BREVE DISCUSSÃO CRÍTICA SOBRE A TEORIA PSICOSSOMÁTICA DE PIERRE MARTY E A ESCOLA DE PARIS
Resumo
Este artigo é resultado de um recorte da tese de doutoramento que tem como tema central a psicossomática. Objetiva-se, neste trabalho, apresentar e discutir as elaborações teóricas da Escola de Paris sobre esse assunto, orientando-se, sobretudo, em dois conceitos elaborados por Marty e M’Uzan, a saber: mentalização e pensamento operatório. A partir dessa exposição, pretende-se construir uma proposta reflexiva sobre as alegações da referida escola, principalmente por ser comum encontrar na literatura algumas afirmações advindas desses autores, como a de que os pacientes somatizantes manifestam uma limitação simbólica. Tal argumentação, ao ser explorada, mostra-se equivocada por equivaler linguagem e produção oral. Ao diferenciar a linguagem de verbalização, destaca-se que a linguagem se apresenta de maneira multimodal, isto é, ela contempla os campos variados como os gestos, o tátil, os elementos visuais e auditivos, dentre outros, revelando-se complexa. Por fim, discute-se as generalizações que a teoria sobre psicossomática abarca e os riscos do analista ficar “surdo” para a linguagem subjetiva de cada sujeito ao reproduzir a teoria de que os pacientes que somatizam têm dificuldade com a fala, valorizando essa produção como se fosse melhor que as outras expressões da linguagem.