EDITORIAL
Resumo
Caríssimos(as) leitores(as).
A Geoingá: Revista do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PGE) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) acaba de publicar a primeira edição do oitavo volume. A publicação deste número ocorre em março de 2017, ano que não coincide com o do exemplar, em decorrência da troca do corpo editorial e outros processos burocráticos de ordem interna da Revista.
Esta edição contempla estudos relevantes acerca de diversos temas, da questão hídrica aos conflitos no campo, como poderá ser observado na pequena síntese a seguir, a respeito de cada artigo.
No primeiro artigo, Souza e Silveira transiam do balanço hídrico, entendido como uma etapa do ciclo hidrológico que tem por finalidade avaliar a disponibilidade dos recursos hídricos. O trabalho apresenta o excedente e a deficiência hídrica nas bacias hidrográficas do Paranapanema III, IV e do Pirapó, com base nos dados de temperatura e de precipitação pluviométrica no período de 1976 a 2014. Os autores mostram que a distribuição das chuvas está fortemente condicionada a dinâmica atmosférica regional e configuração do relevo.
Na sequência, Rangel e Gomberg promovem outra leitura sobre a água associada à Geografia Humanista Cultural: os significados consoante às relações, às pulsões e aos afetos que despertam nos grupos sociais. Nesse sentido, o artigo é centrado nos orixás ligados à cosmovisão da água, seja a água doce ou a água salgada, bem como a outros elementos que com ela se relacionam: vento, chuva, tempestade, trovão, raios, arco-íris, pântano. Portanto, segundo os autores, os orixás, especialmente os das águas, contribuíram para que os africanos tornados escravos refizessem sua cosmovisão no Brasil.
Rodrigues, no terceiro artigo, apresenta a pesquisa sobre a Bacia Hidrográfica do Córrego Taboca, localizada no Estado de Mato Grosso do Sul. A partir da relevância para o funcionamento do sistema natural, o trabalho realizou a identificação e a caracterização qualitativa das áreas frágeis próximas a margem do rio. Para isso, a autora realizou medições em diferentes escalas de distância do curso e, depois, classificou e mapeou os pontos de análise. As análises demonstram a predominância de Mata Ciliar e Mata Galeria no Alto Curso, de Vegetação Palustre no Médio Curso, e de ausência de vegetação natural no Baixo Curso.
O quarto artigo, de autoria de Canettieri, transita, a partir de uma abordagem dialética, pelo processo de exclusão social nas cidades capitalistas. Assim, o autor discute teoricamente a dialética recorrente na dinâmica da produção capitalista do espaço que resulta em um cenário de exclusão e, concomitantemente, de reprodução da cidade capitalista. Nesse sentido, demonstra relação dos excluídos como produtos e produtores da cidade capitalista, garantindo a reprodução material e simbólica do próprio capitalismo. É nesse cenário de inserção na totalidade capitalista que os excluídos se configuram como negação possível a essa totalidade.
Depois, Oliveira e Teixeira avançam na discussão conceitual sobre os conflitos pela/na terra rural a partir do propósito analítico das interações e estruturas espaciais pelo eixo “terra, território e poder”. Assim, o artigo intenciona compreender os processos territoriais em ação/operação no espaço agrário brasileiro, expressos, principalmente, na forma dos conflitos sociais do/no campo. Portanto, o debate teórico-conceitual dialoga com o cenário contemporâneo no campo brasileiro, que, por ser contraditório e complementar, subsidia o contínuo processo de conflito territorial no campo.
Moraes Sobrinho, no artigo seis, construiu a pesquisa a partir do estudo da relação espacial entre desenvolvimento econômico, fluxo de aeronaves e localização de aeródromos no Noroeste do Estado do Paraná. Para isso, ele demonstra, teoricamente e por meio de levantamentos, a existência de relação entre a economia e o fluxo de aeronaves. Assim, os resultados mostram que enquanto na colonização da região era comum as empresas colonizadoras usarem aviões como meio de transporte, na contemporaneidade muitas das cidades perderam os aeródromos, como consequência da redução de centralidade.
O sétimo artigo, de Eduvirgem e Queiroz, promove um resgate histórico dos fatores que influenciaram o crescimento da produção vegetal do Estado do Paraná, e transita em conceitos da Cartografia Temática, Semiologia Gráfica e da Neográfica. A partir disso, os autores analisaram a produção vegetal do Paraná por meio da matriz ordenável. Com a utilização dessa matriz, eles identificaram as produções das pequenas e grandes propriedades, assim como as que mais ascenderam e as que possuíam foco de comercialização interno e de exportação.
Diante desse vasto cenário de contribuições, desejamos que este número da Revista Geoingá promova inquietações e reflexões acerca do espaço geográfico.
Boa leitura!
Maringá (PR), 23 de março de 2017.
COMISSÃO EDITORIAL.