Quando o agronegócio se interessa pela produção de orgânicos: contradições do setor sucroenergético no Sul de Minas Gerais, Brasil

Palavras-chave: Financeirização da agricultura, Orgânicos, Cana-de-açúcar, ADECOAGRO

Resumo

Como uma contraditória e limitada resposta aos diversos passivos ambientais e sociais que o agronegócio – face atual do capitalismo agrário – tem gerado nas últimas décadas, presencia-se na atualidade a emergência de experiências de produção orgânica por empresas deste setor, especialmente aquelas que são controladas por acionistas interessados nas movimentações do mercado financeiro. Tais ações se colocam como parte da reforma de alguns dos procedimentos operacionais do capitalismo agrário, sem, contudo, prever modificações estruturais na agricultura e na alimentação. Neste artigo, avalia-se o exemplo da Usina Monte Alegre Adecoagro (Soros), que é a principal representante do setor sucroenergético no Sul de Minas Gerais, uma região reconhecida pelo seu protagonismo na produção de café. O artigo é resultado de diversos trabalhos de campo realizados entre 2018 e 2020, análises documentais e sistematização de dados secundários, especialmente por meio da elaboração de cartogramas. Demonstra-se que, apesar de ser uma das únicas unidades produtivas do Brasil a promover um circuito produtivo que almeja ser sustentável, esta unidade da ADECOAGRO reproduz as contradições do processo de mercantilização da comida e dos bens naturais que têm caracterizado o neoliberalismo, pois tem como pano de fundo a extração da renda da terra e a obtenção de lucros ampliados como forma de atender aos interesses de acionistas.

Downloads

Não há dados estatísticos.
Publicado
2024-06-03
Como Citar
SILVA, R. DE P. S. E; COCA, E. L. DE F. Quando o agronegócio se interessa pela produção de orgânicos: contradições do setor sucroenergético no Sul de Minas Gerais, Brasil. Boletim de Geografia, v. 42, p. 39-55, e67593, 3 jun. 2024.
Seção
Artigos científicos