A motricidade fina na era digital: o papel da expressão gráfica num estudo exploratório

Resumo

O desenvolvimento das tecnologias digitais transformou profundamente os hábitos quotidianos, envolvendo os alunos do pré-escolar e do 1º ciclo do ensino básico, que utilizam cada vez mais ferramentas digitais para actividades como a escrita e o desenho. Como resultado desta mudança, verifica-se um enfraquecimento crescente de competências que eram consideradas normais no desenvolvimento infantil até há algumas décadas atrás, como a coordenação motora fina. A amostra é constituída por 60 crianças com idades compreendidas entre os 5 e os 11 anos que frequentaram um campo de férias. O objetivo do estudo é avaliar os níveis de motricidade fina relacionados com a representação gráfica do desenho no contexto de actividades físicas lúdicas e recreativas típicas de ambientes informais de aprendizagem. O método envolveu a administração do Teste Hand to Shape, analisando 3 áreas específicas: Espaço, Organização Grafo-motora e Qualidade Motora. Os resultados mostraram que 87% da amostra foi globalmente adequada, na área do espaço 65% foram inadequados. Da análise estatística da correlação de Pearson, verificou-se que o coeficiente de correlação entre a idade e a pontuação da qualidade motora é de r = 0,580244, enquanto o valor de r entre o tempo e a pontuação global é de -0,0176. Os resultados do estudo confirmam que uma boa percentagem de crianças mantém capacidades físicas adequadas. No entanto, surgiram várias questões críticas relacionadas com valores baixos, como as competências visuo-espaciais, a qualidade motora e a postura, indicando deficiências evidentes na motricidade fina.