Arquivos do Mudi, v. 28, n. 1, p. 45-61, ano 2024
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ARTIGO ORIGINAL
Aceito em: 30/01/2024 Publicado em: 15/04/2024
KNOWLEDGE OF HEALTH GRADUATES FROM THE STATE UNIVERSITY
OF MARINGÁ ABOUT THE IMPACT OF SANITARY PADS ON THE
ENVIRONMENT
Abstract
This study investigated the knowledge of health students at the State University of Maringá (UEM) about
ecological alternatives and the environmental impact of disposable pads. An online questionnaire was used
and the analysis involved quantitative and qualitative approaches. Results revealed that the majority think
it is important to discuss menstruation, methods and disposal of sanitary pads. However, this contrasts with
the lack of inclusion of these topics in the curriculum. More than 80% of participants were unaware of the
decomposition time of disposable pads. Regarding ecological options, many were aware of these
alternatives. It was found that the majority still use disposable pads, although they are interested in
ecological methods. The price was important when purchasing pads, affecting the family income of some
participants. It was concluded that health students at UEM have gaps in their knowledge of the
environmental impact of disposable pads, despite being aware of ecological options, which is promising,
considering their future in assisting the population.
Keywords: Education. Ecological Absorbents. SDG.
CONHECIMENTO DE GRADUANDOS DA SAÚDE DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE MARINGÁ SOBRE O IMPACTO DOS ABSORVENTES NO
MEIO AMBIENTE
Isadora Laguila Altoé
Universidade Estadual de Maringá
UEM
isadoralaltoe@gmail.com
Sônia Trannin de Mello
Universidade Estadual de Maringá
UEM
stmello@uem.br
Resumo
Este estudo investigou o conhecimento dos alunos de cursos da área
da saúde da Universidade Estadual de Maringá (UEM) sobre
alternativas ecológicas e impacto ambiental dos absorventes.
Utilizou-se um questionário online e a análise envolveu abordagens
quantitativas e qualitativas. Resultados revelaram que a maioria
acha importante discutir menstruação, métodos e descarte de
absorventes. Porém, isso contrasta com a falta de inclusão desses
tópicos na grade curricular. Mais de 80% dos participantes
desconheciam o tempo de decomposição dos absorventes
descartáveis. Sobre as opções ecológicas, muitos conheciam essas
alternativas. Constatou-se que a maioria ainda usa absorventes
descartáveis, embora tenham interesse nos métodos ecológicos. O
preço foi importante na compra de absorventes, afetando a renda
familiar de alguns participantes. Concluiu-se que os alunos dos
cursos de graduação na área da saúde da UEM têm lacunas no
conhecimento sobre o impacto ambiental dos absorventes
descartáveis, apesar de estarem cientes das opções ecológicas, o que
é promissor, considerando seu futuro na assistência à população.
Palavras-chave: Educação. Absorventes Ecológicos. ODS.
Conhecimento de graduandos da saúde da Universidade Estadual de Maringá sobre o impacto dos absorventes
no meio ambiente
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1. INTRODUÇÃO
O termo pobreza menstrual engloba, além das consequências para saúde e qualidade de
vida das pessoas que menstruam, a falta de informações sobre as opções de absorventes
disponíveis para venda e o impacto do descarte no meio ambiente (ROSSOUW e ROSS, 2021;
TIAKI, 2020). CRICHTON et al. (2013) e COUSINS (2020) reforçam que "pobreza menstrual"
pode ser conceituada como a combinação de múltiplas privações, práticas e psicossociais,
experimentadas por pessoas que menstruam e vivem em ambientes com poucos recursos,
ressaltando-se que além das consequências para saúde e qualidade de vida das crianças e
adolescentes, a falta de explicações sobre a destinação de absorventes higiênicos pode se tornar
um problema ambiental.
Produtos de higiene íntima como os absorventes, são primordiais, que previnem
doenças, proporcionam bem-estar, fortalecem a autoestima e promovem inserção social. Sendo
item indispensável, devem fazer parte das prateleiras das residências não somente em relação à
saúde, como também ao bem-estar e segurança (SILVA, 2018).
Segundo dados da Associação Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos
(ABIHPEC, 2018) o consumo de absorventes higiênicos fica em torno de 4 bilhões, sendo que
uma mulher usa durante a vida, em média, 10 mil unidades, com 20 unidades por ciclo, gastando
por volta de R$6.000,00. O impacto ambiental dos absorventes torna-se ainda mais evidente
quando observado o seu tempo de decomposição na natureza: mais de 400 anos, visto que a
maioria dos seus componentes são plásticos. Ademais, uma única pessoa, durante toda a sua
vida, pode produzir aproximadamente 200 kg de lixo somente utilizando absorventes
descartáveis (PÊGO e LUPPI, 2021).
