O Boletim de Conjuntura Econômica de número 42 tem como tema central analisar os impactos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira, as medidas de política econômica adotadas pelo governo e os primeiros resultados obtidos. Para tanto, são analisados os principais indicadores da economia brasileira no primeiro semestre de 2009, comparativamente ao mesmo período do ano anterior. Os alunos de graduação do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Maringá, participantes do “projeto conjuntura”, já apresentaram e debateram esse tema por ocasião da Semana do Economista da UEM, realizada no último mês de setembro, despertando grande interesse nos participantes do evento.

Na área fiscal, em conseqüência da crise e das medidas adotadas pelo governo brasileiro, houve queda na arrecadação de tributos e aumento dos gastos públicos, resultando em forte deterioração dos resultados fiscais. O governo promoveu redução na alíquota do IPI de vários produtos, redução do IOF e mudanças na tabela do imposto de renda, abrindo mão de parte da receita prevista. Por outro lado, aumentou fortemente os gastos com pessoal, as despesas com a previdências e com os programas sociais. Essas medidas consideras anticíclicas, impactaram principalmente as contas do governo federal, com redução do resultado primário e aumento nas necessidades de financiamento do setor público e, conseqüente aumento da dívida pública.

A política monetária também foi utilizada como instrumento para amenizar os efeitos da crise internacional sobre a economia brasileira. O Banco Central promoveu a redução da taxa de juros selic. Foram registradas quedas nos juros finais, tanto para pessoas físicas, como jurídicas. Houve aumento do crédito na economia, mais fortemente do crédito consignado, de responsabilidade direta dos bancos públicos. O governo utilizou esses bancos com instrumento para aumentar a oferta de crédito, reduzir os spreads e a taxa final de juros. As medidas adotadas na área monetária também podem ser classificadas como anticíclicas, pois tiveram impacto sobre a demanda final na economia.

O comportamento da inflação não foi significativamente afetado pela crise internacional. O Banco Central manteve a política de controle da inflação, através do sistema de Metas, e as taxas de juros só foram reduzidas depois de verificada uma tendência de redução da inflação. No período analisado houve redução de preços, principalmente no atacado. Tanto o comportamento recente da inflação medida pelo IPCA, como as projeções dos agentes econômicos indicam que a meta de inflação para o ano de 2009 deverá ser atingida com segurança.

As contas externas da economia brasileira foram diretamente afetadas pela crise financeira internacional. O Fluxo de comércio internacional diminuiu, com queda tanto nas exportações, como nas importações. Apesar desse comportamento, no último trimestre analisado registrou-se aumento no saldo da balança comercial e do balanço de pagamentos. A recuperação do balanço de pagamentos em um cenário de crise pode ser explicada pela volta dos investimentos estrangeiros diretos e dos investimentos em carteira. Nos últimos meses dois movimentos foram marcantes: o aumento do saldo de reservas internacionais e a apreciação da moeda nacional. Esses resultados levam  à conclusão que a economia brasileira suportou bem os impactos da crise internacional.

A conjuntura agropecuária foi afetada pela crise, via preços dos principais produtos. Com exceção do preço do açúcar, todos os outros produtos analisados no período, registraram fortes quedas nos preços, como soja, milho, trigo, café, aves, suínos, bovinos e etanol.

A atividade econômica apresentou sinais de recuperação no segundo trimestre de 2009, quando comparado ao trimestre imediatamente anterior. O PIB apresentou crescimento de 1,9% no trimestre, liderado pelos setores indústria e serviços. Pelo lado da demanda, explicam esse crescimento o aumento do consumo das famílias e as exportações. Porem, quando comparado o resultado no trimestre com o mesmo período do ano anterior, constata-se uma queda no PIB de 1,5%. Esses dados indicam que a economia brasileira esta em uma trajetória de recuperação do crescimento econômico, que deverá se consolidar apenas no próximo ano.

Publicado: 2013-03-01

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