Quadrinhos de memória e vivências trans: a autorrepresentação transmasculina em Monstrans, de Lino Arruda

Résumé

Este artigo se dedica a discutir como a possibilidade de produzir as próprias histórias e narrar as próprias experiências viabiliza a percepção da pluralidade das vivências de pessoas transgênero. Com foco na cena dos quadrinhos memoralistícos, avaliamos o amadurecimento dessa mídia para, em sequência, apresentar uma breve análise de Monstrans: experimentando horrormônios, graphic novel autobiográfica do quadrinista brasileiro Lino Arruda, abordando tanto as diversas formas como o autor constrói visualmente sua autorrepresentação quanto o modo como recorta e estrutura momentos de sua vida.

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Bibliographies de l'auteur

Mateus Yuri Passos, Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). São Bernardo do Campo-SP, BR

Doutor em Teoria e História Literária pela Unicamp.Realizou estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Faculdade Cásper Líbero. Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo. Líder do grupo de pesquisa CENA (Comunicação, Enunciação e Narrativas).

Miguel Trombini, Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). São Bernardo do Campo-SP, BR

Mestrando em Comunicação Social na Universidade Metodista de São Paulo. Graduado em Jornalismo pela mesma instituição. Membro do grupo de pesquisa MAC - Mídia, Arte e Cultura.

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Publiée
2024-02-19
Comment citer
Passos, M. Y., & Trombini, M. (2024). Quadrinhos de memória e vivências trans: a autorrepresentação transmasculina em Monstrans, de Lino Arruda. Dialogos, 27(3), 158-183. https://doi.org/10.4025/dialogos.v27i3.68774