Esses instrumentos de retenção do fluxo menstrual são normalmente descartados em
lixões e aterros sanitários até se decomporem, que no Brasil não programas de reciclagem
para esse tipo de material. Dessa forma, os milhares de absorventes descartáveis se acumulam
e contaminam ainda mais o ambiente por conta dos seus aditivos químicos (CABRAL, 2019).
Considerando-se o valor de mercado dos absorventes, é necessário observar a tributação
que este sofre. No Brasil, o imposto cobrado sobre esse item essencial para a saúde feminina é
em média 34,48% (Impostômetro, 2021), tornando-o um dos países que mais tributam produtos
de higiene menstrual no mundo. Outros países como Quênia, Canadá, Austrália e Índia não
taxam absorventes, tornando o acesso à eles mais democrático (SOUSA, 2021).
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PEREIRA (2019) refere que o mercado tem apresentado opções mais ecológicas como
o coletor menstrual, absorvente de pano, calcinha de pano, esponja menstrual, entre outros.
Porém, apesar de esses métodos alternativos serem ecológicos e mais econômicos, o blico
tem alguns tabus para serem desvendados pelo hábito, consumo e pesquisa.
CABRAL (2019) salienta que apesar do surgimento dos absorventes descartáveis ter
sido transformador para as pessoas que menstruam, elas não devem se prender à sua praticidade
e esquecer dos danos que eles trazem ao meio ambiente, principalmente com os avanços
tecnológicos disponíveis atualmente que permitem meios mais sustentáveis.
O consumo sustentável tem como norteador o respeito socioambiental visando atender
não somente as necessidades imediatas, mas principalmente das gerações futuras (LEITE,
2017). Contudo, existem diversos níveis de consciência do consumidor onde a heterogeneidade
de práticas varia de acordo com os diferentes graus de interiorização dos valores: indiferentes,
iniciantes, engajados e conscientes (INSTITUTO AKATU, 2017).
Apesar da crescente adesão, se tem pouco conhecimento sobre consumo por esses
novos métodos de absorção menstrual. Isso se dá devido a uma carência de estudos específicos
sobre seu comportamento de compra, estratégias de marketing para esses produtos e a forma de
abordagem (PEREIRA, 2019).
Dentro desse contexto, a presente pesquisa apresenta o seguinte questionamento: “Qual
o conhecimento dos alunos dos cursos de graduação da área da saúde da Universidade Estadual
de Maringá sobre as alternativas ecológicas, consumo e descarte consciente de absorventes?”
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Para atender ao objetivo do estudo, foi realizado um estudo transversal, descritivo-
exploratório, com análise quantitativa e qualitativa dos dados coletados. O campo da pesquisa
abrangeu alunos, de ambos os sexos, matriculados nos cursos de graduação da área da saúde da
Universidade Estadual de Maringá (UEM), no campus da cidade de Maringá-PR.
O instrumento de coleta de dados foi um questionário estruturado submetido através do
Google Forms®, o qual foi elaborado pela equipe de pesquisa. A coleta de dados somente teve
início após aprovação do Comitê Permanente de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos
(Parecer de Aprovação 5.553.409) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), sob a
Norma Operacional CNS 001 de 2013, item 3.4.1.9. O questionário continha o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), para que os participantes pudessem, após leitura,
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aceitá-lo a fim de confirmar sua participação na pesquisa. Foi veiculado através de mídias
sociais no estilo bola de neve, sendo o formulário enviado duas vezes a cada mês.
O formulário era composto de 2 partes: a primeira consistia em 28 questões, em que
indivíduos de todos os sexos poderiam responder; e a segunda, em 27 afirmativas, na qual
somente pessoas que menstruavam continuavam respondendo.
Como critérios de inclusão, foi estabelecido que os estudantes deveriam ter 18 anos ou
mais e estarem matriculados regularmente nos cursos da área da saúde da UEM. Quanto aos
critérios de exclusão, não poderiam participar do estudo alunos de outros cursos de graduação
ou pós-graduação.
O questionário permaneceu aberto para respostas no período de 6 de setembro de 2022
a 31 de dezembro de 2022. Após esse período, a plataforma não aceitava mais respostas e
somente as pesquisadoras tiveram acesso às respostas dos participantes.
Por fim, os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e não paramétrica
(Qui-Quadrado), por meio do Programa Estatístico SPSS® e apresentados de forma descritiva
e em tabelas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Primeira parte: todos os participantes respondiam
De acordo com o relatório SAR115, encaminhado pela Diretoria de Assuntos
Acadêmicos (DAA) da Universidade Estadual de Maringá, durante o período da pesquisa,
estavam matriculados em cursos da área da saúde um total de 1970 alunos. Desses, 481 eram
de Educação Física, 396 eram de Psicologia, 312 eram de Farmácia, 247 eram de Medicina,
201 eram de Odontologia, 173 eram de Enfermagem e 160 eram de Biomedicina.
