Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024
www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/ArqMudi

ARTIGO ORIGINAL

Aceito em: 19/08/2024 Publicado em: 15/12/2024

THE APPROACH TO SEXUAL EDUCATION IN BASIC EDUCATION: A REVIEW AND
EXPERIENCE REPORT

Abstract
Sex education in the school environment is essential for the integral formation of the student, from the approach of
biological and scientific concepts it is possible to promote discussions that encompass the experiences and
subjectivity of each person, observing the social construction of sexuality throughout history. In this way, this work
intends to analyze how is the approach of the theme Sexual Education in basic education through the review of
articles. In addition, an active methodology activity was applied in a school. This is a bibliographic research with a
qualitative approach. As a theoretical contribution, we use the works of Eliane Rose Maio (2018) Gender and
sexuality: Educational interfaces, Mary Neide Damico Figueiró (2020) Sexual Education: resuming a proposal, a
challenge and Paulo Freire (1996) Pedagogy of autonomy: knowledge necessary for practice educational. In this
sense, in order to reach the proposed objective, the contributions of sex education in the student's biopsychosocial
training and the confrontation of sexual and gender violence through this training were analyzed. In addition,
activities were carried out with students in the final years of Elementary School and New High School enrolled in
the State Education Network, regarding the anatomy of the Male and Female Genital Systems, Contraceptive
Methods and Sexually Transmitted Infections (STIs), using the active methodologies. In this article, we report the
activities carried out at Colégio Estadual Alberto J. Byington Junior, located in the city of Maringá - PR.
Keywords: Sexuality. Active Methodologies. School.

A ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO SEXUAL NO ENSINO BÁSICO: UMA
REVISÃO E RELATO DE EXPERIÊNCIA

Carmem Patrícia Barbosa
Universidade Estadual de Maringá – UEM
cpbarbosa@uem.br

Marli Aparecida Defani
Universidade Estadual de Maringá – UEM
madefani@uem.br


Isabela Peixoto Martins
Unicesumar
isabela.martins@docentes.unicesumar.edu.br

Resumo
A educação sexual no âmbito escolar é imprescindível para
formação integral do aluno, a partir da abordagem dos conceitos
biológicos e científicos é possível promover discussões que
englobam as vivências e a subjetividade de cada pessoa, observando
a construção social da sexualidade ao longo da história. Dessa
forma, este trabalho pretende analisar como é a abordagem do tema
Educação Sexual no ensino básico através da revisão de artigos e da
aplicação de uma atividade de metodologia ativa em uma escola.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa.
Como aporte teórico utilizamos as obras de Eliane Rose Maio
(2018) Gênero e sexualidade: Interfaces educativas, Mary Neide
Damico Figueiró (2020) Educação Sexual: retomando uma
proposta, um desafio e Paulo Freire (1996) Pedagogia da
autonomia: saberes necessários à prática educativa. Nesse sentido,
para alcançar o objetivo proposto, foram analisadas as contribuições
da educação sexual na formação biopsicossocial do estudante e o
enfretamento da violência sexual e de gênero por meio dessa
formação. As atividades foram desenvolvidas com os educandos
dos anos finais do Ensino Fundamental e do Novo Ensino Médio
matriculados na Rede Estadual de Educação, a respeito da anatomia
do Sistemas Genitais Feminino e Masculino, Métodos
contraceptivos e Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST),
utilizando as metodologias ativas. Relatamos no presente artigo as
atividades desenvolvidas no Colégio Estadual Alberto J. Byington
Junior, localizado na cidade de Maringá - PR.

Palavras-chave: Sexualidade. Metodologias Ativas. Escola.

A abordagem da educação sexual no ensino básico: uma revisão e relato de experiência

Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 62

1. INTRODUÇÃO

A educação sexual tem o intuito de formar o indivíduo preparando-o para lidar com as

questões coletivas e individuais a respeito da sexualidade de maneira crítica, contribuindo para

a transformação da sociedade em que está inserido. “A sexualidade é uma dimensão humana

que vai além de sua determinação biológica, pois é, também, culturalmente determinada”

(FIGUEIRÓ, p.21, 2020).

Figueiró (2020) afirma que a Educação Sexual possibilita a formação integral do

estudante favorecendo o conhecimento acerca de temas como, gravidez na adolescência,

métodos contraceptivos, violência sexual, gênero, Infecções Sexualmente Transmissíveis -

IST’s e a anatomia genital, contribuindo para o enfrentamento de questões sociais relacionadas

a sexualidade.

Nesse sentido, as discussões a respeito da sexualidade contemplando temas como os

direitos e deveres, consentimento e limite do corpo, sentimentos, vivências e diversidade, são

urgentes no contexto nacional, no qual a violência sexual contra crianças e adolescentes tem

alcançado níveis elevados. Assim, os diálogos desenvolvidos no âmbito escolar, podem

contribuir para o enfretamento da violência sexual, prevenindo casos de abusos, gravidez na

adolescência, feminicídio, assédio, estupro, preconceito e discriminação. (OLIVEIRA; SILVA;

MAIO, 2020).

Apesar da relevância dessa temática, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular

(BNCC) a Educação Sexual é abordada nas escolas na disciplina de ciências somente a partir

do oitavo ano do Ensino Fundamental:
(EF08CI08) Analisar e explicar as transformações que ocorrem na puberdade
considerando a atuação dos hormônios sexuais e do sistema nervoso. (EF08CI09)
Comparar o modo de ação e a eficácia dos diversos métodos contraceptivos e justificar
a necessidade de compartilhar a responsabilidade na escolha e na utilização do método
mais adequado à prevenção da gravidez precoce e indesejada e de Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST). (EF08CI10) Identificar os principais sintomas,
modos de transmissão e tratamento de algumas DST (com ênfase na AIDS), e discutir
estratégias e métodos de prevenção. (EF08CI11) Selecionar argumentos que
evidenciem as múltiplas dimensões da sexualidade humana (biológica, sociocultural,
afetiva e ética) (BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR, 2019).

