EDITORIAL
Résumé
Caríssimos(as) leitores(as).
Apresentamos aos leitores o segundo número da Revista Geoingá de 2021. Contamos com contribuições variadas, predominando nesta edição questões relativas ao Ensino de Geografia, mas também aspectos ambientais voltados, sobretudo, à paisagem e à sustentabilidade, entre outros temas. Neste número trazemos um conjunto de contribuições voltadas à questão do Ensino de Geografia Urbana, que resultou de um seminário do Geur (Grupo de Estudos Urbanos) em parceria com o Eduprogeo (Educação Geográfica e Formação de Professores de Geografia), realizado no formato presencial nos idos de 2019. Pouco mais de um ano se passou, mas realmente parece longínquo no tempo tendo em vista as mudanças cotidianas vividas desde então. Cinco expositores desse seminário desenvolveram em forma de artigo as ideias apresentadas, que são os primeiros elencados na sequência deste editorial.
O uso da fotografia foi abordado por meio da contribuição de Frasson em “Fotografia, contexto e análise no ensino e na pesquisa de Geografia”. Em proposta que visa superar o uso de fotografias como meras ilustrações, a autora propõe o uso da fotografia para explorar as categorias teóricas de análise da Geografia: ao auxiliar na interpretação do espaço geográfico; ao captar as concepções de conceitos utilizados pelos sujeitos pesquisados; ao representar o real e o simbólico da área de estudo.
Artigo produzido por Malysz, Lopes e Letenski “O estudo do meio e apreensão da paisagem urbana” analisa o contributo do Estudo do Meio a um ensino de Geografia mais dinâmico, de modo a favorecer o raciocínio geográfico e a formação cidadã. Desenvolvido a partir de uma pesquisa-ação aplicada em escola com a participação de bolsistas do Pibid na Unespar, campus de Campo Mourão.
Cordovil, com o título “Cidades reais em situações fictícias: o lúdico na formação para o planejamento urbano”, relata experiência de abordagem lúdica como parte do processo de formação para a participação no planejamento urbano. Entre 2006 e 2015 foram utilizados os jogos das cidades com diversos sujeitos sociais e, também, com acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Estadual de Maringá. Os jogos permitem o aprendizado acerca dos instrumentos urbanísticos em situações fictícias e frequentemente conflituosas.
Schmidt em “Cidade, pesquisa e outra(s) possibilidade(s) para uma agenda em construção” traz reflexões acerca do estudo da urbanização, da cidade, da responsabilidade social e as plataformas que exigem inovação de como pensar e agir em parcelas do território. Adverte que não há estratégia operacional padronizada e modelos de abordagem com o fim de produzir conhecimento e inovação. Destaca que inovar nesse campo exigirá a formação contínua de profissionais engajados no processo de construção do conhecimento tendo em vista, sobretudo, uma atuação mais ampla e significativa.
O artigo de Rodrigues e Lopes “Considerações sobre o conhecimento do conteúdo campo e cidade” volta-se ao ensino de Geografia, especificamente na abordagem sobre o conhecimento do conteúdo de professores na relação campo-cidade. Baseado na proposta de Lee S. Shulman o texto debate o valor do conteúdo disciplinar e a ação pedagógica do professor, abrangendo proposições voltadas a identificação de categorias de conhecimento do conteúdo. Os autores analisam situações concretas a partir de ações de professores, sujeitos de pesquisa, em diferentes municípios.
Na sequência, encontram-se quatro artigos oriundos de fluxo contínuo e que transitam pelos diversos temas, como a agricultura de autoconsumo, o estado da arte sobre o estudo de pequenas cidades, redes de produção globais e mapeamento para o debate ambiental.
No artigo “A agricultura de autoconsumo na Microrregião Geográfica de Faxinal/PR”, Oliveira e Fraga ressaltam as inúmeras questões sociais trazidas para o debate geográfico quanto ao papel do campesinato no mundo contemporâneo. Pauta-se pela compreensão de práticas camponesas presentes nos campos da Microrregião Geográfica de Faxinal/PR.
Em “Uma contribuição ao estado da arte sobre o estudo das pequenas cidades nos programas de pós-graduação em Geografia”, Salmeron e Endlich trazem contribuições sobre a produção acadêmica voltada a pequenas cidades. É comum entre os autores que tratam deste tema assinalar a invisibilidade e as lacunas existentes, contudo, nos últimos anos houve ampliação expressiva de pesquisas. O artigo trata do estado da arte, voltando-se as dissertações e teses de programas de pós-graduação em Geografia de variadas universidades brasileiras.
Com o artigo “Redes de produção globais: uma revisão bibliográfica e exemplo empírico”, Teixeira contempla com base em literatura de acordo com o autor ainda pouco explorada no Brasil e proveniente da Universidade de Manchester, as relações entre firmas configuradas em cadeias de valor, e as consequências de tais relações para aperfeiçoamento produtivo e desenvolvimento regional. O exemplo empírico selecionado pelo autor foi a rede produtiva global aeronáutica da Embraer e a forma de governança do arranjo produtivo local aeronáutico de São José dos Campos.
Marangoni e Santil escrevem “Mapeamento da cobertura da terra e análise da qualidade ambiental urbana de Japurá-PR” abordando sobre o mapeamento da cobertura da terra e a análise ambiental urbana. Entendem que a análise dos tipos de cobertura de terra que compõem uma determinada área geográfica traz subsídios para a compreensão da qualidade ambiental dela. Com essa proposta analisam a qualidade ambiental da sede urbana de Japurá/PR.
Com a edição deste número marcamos nossa despedida como editores da Geoingá. Ao longo do período em que procuramos contribuir com a edição da revista demos passos para a manutenção da sua publicação, mesmo em períodos de muitas dificuldades e obstáculos. Conseguimos avançar, mas sabemos que editores que assumam o posto terão muitos desafios pela frente.
A edição de periódicos tem vivido muitas mudanças e possibilidades. Estão em evidência, por exemplo, os desafios de uma ciência cada vez mais aberta e muitas inovações na forma de publicação dos seus procedimentos metodológicos e resultados.
Desejamos vida longa à Geoingá e continuaremos contribuindo indiretamente para tanto.
Que a ciência brasileira possa superar esse período de muitos revezes.
Boa leitura!
Cuidem-se!
Maringá (PR), 03 de agosto de 2021.