A INTERPRETAÇÃO LACOSTEANA DA OBRA DE IBN KHALDUN
COLONIALISMO, REVOLUÇÃO ARGELINA E SITUAÇÃO DE SUBDESENVOLVIMENTO (1956-1966)
Resumo
Analisa as sucessivas posições do geógrafo Yves Lacoste face ao livro Al-Muqaddimah (1377) do historiador Ibn Khaldun (1332-1406) considerando as vicissitudes da Revolução Argelina (1954-1962), no que tange ao contexto sócio-histórico, bem como as interpretações do historiador Charles-André Julien (1891-1991) e do geógrafo Émile-Félix Gautier (1864-1940) acerca da arabização-islamização do Magrebe. O presente escrito vincula-se à história intelectual. Nos termos de François Dosse (2006 [2003]), trata-se de um projeto de elucidação das obras dos pensadores na sua historicidade. Este artigo toma como base: (I) os escritos lacosteanos sobre a obra khladuniana, as memórias e as entrevistas do geógrafo (LACOSTE, 1956; 1991 [1966]; 2010; 2018; 2022); (II) as observações realizadas por Émile-Félix Gautier (1927) e Charles-André Julien (1986 [1931]); e (III) as contribuições analíticas e históricas realizadas por J. Laginha Serafim (1984), Richard Max de Araújo (2007) e Beatriz Bissio (2012). A princípio, um dos principais resultados que a pesquisa permitiu apontar é que, em virtude da Revolução Argelina, Lacoste assumirá uma postura anticolonialista e, simultaneamente, gaullista na avaliação do fenômeno. Além disso, ressalta-se a importância de interpretar a leitura lacosteana da obra de Ibn Khaldun como uma posição concreta face às avaliações de Gautier e Julien.
