
Neste Boletim de Conjuntura Econômica de número 49, publicado pelo Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá, é analisado o comportamento da economia brasileira no terceiro trimestre/2011, comparativamente ao trimestre anterior e ao mesmo período de 2010.
No período analisado, as contas públicas apresentaram indicadores contraditórios. Por um lado, manteve-se a trajetória de forte crescimento das receitas federais, acima de 12% no trimestre e no acumulado no ano. Ocorreu, também, queda nas despesas do Tesouro Nacional e o resultado primário, acumulado até setembro, melhorou. Por outro lado, a elevação da taxa Selic média resultou em aumento das despesas com juros e elevação da Necessidade de Financiamento do Setor Público. Por último, os indicadores de endividamento melhoraram, principalmente a Dívida Líquida do Setor Público que caiu em proporção do Produto Interno Bruto, influenciada pelo aumento das reservas internacionais e pela desvalorização cambial.
Com relação à política monetária, o Comitê de Política Monetária (Copom) interrompeu o ciclo de altas da taxa Selic e promoveu uma redução de 0,5 ponto percentual na reunião de 31 de agosto, passando para 12% ao ano, levando em consideração o cenário internacional e a inflação interna. A oferta de crédito continuou crescendo fortemente, com taxas de 5,1% no trimestre e 19,6% em doze meses, enquanto as taxas de juros finais, para pessoas físicas e jurídicas, registraram ligeira queda.
O saldo registrado na balança comercial no terceiro trimestre/2011 foi o dobro, em relação ao do mesmo período do ano anterior, sendo que as exportações cresceram 28,62%, puxadas, principalmente, por produtos básicos e semimanufaturados. Por outro lado, as importações cresceram 21,0%. O déficit na conta de serviços e rendas também cresceu fortemente, 26,13%, resultando em um saldo negativo de US$10,65 bilhões em transações correntes. Este déficit foi plenamente compensado pelo saldo de US$25,5 bilhões na conta capital e financeira, com resultado final positivo no balanço de pagamentos e aumento das reservas internacionais. Estes resultados continuaram a influenciar a taxa de câmbio, que fechou o trimestre em R$1,85, com depreciação de 18,8%.
O principal destaque na análise do desempenho dos preços neste terceiro trimestre/2011 pode ser atribuído ao comportamento do Copom, ao definir a nova taxa de juros. Mesmo num ambiente de elevação de preços, ele contrariou procedimentos anteriores, reduzindo a taxa Selic ao invés de aumentá-la. Tal atitude ocorreu em virtude das expectativas negativas quanto ao desempenho das economias desenvolvidas, cujo desaquecimento afetaria a demanda doméstica nos próximos meses, contribuindo para a contenção dos preços, sem que houvesse a necessidade da elevação da taxa de juros.
No tocante ao setor agropecuário, o fator clima trás uma série de inquietações quanto à produção de grãos, sendo consenso que haverá quedas de produtividade para os principais produtores de soja e milho. No Brasil, os efeitos climáticos afetaram a produção na região Sul do Brasil, enquanto que a nova fronteira agrícola se expande na região conhecida como MATOPIBA, com preços mais elevados e demanda chinesa em alta no cenário internacional. O setor sucroalcooleiro se depara com uma das mais severas quedas na produção de cana, das últimas duas décadas, fator que afeta sobremaneira o preço dos combustíveis. No setor carnes, destaca-se a preocupação com focos de aftosa no Paraguai e embargos da Rússia.
Por último, constatou-se que a economia brasileira ficou estagnada no terceiro trimestre do ano, em comparação à do trimestre anterior, confirmando a tendência de desaceleração já identificada em análises anteriores. Com relação ao mesmo período do ano anterior, o crescimento foi de apenas 2,1%. A indústria foi o setor que mais contribuiu para a desaceleração da economia, que só não foi maior graças ao desempenho da agropecuária. Apesar destes resultados, a taxa de desemprego permaneceu baixa e estável em 6%, enquanto as vendas no comércio varejista cresceram 6,2%.