A Santa Sé e a criação de novas circunscrições eclesiásticas em 1892
Resumo
Este artigo analisa as políticas e estratégias da Santa Sé para criar novas circunscrições eclesiásticas após a Proclamação da República, quando foram criadas, 1892, as dioceses do Amazonas, de Curitiba, do Espírito Santo e da Paraíba e a diocese do Rio de Janeiro foi elevada à condição de arquidiocese. Serão enfocadas as relações entre a Santa Sé, que formulava projetos para reformar, fortalecer e expandir a Igreja Católica, com o núncio apostólico Francesco Spolverini e com o episcopado brasileiro, que resistiu, colocou obstáculos e retardou o avanço dessas políticas. As fontes foram obtidas no Arquivo Secreto Vaticano e no Arquivo da Sagrada Congregação dos Trabalhos Eclesiásticos Extraordinários. A criação de jurisdições eclesiásticas pretendia ordenar o território e a gestão episcopal, dividindo as dioceses mais extensas, com maior ou menor densidade demográfica, a fim de tornar eficaz a assistência religiosa, disciplinar o clero e os fiéis, combater as religiões concorrentes, cristianizar as populações indígenas. A expansão institucional favoreceu a ampliação da presença da Igreja Católica na sociedade e seu controle religioso.
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Referências
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