Arquivos do Mudi, v. 28, n. 3, p. 61-81, ano 2024
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ARTIGO ORIGINAL
Aceito em: 19/08/2024 Publicado em: 15/12/2024
THE APPROACH TO SEXUAL EDUCATION IN BASIC EDUCATION: A REVIEW AND
EXPERIENCE REPORT
Abstract
Sex education in the school environment is essential for the integral formation of the student, from the approach of
biological and scientific concepts it is possible to promote discussions that encompass the experiences and
subjectivity of each person, observing the social construction of sexuality throughout history. In this way, this work
intends to analyze how is the approach of the theme Sexual Education in basic education through the review of
articles. In addition, an active methodology activity was applied in a school. This is a bibliographic research with a
qualitative approach. As a theoretical contribution, we use the works of Eliane Rose Maio (2018) Gender and
sexuality: Educational interfaces, Mary Neide Damico Figueiró (2020) Sexual Education: resuming a proposal, a
challenge and Paulo Freire (1996) Pedagogy of autonomy: knowledge necessary for practice educational. In this
sense, in order to reach the proposed objective, the contributions of sex education in the student's biopsychosocial
training and the confrontation of sexual and gender violence through this training were analyzed. In addition,
activities were carried out with students in the final years of Elementary School and New High School enrolled in
the State Education Network, regarding the anatomy of the Male and Female Genital Systems, Contraceptive
Methods and Sexually Transmitted Infections (STIs), using the active methodologies. In this article, we report the
activities carried out at Colégio Estadual Alberto J. Byington Junior, located in the city of Maringá - PR.
Keywords: Sexuality. Active Methodologies. School.
A ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO SEXUAL NO ENSINO BÁSICO: UMA
REVISÃO E RELATO DE EXPERIÊNCIA
Carmem Patrícia Barbosa
Universidade Estadual de Maringá – UEM
cpbarbosa@uem.br
Marli Aparecida Defani
Universidade Estadual de Maringá – UEM
madefani@uem.br
Isabela Peixoto Martins
Unicesumar
isabela.martins@docentes.unicesumar.edu.br
Resumo
A educação sexual no âmbito escolar é imprescindível para
formação integral do aluno, a partir da abordagem dos conceitos
biológicos e científicos é possível promover discussões que
englobam as vivências e a subjetividade de cada pessoa, observando
a construção social da sexualidade ao longo da história. Dessa
forma, este trabalho pretende analisar como é a abordagem do tema
Educação Sexual no ensino básico através da revisão de artigos e da
aplicação de uma atividade de metodologia ativa em uma escola.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa.
Como aporte teórico utilizamos as obras de Eliane Rose Maio
(2018) Gênero e sexualidade: Interfaces educativas, Mary Neide
Damico Figueiró (2020) Educação Sexual: retomando uma
proposta, um desafio e Paulo Freire (1996) Pedagogia da
autonomia: saberes necessários à prática educativa. Nesse sentido,
para alcançar o objetivo proposto, foram analisadas as contribuições
da educação sexual na formação biopsicossocial do estudante e o
enfretamento da violência sexual e de gênero por meio dessa
formação. As atividades foram desenvolvidas com os educandos
dos anos finais do Ensino Fundamental e do Novo Ensino Médio
matriculados na Rede Estadual de Educação, a respeito da anatomia
do Sistemas Genitais Feminino e Masculino, Métodos
contraceptivos e Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST),
utilizando as metodologias ativas. Relatamos no presente artigo as
atividades desenvolvidas no Colégio Estadual Alberto J. Byington
Junior, localizado na cidade de Maringá - PR.
Palavras-chave: Sexualidade. Metodologias Ativas. Escola.
A abordagem da educação sexual no ensino básico: uma revisão e relato de experiência
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1. INTRODUÇÃO
A educação sexual tem o intuito de formar o indivíduo preparando-o para lidar com as
questões coletivas e individuais a respeito da sexualidade de maneira crítica, contribuindo para
a transformação da sociedade em que está inserido. “A sexualidade é uma dimensão humana
que vai além de sua determinação biológica, pois é, também, culturalmente determinada”
(FIGUEIRÓ, p.21, 2020).
Figueiró (2020) afirma que a Educação Sexual possibilita a formação integral do
estudante favorecendo o conhecimento acerca de temas como, gravidez na adolescência,
métodos contraceptivos, violência sexual, gênero, Infecções Sexualmente Transmissíveis -
IST’s e a anatomia genital, contribuindo para o enfrentamento de questões sociais relacionadas
a sexualidade.
Nesse sentido, as discussões a respeito da sexualidade contemplando temas como os
direitos e deveres, consentimento e limite do corpo, sentimentos, vivências e diversidade, são
urgentes no contexto nacional, no qual a violência sexual contra crianças e adolescentes tem
alcançado níveis elevados. Assim, os diálogos desenvolvidos no âmbito escolar, podem
contribuir para o enfretamento da violência sexual, prevenindo casos de abusos, gravidez na
adolescência, feminicídio, assédio, estupro, preconceito e discriminação. (OLIVEIRA; SILVA;
MAIO, 2020).