Apesar da BNCC (2019) tratar em sua unidade temática as habilidades esperadas ao

trabalhar os assuntos relacionados à sexualidade, gênero e diversidade sexual, ainda existem

tabus ideológicos a serem enfrentados dentro da escola que limitam a prática do professor no

que diz respeito à abordagem desse tema. Dessa forma, os pesquisadores da educação Eliane

Rose Maio e Márcio de Oliveira (2012), enfatizam a importância da formação de toda a

comunidade escolar, ou seja, todos os profissionais que atuam na educação escolar convivendo

Barbosa, Defani e Martins, 2024

Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 63

com os alunos, para que o desenvolvimento da educação sexual ocorra de forma satisfatória e

emancipadora.

Dessa maneira, Noval (2013), constatou dificuldades no ensino da Educação Sexual nas

escolas brasileiras. Dentre os problemas notificados encontra-se o distanciamento professor-

aluno pela falta de confiança dos alunos com os professores. Esse distanciamento pode ocorrer

pela não aceitação dos pais e da sociedade à abordagem do assunto dentro de sala de aula, por

motivos éticos e religiosos. Considerando assim o trabalho da sexualidade com crianças e

adolescentes algo desnecessário e trazendo a ideia da incitação precoce ao sexo. Esse

pensamento conservador traz a crença popular de que a educação sexual deveria ser abordada

somente em casa com os pais e familiares.

Outra dificuldade observada foi a má qualificação dos professores ao abordar o tema.

Pois a grande maioria dos currículos de cursos não trazem aulas e estudos sobre a sexualidade

humana que instigue o docente a procurar estratégias para abordar o tema de modo social, esses

currículos trazem apenas conceitos biológicos, não abordando sexualidade como um tema

amplo e complexo. Com isso, o professor não se sente preparado para sanar as diversas dúvidas

que os alunos poderiam trazer para sala de aula. Docentes que vieram de uma geração em que

a sexualidade era reprimida e repudiada por valores morais, culturais e religiosos tendem a ver

o tema como algo erótico e ilícito para os adolescentes, fazendo com que o tema seja esquecido

e não abordado. (BONFIM, 2009).

A visão apenas biológica a respeito da sexualidade desconsidera as relações sociais,

culturais, psicológicas e afetivas, que acabam por fundamentar ideias discriminatórias e

preconceituosas. Os pesquisadores Eliane Maio, Marcio Oliveira e Reginaldo Peixoto (2018),

ressaltam a importância da discussão da sexualidade abordando além dos conceitos biológicos

e genéticos as questões socioculturais e psicoafetivas para a desconstrução de crenças e ideias

intolerantes construídas culturalmente.
De forma simples e clara é importante que a criança tenha o conhecimento sobre o
que é sexo, que relação sexual não é praticada por criança e da existência do abuso
sexual, para que desta forma, possa evitar situações, ter o poder de enfrentamento e a
confiança em denunciar e estar assegurada. (MAIO; MIRANDA; OLIVEIRA, 2013,
p.11).

A discussão da sexualidade, gênero e diversidade fornece conhecimento para combater

a violência sexual e de gênero favorecendo o entendimento do funcionamento biológico e

psicológico do corpo, assim como questões sociais e políticas que influenciam a percepção de

si próprio e da sociedade que o sujeito está inserido. (MAIO; MIRANDA; OLIVEIRA, 2013).

A abordagem da educação sexual no ensino básico: uma revisão e relato de experiência


Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 64

Como estratégia para trabalhar o tema na educação básica, o desenvolvimento dos temas

relacionados à educação sexual pode ser realizado por meio de metodologias ativas. Conforme

Freire (1996), enfatizou que a autonomia do aluno pode ser desenvolvida por meio da

construção do próprio conhecimento, e não apenas pela transmissão dos saberes pelo professor.

Essa visão, permite enxergar o aluno como produtor e não apenas como receptor do

conhecimento, possibilitando a problematização de assuntos que contribuem para sua formação

crítica.

Paulo Freire (1996, p.61), enfatiza que o deslocamento do foco, no processo de ensino

e aprendizagem, do docente para o estudante é fundamental para o desenvolvimento da

autonomia do estudante, problematização da realidade, reflexão e capacidade de trabalhar em

equipe. “..., mas é preciso enfatizar, mais uma vez: ensinar não é transferir inteligência do objeto

ao educando, mas instigá-lo no sentido de que, como sujeito cognoscente, se torne capaz de

inteligir e comunicar o inteligido”. Considerando a realidade da educação básica no Brasil, essa

prática se faz possível através do emprego de dinâmicas tão simples quanto a criação, pelo

professor, de rodas de conversa na qual, guiados pela teoria estudada em sala, os alunos possam

discutir situações e problemas reais. (MORAN, 2015).

