Prantear os mortos, celebrar a vida: repensando espaços, ritos e protagonistas na América colonial (séculos XVI e XVII)
Resumo
O artigo analisa as primeiras impressões que cronistas leigos e missionários formularam sobre as expressões de sensibilidade e de religiosidade dos indígenas Tupi-guarani, em especial, daquelas relacionadas ao festejar e aos lamentos fúnebres. Nas crônicas e correspondências quinhentistas e seiscentistas, são recorrentes as referências a comportamentos tidos como bárbaros, especialmente diante dos doentes e mortos, e a associação de cantos, bailes e bebedeiras à violência, desregramento, antropofagia e superstições, apontando para a incapacidade dos ocidentais de compreenderem o profundo simbolismo que envolvia estas práticas e rituais nativas. Apresentadas como demonstrações emocionais excessivamente espontâneas, em flagrante desacordo com as condutas tidas como civilizadas, que previam o autocontrole das paixões e dos impulsos afetivos e a observância da moral tridentina, as manifestações de sensibilidade e religiosidade indígena ocuparam a atenção de cronistas leigos e missionários empenhados na sua civilização e conversão. Ao longo do século XVI e dos seguintes, expressões próprias da sensibilidade e da religiosidade indígena serão apresentadas, sobretudo na documentação jesuítica, como indícios do êxito de sua conversão ao cristianismo, sem que, no entanto, qualquer menção ou importância fosse atribuída às negociações e às apropriações feitas pelos missionários e pelos próprios nativos da América portuguesa.
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