O ENSINO DE GEOGRAFIA E AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR FÁBIO ARARIPE GOULART, ILHÉUS-BA: A PEDAGOGIA DA AUSÊNCIA
Resumo
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), para a Geografia - Ensino Médio - é recomendado que os professores trabalhem com as contradições e conflitos existentes no mundo. Entretanto, pouco se trabalha em sala de aula a geografia das relações étnico-raciais - o lugar dos afrodescendentes no trabalho, cidade, escola, universidade, parlamento, entre outros. Há assim uma tentativa de alisamento das contradições entre o discurso da "democracia racial" e a prática-ação do preconceito e discriminação. Neste sentido foi criada a lei nº 11.645, de 10 de março de 2008, que solicita a inclusão no currículo oficial a temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena, como tentativa de problematizar o que foi omitido pelas instituições de ensino. A primeira versão da referida lei é de 2003, o que nos levou a questionar como está se dando sua implementação em uma escola pública. Para isto, elegeu-se o Colégio Estadual Professor Fábio Araripe Goulart, situado no bairro Teotônio Vilela, na cidade de Ilhéus-BA, a disciplina de Geografia e o terceiro ano do ensino médio, para efetuar a investigação. Os percursos metodológicos utilizados foram: a) entrevistas com a direção da escola, coordenação pedagógica, professor de geografia e 75 alunos; b) análise do Projeto Político Pedagógico e do livro didático adotado pela escola; c) pesquisa bibliográfica e atividade de atribuições de valores às imagens fotográficas de homens e mulheres com aspectos fisionômicos diferentes. Descobriu-se que a discussão sobre as questões étnico-raciais estava profundamente submersa nos documentos e práticas pedagógicas, mas muito presente na percepção dos sujeitos desta pesquisa ao correlacionar valores positivos principalmente às imagens fotográficas dos brancos.