Apesar da relevância dessa temática, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) a Educação Sexual é abordada nas escolas na disciplina de ciências somente a partir
do oitavo ano do Ensino Fundamental:
(EF08CI08) Analisar e explicar as transformações que ocorrem na puberdade
considerando a atuação dos hormônios sexuais e do sistema nervoso. (EF08CI09)
Comparar o modo de ação e a eficácia dos diversos métodos contraceptivos e justificar
a necessidade de compartilhar a responsabilidade na escolha e na utilização do método
mais adequado à prevenção da gravidez precoce e indesejada e de Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST). (EF08CI10) Identificar os principais sintomas,
modos de transmissão e tratamento de algumas DST (com ênfase na AIDS), e discutir
estratégias e métodos de prevenção. (EF08CI11) Selecionar argumentos que
evidenciem as múltiplas dimensões da sexualidade humana (biológica, sociocultural,
afetiva e ética) (BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR, 2019).
Apesar da BNCC (2019) tratar em sua unidade temática as habilidades esperadas ao
trabalhar os assuntos relacionados à sexualidade, gênero e diversidade sexual, ainda existem
tabus ideológicos a serem enfrentados dentro da escola que limitam a prática do professor no
que diz respeito à abordagem desse tema. Dessa forma, os pesquisadores da educação Eliane
Rose Maio e Márcio de Oliveira (2012), enfatizam a importância da formação de toda a
comunidade escolar, ou seja, todos os profissionais que atuam na educação escolar convivendo
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com os alunos, para que o desenvolvimento da educação sexual ocorra de forma satisfatória e
emancipadora.
Dessa maneira, Noval (2013), constatou dificuldades no ensino da Educação Sexual nas
escolas brasileiras. Dentre os problemas notificados encontra-se o distanciamento professor-
aluno pela falta de confiança dos alunos com os professores. Esse distanciamento pode ocorrer
pela não aceitação dos pais e da sociedade à abordagem do assunto dentro de sala de aula, por
motivos éticos e religiosos. Considerando assim o trabalho da sexualidade com crianças e
adolescentes algo desnecessário e trazendo a ideia da incitação precoce ao sexo. Esse
pensamento conservador traz a crença popular de que a educação sexual deveria ser abordada
somente em casa com os pais e familiares.
Outra dificuldade observada foi a má qualificação dos professores ao abordar o tema.
Pois a grande maioria dos currículos de cursos não trazem aulas e estudos sobre a sexualidade
humana que instigue o docente a procurar estratégias para abordar o tema de modo social, esses
currículos trazem apenas conceitos biológicos, não abordando sexualidade como um tema
amplo e complexo. Com isso, o professor não se sente preparado para sanar as diversas dúvidas
que os alunos poderiam trazer para sala de aula. Docentes que vieram de uma geração em que
a sexualidade era reprimida e repudiada por valores morais, culturais e religiosos tendem a ver
o tema como algo erótico e ilícito para os adolescentes, fazendo com que o tema seja esquecido
e não abordado. (BONFIM, 2009).
A visão apenas biológica a respeito da sexualidade desconsidera as relações sociais,
culturais, psicológicas e afetivas, que acabam por fundamentar ideias discriminatórias e
preconceituosas. Os pesquisadores Eliane Maio, Marcio Oliveira e Reginaldo Peixoto (2018),
ressaltam a importância da discussão da sexualidade abordando além dos conceitos biológicos
e genéticos as questões socioculturais e psicoafetivas para a desconstrução de crenças e ideias
intolerantes construídas culturalmente.
De forma simples e clara é importante que a criança tenha o conhecimento sobre o
que é sexo, que relação sexual não é praticada por criança e da existência do abuso
sexual, para que desta forma, possa evitar situações, ter o poder de enfrentamento e a
confiança em denunciar e estar assegurada. (MAIO; MIRANDA; OLIVEIRA, 2013,
p.11).
A discussão da sexualidade, gênero e diversidade fornece conhecimento para combater
a violência sexual e de gênero favorecendo o entendimento do funcionamento biológico e
psicológico do corpo, assim como questões sociais e políticas que influenciam a percepção de
si próprio e da sociedade que o sujeito está inserido. (MAIO; MIRANDA; OLIVEIRA, 2013).
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Como estratégia para trabalhar o tema na educação básica, o desenvolvimento dos temas
relacionados à educação sexual pode ser realizado por meio de metodologias ativas. Conforme
Freire (1996), enfatizou que a autonomia do aluno pode ser desenvolvida por meio da
construção do próprio conhecimento, e não apenas pela transmissão dos saberes pelo professor.
