Dando continuidade à análise do número anterior, o Boletim de Conjuntura Econômica nº 43 procura identificar os efeitos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira e os primeiros sinais de sua recuperação.

Neste Boletim são analisados os dados do terceiro trimestre/2009, comparativamente ao trimestre anterior e ao mesmo período de 2008. Pela primeira vez, é apresentada uma análise da evolução das principais variáveis da economia americana. O texto foi elaborado por estudantes de graduação da Bryant University dos Estados Unidos, orientados por um professor daquela instituição.

Nas contas públicas verificou-se a continuidade da queda na arrecadação federal, com exceção da receita da previdência que registrou aumento. No terceiro trimestre/2009 as receitas dos Estados também registraram pequena queda, que só não foi maior em razão do aumento com as receitas do IPVA. Por outro lado, as despesas do governo central continuaram aumentando, tanto em relação ao trimestre anterior quanto em comparação com as do ano de 2008. Como consequência, confirmou-se o processo de deterioração dos resultados fiscais e aumento da dívida pública.

Em relação à política monetária, o Banco Central do Brasil manteve a taxa Selic em 8,75%. Houve redução nas taxas de juros finais, apesar de ainda continuarem acima das taxas vigentes antes da crise. A oferta de crédito continuou aumentando no período e atingiu 45,7% do PIB em setembro/2009. Teve destaque o aumento do crédito com recursos direcionados, incluindo as operações realizadas pelo BNDES. No mercado de capitais também houve indicação de recuperação da economia, pois o índice Bovespa registrou valorização de 19,53% no trimestre e de 63,8% no ano.

O Balanço de Pagamentos brasileiro apresentou no terceiro trimestre/2009 o melhor resultado após as instabilidades no mercado internacional desde 2008, registrando um saldo de US$17,69 bilhões decorrente, em grande parte, do retorno de recursos externos via investimentos em carteira. Por outro lado, a corrente de comércio exterior registrou retração em relação à do ano anterior, embora o saldo da Balança Comercial continue positivo. O saldo em Transações Correntes continuou negativo no trimestre, embora menor que o do segundo trimestre. O principal saldo positivo no Balanço de Pagamentos foi o da conta capital e financeira, que contribuiu decisivamente para o resultado final das contas externas do país. Como consequência, houve elevação das reservas internacionais no terceiro trimestre/2009. A taxa de câmbio registrou apreciação da moeda nacional, em relação ao dólar, contribuindo positivamente para o controle da inflação.

A inflação continuou sob controle no período analisado. A variação acumulada do IPCA ficou em 0,63% no trimestre e 3,21% no acumulado no ano. Mais uma vez o IGP-DI registrou queda, tanto no trimestre quanto no acumulado até setembro.

Para o setor agropecuário, existem expectativas de aumento na produção mundial de grãos em razão, principalmente, de condições climáticas favoráveis. Em relação ao setor de carnes, persiste a queda de preços iniciada com a crise financeira internacional. A valorização do câmbio também afetou a rentabilidade dos produtores e exportadores, indicando a necessidade de conquistar novos mercados para esses produtos.

Até o fechamento deste Boletim os dados do PIB brasileiro no terceiro trimestre/2009 não foram divulgados. Porém, todas as projeções são de crescimento do PIB e da produção industrial no trimestre analisado, em relação aos dados do trimestre anterior. Já em relação ao ano anterior, o PIB deverá continuar em queda, tanto no terceiro trimestre quanto no acumulado até setembro. Estes resultados deverão indicar que a recuperação da economia brasileira é um fato concreto, porém lento, a ser convertida em crescimento anual nos próximos trimestres.

Publicado: 2013-03-01

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