A população amostral do estudo foi composta por 209 universitários, regularmente
matriculados nos cursos de graduação da área da saúde oferecido pela UEM (51 de Medicina,
47 de Psicologia, 31 de Enfermagem, 27 de Farmácia, 20 de Educação Física, 20 de
Odontologia e 13 de Biomedicina). A normalidade dos dados foi avaliada por meio do teste de
Shapiro-Wilk. O resultado demonstrou que a variável "cursos da área da saúde" não apresenta
normalidade (S-W (5) = 0.883, p < 0.05).
Quanto à distribuição dos alunos por ano, a maior participação foi de acadêmicos do
primeiro ano, seguido pelos do segundo ano (Tabela 1).
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Tabela 1 Distribuição dos participantes do estudo, de acordo com o ano e curso. (N=209)
1º ano
2º ano
3º ano
4º ano
6º ano
Medicina
27
15
6
2
1
0
Psicologia
28
7
9
2
1
-
Enfermagem
12
15
4
0
-
-
Farmácia
14
1
2
5
5
-
Educação Física
16
3
1
0
-
-
Odontologia
8
8
2
2
-
-
Biomedicina
8
5
0
0
-
-
TOTAL
113
54
24
11
0
Dentre os participantes, 164 eram do gênero feminino, 39 eram do gênero masculino, 1
se identificava como agênero, 1 se identificava como não-binário, 1 se identificava como
feminino e masculino e outros 3 marcaram a opção outro, mas sem especificar. Além disso,
dentre os 209 estudantes, 4 deles eram transgênero e 1 preferiu não responder.
A média de idade foi de 20,39 anos (mínimo de 18 anos e máximo de 57 anos).
Declararam-se de cor branca 145 (69,37%) participantes, 33 (15,78%) cor parda, 16 (7,65%)
cor amarela, 14 negros (6,69%) e 1 (0,47%) declara-se indígena.
Quando questionados sobre o estado civil, 202 (96,65%) relataram ser solteiros, 4
afirmaram serem casados, 2 em união estável e 1 estava divorciado. Ainda, 3 participantes
(1,43%) responderam ter filhos.
Sobre a renda familiar e a necessidade de trabalhar para ajudar a manter os estudos, 57
(27,3%), 39 (18,7%) e 56 (26,8%) responderam que recebem de 3 a 4, de 5 a 6 e mais que 7
salários mínimos e não precisam trabalhar durante a faculdade, respectivamente.
Foi realizado um teste de qui-quadrado de independência (2x6) com o objetivo de
investigar se havia associação entre o sistema de cotas e não cotas (C e NC) e a renda familiar.
Foi encontrada uma associação significativa (χ2(5) = 16,181, p = 0.006). Contudo, análises dos
resíduos padronizados ajustados demonstraram que apenas as rendas entre 1 e 2 salários
mínimos e mais do que 10 salários mínimos se associaram com a classificação “cotistas e não
cotistas”. Alunos não cotistas tiveram 3 vezes mais chances de terem renda familiar de 10 ou
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mais salários mínimos, quando comparados aos alunos com renda familiar entre 1 e 2 salários
mínimos (Tabela 2).
Tabela 2 Teste Qui-Quadrado de associação entre renda familiar e sistema de cotas e não
cotas.
1 a 2 SL
10 + SL
3 a 4 SL
5 a 6 SL
7 a 9 SL
NGI
C
Casos (54)
16
3
18
7
5
5
Resíduos ajustados
3.2*
-2.2*
1.2
-1.2
-1.0
-.2
NC
Casos (155)
17
28
39
32
23
16
Resíduos ajustados
-3.2*
2.2*
-1.2
1.2
1.0
.2
Total
Casos (209)
33
31
57
39
28
21
Todos os alunos do estudo consideram importante discutir sobre menstruação, métodos
de coleta menstrual e sobre o descarte de absorventes, independente do sexo biológico.
Ademais, acreditam que a universidade deve estar engajada nesses assuntos, debatendo sobre
temas relacionados à saúde íntima. Quando questionados se existe preconceito quanto ao tema
menstruação no ambiente social e familiar, 31,57% (66) dos estudantes acreditam que sim,
47,36% (99) discordam dessa afirmativa e 21,05% (44) responderam que talvez haja
preconceito.
