LESÕES NOS MEMBROS INFERIORES E FATORES ASSOCIADOS EM
ATLETAS PROFISSIONAIS DE HANDEBOL FEMININO DE MARINGÁ, PARANÁ
Clara Zubioli Faccin
1
, e-mail: clarafaccin4@gmail.com, ORCID: 0009-0000-2317-6728
Julia Hariela Leite Vendrametto
2
, ORCID: 0009-0000-5627-4703
Andrey Rogério Campos Golias
3
, ORCID: 0001-8867-2159
RESUMO: O handebol se caracteriza por um esporte de alta intensidade, de explosão e de
grande contato físico entre os atletas, considerando-o de alto risco no que se refere a lesões,
inclusive de membros inferiores, que estes se tornam mais suscetíveis quando são
submetidos à grandes impactos. O estudo teve como objetivo verificar o histórico de lesões
nos membros inferiores nas atletas profissionais de handebol da cidade de Maringá- PR e seus
fatores associados, sendo abordadas 15 atletas e utilizado como metodologia questionários de
joelho, tornozelo e quadril, Lysholm, Cait, e Hagos respectivamente. No que se trata ao
quadril, a maioria das atletas apresentou algum tipo de sintoma de disfunção e metade
apresentava dor, porém nenhuma delas relatou lesões instaladas no mesmo. no joelho, a
minoria, sendo duas atletas apresentaram-se com resultado excelente, sete delas
encontraram-se em regular ou ruim, sendo este o que mais demonstra índices de lesões. E por
fim, o tornozelo a maior parte continha uma pontuação considerada boa no que se trata a
instabilidades do mesmo, entretanto uma delas apresentou score baixo, considerado ruim, do
tornozelo direito. Conclui-se então que a maior ocorrência de lesões nas atletas é em joelho,
visto que boa parte delas já passou por tratamento cirúrgico especialmente nesta estrutura.
Palavras-chave: Membro inferior; lesão.
INTRODUÇÃO
O Handebol é conhecido como um esporte coletivo de alta intensidade, caracterizado por
movimentos de grande impacto, assim submete o atleta à forças rápidas, o que pode ocasionar
um choque nas articulações. A anatomia do quadril é muito complexa e tem como função
conectar o tronco aos membros inferiores, sendo responsável por parte do suporte do corpo, tendo
a maior incidência de lesões extra-articulares, porém acontecem lesões ósseas também podem
ocorrer. O joelho suporta uma carga natural de peso do próprio corpo, possuindo dois ligamentos
cruzados e os meniscos, que em situações de joelho semi-fletido, saltos, agachamentos ou
ativação da musculatura insuficiente podem ser lesionados. Os ossos do tornozelo e formam
a parte mais distal do membro inferior e tem como maior responsabilidade a estabilidade e em
contrapartida uma das lesões mais comuns encontradas é a entorse de tornozelo em Inversão,
Eversão ou Rotação do tornozelo, envolvendo algum grau de ruptura dos ligamentos que se
localizam nesta articulação. As lesões esportivas podem acontecer por falta de treinamento
preventivo ou consequência de atividades gerais e diferenciam-se em traumáticas e atraumáticas
sendo causadas por um trauma direto no local e por sobrecarga nos tecidos, respectivamente.
Assim, o presente estudo teve como objetivo verificar o histórico de lesões nos membros
inferiores nas atletas profissionais de handebol da cidade de Maringá- PR e seus fatores
associados.
METODOLOGIA
Foi feita uma análise epidemiológica observacional do tipo transversal descritiva,
utilizando-se de questionários de membros inferiores para verificar histórico das lesões e fatores
associados em atletas profissionais do sexo feminino de handebol de Maringá-PR. Este estudo
avaliou 15 atletas com mais de 18 anos, que realizavam treinamento neste esporte há, pelo
menos, cinco anos, sendo aplicados quatro questionários, um contendo anamnese, um sobre
sintomas do joelho (Lysholm), um para o tornozelo (Instabilidade do Tornozelo de Cumberland
CAIT) e o último para identificar disfunção de quadril e/ou virilha (HAGOS).
RESULTADOS
O total de atletas avaliadas foi de 15, sendo que a idade média foi de 21,36 anos; a maioria
tinha entre 17 e 20 anos (46,6%), todas profissionais e sua totalidade já teve alguma lesão
mesmo que ocorrida mais de dois anos (80,0%); além disso elas relataram terem feito
tratamento com Fisioterapia para recuperação da lesão, porém 46,6% relataram EVA entre 4 e
6. Sobre o quadril foi possível observar que a maioria não apresenta disfunções significativas
nesta articulação, no entanto grande parte tinha presente algum tipo de sintoma relacionado
(Tabela 1).
