A hanseníase no Espírito Santo a partir dos prontuários dos internos da Colônia de Itanhenga.
Resumo
Este artigo busca traçar um perfil dos internos da Colônia de Itanhenga em Cariacica Estado do Espirito Santo entre 1937, ano de sua fundação até 1962, quando por Decreto Federal n. 968, a internação compulsória de hansenianos foi extinta no Brasil, assim como, trazer à luz, suas passagens pelo confinamento, possibilitando-nos conhecer as normas da internação compulsória, as formas de tratamento que recebiam os internos, suas reações ao confinamento, as punições a que eram submetidos ao quebrarem as normas, o cotidiano institucional. As fontes utilizadas foram os 685 prontuários dos internos da Colônia, cotejadas ainda com outras fontes como as correspondências expedidas e recebidas da direção da Colônia, o Livro de Termos de e Causas Criminais, os relatórios emanados pela direção da Colônia, depoimentos de ex internos e periódicos. Verificamos que a maioria dos internos eram homens oriundos das regiões interioranas, pertencentes aos estratos sociais mais desprivilegiados economicamente, havendo uma predominância de internos do sexo masculino. Vivendo na Colônia, tiveram que resinificar suas vidas, encontrando formas de se reinventarem.
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Referências
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FONTES IMPRESSAS
DIÁRIO DA MANHÃ, 11 de abril de 1937.
DIÁRIO DA MANHÃ, 23 de maio de 1935.
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