Nesta quadragésima quinta edição do Boletim de Conjuntura Econômica, do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá, são analisados os comportamentos das principais variáveis e políticas macroeconômicas no segundo trimestre/2010. De uma forma geral, a economia apresentou desempenho razoável em seus principais fundamentos, com avanços e retrocessos dos indicadores. Os destaques positivos deste período podem ser atribuídos à estabilidade dos preços internos e à melhoria dos indicadores dos níveis de atividade econômica e, por outro lado, os destaques negativos podem ser atribuídos ao aumento do déficit em transações correntes do Balanço de Pagamento e à elevação da dívida interna pública.

Na área fiscal, o governo vem conseguindo obter boa performance na arrecadação federal, cujas receitas no período de janeiro a junho deste ano foram 13,97% superiores às do mesmo período do ano passado. Entretanto, o destaque negativo da gestão fiscal ficou por conta do crescimento das despesas públicas, que ao final do segundo trimestre/2010 acumularam variação de 18,14% superiores ao montante gasto em igual período do ano anterior. Apesar deste desempenho, o resultado nominal apresentou melhora. Houve uma redução da Necessidade de Financiamento do Setor Público neste período devido, principalmente, ao aumento da arrecadação do governo federal e à queda das taxas de juros,

A política monetária deste período foi marcada por uma pequena expansão da Base Monetária, que ficou 1,86% maior que a do primeiro trimestre/2010. Tal política está em consonância com o aumento do Produto Interno Bruto verificado no primeiro semestre e com a entrada de recursos externos no país. Entretanto, o principal destaque foram as seguidas altas da taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic, que aumentou de 8,75% em abril para 10,25% ao ano, em junho.

A análise do comportamento dos índices de preços no segundo trimestre/2010 reflete uma menor aceleração da inflação, decorrente dos primeiros indícios de possível desaquecimento da economia, com o fim da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e com o aumento da taxa de juros nos meses de abril e junho. A maioria dos índices apresentou trajetória de queda, tendo uma inflação menor que a dos meses anteriores. Tal comportamento pode indicar que foram amenizadas as pressões inflacionárias que surgiram desde o final do ano passado.

O comportamento dos indicadores do setor externo não mostra a mesma performance de anos anteriores. A balança comercial, embora tenha apresentado superávit de US$6,99 bilhões no segundo trimestre/2010, registrou uma variação negativa de 35,91% na comparação com a do ano anterior, fruto da apreciação do real frente ao dólar e da baixa demanda externa. O saldo em transações correntes apresentou o maior déficit para um primeiro semestre da série, explicado pela deterioração da balança comercial e pelo aumento no déficit na conta de serviços e rendas, principalmente pelo crescimento das remessas de lucros e dividendos das empresas transnacionais para o exterior. As perspectivas para os próximos meses são de agravamento deste quadro.

Quanto ao nível de atividade econômica, cabe ressaltar a expressiva melhora do desempenho dos principais componentes do Produto Interno Bruto neste segundo trimestre/2010, quando comparado ao do mesmo período do ano anterior. O aumento da taxa de crescimento do PIB pode ser atribuído, principalmente, ao crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo e ao aumento do consumo privado, que foram beneficiados pelo aumento do crédito e da massa salarial.

Como avaliação geral, cabe destacar que, apesar da melhoria dos indicadores do nível de atividade econômica e da estabilidade de preços, a combinação de déficit em transações correntes e déficits nominais, associada à manutenção de taxas de juros elevadas e câmbio valorizado, não constituem em bons fundamentos para a obtenção de taxas de crescimento elevada em boas condições de sustentabilidade econômica.

Publicado: 2013-03-01

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