
O Boletim de Conjuntura Econômica número 33 apresenta a análise do comportamento dos principais indicadores econômicos no segundo trimestre de 2006, fechando o primeiro semestre do ano. Como já identificado em boletins anteriores, no período analisado manteve-se a tendência de melhoria nos indicadores macroeconômicos da economia brasileira, com destaque para as contas externas, contas públicas, evolução do crédito e comportamento da inflação. Infelizmente, o mesmo não aconteceu com os indicadores do nível de atividade econômica, cujo desempenho ficou aquém do desejável e necessário para a melhoria das condições de vida da população.
Nos indicadores fiscais destacaram-se o aumento das receitas e a manutenção do superávit primário, a estabilização e até pequena redução da dívida pública em relação ao PIB. No período teve continuidade a flexibilização da política monetária, com aumento do crédito, redução da taxa Selic, redução do spread e das taxas de juros finais, apesar de um ligeiro aumento na inadimplência.
No setor externo teve continuidade o bom desempenho do comércio exterior, com recordes nas exportações e nas importações e manutenção do saldo comercial no mesmo nível do ano anterior. Apesar da valorização cambial, o aumento do produto, da liquidez e o comportamento da demanda mundial, favoreceram a economia brasileira. Neste contexto, registrou-se, também, um aumento nas reservas internacionais.
A inflação, por sua vez, continua sob controle, fazendo com que as projeções para este ano fiquem abaixo da meta estabelecida.
Apesar dos resultados positivos apresentados pelos principais indicadores macroeconômicos, o desempenho da atividade econômica no primeiro semestre de 2006 pode ser considerado insatisfatório. Constatou-se queda na rentabilidade dos principais segmentos do setor agropecuário, com exceção do sucroalcooleiro, configurando-se uma profunda crise. O crescimento da economia no segundo trimestre de 2006 foi de apenas 0,5%, em relação ao semestre anterior, e de 1,2% em comparação a igual período do ano anterior. No primeiro semestre o PIB acumulou um crescimento de 2,2%, sendo que o setor agropecuário cresceu apenas 0,3%.
O desempenho da atividade econômica no período analisado confirma a preocupação manifestada reiteradas vezes neste Boletim de Conjuntura Econômica. A política econômica atual, centrada na estabilização dos preços, não garante o crescimento sustentável da economia, condição necessária para o desenvolvimento e melhoria das condições de vida da população brasileira.