Em relação ao destino e impacto dos absorventes, realizou-se um teste de qui-quadrado
de independência (2x7) com o objetivo de investigar se havia associação entre o conhecimento
dos acadêmicos dos cursos da área da saúde (Biomedicina, Ed. Física, Enfermagem, Farmácia,
Medicina, Odontologia e Psicologia) sobre o destino e impacto dos absorventes (sim e não).
Foi encontrada uma associação significativa (χ2(6) = 21,871, p < 0.001). Contudo, análises dos
resíduos padronizados ajustados demonstraram que apenas os cursos de Biomedicina e
Odontologia se associaram com a classificação “conhecimento sobre o destino e impacto dos
absorventes". Alunos do curso de Biomedicina tiveram 5,5 vezes mais chances de saberem o
destino e impacto dos absorventes no ambiente, quando comparados com os alunos do curso de
Odontologia (Tabela 3).
Tabela 3 Teste Qui-Quadrado de associação entre renda familiar e sistema de cotas e não
cotas.
Destino e impacto dos absorventes
Não
Sim
Biomedicina
Casos (47)
7
40
Resíduos ajustados
-3.5**
3.5**
Altoé e Mello, 2024
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51
Ed Física
Casos (13)
7
6
Resíduos ajustados
1.4
-1.4
Enfermagem
Casos (20)
10
10
Resíduos ajustados
1.3
-1.3
Farmácia
Casos (31)
7
24
Resíduos ajustados
-1.7
1.7
Medicina
Casos (27)
9
18
Resíduos ajustados
-.4
.4
Odontologia
Casos (51)
25
26
Resíduos ajustados
2.2**
-2.2**
Psicologia
Casos (20)
11
9
Resíduos ajustados
1.8
-1.8
Total
Casos
76
133
Legenda: **p > 0.01
No que tange às temáticas envolvendo o Governo, 97% dos participantes não sabem o
valor do imposto que incide sobre o preço final dos absorventes. Além disso, 207 (99%)
acreditam que o acesso a esses itens é uma questão de saúde pública e 206 (98,6%) acreditam
que os absorventes devem ser fornecidos pelo Estado como item obrigatório para mulheres em
situação de vulnerabilidade social e econômica.
Em relação às opções ecológicas de absorventes atualmente disponíveis, realizou-se, em
uma amostra de 209 pessoas, um teste de qui-quadrado de aderência com o objetivo de
investigar quantas haviam ouvido falar sobre as opções ecológicas de absorventes. O
resultado demonstra haver diferenças estatisticamente significativas entre aquelas que
responderam que já haviam ouvido falar (χ2(2) = 181,44, p < 0,001) (Tabela 4).
Tabela 4 Teste qui-quadrado de aderência de acadêmicos dos cursos da área da saúde que
ouviram falar sobre os absorventes ecológicos.
Número de pessoas
2
(gl)
Sim
161
181,44(2)**
Não
32
Talvez
16
Total
209
Nota: ** p < 0,001; χ2 = qui-quadrado; gl = graus de liberdade
Além disso, 44,3% dos estudantes afirmaram que obtiveram informações a respeito
dessas formas ecológicas de absorventes por meio de matérias de TV, jornais, rádio, instagram
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ou facebook. A segunda resposta mais comum foi por meio de pesquisas na internet. Contudo,
um número bem reduzido de participantes respondeu que adquiriu esse conhecimento em aulas
do seu curso na UEM, em evento científico oferecido pela UEM (3 respostas) ou outra
instituição de ensino superior (1 resposta) e nenhum obteve em pesquisa de artigos, teses e
dissertações em plataformas de pesquisa científica.
3.2 Segunda parte: somente pessoas que menstruam respondiam
Dos 209 participantes, 167 continuaram respondendo a pesquisa por possuírem útero e
menstruarem. No que se refere a idade da primeira menstruação, a média foi de
aproximadamente 11,65 anos e a moda foi de 12 anos, com um total de 60 respostas. Ademais,
dentre essas acadêmicas, 100 responderam que se sentem confortáveis em relação aos aspectos
fisiológicos, anatômicos, sociais e ambientais que envolvem o ciclo menstrual, ao passo que 30
participantes responderam contrários a essa pergunta; 34 delas responderam que ainda tinham
algumas dúvidas a respeito e outros 3 preferiram não responder.
Foi realizado um teste de qui-quadrado de aderência com o objetivo de investigar a
duração do ciclo menstrual em uma amostra de 166 pessoas. O resultado demonstra haver
diferenças estatisticamente significativas entre as acadêmcias (χ2(3) = 106,7, p < 0,001), sendo
que 90 pessoas menstruam durante 5 dias ou mais por ciclo. (Tabela 5).
Tabela 5 Teste qui-quadrado de aderência sobre quantidade de dias de menstruação (n = 166).