Reconhecendo as problemáticas que cercam o bem-estar sexual e reprodutivo dos

adolescentes como uma questão de saúde pública, de Castro e Magalhães, Beatriz et al. (2019)

apresenta o uso de metodologias ativas como um meio de conscientização e empoderamento

dos indivíduos. Em seu estudo, foram empregados artifícios visuais - como placas com frases

relacionadas a sexualidade e próteses vaginal e peniana - com finalidade de instigar a

curiosidade dos adolescentes, levando-os a superar as barreiras que os impedissem de esclarecer

plenamente suas questões relacionadas à saúde e à sexualidade. Como tratam os autores, a

aplicação de tais metodologias no contexto da educação sexual possibilita a construção de

soluções reais para as fragilidades que prejudicam o completo desenvolvimento dos

adolescentes, uma vez que, considerando as dificuldades pessoais e coletivas que se fazem

presentes nesse momento da vida, apenas informá-los não é suficiente.

De acordo com o professor José Moran (p.18, 2015), “as metodologias ativas são pontos

de partida para avançar para processos mais avançados de reflexão, de integração cognitiva, de

generalização, de reelaboração de novas práticas”, pois quanto mais próximo da realidade do

educando, mais possível se torna a aprendizagem. A necessidade de motivar o aluno por meio

do envolvimento no próprio processo de aprendizagem são abordagens discutidas desde o início

do século XX como forma de superação da educação tradicional.

Barbosa, Defani e Martins, 2024

Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 65

As metodologias ativas desenvolvidas por meio de jogos, projetos reais, vídeos, rodas

de conversa e atividades lúdicas são formas significativas de envolver o aluno no processo de

aprendizagem, ou seja, “... para gerações acostumadas a jogar, a linguagem de desafios,

recompensas, de competição e cooperação é atraente e fácil de perceber” (MORAN, p.18,

2015). Nesse sentido, a educação sexual desenvolvida nas escolas deve ser pensada e planejada

de acordo com a idade e realidade dos alunos, utilizando recursos criativos e divertidos que

favoreçam a participação, observando a individualidade de cada educando concomitantemente,

com o incentivo a tomada de decisão e o respeito a si e aos outros.

Para Figueiró (2006), o educador deve compreender seu papel de formador e além de

saber como ensinar, compreender a necessidade do porquê e para que deve haver a educação

sexual no âmbito escolar. Assim, a autora, propõe estratégias de atividades como pesquisas,

recorte, colagem, dinâmicas, desenho, modelagem, dramatização, literatura, teatro e debates,

sempre observando a idade e o perfil da turma no desenvolvimento das atividades.

Desse modo, a proposta desse estudo é realizar uma abordagem qualitativa de revisão

bibliográfica, tendo como objetivo analisar como é a Educação Sexual no ensino básico através

de artigos disponíveis nas bases de dados e além disso, o trabalho tem como objetivo descrever

a preparação e aplicação de uma atividade de metodologia ativa em uma escola estadual na

cidade de Maringá-PR.


2. MATERIAIS E MÉTODOS

A proposta da presente pesquisa caracterizou-se como bibliográfica de abordagem

qualitativa. A investigação bibliográfica possibilita ao pesquisador a abrangência de fatos mais

farta do que se poderia averiguar, de acordo com Gil (2002, p.133) “A análise qualitativa

depende de muitos fatores, tais como a natureza dos dados coletados, a extensão da amostra, os

instrumentos de pesquisa e os pressupostos teóricos que nortearam a investigação”. Nessa

perspectiva o estudo envolveu seis etapas, sendo: levantamento bibliográfico, busca das fontes,

leitura do material, fichamento, interpretação dos dados e redação do texto.

A partir do objetivo da investigação, selecionamos dez pesquisas por meio de um

levantamento realizado nos bancos de dados do Google Acadêmico e Scielo com a temática:

“abordagem da Educação Sexual no ensino”, estabelecendo um recorte temporal dos anos de

2020 a 2023, filtrando apenas artigos que contemplassem no título as palavras-chave “Educação

Sexual”. No Google Acadêmico foram encontrados 21 artigos e no Scielo 14 trabalhos. No

entanto, foram selecionados por meio da leitura flutuante sete trabalhos que abordaram o tema

proposto, sendo descartados os estudos que não tratavam da referida temática.

A abordagem da educação sexual no ensino básico: uma revisão e relato de experiência


Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 66

Para discutir a formação biopsicossocial do estudante e a possibilidade de enfretamento

da violência sexual e de gênero por meio da abordagem da Educação Sexual no ensino, nos

ancoramos em autoras como Eliane Rose Maio (2018) Gênero e sexualidade: Interfaces

educativas e Mary Neide Damico Figueiró (2020) Educação Sexual: retomando uma proposta,

um desafio. A obra de Paulo Freire (1996) Pedagogia da autonomia: saberes necessários à

prática educativa, apontou para a aprendizagem centrada no aluno como uma forma de

contemplar aspectos relevantes da relação humana, do conhecimento e da cultura,

contemplando a formação integral e o interesse do educando no próprio aprendizado.

Posteriormente foi desenvolvido e aplicado um projeto escolar utilizando as

metodologias ativas como recurso para atividades com estudantes dos anos finais do Ensino

Fundamental e alunos do Novo Ensino Médio do Colégio Estadual Alberto J. Byington Junior,

localizado na cidade de Maringá, estado do Paraná. O projeto foi previamente aprovado pela

Pró-reitoria de Extensão e Cultura (PEC) e pelo Departamento de Ciências Morfológicas da

Universidade Estadual de Maringá (DCM-UEM), sob o CAAE: 72936723.1.0000.0104. O

projeto abordou a Educação Sexual especificamente acerca da anatomia do Sistemas Genitais

Feminino e Masculino, Métodos contraceptivos e Infecções Sexualmente Transmissíveis

(IST’s).

