Bebedeiras, batuques e supertições: práticas espirituais e intercâmbios culturais nas vilas de índios de Porto Seguro
Resumo
Este artigo apresenta uma inusitada experiência de índios que realizavam rituais mágico-curativos na antiga Capitania de Porto Seguro, entre a segunda metade do século XVIII e princípios do século XIX. Classificados como “bebedeiras”, “batuques” e “supertições” pelas autoridades coloniais, estes rituais religiosos demonstravam a capacidade destas populações de afirmar, reinventar e se apropriar de códigos, signos e linguagens culturais num contexto de intensificação das políticas indigenistas assimilacionistas na América portuguesa. Com estratégias de resistências frente a proposta metropolitana de “reforma dos costumes”, os índios conseguiram transmitir práticas e valores nativos, realizar intercâmbios culturais com outros grupos étnico-sociais e construir novos laços de sociabilidades que permitiram fortalecer a coesão do próprio grupo enquanto uma comunidade étnica distinta. Mesclando a tradição calunduzeira africana com os rituais indígenas de cura, as práticas espirituais nas vilas de índios porto-segurenses evidenciam a maleabilidade, a metamorfose e as reinvenções da cultura na sociedade colonial.Downloads
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