Dias menstruadas
Número de pessoas
χ2(gl)
2.0
3
106,7 (3)**
3.0
20
4.0
53
5.0 e +
90
Nota: ** p < 0,001; χ2 = qui-quadrado; gl = graus de liberdade
Das participantes que fazem uso de absorventes descartáveis, a média utilizada por ciclo
foi de aproximadamente 10 absorventes por ciclo. Além disso, quando questionadas se
conseguem falar abertamente, com qualquer pessoa a respeito de temas relacionados à
menstruação, 94 participantes responderam que sim, 45 responderam que talvez
conseguiriam e outros 28 responderam não serem capazes.
Foi realizado um teste de qui-quadrado de aderência com o objetivo de investigar o
número de absorventes utilizados por ciclo menstrual em uma amostra de 141 pessoas. O
resultado demonstra haver diferenças estatisticamente significativas entre as usuárias (χ2(17) =
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53
172,4, p < 0,001), sendo que a maior quantidade de pessoas (28) usa 10 absorventes por ciclo.
(Tabela 6).
Tabela 6 Teste Qui-quadrado sobre quantidade de absorventes utilizados por ciclo menstrual
(n = 141).
Número de pessoas
Quantidade de absorventes
χ2(gl)
2
6,0
172,4 (17)**
3
7,0
17
8,0
2
9,0
28
10,0
19
12,0
4
14,0
20
15,0
7
16,0
1
18,0
22
20,0
4
21,0
1
24,0
5
25,0
3
30,0
1
36,0
1
40,0
1
45,0
Nota: ** p < 0,001;
2 =
qui-quadrado; gl = graus de liberdade
Os métodos utilizados para absorver o fluxo menstrual são variados e podem ser
utilizados mais de um tipo em um mesmo ciclo menstrual. A respeito desses métodos, foi
pedido às alunas que assinalassem as opções que elas utilizam durante seu ciclo menstrual,
podendo escolher mais de uma opção. O método mais utilizado pelas participantes foi o
absorvente externo ou interno descartável, totalizando 150 (Tabela 7) das 167 alunas
questionadas, sendo que dessas, 126 o utilizam como única forma de contenção do fluxo,
associado ou não ao uso de anticoncepcional.
Tabela 7 Métodos utilizados para controle do fluxo menstrual.
Método utilizado para controle do fluxo menstrual
Número de pessoas que
utilizam
Absorvente externo/interno descartável
150
Anticoncepcional oral/injetável
58
Coletor menstrual
28
DIU hormonal
7
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Absorvente de tecido reutilizável
6
Calcinha absorvente
5
Outros tipos: Implante hormonal
1
Outros tipos: Free bleeding no final do ciclo, apesar de utilizar
outros métodos durante;
1
Outros tipos: Injeção anticoncepcional
1
Utilizo a técnica de sangramento livre (Free Bleeding) e não
utilizo nenhum outro método
0
Quando questionadas se usariam algum método ecologicamente correto de controle de
fluxo menstrual, a grande maioria das participantes (74,25%) se mostraram adeptas, totalizando
124 respostas, contra 6 que responderam negativamente e 37 que afirmaram que talvez usariam.
Dentre os participantes do estudo, 118 afirmaram que tiveram uma conversa prévia,
antes de menstruar, a respeito desses assuntos, sendo que 89 obtiveram essa conversa no
ambiente familiar (em casa) e as outras 29 tiveram essas conversas nas próprias escolas.
Contudo, 48 responderam que não tiveram nenhum conhecimento anterior à sua primeira
menstruação e 1 pessoa preferiu não responder.
Também foi perguntado as alunas, caso hipoteticamente elas menstruassem estando na
universidade e não tivessem absorvente (nem emprestado), como fariam para conter o fluxo
menstrual, podendo assinalar mais de uma alternativa. 136 pessoas afirmaram que utilizaria um
papel higiênico como última escolha, na falta de absorventes. Além disso, outras 51
responderam que iriam deixar de assistir às aulas para voltar para casa. (Tabela 8).
