Um mosaico de ironias: provisórios sentidos da história nas linhas de Oswald de Andrade
Resumo
Este trabalho é uma reflexão sobre as relações entre história e literatura presentes em um romance histórico específico, de nome Marco Zero, publicado por Oswald de Andrade na primeira metade da década de 1940. Discutindo brevemente o conceito de romance histórico e aquilo que o crítico literário João Alexandre Barbosa chamou de “leitura intervalar” – onde o discurso literário é visto como produtor de conhecimentos, e não como reflexo destes –, busquei perceber de que forma Oswald constrói sua narrativa – criando um contexto histórico e interpretando-o –, como trabalha com categorias de espaço e tempo e que relações estabelece entre sua variada e numerosa gama de personagens. A obra oswaldiana se aproxima do conceito de romance histórico tal como entendido por Marilene Weinhardt, já que trabalha com as carências do discurso histórico hegemônico. Assim, analisando características ignoradas pela crítica literária voltada para a obra de Oswald, que comumente considerou Marco Zero como um romance falho e/ou um retrocesso criativo na carreira do escritor, este trabalho fornece subsídios para pensar o romance oswaldiano como matéria de reflexão histórica, atento aos diferentes usos da história feitos pelos diversos discursos que circulam na sociedade.
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