TRABALHO NA ROÇA E ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DA FAMÍLIA RURAL

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar o trabalho na roça e a organização da produção da família rural na região central do estado do Rio Grande do Sul. Nesta região, sob os efeitos da agricultura moderna, verifica-se a dissonância entre o tradicional e o hodierno. De um lado a produtividade associada ao incremento tecnológico e, de outro, a tradição herdada, calcado nos saberes geracionais. Por isso, as atividades braçais remanescentes são àquelas que exigem maior qualidade embutida, como é o caso da produção de tabaco. O estudo possibilitou identificar a autodesvalorização do trabalho agrícola, situando-os em uma posição inferior em comparação ao estilo de vida urbana. O trabalho na roça é comumente associado a expressões que evocam à penosidade e atividade fatigante. A divisão social do trabalho entre homens e mulheres no rural repercute na simplificação entre o econômico e não econômico, complexificação falsificada quando a mulher esmera-se nas atividades rurais. Em geral, a gestão do trabalho na roça é complexa, evidenciando a indivisibilidade entre trabalho e lazer, pois no seio da família rural essas atividades se conectam e são interdependentes.