2.1 Materiais

Elaboramos um jogo sobre educação sexual no qual abordamos os temas: IST’s,

métodos contraceptivos e anatomia genital feminino e masculino. Assim foi projetado uma

trilha que incluía 24 imagens cada uma em uma escaque espalhadas de forma aleatória.

O modo de jogo ocorre de tal maneira: por meio de uma urna, participantes sortearam

um número de um a vinte e quatro, direcionando-se para a escaque em questão, ao verem a

imagem correspondente a sua posição no jogo, o participante deveria encontrar a palavra

equivalente a respectiva imagem, quando encontrada a nomenclatura que o jogador considerou

apropriada a imagem, era fixada ao quadro. Os temas foram, métodos contraceptivos, infecções

sexualmente transmissíveis e anatomia feminina e masculina, com as seguintes palavras: pílula

anticoncepcional; implante anticoncepcional; DIU; anticoncepcional injetável; preservativos;

laqueadura; vasectomia; herpes genital; sífilis; tricomoníase; infecção pelo HIV; infecção pelo

Papilomavírus Humano; útero; endométrio; ovários; clitóris; vagina; vulva; testículos; túbulos

seminíferos; epidídimo; pênis; próstata e uretra.

Todo o material utilizado foi produzido manualmente com exceção das imagens que

foram impressas e das maquetes que foram emprestadas do laboratório de anatomia do

Departamento de Ciências Morfológicas da Universidade Estadual de Maringá.

Barbosa, Defani e Martins, 2024

Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 67

2.2 Confecção

Para montar as escaques da trilha, cortamos 24 papelões com medida (20x20), (figura 2

e 3) usando tinta spray preta para pintar os quadrados (figura 4 e 5). Imprimimos as imagens

com medidas (18x18) e colamos as imagens com cola branca no papelão previamente pintado.

Produzirmos os números usamos círculos feitos com papel E.V.A, recortamos números com

papel sulfite e grudamos com cola branca no papel E.V.A (figura 6 e 7). Já para a confecção da

urna (figura 8) aproveitamos uma lata pintando-a de preto também com a tinta spray (figura 5).

As palavras que ficaram no quadro e na mesa com o jogo foram todas escritas manualmente em

uma folha sulfite (figura 11 e 12). O quadro (figura 1) e os alfinetes (figura 10) foram

comprados. Segue abaixo as imagens do projeto:









Figura 1 – Quadro para fixação das palavras.
Fonte: Autores (2024).

Figura 2 – Quadrados de papelão.
Fonte: Autores (2024).








Figura 3 – Quadrados de papelão.

A abordagem da educação sexual no ensino básico: uma revisão e relato de experiência


Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 68

Fonte: Autores (2024).


Figura 4 – Spray utilizado para pintura do papelão.
Fonte: Autores (2024).








Figura 5 – Número feito em EVA.
Fonte: Autores (2024).

Figura 6 – Número feito em EVA.
Fonte: Autores (2024).


Figura 7 – Número feito em EVA.
Fonte: Autores (2024).

Barbosa, Defani e Martins, 2024

Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 69

Figura 8 – Palavras utilizadas no jogo.
Fonte: Autores (2024).

Figura 9 – Alfinetes utilizados para fixação das palavras no quadro.
Fonte: Autores (2024).

Figura 10 – Palavras utilizadas no jogo.
Fonte: Autores (2024).


Figura 11 – Jogo pronto na escola.
Fonte: Autores (2024).

A abordagem da educação sexual no ensino básico: uma revisão e relato de experiência


Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 70

Figura 12 – Jogo pronto na escola.
Fonte: Autores (2024).

Figura 13 – Jogo pronto na escola.
Fonte: Autores (2024).

Figura 14 – Jogo pronto na escola.
Fonte: Autores (2024).


Figura 15 – Jogo pronto na escola.
Fonte: Autores (2024).


Para a implantação do projeto fomos durante 2 dias em uma escola situada na cidade de

Maringá e atendemos alunos do 6° ano do fundamental ao 3° ano do Ensino Médio.

Barbosa, Defani e Martins, 2024

Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 71

2.3 Questionário

Após a vivência interativa pelo jogo, aplicamos um questionário relacionado com a

trilha proposta, para os estudantes do Ensino Médio. Vale a pena destacar, que todos os temas

mencionados no questionário foram revisados por meio de aula expositiva e metodologias

ativas.


Figura 16 – Questionário aplicado após a execução do projeto na escola.


Para analisarmos as respostas dos questionários, utilizamos gráficos gerados a partir de

tabelas alimentadas pelo Microsoft Excel, um software de planilhas eletrônicas, que nos ajudou

a realizar os cálculos para tabular os dados.

A abordagem da educação sexual no ensino básico: uma revisão e relato de experiência


Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 72

Foram analisados os dados entre os alunos do Ensino Médio do sexo masculino e

feminino, separados entre os estudantes do primeiro, segundo e terceiro ano, considerando

acertos de cada questão respondida.

O questionário foi respondido por oitenta estudantes do sexo feminino, sendo 27 do

primeiro ano, 23 estudantes matriculadas no segundo ano e 30 alunas do terceiro ano. Os

estudantes do sexo masculino somaram um total de 107 alunos, sendo 32 matriculados no

primeiro ano, 39 no segundo ano e 36 no terceiro ano do Ensino Médio.


