DOSSIÊ ENRIQUE DUSSEL: LEITURAS DECOLONIAIS COM O FILÓSOFO DA LIBERTAÇÃO
A Revista Diálogos, Universidade Estadual de Maringá do Programa de Pós-Graduação em História UEM - PPH em Maringá-PR, Brasil, convida para o Dossiê monográfico intitulado: Enrique Dussel: leituras decoloniais com o filósofo da libertação, organizado por Milagros Elena Rodríguez, Universidad de Oriente, Venezuela.
Enrique Domingo Dussel Ambrosini, nascido na província de Mendoza, Argentina, a 24 de dezembro de 1934, licenciou-se em filosofia na Universidade Nacional de Cuyo. Morreu na Cidade do México, a 5 de novembro de 2023; o seu dom de educador fez com que se destacasse como académico, filósofo, historiador e teólogo, entre outras atividades de formação e praxis.
O pai da filosofia da libertação Enrique Dussel, este pleno de uma ética da libertação foi forjado desde 1973, até atingir o seu auge em 1998 com a publicação da sua magnífica obra: Ética da libertação, uma voz que continua nos seus escritos, com o seu exemplo, é por isso que a voz e o pensamento de Enrique Dussel ressoam fortemente e continuam na luta pela dignidade e pela libertação, foram algumas das palavras da Senadora Gloria Sánchez Hernández de Morena, no dia 3 de novembro de 2023, que liderou o discurso no Senado do México em homenagem ao filósofo da libertação.
Este dossiê pretende reunir artigos que abordem o legado de Don Enrique Dussel e a sua ação como ser humano. A resposta à pergunta: O que é ser Dulseniano? Para pensar a transmodernidade, quais as implicações do prefixo trans, além no filósofo da libertação? “Esse além (trans) indica o ponto de partida da exterioridade da modernidade, daquilo que a modernidade excluiu, negou, ignorou como insignificante, sem sentido, bárbaro, não cultural, opaco, alteridade desconhecida; avaliado como selvagem, incivilizado, subdesenvolvido, inferior, mero despotismo oriental, modo de produção asiático, etc. Vários nomes dados ao não-humano, ao irrecuperável, ao que não tem história, ao que se extinguirá diante do avanço avassalador da “civilização” ocidental globalizante (DUSSEL, 2004, p. 222).
Concordamos com o legado Dulseniano para tomarmos consciência de que a religação é uma prática emergente do pensamento filosófico transmoderno (RODRÍGUEZ, 2019); pensamento e ação que, sendo decolonial planetário, se desvincula da velha prática inviável em que é impossível ser transmoderno a partir de outro cenário que não seja a exterioridade da modernidade - pós-modernidade - colonialidade; sem resquícios coloniais que privilegiam projetos opressores que atualmente enxameiam o planeta.
As propostas de artigos devem estar vinculadas aos eixos que compõem a chamada temática em homenagem ao filósofo da libertação, focando:
• Trans-metodologias para o estudo da transmodernidade, de modo a salvaguardar a exterioridade da modernidade-pós-modernidade-decolonialidade.
• Investigação que desvende incisos para o necessário diálogo entre culturas.
• Filosofia da libertação e descolonização epistemológica.
• Epistemes a favor da vida no planeta, lembrando que a “autovalorização, dos próprios momentos culturais negados ou simplesmente desprezados que se encontram na exterioridade da Modernidade (...) esses valores tradicionais ignorados pela Modernidade devem ser o ponto de partida de uma crítica interna (DUSSEL, 2014, p.293).
• Epistemes decoloniais em prol de emergências transmodernas, como a arte subversiva como libertação.
• Estudos sobre o colonialismo e a ocultação dos passados das civilizações encobertas.
• Estudos em trans-teologia, recuperando as palavras do filósofo da libertação sobre a necessidade de uma “trans-teologia para além da teologia do cristianismo latino-germânico, eurocêntrico e metropolitano, que ignorou o mundo colonial, e especialmente a cristandade colonial (DUSSEL, 2017, p.300).
• Revisões críticas da política de libertação.
• Práticas reparadoras e políticas de estética na produção de Enrique Dussel.
• O discurso filosófico da transmodernidade.
• A filosofia latino-americana perante os novos falsos compromissos da descolonialidade nos estados do sul global.
• A ética comunitária como urgência no popular e no povo combinada com sua historiografia.
• Outras urgências que homenageiam Enrique Dussel, e que são suas obras como interlocutor temático da Revista Diálogos.
Apresentação de artigos completos na secção Dossiê: Enrique Dussel: leitura decolonial com o filósofo da libertação.
Período de Submissões de 01/08/2024 a 31/10/2024
Edição e publicação: primeiro quadrrimestre de 2025
CONSIDERAÇÕES
Os artigos devem ser apresentados na secção dossiê. As orientações para os autores e as regras de submissão e publicação encontram-se na página em linha da revista, à qual se pode aceder através das ligações abaixo. Convidamo-lo a ler as regras em pormenor e a utilizar o modelo.
http://www.dialogosuem.com.br/
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Dialogos/about/submissions#authorGuidelines
Referências
DUSSEL, E. (2004). Sistema-mundo y Transmodernidad. En: BANERJEE-DUBE, Ishita y MIGNOLO, Walter (org.) Modernidades coloniales: otros pasados, historias presentes. Ciudad de México: El Colegio de México, Centro de Estudios de Asia y África, p. 201-226. DUSSEL, E. (2014). 16 tesis de economía política: Interpretación filosófica. Ciudad de México: Siglo XXI
DUSSEL, E. (2017). Filosofías del sur. Descolonización y transmodernidad. Ciudad de México: Akal.
RODRÍGUEZ, M. E. (2019). Re-ligar como práctica emergente del pensamiento filosófico transmoderno. Revista Orinoco Pensamiento y Praxis, 7(11), 13-35.