A ‘grande transformação’ e a biota cultural das populações em movimento
Abstract
Os cronistas coloniais e, depois, os historiadores, notaram que desde a colônia o “ser brasileiro” é um homem em deslocamento. “As pessoas viviam nas estradas como formigas - dizia um deles; é uma “sociedade em movimento” - disse outro. Até 1850, centenas de milhares haviam sido forçados a cruzar o Atlântico Sul. Entre meados do século XIX e as primeiras décadas do séc. XX, milhões cruzaram o Atlântico; e milhares migraram forçadamente do Norte para o Sudeste na expansão da lavoura cafeeira. Entre 1930 e 1950 cerca centenas de milhares se deslocaram para o Paraná. Nos anos 1940 e 50, outros milhares foram forçados a caminhar do Nordeste para o Sudeste, empurrados pelo clima. Entre 1960 e 1980 cerca de 40 milhões de brasileiros mudaram-se do campo para a cidade e das cidades pequenas para as grandes, do Sul/Sudeste para o Centro-Oeste e o Norte. São populações em movimento no espaço. Em cada movimento estas populações levaram consigo sua biota cultural e provocavam alterações no bioma de destino, mudando as fronteiras. O território onde hoje vivemos é constituído de camadas e camadas de paisagens construídas por estas populações em movimento pelo espaço. Plantas, animais, insetos, germes, técnicas e memórias são documentos deste processo que originou as nossas cidades. Um espaço que há cem anos era sertão transformou-se no território da cafeicultura e das pequenas cidades, e hoje, em termos de zona rural, transformou-se na paisagem da soja/trigo/cana. O café veio da Etiópia, a soja, da China, o trigo, da Ásia, e a cana, da Índia. Os vírus a serem enfrentados eram os da malária, da febre amarela e do impaludismo. Eram vírus estacionários. Hoje o vírus literalmente voa junto com as populações. O campo da história não pode mais prescindir do diálogo entre o espaço, as populações e o tempo.Downloads
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original, não tendo sido submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade. Declaro, ainda, que uma vez publicado na revista DIÁLOGOS, editada pela Universidade Estadual de Maringá, o mesmo jamais será submetido por mim ou por qualquer um dos demais co-autores a qualquer outro periódico. Através deste instrumento, em meu nome e em nome dos demais co-autores, porventura existentes, cedo os direitos autorais do referido artigo à Universidade Estadual de Maringá e declaro estar ciente de que a não observância deste compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorias (N. 9609, de 19/02/98).
STATEMENT OF ORIGINALITY AND COPYRIGHT CESSION
I declare that the present article is original, has not been submitted for publishing on any other national or international journal, neither partly nor fully. I further declare that, once published on DIÁLOGOS journal, edited by the State University of Maringá, it will never be submitted by me or by any of the other co-authors to another journal. By means of this instrument, on my behalf and on behalf of the other co-authors, if any, I waive the copyright of said article to the State University of Maringá and declare that I am aware that non-compliance with this commitment will subject the violator to sanctions and penalties set forth in the Copyright Protection Law (No 9609, of 19/02/98).