Este Boletim de Conjuntura Econômica apresenta a análise conjuntural do quarto trimestre de 2007, com o fechamento do ano, e do primeiro trimestre de 2008. Os principais indicadores da economia brasileira apresentaram bom desempenho nos períodos analisados.

As contas públicas registraram forte aumento das receitas, das despesas e conseqüente aumento do resultado fiscal primário. Paralelamente, houve redução das despesas com juros, em razão da trajetória de queda da taxa Selic até março/2008. Como resultado final, registrou-se nos períodos estudados, diminuição da Necessidade de Financiamento do Setor Público e da Dívida Líquida do Setor Público em proporção do PIB. No primeiro trimestre de 2008, destaque para o superávit primário que cobriu as despesas com juros e o resultado nominal final foi positivo. Por outro lado, como aspecto negativo, manteve-se a tendência de aumento na carga tributária e na dívida mobiliária interna.

Na área monetária, o Banco Central mudou a política de redução gradativa da taxa Selic verificada até setembro/2008 e manteve a taxa básica de juros constante até março/2008, já preocupado com a tendência de reversão no processo inflacionário. Por outro lado, registrou-se no último trimestre analisado, aumento das taxas de juros e do spread para os tomadores finais de crédito. Contudo, nos períodos analisados, manteve-se a tendência de forte crescimento do crédito na economia, atingindo o nível de 35,9% do PIB em março de 2008.

As contas externas registraram bons resultados, com superávits expressivos no Balanço de Pagamentos, explicados pelo desempenho da conta financeira, com conseqüente aumento das reservas cambiais, que atingiram o valor recorde de US$195,0 bilhões em março/2008. Estes resultados levaram a uma melhor avaliação de risco do país por parte de agências internacionais, possibilitando a conquista do “grau de investimento”. Apesar disto, registra-se nos períodos analisados forte crescimento nas importações, superior às exportações, como conseqüência da demanda interna e da apreciação cambial. A taxa de câmbio, medida em dólar, rompeu a barreira de R$2,00 e encerrou o primeiro trimestre de 2008 em R$1,74. Por outro lado, houve uma mudança de tendência no Saldo do Balanço de Pagamentos em Transações Correntes, que fechou o primeiro trimestre de 2008 com o valor negativo de US$10,8 bilhões.

Ao contrário de períodos anteriores, no último trimestre de 2007 e no primeiro de 2008, registrou-se aceleração inflacionária, especialmente quando medida pelo IGP-DI/FGV. A principal causa da elevação dos índices de preços é a alta persistente nos preços de alimentos, tanto no atacado quanto no varejo. A evolução dos preços no período estudado levou o Copom a rever a trajetória de redução da taxa básica de juros, iniciando um novo ciclo de aumentos a partir de abril/2008.

Para o setor agropecuário as projeções são de crescimento da produção brasileira em todos os segmentos analisados, destacando-se a cana-de-açúcar, o milho e o trigo. Mesmo no caso da soja, com previsão de queda acentuada para a safra americana, está projetado um crescimento moderado na produção brasileira. Da mesma forma, estima-se crescimento na exportação dos principais produtos da agropecuária brasileira.

A economia brasileira cresceu 5,4% em 2007, com desempenho bastante equilibrado entre os três setores de produção: agropecuária, indústria e serviços. Em relação aos componentes da demanda, destacaram-se a formação bruta de capital fixo (13,4%) e o consumo privado (6,5%). O aquecimento da demanda interna está relacionado, em boa parte, ao aumento do crédito e resultou na elevação do nível de utilização da capacidade instalada na indústria e na redução da taxa média de desemprego.

De forma geral, houve melhoria nos principais indicadores da economia brasileira, com exceção do comportamento dos preços, com importante pressão inflacionária.

Publicado: 2013-03-01

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