Tabela 1. Resultados quanto a disfunções do quadril das atletas da amostra.
Variáveis
Categorias
N
%
Sintomas
0-25
0
00,0
26-50
0
00,0
51-75
4
28,6
76-100
10
71,4
Dor
0-25
0
00,0
26-50
0
00,0
51-75
1
07,1
76-100
13
92,9
Ativ dia a dia
0-25
0
00,0
26-50
1
07,1
51-75
1
07,1
76-100
12
85,8
Ativ esportiva e
lazer
0-25
0
00,0
26-50
0
00,0
51-75
3
21,5
76-100
11
78,5
Part em ativ físicas
0-25
0
00,0
26-50
1
07,1
51-75
3
21,5
76-100
10
71,4
Qualidade de vida
0-25
0
00,0
26-50
0
00,0
51-75
3
21,5
76-100
11
78,5
Legenda: Ativ: atividade.
Em relação as lesões do joelho, foi possível observar que a maioria das atletas não se
enquadra na categoria de “excelente” (apenas duas atletas, 13,3%) (Tabela 2).
Tabela 2. Resultados quanto a disfunções de joelho das atletas da amostra.
Categorias
N
%
Excelente (95-100)
2
13,3
Bom (84-94)
5
33,3
Regular (65-83)
5
33,3
Ruim (<64)
3
20,0
No tornozelo direito a maioria das atletas obteve resultados “muito bom” (60,0%), com
uma pontuação acima de 23 pontos. no esquerdo nenhuma atleta pontuou entre 0 e 12 pontos,
e 8 atletas (53,3%) pontuaram acima dos 23 pontos (Tabela 3).
Tabela 3. Resultados quanto a pontuação do CAIT dos tornozelos das atletas da amostra.
Tornozelo D
Tornozelo E
N
%
N
%
1
06,6
0
00,0
5
33,3
7
46,6
9
60,0
8
53,3
DISCUSSÃO
Soares e colaboradores (2021), em um estudo feito com atletas do time de futebol da
cidade de Montes Claros- MG, encontrou também que a maioria dos atletas apresentou sintomas
de algum problema de quadril sendo 90,9%, e no presente estudo a variância desses sintomas foi
de 85,7%, sendo assim em ambos a maioria apresentou algum sintoma, mesmo que não haja
nenhuma lesão de quadril.
Gomes (2023), realizou um estudo com atletas de futsal em Pernambuco, no qual apesar
de nenhuma atleta estar na categoria ruim, apenas duas estiveram em excelente como nesta
pesquisa, e a maior parte das mesmas apresentou-se em regular (57,14%); no atual estudo
33,3% das atletas se encontraram na mesma categoria.
Macedo et al (2012), realizaram um estudo que avaliou a instabilidade de tornozelo em
atletas de basquetebol, e puderam evidenciar que 78,4% dos atletas apresentaram queixas
referentes ao tornozelo. Na atual pesquisa, a maioria obteve resultados bons e muitos bons, o
que revela que o tornozelo não apresenta importante instabilidade ou algo que interfira na
mecânica esportiva das atletas da amostra.
Contudo, podemos traçar um paralelo com um estudo de Oliveira, Lourenço e Teixeira
(2004), realizado em atletas de Ginastica Rítmica, que dentre todas as possíveis lesões que elas
poderiam apresentar, as de joelho foram as que mais acometeram as mesmas, o que também foi
encontrado no atual estudo.
CONCLUSÃO
Dentre as lesões de membro inferior das atletas de handebol feminino profissional de
Maringá-PR, as mais recorrentes ocorreram no joelho, conseguidas de quadril e tornozelo, visto
que a maioria delas apresentou algum tipo de lesão e cirurgia prévia nesta articulação, o que
mostra a necessidade de continuidade no tratamento preventivo contra possíveis recidivas dessas
lesões.
REFERÊNCIAS
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[S. l.], p. 1-5, 6 out. 2016.
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CORRIGAN, Brian; MAITLAND, Geoffrey Douglas. Prática clínica ortopedia e
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Oliveira. São Paulo: Premier, 2000. il. ISBN 85-86067-24-5.
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2023.
GIGLIO, Pedro. Lesões no Joelho do Atleta. In: GIGLIO, Pedro. Lesões no Joelho do Atleta.
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HIGASHI, Renan Hideki et al. Lesões musculoesqueléticas em jovens atletas de handebol: um
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MOREIRA, Tarcísio; SABINO, George; RESENDE, Marcos. Instrumentos clínicos de avaliação
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