Tabela 8 Alternativas para conter o fluxo menstrual na falta de absorventes
Alternativa para conter o fluxo menstrual na falta de
absorventes
Número de respostas
assinaladas
Usaria papel higiênico
136
Usaria um pedaço de pano
5
Usaria papel de caderno
5
Deixaria de assistir aula e iria para casa
51
Ligaria para sua casa e pediria para alguém levar para você na
universidade
12
Iria até a farmácia mais próxima para comprar
74
Compraria pelo aplicativo da farmácia/mercado e pediria para
entregar na universidade
13
Você sempre carrega um absorvente na bolsa
102
Em relação ao preço dos absorventes, 105 alunas responderam que elas mesmas
compram seus absorventes, mas quem paga são seus pais; 32 afirmaram que quem compra e
paga são seus pais; 27 relataram que elas mesmas compram e pagam por esses produtos; 1
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pessoa afirmou que outra pessoa compra e paga pelos seus absorventes e 2 preferiram não
responder. Ainda nessa temática, 47,30% das participantes responderam que sempre levam o
preço dos absorventes em consideração na hora da compra, 35,32% afirmaram que às vezes
levam o preço em consideração, ao passo que somente 14,97% relataram que não pensam no
preço na hora da compra; 4 pessoas preferiram não responder. O valor investido nessa compra
tem peso na renda pessoal ou familiar para 25 das 167 participantes. Além disso, 11 das alunas
que responderam o questionário afirmaram que tiveram alguma dificuldade financeira que
dificultou a compra e obtenção de absorventes.
Ao serem questionadas se deixaram de fazer alguma atividade ou frequentar algum
local por conta da menstruação, a grande maioria das participantes responderam
afirmativamente (132 - 79%); em contrapartida 19,76% das entrevistadas responderam que não
e 2 pessoas preferiram não responder. Ademais, em relação à pergunta anterior, os motivos os
quais as impediram de realizar tais ações foram em sua maioria por cólica menstrual (116
respostas) e fluxo menstrual intenso (97 respostas). Seis participantes ainda responderam que
foi devido a falta de absorventes e 21 assinalaram que nunca tiveram problemas.
As perguntas finais do questionário pediam para as mulheres avaliarem em uma escala
de 0 a 10, o quanto estar menstruada interfere na sua rotina: a média de nota foi de 5,097560976,
o desvio padrão da população foi de 2.732414972 e a moda foi 7, com 27 respostas. Ainda foi
pedido para avaliar o quanto estar menstruada interfere no seu bem-estar: a média de nota foi
de 6,757575758, o desvio padrão populacional foi de 2.582344520 e a moda foi 8, com 36
respostas. Por fim, 52 participantes responderam que se sentiram inferior por menstruar, ao
passo que 113 afirmaram que nunca se sentiram e 1 pessoa preferiu não responder.
A maior participação neste estudo foi de alunos do primeiro ano dos cursos da área da
saúde, o que nos impediu de verificar se existia alguma associação entre tempo de estudo e
conhecimento acerca do tema. Em média, a idade foi de 20 anos, gênero feminino, solteiros,
cor branca e sem necessidade de trabalhar para custear os estudos. Contudo, verificou-se a
presença de todas as classes de identidade de gênero e por cor ou raça, deixando claro a
importância das universidades promoverem a inclusão dessa diversidade de alunos.
programas de pós-graduação, assim como cursos de licenciatura, que estão realizando
pesquisas, introduzindo disciplinas na grade curricular e desenvolvendo cursos de formação
para professores, a fim de promover a construção da igualdade étnico-racial, de gênero e de
sexualidade. Essas iniciativas visam sensibilizar os profissionais da educação para as
discriminações latentes nos espaços educacionais e incentivar o desenvolvimento de ações de
inclusão nos espaços em que atuam (WELLER & PAZ, 2013)
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no meio ambiente
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Neste estudo, evidencia-se que a temática sobre o impacto dos absorventes descartáveis
no meio ambiente e as opções mais sustentáveis de controle do fluxo menstrual ainda não são
comuns entre as pessoas que menstruam, que 126 das 167 alunas do estudo utilizam o
absorvente descartável como única forma de contenção de fluxo menstrual.
Um estudo que investigou as opiniões acerca do uso dos absorventes descartáveis e
absorventes ecológicos de tecido mostrou que embora uma amostra da comunidade analisada
rejeite as opções ecológicas, muitos reconhecem as vantagens desses produtos em relação ao
meio ambiente e à saúde humana. Tem-se também que o baixo uso de opções ecologicamente
corretas se dá por certas opiniões negativas ainda incrustadas na sociedade, como a assimilação
dos absorventes de pano com o retrocesso e falta de evolução, não espelhando a mulher
moderna (SOUZA, 2022).