3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Aproximadamente 150 alunos participaram das atividades, com média de 30 alunos por

turma. Em três escolas, realizamos reuniões com professores de Ciências e Biologia para

explicar a SD referente ao escorpionismo, propondo uma abordagem em duas etapas:

inicialmente, realizar uma aula expositiva dialogada sobre o escorpionismo, seguida da

aplicação do jogo didático “Jornada contra o Escorpionismo”. Materiais didáticos, incluindo o

jogo, foram fornecidos às escolas para uso das professoras. Para abordar o tema do

escorpionismo, foi elaborado um caso clínico com questões relacionadas (Tabela 1). Em uma

escola, a professora complementou a aula com espécimes preservados de escorpiões. As

professoras das três escolas relataram alto envolvimento e entusiasmo dos alunos tanto pelo

tema quanto pelo jogo (figura 4).


Ensino Médio Feminino Masculino Total
1º ano 27 32 59
2º ano 23 39 62
3º ano 30 36 66
Total Geral 80 107 187

Quadro 1 – Quantidade de questionários respondidos por sexo.
Fonte: Dados da pesquisa (2024).


De acordo com a tabela, podemos destacar que a maior quantidade de alunos que

responderam ao questionário foi do sexo masculino em comparação com as estudantes do sexo

feminino.

Barbosa, Defani e Martins, 2024

Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 73


Gráfico 1 – Questões respondidas por estudantes do sexo feminino.


A primeira questão abordou conhecimento básico a respeito do Vírus da

imunodeficiência humana (HIV), no qual o primeiro ano apresentou dificuldade na resposta,

pois houveram apenas 12 acertos e 15 erros entre as 27 alunas. Entretanto as estudantes do

segundo e terceiro ano, juntas tiveram cinco respostas errôneas, conforme observamos no

gráfico 1.

A temática sobre anatomia genital e métodos contraceptivos, foi tratada na segunda

questão que verificamos grande quantidade de acertos entre as alunas, sendo que o primeiro e

segundo ano tiveram sete respostas erradas, enquanto no terceiro ano, apenas uma resposta

equivocada.

Contudo, a terceira questão que trata novamente a respeito das Infecções sexualmente

transmissíveis (IST’s), o primeiro e terceiro ano tiveram erros significativos. Sendo que houve

19 erros no total de 27 alunas e respectivamente 21 respostas erradas entre 30 estudantes.


1º ANO 2º ANO 3º ANO
F

Acertos da questão 1 12 22 26
Acertos da questão 2 20 16 29
Acertos da questão 3 8 17 9

0

5

10

15

20

25

30

35

Questões respondidas pelas estudantes do
sexo feminino

A abordagem da educação sexual no ensino básico: uma revisão e relato de experiência


Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 74


Gráfico 2 – Questões respondidas por estudantes do sexo masculino.


De acordo com o gráfico 2, podemos destacar que a quantidade de respostas errôneas

nas questões 1 e 3, foram maiores que os acertos entre os alunos do primeiro e terceiro ano. A

questão 1 abordou conhecimento básico sobre o (HIV), no qual o primeiro ano obteve dez

acertos, ou seja 70,4% dos estudantes erraram a questão. Já no segundo ano apenas cinco

pessoas erraram a primeira questão. No terceiro ano 39,6% dos alunos equivocaram-se na

resposta. Isso demonstra que mesmo esse assunto ter sido estudado durante os anos finais do

ensino fundamental conforme a BNCC, percebe-se que a maioria dos estudantes não obtiveram

durante o ensino fundamental a habilidades proposta pela BNCC referente a essa temática.

Na segunda questão podemos observar grande quantidade de acerto principalmente

entre as alunas do sexo feminino. Entretanto, na terceira questão que retoma o tema IST’s

observamos a deficiência no aprendizado de 77,8% dos estudantes do terceiro ano que não

pontuaram nessa questão. Sendo que entre os alunos de primeiro e segundo ano 50% falharam

na resposta. Assim de acordo com os dados apresentados, evidenciou-se uma maior dificuldade

nas perguntas relacionadas a IST’s (questões 1 e 3) principalmente para os 1º e 3º anos.

No entanto, mesmo esse assunto sendo discutido constantemente nas redes socias e

noticiários, não parece ser suficiente para que os jovens do Ensino Médio, (que analisamos)

pudessem internalizar o assunto. Portanto, parece razoável sugerir a inclusão da educação

sexual, contemplando os três anos do Ensino Médio como habilidade básica garantida pela

BNCC.

1º ANO 2º ANO 3º ANO
M

Acertos da questão 1 10 34 25
Acertos da questão 2 16 33 28
Acertos da questão 3 16 18 8

0
5

10
15
20
25
30
35
40

Questões respondidas pelos estudantes do
sexo masculino

Barbosa, Defani e Martins, 2024

Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 75

Os resultados dos estudos analisados apontam para a necessidade de trabalhar os

conceitos científicos na abordagem da educação sexual contemplando discussões que abordem

as questões de gênero e diversidade oferecendo instrumentos que possam contribuir na

emancipação do educando. (MIRANDA; BARROS, 2019).

As literaturas abordam os documentos norteadores da educação brasileira,

principalmente a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os parâmetros do currículo

nacional brasileiro (PCN’s), apontando a obrigatoriedade da temática sexualidade, devendo ser

abordada não apenas pela disciplina de ciências e biologia, como também nas demais

disciplinas como tema transversal de perspectiva cultural. De acordo com os pesquisadores

Ademir Hilário de Souza e Rosalee Santos Crespo Istoe (2022), para que o educador se aproprie

do tema e possa possibilitar reflexões relevantes a respeito de sexualidade, diversidade, gênero,

autoconhecimento, IST’s e métodos contraceptivos faz-se necessário investimento na formação

continuada, palestras e projetos para os docentes, reduzindo a discussão baseada em opiniões e

crenças que se distanciam dos conceitos científicos do qual a escola tem como função social,

disseminar.
Uma das tarefas essenciais da escola, como centro de produção sistemática de
conhecimento, é trabalhar criticamente inteligibilidade das coisas e dos fatos e a sua
comunicabilidade. É imprescindível portanto que a escola instigue constantemente a
curiosidade do educando em vez de “amaciá-la” ou “domesticá-la”. É preciso mostrar
ao educando que o uso ingênuo da curiosidade altera a sua capacidade de achar e
obstaculiza a exatidão do achado. É preciso por outro lado e, sobretudo, que o
educando vá assumindo o papel de sujeito da produção de sua inteligência do mundo
e não apenas o de recebedor da que lhe seja transferida pelo professor. (FREIRE, 1996,
p. 63).



