Valoração do trabalho agroextrativista de produtos da sociobiodiversidade na Amazônia: atividade de coleta da castanha-do-Brasil na reserva extrativista Chico Mendes, Acre, Brasil

Resumo

O presente artigo tem como objetivo valorar a etapa de coleta de semente de castanha-do-Brasil (Bertolletia escelsa Bonpl), por meio do uso de geotecnologias, utilizando as variáveis relevo e hidrografia, integradas por meio de análises de rede (network analysis). A área de estudo refere-se a colocação Encontro I, na Resex Chico Mendes (Epitaciolândia – Acre). Assim, a partir da geração de superfícies de custo (tempo) foram geradas trilhas otimizadas para acesso a 115 castanheiras produtivas. Além disso, foram calculados os tempos para se visitar as castanheiras e para as etapas de ‘junta’ (coleta e amontoa) e quebra dos ouriços, bem como para o transporte das castanhas in natura até entrepostos estrategicamente posicionados no castanhal. Como resultados, obteve-se o tempo total calculado de 33 dias/homem que, convertidos ao valor da diária local, resultou em um custo com mão-de-obra de aproximadamente R$ 1.650,00. Esse valor não considera, no entanto, os custos com materiais para a coleta, alimentação e extração da produção total do castanhal até o paiol do agroextrativista. A remuneração justa ao agroextrativista é imprescindível para a manutenção da atividade de coleta. O estudo demonstrou que é possível valorar a etapa da coleta, a partir da metodologia empregada, sendo necessárias validações junto aos coletores.