Essa visão, permite enxergar o aluno como produtor e não apenas como receptor do
conhecimento, possibilitando a problematização de assuntos que contribuem para sua formação
crítica.
Paulo Freire (1996, p.61), enfatiza que o deslocamento do foco, no processo de ensino
e aprendizagem, do docente para o estudante é fundamental para o desenvolvimento da
autonomia do estudante, problematização da realidade, reflexão e capacidade de trabalhar em
equipe. “..., mas é preciso enfatizar, mais uma vez: ensinar não é transferir inteligência do objeto
ao educando, mas instigá-lo no sentido de que, como sujeito cognoscente, se torne capaz de
inteligir e comunicar o inteligido”. Considerando a realidade da educação básica no Brasil, essa
prática se faz possível através do emprego de dinâmicas tão simples quanto a criação, pelo
professor, de rodas de conversa na qual, guiados pela teoria estudada em sala, os alunos possam
discutir situações e problemas reais. (MORAN, 2015).
Reconhecendo as problemáticas que cercam o bem-estar sexual e reprodutivo dos
adolescentes como uma questão de saúde pública, de Castro e Magalhães, Beatriz et al. (2019)
apresenta o uso de metodologias ativas como um meio de conscientização e empoderamento
dos indivíduos. Em seu estudo, foram empregados artifícios visuais - como placas com frases
relacionadas a sexualidade e próteses vaginal e peniana - com finalidade de instigar a
curiosidade dos adolescentes, levando-os a superar as barreiras que os impedissem de esclarecer
plenamente suas questões relacionadas à saúde e à sexualidade. Como tratam os autores, a
aplicação de tais metodologias no contexto da educação sexual possibilita a construção de
soluções reais para as fragilidades que prejudicam o completo desenvolvimento dos
adolescentes, uma vez que, considerando as dificuldades pessoais e coletivas que se fazem
presentes nesse momento da vida, apenas informá-los não é suficiente.
De acordo com o professor José Moran (p.18, 2015), “as metodologias ativas são pontos
de partida para avançar para processos mais avançados de reflexão, de integração cognitiva, de
generalização, de reelaboração de novas práticas”, pois quanto mais próximo da realidade do
educando, mais possível se torna a aprendizagem. A necessidade de motivar o aluno por meio
do envolvimento no próprio processo de aprendizagem são abordagens discutidas desde o início
do século XX como forma de superação da educação tradicional.
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As metodologias ativas desenvolvidas por meio de jogos, projetos reais, vídeos, rodas
de conversa e atividades lúdicas são formas significativas de envolver o aluno no processo de
aprendizagem, ou seja, “... para gerações acostumadas a jogar, a linguagem de desafios,
recompensas, de competição e cooperação é atraente e fácil de perceber” (MORAN, p.18,
2015). Nesse sentido, a educação sexual desenvolvida nas escolas deve ser pensada e planejada
de acordo com a idade e realidade dos alunos, utilizando recursos criativos e divertidos que
favoreçam a participação, observando a individualidade de cada educando concomitantemente,
com o incentivo a tomada de decisão e o respeito a si e aos outros.
Para Figueiró (2006), o educador deve compreender seu papel de formador e além de
saber como ensinar, compreender a necessidade do porquê e para que deve haver a educação
sexual no âmbito escolar. Assim, a autora, propõe estratégias de atividades como pesquisas,
recorte, colagem, dinâmicas, desenho, modelagem, dramatização, literatura, teatro e debates,
sempre observando a idade e o perfil da turma no desenvolvimento das atividades.
Desse modo, a proposta desse estudo é realizar uma abordagem qualitativa de revisão
bibliográfica, tendo como objetivo analisar como é a Educação Sexual no ensino básico através
de artigos disponíveis nas bases de dados e além disso, o trabalho tem como objetivo descrever
a preparação e aplicação de uma atividade de metodologia ativa em uma escola estadual na
cidade de Maringá-PR.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
A proposta da presente pesquisa caracterizou-se como bibliográfica de abordagem
qualitativa. A investigação bibliográfica possibilita ao pesquisador a abrangência de fatos mais
farta do que se poderia averiguar, de acordo com Gil (2002, p.133) “A análise qualitativa
depende de muitos fatores, tais como a natureza dos dados coletados, a extensão da amostra, os
instrumentos de pesquisa e os pressupostos teóricos que nortearam a investigação”. Nessa
perspectiva o estudo envolveu seis etapas, sendo: levantamento bibliográfico, busca das fontes,
leitura do material, fichamento, interpretação dos dados e redação do texto.
