No momento em que está sendo concluído o presente Boletim de Conjuntura Econômica, a economia mundial passa por uma crise financeira sem precedentes, com conseqüências imprevisíveis sobre a economia real nos próximos anos, especialmente sobre a economia brasileira que vinha se beneficiando de uma conjuntura internacional favorável.

Apesar da situação atual, no período analisado no presente Boletim, segundo trimestre de 2008, com o fechamento do primeiro semestre, os resultados apresentados são bons, seguindo a tendência de melhoria nos principais indicadores da Economia Brasileira. Ou seja, os efeitos da crise financeira internacional ainda não haviam sido registrados na economia brasileira, o que não deve diminuir a preocupação e a atenção por parte dos agentes e do governo em relação aos impactos que devem ocorrer.

Os indicadores das contas públicas registraram evolução favorável no período estudado: aumento das receitas tributárias; elevação do resultado fiscal primário; manutenção do nível dos juros pagos; redução da Necessidade de Financiamento do Setor Público e, como conseqüência, redução da Dívida Líquida do Setor Público em relação ao PIB. Esses resultados só não foram melhores, em razão do aumento das despesas do setor público, o que neutralizou parte dos efeitos positivos do aumento das receitas.

Na política monetária manteve-se a tendência da expansão dos meios de pagamentos e de forte aumento no crédito, que alcançou 36,7% do PIB no final do semestre. Por outro lado, registrou-se aumento das taxas de juros na economia, tanto a taxa básica como as taxas finais. O Banco Central, preocupado com o comportamento da inflação, manteve a política de elevação gradativa da taxa Selic, promovendo a terceira elevação desde o mês de abril. As taxas de juros finais, para pessoa física e para pessoa jurídica, também registraram aumento no período analisado.

Nas contas externas foram registrados resultados diferentes em relação aos de períodos anteriores, o que pode indicar uma tendência de mudança. Houve redução do Saldo da Balança Comercial, com forte crescimento das importações em relação às exportações. Esse resultado, aliado ao aumento do déficit na conta de serviços, provocou um significativo déficit no Balanço de Pagamentos em transações correntes, invertendo a tendência de anos anteriores. Contudo, o saldo negativo em transações correntes foi compensado pelo saldo positivo de Investimentos Estrangeiros Diretos, indicando uma avaliação positiva sobre as perspectivas de crescimento da economia brasileira naquele momento. No final do primeiro semestre de 2008, registrou-se um recorde no nível de reservas internacionais, com um saldo de US$ 200,0 bilhões. Por sua vez, a taxa de câmbio nominal real/dólar manteve a tendência de forte apreciação, fechando o mês de junho em R$1,59.

Desde o final de 2007, a alta dos preços dos alimentos foi expressiva e determinante no comportamento dos índices de preços analisados nesse Boletim. Essa elevação nos preços dos produtos do grupo alimentação pode ser atribuída ao aumento da demanda internacional, bem como a problemas pelo lado da produção, em razão de condições climáticas desfavoráveis em várias partes do mundo. A pressão inflacionária no período foi registrada mais fortemente pelo IGP-DI/FGV, em razão da composição do mesmo, e em menor proporção pelo IPCA.  Esse comportamento da inflação levou o COPOM a manter a trajetória de elevação da taxa básica de juros.

Quanto ao setor agropecuário, as projeções da produção de grãos para 2008/2009 indicam: crescimento significativo para o trigo, crescimento moderado para a soja e redução da produção de milho. No caso da cana-de-açúcar e seus derivados, estimativas para a safra em andamento indicam a tendência de crescimento, principalmente face o sucesso do álcool combustível. Para o café, com a bianualidade da cultura, espera-se para a safra 2008/2009 significativo aumento da produção, suficiente para atender às demandas interna e externa. As análises do subgrupo de carnes mostram que, embora a tendência seja de crescimento da produção e das exportações, inclusive com aumentos de preços no mercado externo, já se verificam indícios de efeitos da crise mundial sobre o setor.

A Economia brasileira registrou um expressivo crescimento de 6,0% no primeiro semestre de 2008, mantendo a tendência iniciada no ano anterior. Dentre os setores de Produção, o destaque fica para a agropecuária que cresceu acima da média. Em relação aos componentes da demanda, destacam-se a formação bruta de capital fixo, o consumo das famílias e as importações. Houve no período, também, aumento da taxa de investimento e do nível de utilização da capacidade industrial instalada, indicando aquecimento da economia. Com conseqüência do desempenho da economia, registrou-se, também, redução da taxa média de desemprego.

Publicado: 2013-03-01

Boletim Completo