MESTRE E DISCENTES NA CONSTRUÇÃO DE BIONARRATIVAS SOCIAIS: "NAIÁ E O ESPELHO: UMA HISTÓRIA DE AUTOCONHECIMENTO”
Resumo
Este artigo apresenta a experiência formativa vivenciada na disciplina Interculturalidade e Educação Popular: Saberes Afro-Ameríndios Decoloniais, ofertada no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, cujo resultado final consistiu na construção de uma Bionarrativa Social (biona). O estudo teve como foco a narrativa intitulada “Naiá e o espelho: uma história de autoconhecimento”, desenvolvida a partir de encontros com mestres culturais, especialmente com o Cacique Japoteru Pataxó, que contribuíram com saberes tradicionais, artísticos e espirituais. A metodologia fundamentou-se em práticas dialógicas, rodas de conversa, dinâmicas corporais e produções textuais, inspiradas em pedagogias freirianas e interculturais, que valorizaram a memória biocultural e a ancestralidade. Os resultados indicam que a escrita da bionarrativa possibilitou às discentes revisitar identidades pessoais e coletivas, ressignificando memórias familiares e culturais por meio da escuta sensível e do diálogo intercultural. A personagem ficcional Naiá, construída em diálogo com o mestre Japoteru Pataxó, simboliza a trajetória de reconhecimento identitário, ressaltando a potência da oralidade, da ancestralidade e da pedagogia das encruzilhadas. Conclui-se que a experiência promoveu a decolonização dos olhares acadêmicos, fortalecendo a articulação entre saberes populares e universitários e evidenciando a relevância da biona como prática pedagógica capaz de integrar narrativas pessoais, coletivas e ancestrais no processo formativo de educadores.