A partir do objetivo da investigação, selecionamos dez pesquisas por meio de um
levantamento realizado nos bancos de dados do Google Acadêmico e Scielo com a temática:
“abordagem da Educação Sexual no ensino”, estabelecendo um recorte temporal dos anos de
2020 a 2023, filtrando apenas artigos que contemplassem no título as palavras-chave “Educação
Sexual”. No Google Acadêmico foram encontrados 21 artigos e no Scielo 14 trabalhos. No
entanto, foram selecionados por meio da leitura flutuante sete trabalhos que abordaram o tema
proposto, sendo descartados os estudos que não tratavam da referida temática.
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Para discutir a formação biopsicossocial do estudante e a possibilidade de enfretamento
da violência sexual e de gênero por meio da abordagem da Educação Sexual no ensino, nos
ancoramos em autoras como Eliane Rose Maio (2018) Gênero e sexualidade: Interfaces
educativas e Mary Neide Damico Figueiró (2020) Educação Sexual: retomando uma proposta,
um desafio. A obra de Paulo Freire (1996) Pedagogia da autonomia: saberes necessários à
prática educativa, apontou para a aprendizagem centrada no aluno como uma forma de
contemplar aspectos relevantes da relação humana, do conhecimento e da cultura,
contemplando a formação integral e o interesse do educando no próprio aprendizado.
Posteriormente foi desenvolvido e aplicado um projeto escolar utilizando as
metodologias ativas como recurso para atividades com estudantes dos anos finais do Ensino
Fundamental e alunos do Novo Ensino Médio do Colégio Estadual Alberto J. Byington Junior,
localizado na cidade de Maringá, estado do Paraná. O projeto foi previamente aprovado pela
Pró-reitoria de Extensão e Cultura (PEC) e pelo Departamento de Ciências Morfológicas da
Universidade Estadual de Maringá (DCM-UEM), sob o CAAE: 72936723.1.0000.0104. O
projeto abordou a Educação Sexual especificamente acerca da anatomia do Sistemas Genitais
Feminino e Masculino, Métodos contraceptivos e Infecções Sexualmente Transmissíveis
(IST’s).
2.1 Materiais
Elaboramos um jogo sobre educação sexual no qual abordamos os temas: IST’s,
métodos contraceptivos e anatomia genital feminino e masculino. Assim foi projetado uma
trilha que incluía 24 imagens cada uma em uma escaque espalhadas de forma aleatória.
O modo de jogo ocorre de tal maneira: por meio de uma urna, participantes sortearam
um número de um a vinte e quatro, direcionando-se para a escaque em questão, ao verem a
imagem correspondente a sua posição no jogo, o participante deveria encontrar a palavra
equivalente a respectiva imagem, quando encontrada a nomenclatura que o jogador considerou
apropriada a imagem, era fixada ao quadro. Os temas foram, métodos contraceptivos, infecções
sexualmente transmissíveis e anatomia feminina e masculina, com as seguintes palavras: pílula
anticoncepcional; implante anticoncepcional; DIU; anticoncepcional injetável; preservativos;
laqueadura; vasectomia; herpes genital; sífilis; tricomoníase; infecção pelo HIV; infecção pelo
Papilomavírus Humano; útero; endométrio; ovários; clitóris; vagina; vulva; testículos; túbulos
seminíferos; epidídimo; pênis; próstata e uretra.
Todo o material utilizado foi produzido manualmente com exceção das imagens que
foram impressas e das maquetes que foram emprestadas do laboratório de anatomia do
Departamento de Ciências Morfológicas da Universidade Estadual de Maringá.
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2.2 Confecção
Para montar as escaques da trilha, cortamos 24 papelões com medida (20x20), (figura 2
e 3) usando tinta spray preta para pintar os quadrados (figura 4 e 5). Imprimimos as imagens
com medidas (18x18) e colamos as imagens com cola branca no papelão previamente pintado.
Produzirmos os números usamos círculos feitos com papel E.V.A, recortamos números com
papel sulfite e grudamos com cola branca no papel E.V.A (figura 6 e 7). Já para a confecção da
urna (figura 8) aproveitamos uma lata pintando-a de preto também com a tinta spray (figura 5).
As palavras que ficaram no quadro e na mesa com o jogo foram todas escritas manualmente em
uma folha sulfite (figura 11 e 12). O quadro (figura 1) e os alfinetes (figura 10) foram
comprados. Segue abaixo as imagens do projeto:
Figura 1 – Quadro para fixação das palavras.
Fonte: Autores (2024).
Figura 2 – Quadrados de papelão.
Fonte: Autores (2024).
Figura 3 – Quadrados de papelão.
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Fonte: Autores (2024).
Figura 4 – Spray utilizado para pintura do papelão.
Fonte: Autores (2024).
Figura 5 – Número feito em EVA.
Fonte: Autores (2024).
Figura 6 – Número feito em EVA.
Fonte: Autores (2024).
Figura 7 – Número feito em EVA.
Fonte: Autores (2024).
Barbosa, Defani e Martins, 2024
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Figura 8 – Palavras utilizadas no jogo.
