NOTA SOBRE O PROBLEMA DE SE PENSAR EM UM PERFIL DE ABUSADOR
Resumo
Esta breve nota discute as problemáticas decorrentes da ideia de um perfil específico de abusador, a partir do caso do médico ginecologista Felipe Sá, acusado de abuso e violência por várias mulheres. A mídia frequentemente destaca casos de abuso cometidos por profissionais de saúde, revelando que o estupro pode ocorrer sem penetração e de diversas formas, desafiando o estereótipo social do agressor violento. O objetivo deste recorte é evidenciar as possíveis consequências problemáticas de se pensar e divulgar que existe um perfil de abusador, especialmente no contexto profissional, onde o cuidado e a violência podem se confundir. Enquanto estudos abordam o perfil dos homens autores de violência doméstica, identificar uma situação abusiva em um vínculo profissional se torna mais complexo. A narrativa do perfil de abusador pode desviar o foco do problema real e sugerir que as pessoas, principalmente as mulheres, devem ser treinadas para identificar traços do agressor. É importante ressaltar que este trabalho não aborda questões jurídicas, mas destaca a possibilidade de revitimização das mulheres quando se reforça a existência de um perfil de abusador.