Os desafios enfrentados pelos educadores no momento de trabalhar com essa temática,

podem estar ligados a crenças, opiniões e preconceitos que podem gerar insegurança para

abordar o assunto com os educandos. (DORNELES, 2022). Entretanto, Figueiró (2006), aponta

que objetivo da Educação Sexual na sala de aula não é tratar a respeito dos valores pessoais

nem do docente, nem do discente, mas sim apresentar conceitos científicos que possam

oportunizar reflexões que favoreçam a aprendizagem. “... Neste caso, é a força criadora do

aprender de que fazem parte a comparação, a repetição, a constatação, a dúvida rebelde, a

curiosidade não facilmente satisfeita, que supera os efeitos negativos do falso ensinar.”

(FREIRE, 1996, p.14).

Os artigos demonstram que além de princípios e opiniões pessoais, outro fator que

dificulta a abordagem da Educação Sexual é a preocupação do professor com a reação da

família do estudante frente essa discussão. (RIBEIRO, 2022). Nesse sentido, o desenvolvimento

A abordagem da educação sexual no ensino básico: uma revisão e relato de experiência


Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 76

do pensamento crítico pelo educador, torna-se imprescindível para argumentar com a família,

responsável, equipe pedagógica ou qualquer indivíduo que atentando contra a ciência em defesa

do senso comum, servindo-se da possibilidade de ensinar a pensar.
Percebe-se, assim, a importância do papel do educador, o mérito da paz com que viva
a certeza de que faz parte de sua tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos, mas
também ensinar a pensar certo. Daí a impossibilidade de vir a tornar-se um professor
crítico se, mecanicamente memorizador, é muito mais um repetidor cadenciado de
frases e de ideias inertes do que um desafiador. (FREIRE, 1996, p.15).


A atribuição central do professor é alicerçar o conhecimento para que o educando

construa sua aprendizagem à medida que vai superando os impedimentos e obstáculos da

compreensão do objeto de seu interesse, valorizando seu entendimento. Desse modo, torna-se

um ciclo, conforme torna-se agente do próprio aprendizado, aprendendo sobre algo de interesse,

estimula-se para conhecer outra coisa e mais outra, “...assim, estimulada a continuar a busca

permanente que o processo de conhecer implica.” (FREIRE, 1996, p. 61).

Nesse sentido, constitui-se responsabilidade da escola propor maneiras de instigar a

curiosidade do educando para que ele assuma o protagonismo da construção do próprio

conhecimento. A temática sexualidade é algo de interesse dos educandos dos anos finais do

Ensino Fundamental, pois está diretamente ligada à vivência da fase da adolescência e toda

mudança física, psicológica e emocional que essa nova fase gera. (DORNELES, 2022).

O contexto social e histórico do estado brasileiro de desigualdade e discriminação

permeiam a vida dos adolescentes estudantes de escola pública. O início da vida sexual na

adolescência está diretamente vinculado a gravidez indesejada pelo uso incorreto de

contraceptivos e possível transmissão das IST’s pela prática sexual sem o uso de preservativos.

A desinformação contribui para que os adolescentes tenham dificuldades para cuidar da saúde,

compreender seus direitos entendendo o acesso aos serviços sociais. “... o conhecimento

apropriado a respeito das mudanças durante a puberdade, sexualidade, vias de

transmissão/prevenção de IST, são fundamentais para a manutenção da saúde e bem-estar, assim

como na prevenção de gestações não planejadas e IST’s.” (VIEIRA; BARBOSA; DIONÍZIO;

SANTARATO; MONTEIRO; GOMMES-SPONHO. 2021, p.2). Nesse sentido, pesquisas

apontam a necessidade de políticas públicas de incentivo a Educação Sexual com informações

objetivas a respeito do sexo com proteção e autocuidado.

Educar os adolescentes para saúde e autoconhecimento pode representar um processo

desafiador, já que o processo de transição entre a infância e a idade adulta é uma fase de

entusiasmo social, emocional e cognitivo acompanhados de alterações hormonais e físicas que

causam mudanças profundas tanto corpóreas quanto psíquicas. Em vista disso, a abordagem de

Barbosa, Defani e Martins, 2024

Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 77

Educação Sexual deve observar os interesses dos adolescentes, respeitando a individualidade

assim como o contexto cultural desses indivíduos. “A sexualidade está intimamente ligada ao

ser humano em seu âmbito privado, podendo ser resultado de sua cultura ou de relações pessoais

estabelecidas por homens e mulheres, no decorrer de suas vidas.” (CORTEZ; SILVA, 2017, p.

3644).