Fonte: Autores (2024).
Figura 9 – Alfinetes utilizados para fixação das palavras no quadro.
Fonte: Autores (2024).
Figura 10 – Palavras utilizadas no jogo.
Fonte: Autores (2024).
Figura 11 – Jogo pronto na escola.
Fonte: Autores (2024).
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Figura 12 – Jogo pronto na escola.
Fonte: Autores (2024).
Figura 13 – Jogo pronto na escola.
Fonte: Autores (2024).
Figura 14 – Jogo pronto na escola.
Fonte: Autores (2024).
Figura 15 – Jogo pronto na escola.
Fonte: Autores (2024).
Para a implantação do projeto fomos durante 2 dias em uma escola situada na cidade de
Maringá e atendemos alunos do 6° ano do fundamental ao 3° ano do Ensino Médio.
Barbosa, Defani e Martins, 2024
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2.3 Questionário
Após a vivência interativa pelo jogo, aplicamos um questionário relacionado com a
trilha proposta, para os estudantes do Ensino Médio. Vale a pena destacar, que todos os temas
mencionados no questionário foram revisados por meio de aula expositiva e metodologias
ativas.
Figura 16 – Questionário aplicado após a execução do projeto na escola.
Para analisarmos as respostas dos questionários, utilizamos gráficos gerados a partir de
tabelas alimentadas pelo Microsoft Excel, um software de planilhas eletrônicas, que nos ajudou
a realizar os cálculos para tabular os dados.
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Foram analisados os dados entre os alunos do Ensino Médio do sexo masculino e
feminino, separados entre os estudantes do primeiro, segundo e terceiro ano, considerando
acertos de cada questão respondida.
O questionário foi respondido por oitenta estudantes do sexo feminino, sendo 27 do
primeiro ano, 23 estudantes matriculadas no segundo ano e 30 alunas do terceiro ano. Os
estudantes do sexo masculino somaram um total de 107 alunos, sendo 32 matriculados no
primeiro ano, 39 no segundo ano e 36 no terceiro ano do Ensino Médio.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Aproximadamente 150 alunos participaram das atividades, com média de 30 alunos por
turma. Em três escolas, realizamos reuniões com professores de Ciências e Biologia para
explicar a SD referente ao escorpionismo, propondo uma abordagem em duas etapas:
inicialmente, realizar uma aula expositiva dialogada sobre o escorpionismo, seguida da
aplicação do jogo didático “Jornada contra o Escorpionismo”. Materiais didáticos, incluindo o
jogo, foram fornecidos às escolas para uso das professoras. Para abordar o tema do
escorpionismo, foi elaborado um caso clínico com questões relacionadas (Tabela 1). Em uma
escola, a professora complementou a aula com espécimes preservados de escorpiões. As
professoras das três escolas relataram alto envolvimento e entusiasmo dos alunos tanto pelo
tema quanto pelo jogo (figura 4).
Ensino Médio Feminino Masculino Total
1º ano 27 32 59
2º ano 23 39 62
3º ano 30 36 66
Total Geral 80 107 187
Quadro 1 – Quantidade de questionários respondidos por sexo.
Fonte: Dados da pesquisa (2024).
De acordo com a tabela, podemos destacar que a maior quantidade de alunos que
responderam ao questionário foi do sexo masculino em comparação com as estudantes do sexo
feminino.
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Gráfico 1 – Questões respondidas por estudantes do sexo feminino.
A primeira questão abordou conhecimento básico a respeito do Vírus da
imunodeficiência humana (HIV), no qual o primeiro ano apresentou dificuldade na resposta,
pois houveram apenas 12 acertos e 15 erros entre as 27 alunas. Entretanto as estudantes do
segundo e terceiro ano, juntas tiveram cinco respostas errôneas, conforme observamos no
gráfico 1.
A temática sobre anatomia genital e métodos contraceptivos, foi tratada na segunda
questão que verificamos grande quantidade de acertos entre as alunas, sendo que o primeiro e
segundo ano tiveram sete respostas erradas, enquanto no terceiro ano, apenas uma resposta
equivocada.
Contudo, a terceira questão que trata novamente a respeito das Infecções sexualmente
transmissíveis (IST’s), o primeiro e terceiro ano tiveram erros significativos. Sendo que houve
19 erros no total de 27 alunas e respectivamente 21 respostas erradas entre 30 estudantes.
1º ANO 2º ANO 3º ANO
F
Acertos da questão 1 12 22 26
Acertos da questão 2 20 16 29
Acertos da questão 3 8 17 9
0
5
10
15
20
25
30
35
Questões respondidas pelas estudantes do
sexo feminino
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Gráfico 2 – Questões respondidas por estudantes do sexo masculino.
