Editorial
Resumo
O Boletim de Conjuntura Econômica de número 51, publicado pelo Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá, apresenta a análise do comportamento dos indicadores econômicos no segundo trimestre/2012, completando a análise referente ao primeiro semestre do ano, sempre comparando com os dados dos mesmos períodos do ano anterior.
No tocante aos indicadores fiscais, observou-se uma queda do resultado primário decorrente da redução das receitas e o aumento das despesas do governo central no trimestre. Com isto, houve um aumento das Necessidades de Financiamento do Setor Público (NFSP), fato que contribuiu para o aumento da Dívida Mobiliária Federal (DMF). Quanto à Dívida Líquida do Setor Público (DLSP), embora a dívida interna tenha aumentado, a elevação do saldo credor da dívida líquida externa compensou esta elevação.
Na política monetária, os saldos da base monetária restrita, base monetária ampliada e dos meios de pagamento nos conceitos M1 e M4 situaram-se nos intervalos previstos pela programação monetária para o segundo trimestre/2012. Em decorrência da convergência da tendência de inflação para o centro da meta, foi possível manter a política de redução da taxa Selic. Neste novo patamar das taxas de juros, aventou-se a possibilidade de redução da capacidade de financiamento do governo. Para contornar este problema, em 04 de maio de 2012, entrou em vigor a Medida Provisória nº 567/2012, que alterou o rendimento da poupança. No período analisado verificou-se, também, queda dos spreads bancários, expansão do crédito e aumento da taxa de inadimplência.
A incerteza presente no contexto externo contribuiu para reduzir os fluxos de comércio da economia brasileira, o que proporcionou uma redução do saldo da balança comercial. Cabe destacar que o ingresso líquido de Investimento Estrangeiro Direto (IED) contribuiu para cobrir o déficit em transações correntes e a conta capital obteve o melhor resultado de toda a série histórica do Banco Central para o trimestre analisado. No âmbito do Mercosul, o destaque foi o impeachment do presidente paraguaio Fernando Lugo, sendo que o processo de transição foi visto como não-democrático pelos países-membros do Mercosul, ocasionando a suspensão do país do bloco. Por sua vez, a taxa de câmbio se depreciou no período, seja pela maior incerteza no mercado externo ou redução das operações de carry trade no mercado doméstico. O maior protecionismo na economia doméstica contribuiu para elevação do risco-país (EMBI+).
A análise do comportamento dos preços no segundo trimestre/2012 registrou uma pequena tendência de desaceleração, embora em ritmo ainda insuficiente para fazer com que o acumulado em doze meses ficasse dentro da meta inflacionária, de 4,5% ao ano, estabelecida pelas autoridades monetárias. De modo geral, verificou-se uma elevação da inflação no período analisado, sendo que as duas categorias que mais influenciaram para a inflação apurada no período foram despesas pessoais e saúde.
Quanto ao setor agropecuário, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê um novo recorde de produção. Contribuiu para este resultado o expressivo crescimento do milho, aliado às condições climáticas favoráveis e ao pacote tecnológico adotado. Para a soja, as previsões do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) são de queda das exportações e do consumo nos EUA. Se estas previsões se confirmarem, o Brasil será o maior exportador de soja na safra 2012/2013. Para o milho, pela primeira vez na década, o USDA prevê uma redução na produção mundial. Em decorrência de uma quebra de safra nos EUA, e aumento da demanda mundial por este cereal, observou-se um aumento do preço da commodity no período analisado. Para o trigo, a Conab estimou uma queda de produção. Além disto, os produtores estão desestimulados pela falta de competitividade do produto em relação ao proveniente da Argentina.
No trimestre analisado segue a preocupação com a desaceleração do crescimento da economia brasileira. Verificou-se um fraco desempenho da indústria, em especial, o setor de máquinas e equipamentos. Com isto, os investimentos registraram, de abril a junho, a sua quarta queda trimestral consecutiva. Na análise trimestral do PIB, cabe destacar o desempenho positivo do setor agropecuário, especialmente do café. Porém, este resultado foi influenciado pelo aspecto sazonal da produção agropecuária e este setor teve uma pequena representatividade na composição do PIB. Pela ótica da demanda, o consumo das famílias apresentou expansão, devido ao aumento da massa salarial e expansão do mercado de crédito. Por sua vez, a atividade industrial regionalizada registrou atividade negativa em dez das quatorze regiões analisadas para o segundo trimestre/2012, frente ao mesmo período do ano anterior. Por fim, a taxa de desemprego manteve a tendência de queda observada nos trimestres anteriores.
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