Evidenciou-se que 100% dos alunos da amostra acreditam que seja importante discutir
sobre temas relacionados à menstruação, métodos de coleta menstrual e o descarte de
absorventes. Ademais, também foi unânime que a universidade deve estar engajada em temas
como estes e que promova debates sobre a saúde íntima. Esse dado, porém, não vai de encontro
a realidade dos cursos da saúde no Brasil e no mundo. Um estudo dos Estados Unidos que
investigou até que ponto questões relacionadas à menstruação são incluídas nos currículos de
saúde pública em nível de pós-graduação expôs que de 5.000 cursos avaliados, apenas 28
incluíam tópicos relacionados a essa temática. Devido à crescente atenção política e social a
respeito dos aspectos relacionados à menstruação, e à falta de inclusão desse assunto nos
currículos nos cursos relacionados à saúde pública, os graduandos podem não estar recebendo
um treinamento adequado em um tema de grande importância e relevância para a saúde da
população. Por isso, é necessário uma revisão da grade curricular desses cursos a fim de integrar
o conteúdo relacionado à menstruação em relação às competências de saúde pública (SOMMER
et al, 2020).
No relatório “Pobreza Menstrual no Brasil: Desigualdades e Violações de Direitos”
elaborado pela UNICEF (órgãos das Nações Unidas pela Infância) em conjunto com UNFPA
(o fundo das Nações Unidas), a pobreza menstrual é um fenômeno multidimensional que inclui
os tabus e preconceitos sobre a menstruação que resultam na segregação de pessoas que
menstruam de diversas áreas da vida social.
Muitas crenças consideram a menstruação como algo impuro ou negativo, geralmente
resultando em restrições impostas às mulheres durante o período menstrual, como a proibição
de entrar em templos religiosos, participar de eventos públicos ou manter relações sexuais
(MOREIRA, 2021). Essas restrições vão além das culturas e religiões e são baseadas em
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concepções equivocadas e estereotipadas sobre a menstruação e o corpo feminino. Na pesquisa
com os estudantes da área da saúde da Universidade Estadual de Maringá, observa-se que essa
problemática ainda está presente na sociedade, apesar de ter tido um bom avanço na superação
desses preconceitos, haja vista que apenas 47,36% dos participantes discordam totalmente que
haja preconceito quanto ao tema menstruação no ambiente social e familiar.
Quando questionados sobre onde obtiveram as informações a respeito das formas
ecológicas de absorventes, a grande maioria respondeu que foi por meio de matérias de TV,
jornais, rádio, instagram ou facebook e também pela internet. Uma minoria afirmou que obteve
por meio da faculdade ou no ambiente familiar. Esse dado corrobora com um estudo acerca da
percepção dos adolescentes sobre sua sexualidade que concluiu que eles adquirem essas
informações predominantemente com amigos, revistas, filmes, televisão e internet, e com
menos frequência de professores e de profissionais de saúde (FREITAS & DIAS, 2010).
Em diversos casos, os pais transferem a responsabilidade da educação sobre a saúde
íntima e sexual para a escola, podendo atrasar o aprendizado sobre essas temáticas. Com isso,
tem-se que a escola, o Estado e a família trabalhem em conjunto para oferecer uma educação
abrangente e interdisciplinar sobre esse assunto tão importante. Como resultado neste artigo,
obteve-se que foram mínimos os alunos que adquiriram as informações sobre os absorventes
ecológicos por meio de eventos científicos na Universidade Estadual de Maringá.
A curricularização da extensão universitária foi retomada no PNE de 2014-2023, na sua
estratégia 7 da meta 12, a fim de certificar, no mínimo, 10% (dez por cento) dos créditos
curriculares exigidos para a conclusão da graduação em programas e projetos de extensão
universitária, orientando sua ação, prioritariamente, para áreas de grande relevância social
(GADOTTI, 2017). Essa estratégia pode contribuir para a conexão da universidade com a
sociedade, podendo diminuir a disparidade da falta de conteúdos sobre a saúde íntima e
aumentar a discussão desses temas e o acesso à informação dentro da universidade.
A média da menarca das participantes do presente estudo foi de 11,67 anos. Um estudo
brasileiro que compreendeu o maior número de meninas avaliadas em uma única pesquisa,
obteve como média da primeira menstruação das cidadãs brasileiras 11,71 anos (BARROS, et
al., 2019). Dessa forma, observa-se que a média encontrada foi próxima da média nacional, que
vêm sofrendo antecipação nas últimas duas décadas, especialmente nos países em
desenvolvimento (MARVÁN et al., 2016). A menarca ocorrendo cada vez mais precocemente
aumenta a necessidade de utilização dos absorventes, aumentando também seu impacto ao meio
ambiente.
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De acordo com os resultados do presente estudo, 63,63% dos participantes tinham
refletido sobre o destino e impacto dos absorventes descartáveis no meio ambiente, porém mais
de 80% deles não têm conhecimento sobre o tempo de decomposição deste material. Estudo
prévio expôs que ainda se tem pouco conhecimento sobre consumo dessas mulheres por esses
métodos de absorção menstrual mais sustentáveis, haja vista que faltam pesquisas de mercado
e marketing relacionados a esses produtos e a melhor forma de abordar o assunto ao público.