De acordo com o gráfico 2, podemos destacar que a quantidade de respostas errôneas
nas questões 1 e 3, foram maiores que os acertos entre os alunos do primeiro e terceiro ano. A
questão 1 abordou conhecimento básico sobre o (HIV), no qual o primeiro ano obteve dez
acertos, ou seja 70,4% dos estudantes erraram a questão. Já no segundo ano apenas cinco
pessoas erraram a primeira questão. No terceiro ano 39,6% dos alunos equivocaram-se na
resposta. Isso demonstra que mesmo esse assunto ter sido estudado durante os anos finais do
ensino fundamental conforme a BNCC, percebe-se que a maioria dos estudantes não obtiveram
durante o ensino fundamental a habilidades proposta pela BNCC referente a essa temática.
Na segunda questão podemos observar grande quantidade de acerto principalmente
entre as alunas do sexo feminino. Entretanto, na terceira questão que retoma o tema IST’s
observamos a deficiência no aprendizado de 77,8% dos estudantes do terceiro ano que não
pontuaram nessa questão. Sendo que entre os alunos de primeiro e segundo ano 50% falharam
na resposta. Assim de acordo com os dados apresentados, evidenciou-se uma maior dificuldade
nas perguntas relacionadas a IST’s (questões 1 e 3) principalmente para os 1º e 3º anos.
No entanto, mesmo esse assunto sendo discutido constantemente nas redes socias e
noticiários, não parece ser suficiente para que os jovens do Ensino Médio, (que analisamos)
pudessem internalizar o assunto. Portanto, parece razoável sugerir a inclusão da educação
sexual, contemplando os três anos do Ensino Médio como habilidade básica garantida pela
BNCC.
1º ANO 2º ANO 3º ANO
M
Acertos da questão 1 10 34 25
Acertos da questão 2 16 33 28
Acertos da questão 3 16 18 8
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Questões respondidas pelos estudantes do
sexo masculino
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Os resultados dos estudos analisados apontam para a necessidade de trabalhar os
conceitos científicos na abordagem da educação sexual contemplando discussões que abordem
as questões de gênero e diversidade oferecendo instrumentos que possam contribuir na
emancipação do educando. (MIRANDA; BARROS, 2019).
As literaturas abordam os documentos norteadores da educação brasileira,
principalmente a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os parâmetros do currículo
nacional brasileiro (PCN’s), apontando a obrigatoriedade da temática sexualidade, devendo ser
abordada não apenas pela disciplina de ciências e biologia, como também nas demais
disciplinas como tema transversal de perspectiva cultural. De acordo com os pesquisadores
Ademir Hilário de Souza e Rosalee Santos Crespo Istoe (2022), para que o educador se aproprie
do tema e possa possibilitar reflexões relevantes a respeito de sexualidade, diversidade, gênero,
autoconhecimento, IST’s e métodos contraceptivos faz-se necessário investimento na formação
continuada, palestras e projetos para os docentes, reduzindo a discussão baseada em opiniões e
crenças que se distanciam dos conceitos científicos do qual a escola tem como função social,
disseminar.
Uma das tarefas essenciais da escola, como centro de produção sistemática de
conhecimento, é trabalhar criticamente inteligibilidade das coisas e dos fatos e a sua
comunicabilidade. É imprescindível portanto que a escola instigue constantemente a
curiosidade do educando em vez de “amaciá-la” ou “domesticá-la”. É preciso mostrar
ao educando que o uso ingênuo da curiosidade altera a sua capacidade de achar e
obstaculiza a exatidão do achado. É preciso por outro lado e, sobretudo, que o
educando vá assumindo o papel de sujeito da produção de sua inteligência do mundo
e não apenas o de recebedor da que lhe seja transferida pelo professor. (FREIRE, 1996,
p. 63).
Os desafios enfrentados pelos educadores no momento de trabalhar com essa temática,
podem estar ligados a crenças, opiniões e preconceitos que podem gerar insegurança para
abordar o assunto com os educandos. (DORNELES, 2022). Entretanto, Figueiró (2006), aponta
que objetivo da Educação Sexual na sala de aula não é tratar a respeito dos valores pessoais
nem do docente, nem do discente, mas sim apresentar conceitos científicos que possam
oportunizar reflexões que favoreçam a aprendizagem. “... Neste caso, é a força criadora do
aprender de que fazem parte a comparação, a repetição, a constatação, a dúvida rebelde, a
curiosidade não facilmente satisfeita, que supera os efeitos negativos do falso ensinar.”
(FREIRE, 1996, p.14).
Os artigos demonstram que além de princípios e opiniões pessoais, outro fator que
dificulta a abordagem da Educação Sexual é a preocupação do professor com a reação da
família do estudante frente essa discussão. (RIBEIRO, 2022). Nesse sentido, o desenvolvimento
A abordagem da educação sexual no ensino básico: uma revisão e relato de experiência
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do pensamento crítico pelo educador, torna-se imprescindível para argumentar com a família,
responsável, equipe pedagógica ou qualquer indivíduo que atentando contra a ciência em defesa
do senso comum, servindo-se da possibilidade de ensinar a pensar.
