Multiplicar e moralizar: Estado e Igreja na produção de uma biopolítica para a família nos anos 1930

Estado e Igreja na produção de uma biopolítica para a família nos anos 1930

Palavras-chave: Catolicismo, Biopolítica, Família.

Resumo

A relação entre religião e política é um processo duradouro e complexo. Na história do Brasil, o catolicismo foi um componente central de uma biopolítica construída pela maquinaria governamental. Desde o período colonial, a Igreja Católica cumpriu função fundamental na estruturação das instituições brasileiras, nomeadamente no âmbito social e jurídico. Encarados como dispositivos importantes da máquina de governo, sexualidade e família foram alvos de investimentos discursivos expressivos ao longo da década de 1930. Os livros do padre Leonel Franca e o projeto de um Estatuto da Família são exemplos dessa biopolítica, analisada neste artigo sob a perspectiva de Michel Foucault, Giorgio Agamben e outros autores.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Edison Lucas Fabricio, Universidade Regional de Blumenau

Mestre (2011) e doutor (2019) em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor efetivo da Rede Estadual de Educação de Santa Catarina e professor colaborador no Departamento de História e Geografia da Universidade Regional de Blumenau. É pesquisador de campos e temas como catolicismo, política e educação.

Referências

AZZI, Riolando. O Episcopado Brasileiro frente à Revolução de 1930. Síntese, n°12, janeiro/março,1978.
AGAMBEN, Giorgio. O Reino e a Glória: uma genealogia teológica da economia e do governo: homo sacer, II. São Paulo: Boitempo, 2011.
AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? e outros ensaios. Chapecó: Argos, 2009.
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.
CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem; Teatro de Sombras. 6ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
COSTA, Jurandir F. Ordem médica e norma familiar. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
DONZELOT, Jacques. A polícia das famílias. Rio de Janeiro: editora Graal, 1986.
DAGOGNET, François. Philosophie de l ́image. Paris: Vrin, 1984.
D’ELBOUX, Luiz Gonzaga da S. O padre Leonel Franca, S. J. Rio de Janeiro: Agir, 1953.
FABRICIO, Edison Lucas. A fé na educação: a trajetória, a obra e o “apostolado intelectual” do Pe. Leonel Franca (1893-1948). (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2019. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/214916
FABRICIO, Edison Lucas. Laicidade e educação: O Pe. Leonel Franca S.J. e o debate sobre o decreto do ensino religioso na escola pública brasileira (1931). Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História, v. 67, 2020. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/48266. Acesso em: 30 out. 2023.
FABRICIO, Edison Lucas; SOUZA, Rogério Luiz K. de. O processo de paroquialização e diocesanização em Santa Catarina: governamentalidade e poder pastoral no alvorecer republicano. In: MARIN, Jerri (Org.). Circunscrições eclesiásticas católicas no Brasil: articulações entre Igreja, Estado e Sociedade. Campo Grande: Editora da UFMS, 2021.
FABRICIO, Edison Lucas; SOUZA, Rogério Luiz K. de. Igreja Católica Apostólica Romana. In: MENESES, Jonatas Silva; FRANCO, José Eduardo (Orgs.). Dicionário Global das Religiões no Brasil. Lisboa; Aracaju: Theya; SEEDUC; Editora UFS, 2022.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
FOUCAULT, Michel Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
FOUCAULT, Michel Nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008a.
FOUCAULT, Michel. Segurança, território e população. São Paulo: Martins Fontes, 2008b.
NEVES, Luiz. F. B. O Combate dos Soldados de Cristo na Terra dos Papagaios. Colonialismo e repressão cultural. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1978.
ROMANO, Roberto. Reflexões sobre impostos e Raison d’État. Revista de Economia Mackenzie, [S. l.], v. 2, n. 2, 2009. Disponível em: https://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/rem/article/view/766. Acesso em: 28 out. 2023.
SILVA, Juliana Rego. Política, poder e sexualidade: uma análise sobre o “estatuto da família”. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2017.
SCHWARTZMAN, Simon. A igreja e o Estado Novo: o Estatuto da Família. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, n. 37, p. 71-77, maio, 1981.
Publicado
2023-12-25
Como Citar
Fabricio, E. L. (2023). Multiplicar e moralizar: Estado e Igreja na produção de uma biopolítica para a família nos anos 1930. Revista Brasileira De História Das Religiões, 16(47). https://doi.org/10.4025/rbhranpuh.v16i47.70454