Nesse sentido, nos Parâmetros Curriculares, a Educação Sexual deverá ser abordada por

todas as disciplinas contemplando todo ensino Básico, já que é um tema que abrange tanto o

conhecimento científico do corpo humano, higiene, autocuidado, infecções e doenças, como

aspectos culturais, históricos, econômicos e psicológicos, que compreendem todo o

desenvolvimento humano. (Parâmetros Curriculares, 1997). No entanto, a Base Nacional

Comum Curricular (BNCC) limita o ensino da Educação Sexual na disciplina de ciências e

biologia correspondente a um ano escolar exclusivo.

Os adolescentes possuem questionamentos e curiosidades a respeito da sexualidade que

muitas vezes não são mencionados para a família e nem na escola, por serem sentirem vergonha

de expor suas dúvidas que muitas vezes foram reprimidas. Portanto, a necessidade da temática

ser debatida de maneira natural e respeitosa dentro da sala de aula, para que os adolescentes se

sintam à vontade para manifestar seus pensamentos, observando como a sexualidade infere nas

escolhas e consequências de toda a vida. (SANTOS, B; PAULA, F; NOGUEIRA, A; PAULA,

L. 2023)

Dessa maneira, as metodologias ativas contribuem para a abordagem do tema de

maneira lúdica e leve, favorecendo a aprendizagem de assuntos mais complexos que muitas

vezes são encarados com timidez tanto pelos estudantes como pelos docentes. (MORAN).

Assim, os professores são capazes de construir estratégias que envolvam os estudantes no

processo de ensino tornando-se agentes da própria aprendizagem.

A BNCC (2019) orienta as concepções políticas e éticas da educação nacional para a

completa formação humana objetivando a justiça social na construção de uma sociedade

inclusiva e democrática.

De acordo com Figueiró (2006), a educação sexual prepara o estudante para

compreender seu próprio corpo, entender as emoções, o processo de crescimento e as mudanças

físicas e emocionais relacionadas à adolescência, contribuindo com a estruturação do respeito

a si próprio, do outro e a diversidade.
Pretende-se que os estudantes, ao terminarem o Ensino Fundamental, estejam aptos a
compreender a organização e o funcionamento de seu corpo, assim como a interpretar
as modificações físicas e emocionais que acompanham a adolescência e a reconhecer
o impacto que elas podem ter na autoestima e na segurança de seu próprio corpo. É
também fundamental que tenham condições de assumir o protagonismo na escolha de

A abordagem da educação sexual no ensino básico: uma revisão e relato de experiência


Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 78

posicionamentos que representem autocuidado com seu corpo e respeito com o corpo
do outro, na perspectiva do cuidado integral à saúde física, mental, sexual e
reprodutiva. (BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR, 2019, p.327).


Devido a preconceitos formados por demandas morais e religiosas a educação sexual

escolar enfrenta obstáculos que dificultam o trabalho do corpo docente. No entanto, os temas

relacionados a sexualidade e a reprodução são imprescindíveis na formação humana e estão

contemplados na BNCC (2019) no ensino de ciência nos anos finais do ensino fundamental. Já

para o Novo Ensino Médio a BNCC (2019) desconsiderou as temáticas da Educação Sexual,

visto que não constam nas habilidades e competências da base, enfatizando que a relevância e

o interesse desse tema acontecem na faixa etária dos alunos que estão cursando os anos finais

do Ensino Fundamental. “Nos anos finais, são abordados também temas relacionados à

reprodução e à sexualidade humana, assuntos de grande interesse e relevância social nessa faixa

etária”. (BNCC, 2019, p.327).


4. CONCLUSÃO

Desse modo, os resultados constatam que o uso de metodologias ativas torna o processo

de ensino-aprendizagem prazeroso e instigam o interesse pelo conhecimento. No Colégio

Estadual Alberto J. Byington Junior, o jogo foi utilizado como recurso pedagógico permitindo

que os alunos desenvolvessem a aprendizagem de conceitos científicos de maneira lúdica e

divertida, corroborando com os estudos que afirmam que as metodologias ativas contribuem

para a construção do processo de ensino-aprendizagem integrando os alunos nesse processo.

Os educandos demonstraram interesse no assunto e nas atividades propostas,

participando de maneira organizada e assertiva do jogo. No decorrer da aplicação do jogo

percebemos que os estudantes tinham conhecimento prévio a respeito da anatomia humana e

sobre os métodos contraceptivos. No entanto, quando abordados temas relacionados à saúde,

especificamente, as IST’s, os adolescentes demonstraram dificuldade em relacionar as imagens

com as nomenclaturas, equivocando-se diversas vezes ao longo do desenvolvimento da

atividade.

Nessa perspectiva os temas de diversidade sexual, gênero e sexualidade debatidos na

sala de aula de maneira adequada e emancipadora, poderiam possibilitar a compreensão de

aspectos biológicos, psicológicos e sociais da pessoa, favorecendo o respeito coletivo e

individual, aprendendo a lidar com as questões relacionadas a saúde sexual e a diversidade de

gênero, além de proporcionar o enfrentamento de abusos, violência de gênero e sexual.

Barbosa, Defani e Martins, 2024

Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 79

Ficou evidente nas literaturas que apesar da Educação Sexual ser uma proposta de tema

transversal e estar na BNCC especificamente na área de ciências, são apenas os professores de

ciências que discutem esses assuntos e a relutância dos professores em trabalhar essa temática,

mostra-se associada a princípios morais, pessoais e insegurança com as reações dos familiares

e responsáveis pelos educandos.

Assim, a educação sexual desenvolvida nas escolas pode ser pensada e planejada de

acordo com a idade e realidade dos alunos, utilizando recursos criativos e divertidos que

favoreçam a participação, observando a individualidade de cada educando concomitantemente,

com o incentivo à tomada de decisão e o respeito a si e aos outros.

