ambientes. Uma alternativa a essa
situação é a sala de aula invertida, uma metodologia de ensino que se caracteriza por permitir
que os alunos estudem o conteúdo em casa, geralmente por meio de vídeos ou materiais online.
O tempo em sala de aula é então utilizado para atividades práticas, discussões e esclarecimento
de dúvidas. Essa abordagem transforma a sala de aula em um ambiente mais dinâmico e
interativo. A metodologia dos autores envolveu três etapas: introdução, aplicação em sala de
aula e avaliação por meio de um questionário.
Os resultados indicaram que a Sala de Aula Invertida aumentou a interação aluno-aluno
e professor-aluno, tornando as aulas mais participativas. Os alunos destacaram pontos positivos,
como maior participação e dinamismo, mas também apontaram limitações, como a resistência
à mudança e a necessidade de acesso à internet. Em geral, a metodologia foi considerada eficaz
na promoção da interatividade, mas enfrentou desafios relacionados à adaptação dos alunos ao
novo modelo.
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Potencializar a interação entre professor e aluno é uma tática efetiva para aprimorar a
convivência em sala de aula e dinamizar o processo de ensino. O estudo de Aquino (1996)
investiga múltiplas perspectivas sobre a relação professor-aluno, considerando variados níveis
e contextos institucionais. Aquino argumenta que a qualidade dessa relação pode influenciar
diretamente o desempenho acadêmico do aluno e a eficácia do ensino. Ele explora diferentes
aspectos dessa relação, incluindo a comunicação, o respeito mútuo e a compreensão das
necessidades individuais do aluno. Aquino sugere que uma interação positiva e produtiva entre
professor e aluno pode melhorar a experiência de aprendizado do aluno, aumentar a motivação
e promover um ambiente de sala de aula mais cooperativo e harmonioso. Portanto, aumentar
essa interação é uma estratégia eficaz para melhorar a convivência em sala de aula e tornar o
ensino mais dinâmico.
Ao mês de abril, com o passar do bimestre, a interação entre professor e aluno tornou-
se mais harmônica e mais respeitosa. Apesar das dificuldades iniciais devido à pouca
experiência em sala de aula, os conteúdos como bases moleculares se tornaram atrativos para
os alunos e participarem mais das aulas. Durante a aplicação de testes, foi possível notar um
aumento nas notas em relação aos períodos anteriores, indicando uma melhora no desempenho
dos alunos.
No mesmo mês de abril, ocorreu o II Seminário Institucional de Avaliações dos
Programas Formativos PIBID e RESPED da UERN. No primeiro dia, houve apresentação de
diversos projetos em várias licenciaturas. No segundo dia, foram organizadas salas temáticas,
onde estavam presentes estudantes de biologia, discutindo temas que variavam desde
ferramentas educativas utilizadas no ensino remoto, uso de metodologias ativas, elaboração de
site como ferramenta de apoio, até relatos sobre as sequelas deixadas pelo ensino remoto no
processo de ensino e aprendizagem.
Ao aproximar-se do final do bimestre e com a iminência das provas, foram abordados
temas relacionados à célula, tanto em aspectos humanos quanto vegetais. Após a explanação e
encerramento dos tópicos, os alunos participaram ativamente da construção de mapas mentais
no quadro, visando resumir e consolidar o conteúdo, alunos que não eram participativos em
aulas participaram da iniciativa. Além disso, foram conduzidos testes e atividades
participativas, destacando-se o segundo teste, realizado em formato de questões discursivas.
Foi observada uma boa média de desempenho e relatos dos alunos indicando que os mapas
mentais foram úteis na revisão dos conteúdos.
No estudo de Alves et.al (2022), é destacada a receptividade positiva dos estudantes em
relação aos residentes. O estudo sugere que a participação no programa proporcionou aos
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estudantes experiências enriquecedoras, incentivando a melhoria de suas habilidades de ensino.
Ao identificar lacunas nos métodos de ensino e as barreiras a serem superadas durante a prática,
os autores destacam a importância do programa na reflexão sobre estratégias para aprimorar a
prática docente.
Além disso, a habilidade dos residentes em criar atividades e exercícios é ressaltada
como uma competência valiosa, sendo um aspecto positivo para a formação do residente como
futuro docente e servindo como treinamento para o exercício futuro do ensino
Seixa et.al (2017) discutem a natureza do conhecimento científico, descrevendo-o como
um processo cultural, dinâmico e construído a partir de situações-problema, o professor é um
mediador/orientador, que guia os alunos na construção do conhecimento científico a partir de
sua própria percepção e entendimento. O ensino é também um processo de aprendizagem para
o professor. Por fim, os autores reconhecem os desafios diários enfrentados pelo professor de
ciências e biologia e destacam a necessidade de qualificação contínua para enfrentar as
demandas escolares em um contexto de mudanças rápidas e contínuas. Desse modo, o PRP se
destaca como uma forma importante para qualificação profissional e seguimento na área da
licenciatura.
Alves et. al (2022), destacam que a residência pedagógica possibilita uma maior
integração entre os conhecimentos pedagógicos teóricos e a prática em sala de aula. O programa
oferece experiências positivas na preparação de aulas e atividades, além de proporcionar um
contato direto e significativo com os estudantes. Ressaltam a contribuição extremamente
positiva da residência para a formação dos estudantes e dos docentes.
4. CONCLUSÃO
Nesse contexto, ressalta-se a significativa contribuição do Programa de Residência
Pedagógica (PRP) na formação de educadores, com uma atenção especial voltada para o ensino
de biologia. O Estágio Supervisionado, reconhecido como uma etapa crucial na jornada dos
licenciandos, oferece a oportunidade única de aplicar conceitos teóricos em ambientes reais de
ensino, marcando o início da complexa carreira docente, repleta de desafios e expectativas.
É crucial sublinhar que o desenvolvimento profissional dos professores, especialmente
na área de ciências e biologia, está intrinsecamente ligado à experiência do estágio. O PRP,
alinhado à Política Nacional de Formação de Professores, destaca-se como uma iniciativa
indispensável para aprimorar a formação prática dos futuros licenciandos, oferecendo uma
ponte essencial entre a teoria acadêmica e a prática pedagógica.
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Ao proporcionar uma imersão prática nas escolas de educação básica, o programa
enfrenta diretamente esses desafios, contribuindo para a conexão vital entre teoria e prática. A
narrativa do relato de experiência destaca a resiliência necessária para superar desafios durante
a implementação do PRP, desde a transição do ensino remoto para o presencial até a adaptação
dinâmica à sala de aula.
A análise dos resultados destaca a importância da interação professor-aluno,
evidenciando estratégias inovadoras, como jogos de perguntas e mapas mentais, que se
revelaram cruciais para uma aprendizagem significativa. Além disso, a participação em
atividades além do estágio obrigatório, como o PRP, enriquece a experiência do estudante,
estimulando o interesse pela educação e desempenhando um papel fundamental no
desenvolvimento contínuo da identidade profissional.
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