A vida habitante de Hölderlin entre o cômico e o trágico segundo a interpretação de Agamben
Resumo
O artigo faz uma comparação entre as teses de Peter Szondi, Philippe Lacoue-Labarthe e Giorgio Agamben, a fim de demonstrar como este último avança em relação àqueles, propondo uma virada anti-trágica na produção tardia de Hölderlin, na qual ele aponta um elemento cômico, cujo objetivo é defender a tese de que o poeta aplicou em sua própria vida o paradigma do uso livre do próprio, por ele mencionado nas cartas a Böhlendorff. O cômico, assim, além de ser oposto ao trágico, se apresenta como um meio para que o poeta chegue à vida habitante, que se caracteriza pela impessoalidade e na qual são desfeitas todas as dicotomias, sobretudo entre o cômico e o trágico. Agamben recorre à tese Sobre a habitude, de Félix Ravaisson, para fundamentar a vida habitante e sua espontaneidade e impessoalidade, ou seja, uma vida que somente pode ser habitada e que o poeta expressa em seus poemas da torre de Tübingen, verdadeiros idílios, segundo Agamben.
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Referências
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