A Presença do Sagrado na Vida de Matta e Silva
um estudo biográfico
Resumo
Apresento neste artigo o médium umbandista Matta e Silva como um personagem da história da umbanda, o qual se notabilizou pela defesa de práticas religiosas que ficaram conhecidas como "umbanda esotérica e iniciática". Sua ideia de religião cristalizou-se nas páginas de nove livros, os quais adquiriram valor de cânon para muitos adeptos, uma vez que apresenta a origem do culto, sistematiza o ritual e codifica os princípios doutrinários da religião. Para melhor compreender a literatura "mattaessilviana" e identificarmos a presença do sagrado na vida desse autor decidi investigá-la a partir de sua biografia, uma vez que ele afirmava jamais ter pensado em escrever sobre umbanda, mas que fora incentivado por uma "VOZ" a combater práticas "esdrúxulas" que ridicularizavam a religião. Nosso objetivo será encontrar na trajetória de vida desse personagem o arcabouço explicativo que justifique ter assumido a "missão" de fazer da umbanda uma religião em harmonia com o modo de vida do homem da segunda metade do século XX. Para dar conta dessa empreitada lancei mão de dois recursos: a análise dos títulos publicados (fontes escritas); e de entrevista com os seguidores de sua escola iniciática (fontes orais).
Downloads
Referências
Bíblia de Jerusalém. 8ª Ed. São Paulo: Paulus, 2002. Bíblia Sagrada. 9ª Ed. São Paulo: Paulinas, 1953.
BANDEIRA, Marco Antônio de Souza. Depoimento gravano para o site Umbanda do Brasil em Fevereira de 2016. Disponível em http://www.umbandadobrasil.com.br/a-coroa-de-espinhos-do-mestre-ll. Último acesso em 07/04/2016, às 09h20min. Transcrito por OLIVEIRA, JHM. Para Tese de Doutorado. 2017; p. 325-331.
BOURDIEU, Pierre. A Ilusão Biográfica. In: FERREIRA; e AMADO. (Org.) Usos e Abusos da História Oral. Rio de Janeiro: FGV, 1996; p. 183-191.
CACCIATORE, Olga Gudolle. Dicionário de Cultos Afro-Brasileiros. Rio de Janeiro: Forense, 1977.
CARNEIRO, Edison. Candomblés da Bahia. 6ª Ed. Civilização Brasileira, 1978. CERTEAU, Michel de. A Escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.
CHANTELAIN, Heli. Falk Tales of Angola. New York: American Folk-lore Society, 1894.
COSTA, Ivan Horácio. Entrevistado por OLIVEIRA, JHM. Rio de Janeiro: UFRJ. Entrevista concedida para a Tese de Doutorado. 2017; p. 238-255.
DAVIS, Natalie Z. O Retorno de Martin Guerre. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.
DEL PIRORE, Mary. Biografia: quando o individuo encontra a História. In. Topói, v. 10, n. 19, p. 7-16, jun/dez 2009.
FAUR, Mirella. Entrevistada por OLIVEIRA, JHM. Rio de Janeiro: UFRJ. Entrevista concedida para a Tese de Doutorado. 2017; p. 276-282.
GINSBURG, Carlo. A Micro-História e Outros Ensaios. Lisboa: Difel, 1989.
_____. O Queijo e os Vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela inquisição. São Paulo: Cia da Letras, 2006.
LEVI, Giovanni. Os Usos da Biografia. In: FERREIRA, M. M; e AMADO, J. (Org.) Usos e Abusos da História Oral. Rio de Janeiro: FGV, 1996; p. 167-182.
MATTA e SILVA, W. W. Umbanda de Todos Nós. Rio de Janeiro: Esperanto, 1956.
