O comércio exterior brasileiro no período de 1985-2010: “bênção” ou “maldição” das commodities?

Abstract

O objetivo deste artigo é discutir, por meio de um debate identificado pela literatura, os efeitos da forte presença das commodities nas exportações brasileiras sobre o desenvolvimento econômico do país. De fato, no período de 1985 a 2010, observou-se que os saldos superavitários do Brasil se concentraram nas exportações de bens primários, apesar das oscilações decorrentes da crise internacional de 2008, por exemplo. De um lado, argumentou-se que a convivência dos superávits com apreciação da taxa real de câmbio não pôde ser interpretada como sintoma da doença holandesa, uma vez que decorre do mau gerenciamento das receitas de exportação e não gerou realocação dos recursos para setores intensivos em recursos naturais. De outro, afirmou-se que no período ocorreu um processo de reprimarização das exportações, como reflexo da doença holandesa, que gerou uma desindustrialização negativa no país, sobretudo se observada a queda da taxa de crescimento industrial em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Apesar das discordâncias quanto ao diagnóstico, ambos concordaram que houve a ameaça da doença holandesa e que tal exige atuação de medidas políticas.