
Este Boletim de Conjuntura Econômica, elaborado pelos alunos do curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Maringá, analisa o comportamento de diversos indicadores econômicos no quarto trimestre/2009, com o fechamento do ano, e o primeiro trimestre/2010.
Na área fiscal, em razão das isenções tributárias aplicadas pelo governo para conter os efeitos adversos da crise sobre a economia, verificou-se queda na arrecadação de diversos tributos federais durante o ano de 2009. O resultado só não foi negativo devido ao aumento das receitas da Previdência Social, que compensou a queda dos demais tributos federais, contribuindo para que o resultado em 2009 praticamente se igualasse ao de 2008. De outro lado, as despesas do governo federal continuaram se elevando ao longo do ano. No primeiro trimestre/2010 houve recuperação da arrecadação federal, em razão do crescimento da produção industrial e do nível de emprego, assim como o aumento das despesas. No entanto, o governo já anunciou corte no orçamento para tentar conter a elevação dos gastos públicos e desacelerar a economia, visando conter pressões inflacionárias.
Na área monetária, durante o ano de 2009, o Banco Central reduziu a taxa Selic em cinco pontos percentuais, tendo fechado o ano em 8,75%. Houve reduções nas taxas de juros finais e nos spreads, sobretudo para pessoa física. O estoque de crédito alcançou 45% do Produto Interno Bruto (PIB). Ressalta-se o constante aumento das operações de crédito no país, impulsionado, principalmente, pela competição entre bancos públicos e privados, além de um aumento do processo de inclusão bancária de parte da população com a incorporação de novos clientes de menor risco. Destaca-se, também, o forte crescimento do crédito para as famílias, em especial do crédito consignado e dos financiamentos habitacionais. No mercado de capitais, em 2009, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) conseguiu recuperar as perdas de 2008. No entanto, para o primeiro trimestre/2010, o desempenho da bolsa brasileira foi muito tímido em razão do aumento da aversão ao risco dos investidores em um cenário de incertezas devido à situação fiscal de alguns países europeus.
No setor externo, a conta de transações correntes teve um resultado negativo de U$$24,30 bilhões em 2009, que foi financiado pela entrada de capital estrangeiro, tanto direto quanto em carteira. O resultado do balanço de pagamentos, positivo em U$$46,65 bilhões, demonstra a reversão da tendência de saída de capitais do país observada no último trimestre/2008, quando houve o agravamento da crise financeira, principalmente em relação aos investimentos em carteira, que apresentaram saldo negativo de U$$15,95 bilhões. A taxa de câmbio teve valorização de 25,5%, fechando o ano em R$1,74 em razão do retorno dos capitais externos influenciados pelo comportamento positivo dos fundamentos econômicos do país.
Em 2009 os preços mantiveram-se bem comportados. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida oficial da inflação no país, registrou variação de 4,3%, e, portanto, a meta de inflação de 4,5% foi cumprida. A taxa de inflação em 2009 ficou abaixo da de 2008 (5,9%). A crise econômica contribuiu para este resultado, pois houve menor demanda externa por alimentos, o que evitou reajustes maiores de preços destes produtos no mercado doméstico. Além disto, tiveram importância a valorização da moeda doméstica e a redução do Produtos Industrializados (IPI). No entanto, os dados para o primeiro trimestre/2010 mostram uma certa elevação dos índices de inflação, que já começaram a ser combatidas pelo conservadorismo do Banco Central do Brasil através de elevações da taxa de juros Selic nas reuniões de abril e junho.
Para o setor agropecuário, as expectativas são positivas tendo em vista que as projeções apontam para elevação da produção, tanto pelo aumento da produtividade quanto da área plantada. Em relação ao trigo, a situação não é boa já que tem havido aumento do consumo, queda na produtividade e não há perspectivas de crescimento da produção brasileira. No subgrupo carnes, destaque para o aumento expressivo da produção de frango e as projeções apontam para a expansão do comércio com melhoras no preço.
Quanto à atividade econômica, os dados mostram que apesar da queda de 0,2% do PIB em 2009, comparativamente ao do ano de 2008, a economia brasileira apresentou uma forte recuperação a partir do último trimestre de 2009, favorecida pelas medidas anticrise adotadas pelo governo que beneficiaram, especialmente, o consumo das famílias. O mercado de trabalho apresentou um bom desempenho, com reduções nas taxas de desemprego em relação ao início do ano, e aumento da massa salarial e dos rendimentos. As perspectivas de crescimento do PIB para 2010 continuam positivas, apesar da reversão, no primeiro trimestre/2010, de algumas políticas utilizadas para estimular a economia durante a crise, tais como elevação das alíquotas de compulsórios e fim dos descontos no IPI de vários bens, além dos aumentos da taxa básica de juros.