Conforme a análise dos gráficos 1 e 2, percebemos ainda que o tema sobre Infecções

sexualmente transmissíveis (IST’s) vem sendo discutido constantemente nas redes socias e

noticiários, mostrou-se insuficiente para que os jovens do Ensino Médio, (que analisamos)

pudessem internalizar o assunto. Portanto, parece razoável sugerir a inclusão da educação

sexual, contemplando os três anos do Ensino Médio como habilidade básica garantida pela

BNCC, já que garantir o ensino da Educação Sexual apenas no oitavo ano do Ensino

Fundamental apenas na disciplina de Ciências, será ineficaz para promover a aprendizagem a

respeito da questão, dificultando a internalização do conhecimento.


REFERÊNCIAS

ALBINO, T.S.L. (2015). A Prática Docente e o Uso de Metodologias Alternativas no
Ensino de Matemática:
Um olhar para as escolas que adotam propostas pedagógicas
diferenciadas. Acesso em: 26 jan. 2020. Disponível em:
<http://www.ufjf.br/ebrapem2015/files/2015/10/gd7_thais_albino.pdf>.

BONFIM, Claudia Ramos de Souza. Educação Sexual e Formação de Professores de
Ciências Biológicas
; Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2009.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2019.
Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf>.
Acesso em: 27 jan. 2023.

CORREIA, Maria Lygia Alexandre; REBOUÇAS, Willame Anderson Simões;
THISOTEINE, George Miguel; BORTOLOZZI, Ana Cláudia. Educação em Sexualidade
Desenvolvimento Humano:
Pesquisas, Teorias e Práticas. 2022. Disponível em:
https://editorarealize.com.br/editora/anais/seminario-
genero/2022/TRABALHO_EV173_MD1_SA118_ID1667_01082022192603.pdf>. Acesso
em: 5 fev. 2023.

A abordagem da educação sexual no ensino básico: uma revisão e relato de experiência


Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 80

CORTEZ, Antunes; SILVA, Lauanna Malafaia da. pesquisa-ação: promovendo educação em
saúde com adolescentes sobre infecção sexualmente transmissível. 2017. Disponível em:
file:///C:/Users/NotebookAcer/Downloads/234495-103777-1-PB%20(1).pdf>. Acesso em: 11
fev. 2023.

DE CASTRO MAGALHÃES, Beatriz et al. Utilização de metodologias ativas para a
promoção da saúde sexual e reprodutiva de adolescentes. Interfaces-Revista de Extensão da
UFMG
, v. 7, n. 1, 2019.

DIESEL, Aline; BALDEZ, Alda Leila Santos; MARTINS, Silvana Neumann. Os princípios
das metodologias ativas de ensino: uma abordagem teórica. Revista Thema, v. 14, n. 1, p.
268-288, 2017.

DORNELES, Aléxia Vitória Thomé. Educação sexual nas escolas na dimensão da
promoção da saúde:
revisão narrativa. 2022. Disponível em:
https://repositorio.ufsm.br/handle/1/26125. Acesso em: 8 fev. 2023.

FIGUEIRÓ, Mary Neide Damico. Educação Sexual: retomando uma proposta, um desafio.
3ª ed. Londrina: DUEL, 2020.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed.
São Paulo: Paz e Terra, 1996.

LINS, Dulce; Ferreira, Fernanda; ANACLETO, Roosevelt; SANTOS, Larissa; SANTOS,
Ozinaldo. Dificuldades da educação sexual nas escolas: Como enfrentar esse tabu social?
Universidade Federal de Alagoas.

MAIO, Eliane Rosa. Gênero e sexualidade: interfaces educativas. 1ª ed. Maringá:
ApprisEditora, 2018.

NOVAL, Elaine. Dificuldades enfrentadas pelos professores ao trabalhar educação
sexual nas escolas
. Medianeira: 2013.

RIBEIRO, Rayane Brandão. As Várias Faces de Eva: o feminino na contemporaneidade -
ISBN 978-65-5360-134-5 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org - Vol. 1.
2022. disponível em: https://downloads.editoracientifica.com.br/articles/220609136.pdf>.
Acesso em 21 fev. 2023.

SANTOS, Bruna Kalline Carneiro; PAULA, Francisco Wagner de Sousa; NOGUEIRA,
Arlindo Pereira; PAULA, Leidiane de Sousa. Obstáculos para a dialogicidade entre a escola e
os adolescentes sobre sexualidade. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 9, 14
de março de 2023. Disponível em:
https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/9/obstaculos-para-a-dialogicidade-entre-a-
escola-e-os-adolescentes-sobre-sexualidade. Acesso em: 6 março 2023

SOUZA, Ademir Hilário de; Istoe, Rosalee Santos Crespo. O papel da Educação Sexual na
prevenção da gravidez na adolescência:
uma revisão da literatura. 2022. Disponível em:
file:///C:/Users/NotebookAcer/Downloads/6+submission-149667-1217468-
field_submission_abstract_file1%20(1).pdf>. Acesso em: 18 abril 2023.

Barbosa, Defani e Martins, 2024

Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024 81

VIEIRA, Kleber José; BARBOSA, Nayara Gonçalves; DIONÍZIO Letícia de Almeida;
SANTARATO, Nathália; MONTEIRO, Juliana Cristina dos Santos; GOMES-SPONHO,
Flávia Azevedo. Início da atividade sexual e sexo protegido em adolescentes. 2021.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ean/a/xhbCGz6p8CgXWxHdhBZJZCy/?lang=pt&format=pdf>.
Acesso em: 20 abril 2023.