Percebe-se, assim, a importância do papel do educador, o mérito da paz com que viva
a certeza de que faz parte de sua tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos, mas
também ensinar a pensar certo. Daí a impossibilidade de vir a tornar-se um professor
crítico se, mecanicamente memorizador, é muito mais um repetidor cadenciado de
frases e de ideias inertes do que um desafiador. (FREIRE, 1996, p.15).
A atribuição central do professor é alicerçar o conhecimento para que o educando
construa sua aprendizagem à medida que vai superando os impedimentos e obstáculos da
compreensão do objeto de seu interesse, valorizando seu entendimento. Desse modo, torna-se
um ciclo, conforme torna-se agente do próprio aprendizado, aprendendo sobre algo de interesse,
estimula-se para conhecer outra coisa e mais outra, “...assim, estimulada a continuar a busca
permanente que o processo de conhecer implica.” (FREIRE, 1996, p. 61).
Nesse sentido, constitui-se responsabilidade da escola propor maneiras de instigar a
curiosidade do educando para que ele assuma o protagonismo da construção do próprio
conhecimento. A temática sexualidade é algo de interesse dos educandos dos anos finais do
Ensino Fundamental, pois está diretamente ligada à vivência da fase da adolescência e toda
mudança física, psicológica e emocional que essa nova fase gera. (DORNELES, 2022).
O contexto social e histórico do estado brasileiro de desigualdade e discriminação
permeiam a vida dos adolescentes estudantes de escola pública. O início da vida sexual na
adolescência está diretamente vinculado a gravidez indesejada pelo uso incorreto de
contraceptivos e possível transmissão das IST’s pela prática sexual sem o uso de preservativos.
A desinformação contribui para que os adolescentes tenham dificuldades para cuidar da saúde,
compreender seus direitos entendendo o acesso aos serviços sociais. “... o conhecimento
apropriado a respeito das mudanças durante a puberdade, sexualidade, vias de
transmissão/prevenção de IST, são fundamentais para a manutenção da saúde e bem-estar, assim
como na prevenção de gestações não planejadas e IST’s.” (VIEIRA; BARBOSA; DIONÍZIO;
SANTARATO; MONTEIRO; GOMMES-SPONHO. 2021, p.2). Nesse sentido, pesquisas
apontam a necessidade de políticas públicas de incentivo a Educação Sexual com informações
objetivas a respeito do sexo com proteção e autocuidado.
Educar os adolescentes para saúde e autoconhecimento pode representar um processo
desafiador, já que o processo de transição entre a infância e a idade adulta é uma fase de
entusiasmo social, emocional e cognitivo acompanhados de alterações hormonais e físicas que
causam mudanças profundas tanto corpóreas quanto psíquicas. Em vista disso, a abordagem de
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Educação Sexual deve observar os interesses dos adolescentes, respeitando a individualidade
assim como o contexto cultural desses indivíduos. “A sexualidade está intimamente ligada ao
ser humano em seu âmbito privado, podendo ser resultado de sua cultura ou de relações pessoais
estabelecidas por homens e mulheres, no decorrer de suas vidas.” (CORTEZ; SILVA, 2017, p.
3644).
Nesse sentido, nos Parâmetros Curriculares, a Educação Sexual deverá ser abordada por
todas as disciplinas contemplando todo ensino Básico, já que é um tema que abrange tanto o
conhecimento científico do corpo humano, higiene, autocuidado, infecções e doenças, como
aspectos culturais, históricos, econômicos e psicológicos, que compreendem todo o
desenvolvimento humano. (Parâmetros Curriculares, 1997). No entanto, a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) limita o ensino da Educação Sexual na disciplina de ciências e
biologia correspondente a um ano escolar exclusivo.
Os adolescentes possuem questionamentos e curiosidades a respeito da sexualidade que
muitas vezes não são mencionados para a família e nem na escola, por serem sentirem vergonha
de expor suas dúvidas que muitas vezes foram reprimidas. Portanto, a necessidade da temática
ser debatida de maneira natural e respeitosa dentro da sala de aula, para que os adolescentes se
sintam à vontade para manifestar seus pensamentos, observando como a sexualidade infere nas
escolhas e consequências de toda a vida. (SANTOS, B; PAULA, F; NOGUEIRA, A; PAULA,
L. 2023)
Dessa maneira, as metodologias ativas contribuem para a abordagem do tema de
maneira lúdica e leve, favorecendo a aprendizagem de assuntos mais complexos que muitas
vezes são encarados com timidez tanto pelos estudantes como pelos docentes. (MORAN).
Assim, os professores são capazes de construir estratégias que envolvam os estudantes no
processo de ensino tornando-se agentes da própria aprendizagem.