_____. Umbanda de Todos Nós. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1960.
_____. Umbanda: Sua Eterna Doutrina. Rio de Janeiro: Esperanto, 1957.
______. Lições de Umbanda (e Quimbanda) na Palavra de um Preto-Velho. Freitas Bastos, 1961.
_____. Mistérios e Práticas da Lei de Umbanda. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1962.
_____. Segredos da Magia de Umbanda e Quimbanda. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1964.
_____. Umbanda e o Poder da Mediunidade. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1964.
_____. Doutrina Secreta da Umbanda. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1967.
_____. Umbanda do Brasil. Rio de Janeiro. Freitas Bastos, 1969.
_____. Macumbas e Candomblés na Umbanda. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1970.
______. Depoimento [1986]. Entrevistador: Rogério Sganzerla. Ritos Populares – Umbanda no Brasil. Documentário com 19 minutos. Transcrito por OLIVEIRA, JHM. Tese de Doutorado. 2017; p. 322-324.
OLIVEIRA, José Henrique Motta de. A Escrita do Sagrado na Literatura Umbandista: uma análise da obra de Matta e Silva em perspectiva comparada. Tese de Doutorado – Programa de Pós-graduação em História Comparada, Instituto de História, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: 2017.
ORTIZ, Renato. A morte branca do feiticeiro negro. 2ª Ed. São Paulo: Brasiliense, 1999.
PARÉS, Luis Nicolau. A Formação do Candomblé: história e ritual da nação Jeje na Bahia. 2ª Ed. Campinas (SP): Unicamp, 2007.
REIS, Omar Belico dos. Entrevistado por OLIVEIRA, JHM. Rio de Janeiro: UFRJ. Entrevista concedida para a Tese de Doutorado. 2017; p. 220-237.
RIVAS NETO, Francisco. Entrevistado por OLIVEIRA, JHM. Rio de Janeiro: UFRJ. Entrevista concedida para a Tese de Doutorado. 2017; p. 268-275.
______. Convivência Iniciática de Pai Rivas com Pai Matta. Depoimento (Outubro de 2010). Disponível em
______. A Raiz-Linhagem de Matta e Silva Está Viva e Reatualizada. 2013. Disponível em
SAINT YVES D'ALVEYDRE, Joseph Alexandre, Marquês de. O Arqueômetro. São Paulo:
Madras, 2004 (1ª Ed. 1910, Edição Póstuma).
SAHLINS, Marshall. Ilhas de História. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
SOUZA, Nair Ciocchetti de. Entrevistada por OLIVEIRA, JHM. Rio de Janeiro: UFRJ. Entrevista concedida para a Tese de Doutorado. 2017; p. 283-284.
TOMAR, Mário. Entrevistado por OLIVEIRA, JHM. Rio de Janeiro: UFRJ. Entrevista concedida para a Tese de Doutorado. 2017; p. 256-267.
______. Entrevistadora: Carmen (Ogã da TUO-JUMA-RJ). Depoimento em Maio de 2015. Disponível em http://www.umbandadobrasil.com.br/matta-e-silva-por-mario-tomar-1-parte. Último acesso em 04/01/2016, às 17h45min. Transcrito por OLIVEIRA, JHM. Para Tese de Doutorado. 2017; p. 286-298.
TRINDADE, Diamantino Fernandes. Umbanda Brasileira: um século de história. São Paulo: Ícone, 2009.
WOLKOFF, Alexandre G. Dicionário de Termos Médicos e Saúde. São Paulo: Rideel, 2005.
Copyright (c) 2021 José Henrique Motta de Oliveira (Autor)

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizados pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution 3.0 (CC BY 3.0): são permitidos o acompartilhamento (cópia e distribuição do material em qualqer meio ou formato) e adaptação (remix, transformação e criação de material a partir do conteúdo assim licenciado para quaisquer fins, inclusive comerciais.
Recomenda-se a leitura desse link para maiores informações sobre o tema: fornecimento de créditos e referências de forma correta, entre outros detalhes cruciais para uso adequado do material licenciado.