A vida habitante de Hölderlin entre o cômico e o trágico segundo a interpretação de Agamben

  • João Evangelista Fernandes Universidade Estadual de Maringá
Palavras-chave: trágico; cômico; próprio; vida habitante; espontaneidade.

Resumo

O artigo faz uma comparação entre as teses de Peter Szondi, Philippe Lacoue-Labarthe e Giorgio Agamben, a fim de demonstrar como este último avança em relação àqueles, propondo uma virada anti-trágica na produção tardia de Hölderlin, na qual ele aponta um elemento cômico, cujo objetivo é defender a tese de que o poeta aplicou em sua própria vida o paradigma do uso livre do próprio, por ele mencionado nas cartas a Böhlendorff. O cômico, assim, além de ser oposto ao trágico, se apresenta como um meio para que o poeta chegue à vida habitante, que se caracteriza pela impessoalidade e na qual são desfeitas todas as dicotomias, sobretudo entre o cômico e o trágico. Agamben recorre à tese Sobre a habitude, de Félix Ravaisson, para fundamentar a vida habitante e sua espontaneidade e impessoalidade, ou seja, uma vida que somente pode ser habitada e que o poeta expressa em seus poemas da torre de Tübingen, verdadeiros idílios, segundo Agamben.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Referências

Agamben, G. (2022). A loucura de Höderlin – crônica de uma vida habitante 1806-1843 (W. M. Miranda, Trad.). Belo Horizonte, MG: Editora Âyiné.

Aristóteles. (2004). Poética (Prefácio de Maria Helena da Rocha Pereira; A. M. Valente, Trad.). Lisboa, PT: Fundação Calouste Gulbenkian.

Beaufret, J. (2008). “Hölderlin e Sófocles”. In Observações sobre Édipo; Observações sobre Antígona. (p. 66-94, A. L. A. Coli; M. N. Passos, Trad.). Rio de Janeiro, RJ: Editora Jorge Zahar.

Borges-Duarte, I. (2021). Cuidado e bom humor em Heidegger. Studia Heideggeriana, 10, 211-224.

Courtine, J-F. (2006). A tragédia e o tempo da história (H. B. S. Rocha, Trad.). São Paulo, SP: Editora 34.

Dastur. F. (1997). Hölderlin: le retournement natal. Paris, FR: Encre Marine.

Fischer, L. (2020). “Hölderlin’s mytopoetics: From ‘Aesthetic Letters’ to the new mythology”. In R. Tobias (Ed.), Hölderlin’s Phylosophy of nature (p. 143-163). Edimburgo, SL: Edinburgh University Press.

Frank, M. (2003). The philosophical foundations of early german romanticism (E. Millán-Zaibert, Transl.). Albany, NY: State University of New York Press.

Heidegger, M. (2012). Ensaios e conferências (8a ed., E. C. Leão; G. Fogel; M. S. C. Schuback, Trad.). Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco.

Heidegger, M. (2013). Explicações da poesia de Hölderlin (C. P. Drucker, Trad.). Brasília, DF: Editora Universitária de Brasília.

Hölderlin, F. (1990). Correspondência completa (H. C. Gabaudan; A. L. Coello, Trad.) Madrid, ES: Ediciónes Hiperión.

Hölderlin, F. (1992). Sämtliche Werke und Briefe - Vol. II (Herausgegeben von Michael Knaupp). Munique, DE: Carl Hanser Verlag München Wien.

Hölderlin, F. (2003). Hipérion ou O eremita na Grécia (E. J. Paschoal, Trad.). São Paulo, SP: Nova Alexandria.

Hölderlin, F. (2020). Fragmentos de poética e estética (U. R. Vaccari, Trad.). São Paulo, SP: Editora da Universidade de São Paulo.

Lacoue-Labarthe, P. (2005). “A cesura do especulativo”. In Textos sobre Hölderlin (p. 31-71, J. Afonso, Trad.). Portugal, PT: Edições Vendaval.

Schiller, Friedrich. (1991). Poesia ingênua e sentimental (M. Suzuki, Trad.). São Paulo, SP: Iluminuras.

Machado. R. (2006). O nascimento do trágico: de Schiller a Nietzsche. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar Ed.

Szondi, P. (2004). Ensaio sobre o trágico (P. Süssekind, Trad.). Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar Ed.

Ravaisson, F. (2008). Of Habit. Preface by Catherine Malabou (C. Carlisle; M. Sinclair, Transl.). London/New York: Continuum International Publishing Group.

Publicado
2025-01-29
Como Citar
Fernandes, J. E. (2025). A vida habitante de Hölderlin entre o cômico e o trágico segundo a interpretação de Agamben. Acta Scientiarum. Human and Social Sciences, 46(3), e73533. https://doi.org/10.4025/actascihumansoc.v46i3.73533
Seção
Filosofia