A BNCC (2019) orienta as concepções políticas e éticas da educação nacional para a
completa formação humana objetivando a justiça social na construção de uma sociedade
inclusiva e democrática.
De acordo com Figueiró (2006), a educação sexual prepara o estudante para
compreender seu próprio corpo, entender as emoções, o processo de crescimento e as mudanças
físicas e emocionais relacionadas à adolescência, contribuindo com a estruturação do respeito
a si próprio, do outro e a diversidade.
Pretende-se que os estudantes, ao terminarem o Ensino Fundamental, estejam aptos a
compreender a organização e o funcionamento de seu corpo, assim como a interpretar
as modificações físicas e emocionais que acompanham a adolescência e a reconhecer
o impacto que elas podem ter na autoestima e na segurança de seu próprio corpo. É
também fundamental que tenham condições de assumir o protagonismo na escolha de
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posicionamentos que representem autocuidado com seu corpo e respeito com o corpo
do outro, na perspectiva do cuidado integral à saúde física, mental, sexual e
reprodutiva. (BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR, 2019, p.327).
Devido a preconceitos formados por demandas morais e religiosas a educação sexual
escolar enfrenta obstáculos que dificultam o trabalho do corpo docente. No entanto, os temas
relacionados a sexualidade e a reprodução são imprescindíveis na formação humana e estão
contemplados na BNCC (2019) no ensino de ciência nos anos finais do ensino fundamental. Já
para o Novo Ensino Médio a BNCC (2019) desconsiderou as temáticas da Educação Sexual,
visto que não constam nas habilidades e competências da base, enfatizando que a relevância e
o interesse desse tema acontecem na faixa etária dos alunos que estão cursando os anos finais
do Ensino Fundamental. “Nos anos finais, são abordados também temas relacionados à
reprodução e à sexualidade humana, assuntos de grande interesse e relevância social nessa faixa
etária”. (BNCC, 2019, p.327).
4. CONCLUSÃO
Desse modo, os resultados constatam que o uso de metodologias ativas torna o processo
de ensino-aprendizagem prazeroso e instigam o interesse pelo conhecimento. No Colégio
Estadual Alberto J. Byington Junior, o jogo foi utilizado como recurso pedagógico permitindo
que os alunos desenvolvessem a aprendizagem de conceitos científicos de maneira lúdica e
divertida, corroborando com os estudos que afirmam que as metodologias ativas contribuem
para a construção do processo de ensino-aprendizagem integrando os alunos nesse processo.
Os educandos demonstraram interesse no assunto e nas atividades propostas,
participando de maneira organizada e assertiva do jogo. No decorrer da aplicação do jogo
percebemos que os estudantes tinham conhecimento prévio a respeito da anatomia humana e
sobre os métodos contraceptivos. No entanto, quando abordados temas relacionados à saúde,
especificamente, as IST’s, os adolescentes demonstraram dificuldade em relacionar as imagens
com as nomenclaturas, equivocando-se diversas vezes ao longo do desenvolvimento da
atividade.
Nessa perspectiva os temas de diversidade sexual, gênero e sexualidade debatidos na
sala de aula de maneira adequada e emancipadora, poderiam possibilitar a compreensão de
aspectos biológicos, psicológicos e sociais da pessoa, favorecendo o respeito coletivo e
individual, aprendendo a lidar com as questões relacionadas a saúde sexual e a diversidade de
gênero, além de proporcionar o enfrentamento de abusos, violência de gênero e sexual.
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Ficou evidente nas literaturas que apesar da Educação Sexual ser uma proposta de tema
transversal e estar na BNCC especificamente na área de ciências, são apenas os professores de
ciências que discutem esses assuntos e a relutância dos professores em trabalhar essa temática,
mostra-se associada a princípios morais, pessoais e insegurança com as reações dos familiares
e responsáveis pelos educandos.
Assim, a educação sexual desenvolvida nas escolas pode ser pensada e planejada de
acordo com a idade e realidade dos alunos, utilizando recursos criativos e divertidos que
favoreçam a participação, observando a individualidade de cada educando concomitantemente,
com o incentivo à tomada de decisão e o respeito a si e aos outros.
Conforme a análise dos gráficos 1 e 2, percebemos ainda que o tema sobre Infecções
sexualmente transmissíveis (IST’s) vem sendo discutido constantemente nas redes socias e
noticiários, mostrou-se insuficiente para que os jovens do Ensino Médio, (que analisamos)
pudessem internalizar o assunto. Portanto, parece razoável sugerir a inclusão da educação
sexual, contemplando os três anos do Ensino Médio como habilidade básica garantida pela
BNCC, já que garantir o ensino da Educação Sexual apenas no oitavo ano do Ensino
Fundamental apenas na disciplina de Ciências, será ineficaz para promover a aprendizagem a
respeito da questão, dificultando a internalização do conhecimento.
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