
A publicação do Boletim de Conjuntura Econômica de número 41, elaborado por alunos de graduação do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Maringá, coincide com a divulgação pelo IBGE dos dados relativos ao PIB no primeiro trimestre de 2009.
Pelo segundo trimestre consecutivo a economia brasileira registrou retração, caracterizando o que se convencionou chamar de “recessão técnica”. Pelo lado da produção, a indústria registrou a maior queda; em relação aos componentes da demanda, houve forte queda nos investimentos e no comércio exterior. Contudo, a demanda interna representada pelo consumo das famílias e da administração pública, registrou pequena elevação, o que evitou maior queda do PIB no período. Esses resultados refletem o dinamismo do mercado interno brasileiro e os efeitos das políticas econômicas adotadas.
A política fiscal pode ser caracterizada como expansionista: houve forte crescimento dos gastos correntes do governo, apesar da queda registrada nas receitas. As receitas com os tributos federais caíram mais fortemente, como conseqüência do menor nível de atividade econômica e da desoneração fiscal seletiva implementada pelo governo em alguns setores da economia. Como conseqüência, registrou-se no período uma deterioração da contas públicas: forte queda no Resultado Primário, elevação da Necessidade de Financiamento do Setor Público e tendência de aumento da Dívida Pública.
O Banco Central do Brasil iniciou no período uma flexibilização da política monetária, com a redução da taxa Selic, redução dos depósitos compulsórios, expansão dos meios de pagamentos e do crédito, especialmente do crédito direcionado, através do BNDES e outros Bancos Públicos. Em conjunto com a política fiscal, a política monetária adotada pode ser interpretada como uma política anti-cíclica com o objetivo de amortecer os efeitos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira.
Nas contas externas, houve acentuada retração na corrente de comércio exterior, em quase sessenta bilhões de dólares, como reflexo da crise internacional. Contudo, a Balança Comercial encerrou o trimestre com superávit de três bilhões, em razão da queda mais forte nas importações. Apesar do resultado positivo na Balança Comercial, houve déficit em Transações Correntes, não totalmente compensado pela Conta Capital e Financeira. Desta forma, o resultado final do Balanço de Pagamentos no trimestre foi negativo. Apesar da crise financeira internacional, a economia brasileira manteve um nível elevado de reservas internacionais no primeiro trimestre de 2009. O câmbio nominal manteve-se praticamente estável no trimestre, embora tenha registrado uma depreciação de 32,0% quando comparado com março de 2008.
A inflação ficou sob controle no primeiro trimestre de 2009. A variação dos principais índices de custo de vida ficou bem próxima, entre 1,11% e 1,23% no trimestre. Por sua vez, o IGP-DI registrou queda, o que leva à expectativa de menor inflação futura. O comportamento dos preços no período analisado foi um fator importante na decisão do COPOM de redução da taxa básica de juros da economia brasileira.
A análise do desempenho do setor agropecuário demonstra, de modo geral, queda nos preços das principais commodities, com reflexo nas receitas com exportação. Desta forma, o agronegócio que vinha sendo um dos principais motores das contas externas, tem seu papel diminuído. No entanto, a perda das receitas com exportações, tem sido compensada, em parte, pela demanda interna.