Ecocídio dos corpos: sobre a saúde no neoliberalismo

Abstract

Esse ensaio traçar uma análise de algumas interações entre corpo, saúde, política e poder ao longo do tempo, explorando como essas interações moldam nossas percepções individuais e coletivas e influenciam as trajetórias históricas e sociais, especialmente no contexto brasileiro. Três categorias de análise desenham as leituras sobre o trinômio corpo, saúde e política que são historicizadas a partir das: Trajetórias na Modernidade, Trajetórias Neoliberais na Atualidade e Fragmentos de Trajetórias Brasileiras. O objetivo é historizar como o corpo enquanto categoria é objeto de controle e subordinação pela ciência, moldado por categorias normativas, referenciais hegemônicos e estruturas de poder. Saúde e suas derivações conceituais têm sido enodadas ao determinista modelo universalizante moderno/colonial, que projeta formas de ser, adoecer e sucumbir em uma perspectiva de vida que estratifica viveres. As trajetórias são historicidades sobre as concepções da saúde e de corpo, realçando os efeitos da lógica moderna de adestramento pelo biopoder e de consumo na lógica neoliberal da psicopolítica. Discute-se como corpo-físico, corpo-pessoa espelha sentidos e significados de eus e de nós, subjetividades e coletividades tramando coreografias de corpos que se associam ao território por uma expressão de cultura, contemplando cumplicidades, dissidências, insurgências, negociações e enfrentamentos. Por fim, sinaliza recortes da violenta trajetórias brasileira onde o ecocídio é tramado.

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Autor/innen-Biografien

Mônica Ramos Daltro, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Salvador-BA, BR

Doutora em Medicina e Saúde Humana, pela EBMSP- Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia (1986). Psicanalista com consultório particular desde 1986 . É professora assistente do curso de psicologia da Bahiana. Com experiência na área de Psicologia Médica e Saúde Mental do Estudante Universitário. Atua também como consultora de recursos humanos na área de saúde e educação. Atualmente membro da Associação Brasileira de Educação (ABEP) Núcleo Bahia

Anna Amélia de Faria, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Salvador-BA, BR

Pós-doutorado em Artes Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade de Brasília (2013). Doutora em Letras e Linguística "Documentos da Memória Cultural" pela Universidade Federal da Bahia (2009). Mestre em Comunicação pela UnB (2003). Graduada em psicologia em 1996 pela Universidade São Marcos. Professora Adjunta do Curso de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional Psicologia e Intervenções em Saúde da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Psicanalista.

Carlos Alberto Ferreira Danon, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Salvador-BA, BR

Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (1993), mestrado em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia (2005) e Doutorado em Medicina e Saúde Humana pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública ( 2019). Atualmente é professor titular do Centro Universitário Jorge Amado e professor assistente da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública - EBMSP. Estuda o currículo de formação médica em atenção às transgeneralidades.

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Veröffentlicht
2023-09-19
Zitationsvorschlag
Ramos Daltro, M., de Faria, A. A., & Ferreira Danon, C. A. (2023). Ecocídio dos corpos: sobre a saúde no neoliberalismo. Dialogos, 27(2), 173-186. https://doi.org/10.4025/dialogos.v27i2.64206