A valorização do feminino na comédia "O doente imaginário" de Molière
Resumo
A obra dramática de Molière, O doente imaginário (1673) é uma crítica à classe dos médicos, porém mesmo que incomodasse os burgueses mais tradicionais, abria espaço para conscientizar a classe mais popular dos costumes burgueses e principalmente sua picardia agradava bastante o Rei Louis XIV. O autor incrementou sua escritura para expor os vícios humanos, na perspectiva de zombar ou ridicularizar a medicina francesa da época. Desta forma, O doente imaginário representado pela personagem Argan, que é fruto da classe burguesa e alvo de Nieta, a criada da casa, que o critica diretamente e pretende livrá-lo daquela dependência psicológica dos remédios. Assim, a presença de Nieta, a bufona, mesmo na posição de subalterna, mostra-se inteligente e muito sagaz. Inclusive, no ambiente, onde tinha toda a liberdade de circular, criou uma relação materna com a filha mais velha e um falso relacionamento com a atual esposa de Argan, para continuar na casa e conseguir desenvolver seus planos, de desmascarar as pessoas falsas que eram interessadas apenas na fortuna dele. Também nesta comédia, a criada e a esposa representam as figuras bíblicas, valorizando a astúcia feminina, contrariando os mecanismos sociais, que privilegiavam na tragédia apenas o herói masculino.
Downloads