Neste mesmo estudo, participantes alegam que faltam informações sobre os produtos de
contenção de menstruação mais sustentáveis, visto que eles possuem pouco espaço nas
prateleiras dos mercados e farmácias e, principalmente, pouca divulgação (PEREIRA, 2019).
É provável que a falta de conhecimento em relação ao descarte e impacto ambiental dos
absorventes possa ser um fator que favoreça a permanência da utilização das opções
descartáveis.
Sobre a temática dos custos relacionados aos métodos de absorção de fluxo menstrual,
foi claro neste estudo que este é um fator de extrema importância. O preço na hora da compra
é sempre levado em consideração por mais de 47% das entrevistadas e, às vezes, por 35,32%.
Além disso, 25 participantes afirmaram que esse valor tem peso na renda familiar e 11 alunas
tiveram dificuldades financeiras que dificultou ou impediu a compra desses itens. Esses dados
compactuam com as estatísticas calculadas por um estudo que apresentou um custo de R$3.000
a R$8.000 durante todo o período menstrual feminino com a utilização de absorventes
descartáveis. Ademais, muitas mulheres não possuem essa condição financeira de desprender
essa quantia da renda familiar e precisam utilizar, muitas vezes, métodos sem higiene e
prejudiciais (PEREIRA, 2019). Esse problema ainda se agrava quando se tem mais de uma
pessoa que menstrua na família.
A utilização de absorventes mais ecológicos representa uma solução do ponto de vista
financeiro, que apesar de serem mais caros, sua durabilidade supera em muito a dos
absorventes convencionais, compensando no final o valor. É também uma alternativa para os
termos de preservação ambiental, devido ao fato de que a quantidade de resíduos gerados é
significativamente reduzida em relação aos descartáveis, além de oferecer a possibilidade de
reutilização e reciclagem (PEREIRA, 2019).
Os resultados deste estudo evidenciaram que as participantes se mostraram bem
dispostas a utilizarem métodos ecologicamente corretos de controle de fluxo menstrual.
Existem diversas vantagens, além das ambientais, para as mulheres que fazem uso recorrente
desses materiais, já que a maioria deles não contêm substâncias químicas tóxicas e prejudiciais,
ajudando a manter o pH vaginal equilibrado, reduzindo assim o risco de infecções e
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minimizando odores desagradáveis (BARROS, et al., 2022). Além disso, um estudo com
entrevistas apontou outras vantagens dos absorventes ecológicos para as mulheres abertas a
utilizá-los, como não precisar mais se angustiar em carregar absorventes extras na bolsa, não
há descarte e a vida útil desses itens é longa (PEREIRA, 2019)
Os alunos dos cursos de graduação da área da saúde entrevistados neste estudo
mostraram ter um bom conhecimento a respeito das opções de absorventes ecológicos
existentes no mercado, com apenas 3 alunos respondendo que não conhecem ou nunca ouviram
falar sobre esses itens. Esse dado mostra-se positivo, haja vista que como alunos da esfera da
saúde, espera-se que eles detenham algum conhecimento sobre assuntos relacionados à
menstruação. É crucial que os futuros profissionais de saúde estejam familiarizados com as
opções de absorção do fluxo menstrual para auxiliar na divulgação de informações sobre
produtos que podem melhorar a higiene menstrual da população (DE ANDRADE, 2021).
4. CONCLUSÃO
Neste estudo, foram entrevistadas pessoas que menstruam e que não menstruam.
Evidenciou-se, com isso, uma desinformação sobre o impacto dos absorventes descartáveis no
meio ambiente entre os estudantes dos cursos da área da saúde da Universidade Estadual de
Maringá. Poucas são aquelas que utilizam diariamente métodos mais ecológicos, porém, a
maioria das participantes da pesquisa se mostraram adeptas a mudar a forma como absorvem
seu fluxo menstrual.
A universidade mostrou-se deficiente e insuficiente em abordar questões relacionadas
aos métodos ecológicos de absorção menstrual e saúde íntima, evidenciando a profunda
necessidade de incentivar a inserção dessa temática em eventos científicos e na grade curricular
dos alunos de graduação. Assim, os futuros profissionais da saúde estarão mais aptos a lidarem
com circunstâncias relacionadas a esse tema e poderão propagar essas informações à
comunidade, beneficiando-a.
Por fim, a respeito das opções de absorventes ecológicos disponíveis no mercado, os
graduandos da área da saúde entrevistados neste estudo mostraram ter um bom conhecimento.
Essa informação é encorajadora, já que, como estudantes na área da saúde, é esperado que eles
possuam algum conhecimento sobre esses tópicos a fim de atender a população.
REFERÊNCIAS
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no meio ambiente
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